DANIEL NAVARRO
Observo Lana se afastar e bater a porta. O aperto no meu peito é intenso, uma mistura de arrependimento e frustração. Eu estou dividido entre Caroline e Lana, e não quero machucar a última. Sei que o contrato que temos pode dar errado a qualquer momento, mas, ao mesmo tempo, a razão pela qual Lana está aqui me pesa na consciência. Ela precisa do dinheiro para seguir com a vida e cuidar da irmã. Será que o que sinto por ela é compaixão disfarçada? A ideia me deixa inquieto.
Decido me espairecer e vou para o banheiro. O jato quente da água me envolve como um abraço reconfortante, mas nem mesmo isso consegue dissipar a confusão que me atormentava. Como eu pude agir daquela forma com Lana? A lembrança das noites passadas estavam fr
LANA MARTINSNão sabia como havia chegado até aquele ponto - onde tudo parecia emaranhado, doloroso, e as emoções se misturavam como uma tempestade dentro de mim. O sol brilha lá fora, iluminando a paisagem, mas a luz não é suficiente para dissipar a escuridão que toma conta do meu coração. A vista deslumbrante da suíte era ofuscada pela imagem de Daniel e Caroline, que continua a me atormentar. Aquelas cenas se repetem em minha mente, como uma tortura incessante, e cada vez que tentava afastá-las, elas voltam com mais força.Sei que preciso confrontar Daniel, colocar as cartas na mesa. Porque, ao contrário do que ele pensa, eu não sou apenas uma acompanhante para ser descartada quando o jogo termina. Eu mereço mais do que ser tratada como uma peç
CLARAEstou caminhando pelas ruas quando encontro Lana. Ela tem um olhar distante, como se estivesse perdida em seus próprios pensamentos, e não posso evitar me aproximar. Parece estar em um lugar muito longe daqui, com um peso em seu rosto que nunca vi antes. De certa forma, vejo Lana como uma irmã, mais do que apenas alguém envolvida com Daniel.Quando nos encontramos, ela sorri, mas é um sorriso forçado, e eu logo percebo isso. Mesmo com a proximidade, sinto que algo a corrói por dentro. Lana sempre foi tão cheia de vida, tão independente, mas agora algo nela parece quebrado. E sei que a causa disso está bem diante de mim.— Vai à despedida de solteira? — Pergunto, tentando parecer casual, mas, na verdade, o que mais quero é entender o que está acontecendo com ela. Minha família, Daniel... tudo parece tão confuso e emaranhado. Não quero me envolver demais, mas não posso ignorar o que vejo.Lana balança a cabeça e responde de forma tranquila, quase vazia: "Vou embora hoje, o dever me
DANIEL NAVARROAcordo com os primeiros raios de sol entrando pela janela da sala da suíte. O clima está leve, mas meu coração está pesado. Os últimos dias tem sido cheios de emoções conflitantes, e hoje, o dia do casamento de Lucas e Clara, parece uma mistura de celebração e dor. Sinto o cheiro do café que Lana deixou na mesa, mas o aroma não me traz o conforto que eu esperava. O que realmente me chama a atenção, no entanto, é uma voz suave flutuando pelo ar.Curioso, me aproximo da porta da varanda e ouço Lana conversando ao telefone com alguém. Seu tom de voz é triste, e as palavras que saem de seus lábios me atingem como um soco no estômago. "Eu vou ficar bem", ela diz, mas a falta de convicção é clara. E, então, um
LANA MARTINSO jatinho segue silencioso, com o suave zumbido dos motores criando uma sensação de tranquilidade no ar. O sol da tarde inunda o interior, e eu me sinto suspensa entre o passado que deixei para trás e o futuro incerto que me espera. Ao meu lado, Daniel está pensativo, os olhos fixos na janela, mas algo em seu olhar transmite uma calorosa esperança que me faz querer acreditar no que vem pela frente.— Eu ainda não conheço a sua história — Ele diz de repente, quebrando o silêncio, a voz suave, curiosa. — Como você entrou na VIPSecret?Sinto um calor subir pelo meu rosto, e um nó se forma na minha garganta. Falar sobre isso nunca foi fácil, mas a maneira como ele me observa, com tanta atenção e sem julgamento, faz m
LANA MARTINSQuando mandei a mensagem, senti como se estivesse liberando uma última parte do meu passado. A decisão de deixar a VIPSecret me deixa nervosa, mas é o único caminho que faz sentido agora. Encerrar esse capítulo é algo que devo a mim mesma, a Ana e, talvez, a Daniel também. Sinto como se finalmente estivesse pronta para viver a vida que quero, sem o peso de decisões antigas ou do julgamento de ninguém.O tempo passa, mas Daniel não responde. Cada minuto que se arrasta aumenta minha ansiedade. Será que ele entenderia o que significa para mim dar esse passo? Fecho os olhos, tentando afastar as inseguranças que começam a tomar conta. Talvez seja só uma questão de esperar.De repente, ouço a campainha. Meu coraç&
ANAHoje completam 15 dias que voltei a morar com a Lana. O dia vai ser incrível, vou conhecer a Clara, amiga dela. Estou no meu quarto novo, que é enorme, brincando com meus brinquedos enquanto espero Lana me chamar para irmos.Escuto a voz da Lana vindo lá de baixo: — Ana, minha princesinha, vamos logo, já estamos atrasadas!Corro até o espelho e dou uma última olhada no meu reflexo, ainda sorrindo de felicidade. Não posso acreditar que estou aqui, com a Lana, depois de tanto tempo. Desço as escadas rapidamente, um sorriso largo no rosto, ansiosa para o que o dia vai me trazer.Assim que saímos de casa, vejo Lana radiante, com aquele sorriso dela que ilumina tudo ao redor, especialmente quando ela está com Daniel. &
LANA MARTINSEncaro o nascer do sol pela pequena janela da minha sala, o céu tingido de tons alaranjados e rosados. Cada amanhecer me traz um misto de esperança e inquietação, porque, a cada dia, meu caminho parece mais distante do que eu sempre sonhei. Esse pequeno apartamento, que um dia representou o começo da minha independência, agora é só uma lembrança amarga do que a vida poderia ter sido.A campainha toca de repente, e o som estridente ecoa pelo apartamento, me fazendo parar no meio da sala, com os olhos fixos na porta. Ainda é cedo, e eu não estou esperando visitas. Olho para Ana, que brinca no chão com uma boneca de cabelos encaracolados, tão absorta na brincadeira que mal nota o barulho. Respiro fundo e abro a porta.Do outro lado, está uma mulher baixa, de óculos retangulares e um olhar frio, segurando uma pasta de documentos firmemente contra o peito. O coque impecável e o terno cinza-escuro a tornam ainda mais severa. Ela me observa como se já soubesse exatamente o que va
LANA MARTINSEnquanto me maquio, minha imagem reflete no espelho da pequena penteadeira. Meus olhos, grandes e profundos, trazem uma expressão endurecida, como se tivessem aprendido a carregar muito mais do que alguém de vinte anos deveria. Meus cabelos encaracolados, agora presos em tranças apertadas, caem em torno do meu rosto, destacando as maçãs do rosto marcantes. Mas, por mais que tente me concentrar, as lembranças do acidente me perseguem sem piedade nesta noite silenciosa. Sentada aqui, ancorada na minha realidade, me perco no passado, revivendo o momento que mudou tudo.~ Flash On ~Naquela época, eu ainda trabalhava como garçonete e, apesar dos meus dezenove anos, todos me consideravam responsável e comprometida, mas, acima de tudo, ansiosa para melhorar de vida e ajudar minha família. Minha rotina era simples, quase previsível, entre a casa e o trabalho, e meu maior desejo era um futuro tranquilo ao lado dos meus pais e de Ana, minha irmãzinha.Ana, com apenas cinco anos, er