Saio do banheiro sentindo a determinação que estava adormecida em mim, talvez devido à quantidade absurda de álcool que consumi durante a noite.
Um garçom passa por mim, pego uma taça de champanhe e caminho em direção à varanda do salão.Suspiro antes de tomar um gole da bebida, olho para a paisagem da praia e escuto o som das ondas.Minha mente vagueia em pensamentos melancólicos e depressivos. A lua refletindo no mar me traz um pouco de paz em meio ao caos que toma conta da minha mente.Sinto alguém se aproximar, olho para o lado e vejo um homem alto usando um terno azul escuro. Seus olhos pretos estão fixos no mar, e em sua mão há um copo de uísque.— É uma bela vista, não acha? – Sua voz rouca preenche o espaço.— Sempre gostei de praias, especialmente em noites de lua cheia. – Sorrio timidamente. – Acho que quem construiu este restaurante escolheu o local perfeito.O homem me observa por alguns segundos, seu cabelo preto é agitado pela brisa, e ele passa a mão pelos fios lisos, o que o faz parecer ainda mais bonito.Ele se aproxima do muro e colhe uma rosa vermelha de uma pequena roseira. Seus olhos encontram os meus, e o brilho da lua os torna sedutores.— É um prazer conhecer uma jovem tão bela quanto você. – O misterioso homem me entrega a rosa e segura minha mão, beijando-a sem quebrar o contato visual.Minhas bochechas coram, e um arrepio percorre minha pele quando sua mão toca meu pulso.— Pode me dizer o nome dessa linda mulher? – Sua voz rouca parece me hipnotizar, e sinto como se meus pés não tocassem o chão.Tomo o último gole do champanhe, e minha boca fica seca devido ao nervosismo.— Eu... eu... – Gaguejo e suspiro. – Eu me chamo Anna.Seu rosto é difícil de ler, sempre com expressões neutras e um olhar sedutor. Seu maxilar bem definido o torna atraente, com a barba curta, lábios volumosos e rosados que lhe dão um toque especial.Embora a brisa esteja fria, sinto o calor percorrendo meu corpo.Acho que observei seus lábios por muito tempo, pois agora ele sorri de forma maliciosa. Desvio o olhar para a festa e vejo Priscila dançando enquanto beija o homem misterioso. Sorrio de lado.— Pelo visto, sua amiga está se divertindo bastante. – Ele comenta com humor. – Quer dar uma caminhada pela praia e esquecer um pouco essa festa?O olho, e ele estende a mão com um sorriso convidativo. Aceito, segurando sua mão timidamente.Ele abre o pequeno portão da varanda, e descemos a escada correndo. Meus saltos afundam na areia, e sem soltar sua mão, tiro meus sapatos e os deixo na escada. Corremos em direção ao mar, e ele me puxa para a água.— Você é maluco! – Grito entre risadas. – Vamos ficar molhados!Sua risada faz o ambiente parecer mais leve. Sem nenhum aviso, ele me pega no colo e entra no mar, molhando seu terno caro.Minhas risadas histéricas são abafadas pelo som das ondas.— Um pouco de água não vai nos matar. – Ele fala entre risadas. – Deveria relaxar um pouco.Estamos claramente embriagados, agindo como duas crianças brincando na praia. Nossas gargalhadas são abafadas pelo som do mar.Caímos no chão, e seu corpo fica sobre o meu. Sua boca está a centímetros da minha, e seus olhos me encaram com desejo.Em um impulso de mistos de emoção, o puxo pela gola e faço nossos lábios se tocarem. Sua boca se abre, e sua língua pede passagem. Abro minha boca permitindo que ela entre. Nossas línguas se encontram, e solto um gemido ao sentir o gosto de canela. Sua língua explora minha boca com desejo, minha perna se apoia em sua cintura, e sua mão vai para minha nádega, apertando-a. Minhas mãos passam suavemente as unhas por sua nuca, e ele solta um suspiro.Sua mão passa pela minha perna e a abre, movendo-se lentamente pela parte externa da minha coxa e apertando-a.Céus, estou quase transando na praia com um desconhecido! O empurro, e seus olhos me encaram confusos.— Me desculpa, eu geralmente não tenho relações casuais... – Quebro o contato visual, e minhas bochechas queimam. – Céus, eu não costumo sair por aí aos beijos com desconhecidos. Acho que devo ter bebido demais.Ele suspira e se levanta. Nossos olhares se encontram novamente, e ele oferece a mão para que eu me levante, timidamente aceito.— Eu entendo você, também não sou um homem de relações casuais. – Seu sorriso me tranquiliza.Sou puxada pela cintura, aproximando nossos corpos, e seus olhos brilham com um sorriso malicioso, causando arrepios em mim.— No entanto, não posso negar que foi bom sentir seus lábios nos meus e seu corpo em minhas mãos. – Seus lábios sussurram em meu ouvido antes de me soltar.Corada, vejo-o andar em direção ao restaurante. Fico sem reação por alguns segundos.Ao vê-lo subir a escada da varanda, tenho a completa certeza de que estou totalmente bêbada.Passo as mãos em meu rosto e olho para o oceano. Que tipo de pessoa eu sou? Basta apenas uma mistura de emoções para que eu faça algo que é totalmente contra o que eu sou?Subo a escada após colocar meu salto, o procuro pelo ambiente, mas não o encontro. Sinto uma leve curiosidade em mim, mas ela é logo apagada com a chegada da mensagem de Igor avisando que havia chegado para me buscar.Ando em direção à saída do salão, recebendo alguns olhares curiosos por estar encharcada e com areia em meu corpo, apenas sorrio escondendo minha vergonha.— Minha nossa, te procurei a noite inteira. – Priscila fala se aproximando, e isso me assusta. – Pelo jeito você resolveu dar um mergulho noturno.Sua risada brincalhona faz minha bochecha corar.— Não é isso… Tive uma noite difícil. – suspiro. – Otto apareceu aqui para jogar em minha cara toda sua vida perfeita.Seus olhos se arregalam e uma expressão de raiva surge em seu rosto.— Não acredito que aquele verme nojento apareceu aqui. – sua voz soa como um rosnado furioso.— Ele ficou noivo daquela… – fecho os olhos e suspiro. – Eles vão ter um bebê.Priscila me olha com tristeza, sua mão passa em meu ombro de um jeito protetor.— Oh amiga… nem imagino como deve estar sua cabeça. – Ela fala com tristeza enquanto acaricia meu ombro.— Sabe a pior parte? – ri amarga. – Ela engravidou enquanto namorávamos ainda. Ela está grávida de 4 meses.Priscila passa a mão em seu rosto e bufa irritada tentando reprimir sua raiva, era evidente seu ódio.— Como eu odeio esse cara! – ela fala andando de um lado para o outro. – Ele é um miserável!As pessoas olhavam a cena curiosas, sinto minhas bochechas esquentarem e a vergonha tomar conta de mim.— Ei, calma. – seguro seus ombros. – Vamos sair daqui, que tal?— Não dá… você sabe que estou responsável pela recepção dos convidados e apresentação dos artistas do show da noite. – Seu olhar se torna cansado e ela suspira antes de me dar um abraço.— Você vai se sujar! – falo nervosa. – Estou molhada e coberta de areia!Priscila desfaz o abraço e sorri gentil, o brilho voltou ao seu rosto.— Sempre preocupação com as pessoas. – ela aperta minha bochecha. – Você é uma fofura.Um homem alto e elegante se aproxima de nós e fala algo baixo o suficiente para que apenas Priscila escute; Priscila concorda com a cabeça, e ele se afasta.— Mon amour, peço desculpas. – seu sorriso cresce em seu rosto. – Mas chegou a hora de apresentar as atrações da noite.— Tudo bem, já estava de saída. – olho a tela de bloqueio do meu celular. – Acho que a essa hora o motorista da agência já deve ter chegado.Me despeço de Priscila e antes de sair do salão, dou uma última olhada ao redor em busca do homem misterioso, mas não o encontro.As semanas se passaram e, em meio a várias sessões de fotos e trabalhos avulsos, consegui tirar minhas tão sonhadas férias de verão.Arrumava minhas malas com a ajuda de Sophia; eu iria passar as férias com a vovó em seu rancho no sul dos Estados Unidos.Confesso que a ansiedade me matava. Sentia medo de perder a minha querida avó para o câncer e ansiedade em vê-la novamente depois de 5 anos.Será que ela havia mudado muito? Como estariam as pessoas na cidade? E meus amigos de infância, eles me reconheceriam?Certo, muita coisa da qual estava pensando se tratava apenas de paranoia. Foram apenas cinco anos, não é muito tempo para que as coisas mudem, ainda mais em uma cidade no interior.Ao avisar à vovó que eu passaria minhas férias com ela, consegui sentir sua animação através da ligação. Ela finalmente estava mais receptiva a visitas; acho que o tempo realmente é o melhor remédio.Arrumando as malas, ainda rondavam em minha cabeça muitos medos e incertezas. Eu realmente precisava des
Acordei com a aeromoça avisando que íamos pousar, prendo o cinto e encosto a cabeça no assento. Foi uma viagem longa e cansativa, mas estava morrendo de saudades da minha família, da minha terra natal, o rancho onde eu cresci.Quando pousamos, foi tranquilo achar minhas malas, acho que pela primeira vez em uma viagem, o destino conspirava a meu favor.Olho ao redor e vejo um rosto conhecido, meu querido primo Ross.O abraço fortemente e escuto sua voz grossa reclamar, dou uma risada e um beijo em sua bochecha repleta de sardas. Seus olhos azuis brilhavam devido à emoção de um reencontro após longos cinco anos longe. Seu cabelo loiro em estilo militar me faz lembrar de quando ele se alistou e a notícia quase matou o tio Daniel, ele temia que seu garotinho se machucasse. Ross era um garoto magricela que evitava brigas a qualquer custo, mas esse homem forte e alto em minha frente era totalmente diferente do meu frágil primo.— Vejo que meu soldado preferido anda malhando bastante! – Falo
As pessoas somem durante o caminho, dando lugar a uma estrada vazia. Ao decorrer do caminho, o asfalto acaba dando lugar a uma estrada de terra, a luz da estrada é coberta pela copa das árvores, deixando o chão sempre com poças de lama.Enormes grades de ferro e um grande portão preto são vistos de longe. Ao se aproximar, os enormes portões de ferro se abrem e o carro passa rapidamente por eles.Demoramos alguns minutinhos até chegarmos à enorme mansão branca estilo vitoriana.Saio do carro rapidamente assim que ele para. Antes que eu tocasse a campainha, a porta é aberta por Rick, irmão mais novo de Ross.Seus olhos se arregalam, e seus lábios formam um sorriso, mostrando seu piercing no septo. Seus braços tatuados me envolvem em um abraço forte, me fazendo gemer de dor.— Priminha, que saudade de você! – Ele grita animado e enche meu rosto de beijos, me provocando risadas.Seu sorriso murcha, e ele resmunga algo incompreensível.— Infelizmente estou de saída, tenho algumas coisas par
Assusto-me ao perceber que a porta estava destrancada. Empurro-a e encontro a casa completamente em silêncio.— Otto? Amor, eu cheguei. – Falo com um sorriso no rosto.Provavelmente ele deveria estar no computador editando algum de seus trabalhos ou jogando algum de seus jogos online favoritos.Em minha mão estava uma caixa com seu presente de namoro: uma nova câmera fotográfica profissional customizada da sua marca favorita.Deixo a caixa na mesa de centro ao perceber a luz do corredor acesa. Ando até a cozinha, pego duas taças e vou até a pequena adega na cozinha em busca do vinho que compramos em nossa viagem à Itália. Era seu vinho favorito, e ele prometeu guardá-lo para nosso aniversário. A confusão se instala em mim ao perceber que a garrafa não estava na adega.— Eu poderia jurar... – Escuto a risada de Otto e sua voz abafada, o que impossibilita entender sua fala.Devolvo as taças ao armário, e o sentimento de confusão invade meu corpo ao ver uma bolsa Prada na bancada da cozin
Sinto a brisa fresca enquanto sento em uma rocha, observando a luz da lua iluminar a água. A brisa fria b**e em meu rosto, e um sorriso brota em meus lábios. Fecho os olhos e suspiro, sentindo o vento balançar meu cabelo.— É uma coincidência encontrá-la novamente. – Uma voz grave sussurra em meu ouvido.Meu grito de susto faz minha cabeça latejar. Olho para cima e vejo um sorriso brincalhão. Espera, eu conheço esse homem!— Como você chega até alguém no meio da noite desse jeito? Eu poderia cair dessa rocha, sabia? – Falo com indignação.O homem se senta ao meu lado e ri brincalhão. Seus olhos escuros se fixam no horizonte e nos primeiros raios de sol. A luz ilumina seu rosto, revelando cada detalhe, como se fosse esculpido pelo melhor dos artistas. Seus olhos encontram os meus, e ele sorri, um sorriso genuíno.— Me desculpa, não tive a intenção de te assustar. Eu corro por essa trilha todos os dias... Confesso que não imaginei encontrar você aqui. Está me seguindo? – Sua voz rouca so
O gosto de canela em sua boca era viciante, seu cheiro era inebriante, fazendo-me querer cada vez mais dele.Minha razão volta a controlar meu cérebro. Me afasto de seu corpo e vejo o seu olhar confuso.— Bem, peço desculpas… acho que foi o calor da emoção. – Digo envergonhada.Ele dá de ombros e, por algum motivo, sua atitude me deixa incomodada. Sua mão tatuada passa em seu cabelo, algo que reparei que ele fazia quando estava nervoso ou desconfortável.— Você e sua mania de me agarrar em momentos inapropriados. – Sua voz rouca diz sarcástica.O encarei confusa e ofendida; isso o fez revirar os olhos e rir sarcástico.— Vai dizer que esquece de todos os homens que você ataca em festas? – Sua voz é sarcástica e provocativa.Seu comentário faz com que meus olhos se arregalem e minhas bochechas corarem.Um flashback de minha desastrosa noite no restaurante grego vem à minha mente. Estava tão escuro que mal pude perceber seu rosto, os detalhes, suas tatuagens.Droga, mil vezes droga! De t
— Estava... aceitável. – Falo após limpar meus lábios com o guardanapo.Ele revira os olhos escuros e suspira.— Sempre arrogante, não é? Sua sorte é que você é muito... – Ele corta a frase e vira de costas rapidamente.Pego o prato e vou em direção à pia para lavar o mesmo.— Pode deixar isso comigo, tampinha. – Dessa vez, sua voz soou carinhosa e não provocativa ao falar o apelido que ele havia me dado.Encaro suas costas, agora eram largas, malhadas. Seu corpo havia mudado, era forte, cheio de tatuagens... ficava me perguntando quanto tempo ele gastou na academia para chegar nesse físico perfeito.— Eu sinto seus olhos me encarando, sabia? – Seu tom é sarcástico. Ele ri e se vira em minha direção.— Então, você sabia quem eu era na festa? – Pergunto envergonhada.Ícaro balança a cabeça confirmando e isso faz minhas bochechas corarem e meus olhos se arregalarem. E se ele achar que eu realmente faço isso com frequência? Pior, se ele contou a alguém?— Eu... eu quero que você saiba que
Rose me abraça e sinto seu beijo na minha bochecha, meus braços a envolvem, e me permito chorar tudo o que segurei esses dias. Minutos passam até que eu a soltasse; seus olhos tinham compaixão, ela era pura, uma pessoa boa, amava isso nela. Ross beija minha testa, e dou uma risada fraca com a nostalgia que seu olhar preocupado me passou; era o mesmo olhar que ele me dava na minha adolescência quando algo abalava meus sentimentos.— Acho que você precisa de uma bebida, isso sim. – Rose diz em um tom humorado.Ross a repreende rapidamente, fazendo-me rir com seu jeito protetor. Ele odiava que nós duas ficássemos perto de bebidas alcoólicas, pois sempre ficávamos bêbadas e fazíamos coisas bem constrangedoras.Dou uma risada perversa ao me lembrar que o estoque de bebidas da vovó estava sem supervisão, e Rose sabia exatamente onde ela escondia a chave.— Que tal a gente beber um pouco do whisky caro da sua avó? – Rose pisca enquanto ri.Sua sugestão tentadora parecia uma ideia vinda direta