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Reencontrando a família

Acordei com a aeromoça avisando que íamos pousar, prendo o cinto e encosto a cabeça no assento. Foi uma viagem longa e cansativa, mas estava morrendo de saudades da minha família, da minha terra natal, o rancho onde eu cresci.

Quando pousamos, foi tranquilo achar minhas malas, acho que pela primeira vez em uma viagem, o destino conspirava a meu favor.

Olho ao redor e vejo um rosto conhecido, meu querido primo Ross.

O abraço fortemente e escuto sua voz grossa reclamar, dou uma risada e um beijo em sua bochecha repleta de sardas. Seus olhos azuis brilhavam devido à emoção de um reencontro após longos cinco anos longe. Seu cabelo loiro em estilo militar me faz lembrar de quando ele se alistou e a notícia quase matou o tio Daniel, ele temia que seu garotinho se machucasse. Ross era um garoto magricela que evitava brigas a qualquer custo, mas esse homem forte e alto em minha frente era totalmente diferente do meu frágil primo.

— Vejo que meu soldado preferido anda malhando bastante! – Falo animada enquanto aperto suas bochechas.

Sua risada fofa me faz querer abraçá-lo, mas me contenho, pois sei que Ross odeia abraços.

— É primeiro-sargento para você, mocinha! – Sua voz é humorada, ele pisca confiante ao mencionar sua promoção.

Bato continência para Ross, que revira os olhos. Ele odiava ser o centro das atenções em público e minha atitude estava chamando a atenção de diversas pessoas.

— Vamos embora antes que você me mate de vergonha! – Ross fala envergonhado e ficando vermelho como um tomate.

O loiro pega minhas malas e anda em passos largos a uma grande distância de mim, sua atitude envergonhada me faz rir. Corro para o alcançar, seus passos eram largos já que suas pernas eram enormes devido a quase seus dois metros de altura. Algo que meu querido priminho adorava era me ver tentar alcançá-lo quando ele andava rapidamente.

— Ei, espera! Suas pernas são enormes! – Falo furiosa enquanto tento alcançá-lo.

Vejo seus ombros se moverem com sua gargalhada, isso me faz revirar os olhos e suspirar irritada. Péssimo dia para usar um salto alto!

Apresso o passo ao vê-lo parar em frente à sua caminhonete vermelha.

— Ninguém mandou a princesa usar saltos. Acha que vamos para um desfile de moda ou para um rancho? – Seu tom era sarcástico.

Reviro os olhos e o ignoro entrando na caminhonete. Ross j**a minhas malas na traseira da caminhonete com uma brutalidade desnecessária. O repreendo quando o loiro senta ao meu lado e ele apenas balança os ombros.

— A Rose vai ficar muito feliz em te ver. Avisei a ela que você ia passar o verão conosco. – Ele sorri animado enquanto liga o carro.

Ao lembrar de Rose, dou um sorriso. Rose era minha amiga de infância, ela e o Ross namoravam desde que ela tinha doze anos e ele treze anos, nunca os vi ter uma briga. Era algo fofo, como um casal de filme.

Rose era a metade que completava Ross. Enquanto ele era tímido, não gostava de contato físico, era rabugento e até um pouco grosso, Rose era o oposto; uma mulher extrovertida que é tão doce quanto o mel, amava abraçar as pessoas, beijar suas bochechas, sempre tinha um sorriso no rosto e se preocupava com as pessoas, ela amava ajudar qualquer um, mesmo que não o conhecesse. Não fiquei surpresa quando minha amiga se formou como médica e saiu em missão em países carentes para ajudar pessoas com acesso limitado à saúde. Ela vive fazendo caridade às pessoas, seja com dinheiro ou atendimentos gratuitos. Todo ano ela organiza um baile beneficente com a ajuda de Ross. Rose é uma das raras pessoas que se importam com a humanidade, sua luz brilha, é algo inegável.

— E vocês, como estão? Acho tão bonito vocês estarem juntos há quinze anos. – Sorri observando a paisagem. – Embora seja estranho vocês nunca terem pensado em casar, já que ela é doida para ter filhos.

As bochechas de Ross ficam vermelhas e ele começa a batucar o volante. Espera, esse é o olhar que ele conduz quando esconde algo de mim? Não, não pode ser!

— Aí meu Deus! Vocês vão casar! – Grito animada.

Ross freia bruscamente quase batendo o carro devido ao susto com meu grito estridente. Levanto as mãos em sinal de rendição assim que seus olhos claros me olham com raiva.

O loiro leva sua mão ao peito tentando controlar seu ritmo cardíaco, dou uma risada baixa ao vê-lo tentar segurar o volante com suas mãos trêmulas.

— Não exatamente… Mas eu estava pensando em uma forma de fazer um pedido. – Ele dá partida novamente no veículo e me lança um breve olhar. – Ei, não me olha com essa cara! Você tem que prometer guardar segredo, ou matarei você enquanto você dorme, não se esqueça que seu quarto é no final do mesmo corredor que o meu!

Mesmo com sua ameaça, dou um grito de animação e sua mão tapa minha boca. Mordo seus dedos e ele solta um xingamento.

— Quero ser a madrinha! Lembre-se que sem mim vocês dois nunca iam ter se conhecido! – Bato palmas com animação e seus olhos azuis ficam desanimados.

Aposto que ele se arrependia amargamente de ter me contado essa informação importante, pouco me importava, pois eu iria ver um dos meus casais favoritos casar! Milhares de imagens passavam na minha cabeça, pensava em Rose escolhendo o vestido com a ajuda de suas amigas, na vovó chorando no casamento, em Ross irritado por zombarmos dele com o terno.

— Você tem que me prometer que não vai estragar isso, você é péssima em guardar meus segredos. – Sua voz sai entre dentes enquanto suas mãos apertam com força o volante.

Dou uma risada fraca e seus olhos se arregalam nervosos.

— É sério, prima, se você contar isso, juro que farei sua estadia aqui ser um verdadeiro inferno. – Seu tom era sério e seus olhos me encaravam furiosos.

Engulo a saliva e sinto o calor se instalar no carro. Eu realmente tinha uma péssima habilidade de guardar os segredos do meu primo, geralmente quando se tratava do Ross, as pessoas conseguiam arrancar as informações facilmente de mim.

Junto meus dedinhos em um “X” o beijando.

Ligo o rádio do carro e começa a tocar uma de nossas bandas favoritas: Fall Out Boy.

— Dance, dance. We're falling apart to half time. – Ross canta enquanto batucava o volante.

Sua mão se fecha fingindo um microfone e ele coloca perto dos meus lábios.

— Dance, dance. And these are the lives you love to lead. – Canto mexendo a cabeça no ritmo da música e ele sorri enquanto cantamos juntos.

— Dance, this is the way they'd love If they knew how misery loved me.

Balançava a cabeça no ritmo da música, bagunçando meu cabelo ao som da voz afinada de Ross. Momentos assim me lembravam quando éramos mais novos e fugíamos para ir a uma festa aleatória.

Entramos na cidade e a nostalgia se instala em mim ao observar as lojas iguais eram a cinco anos, algumas crianças brincavam na rua, pessoas passeavam, tutores andavam com seus animais. Nos afastamos do centro da pequena cidade, agora em vez de lojas e casas, tínhamos árvores da floresta dando lugar ao acostamento.

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