O gosto de canela em sua boca era viciante, seu cheiro era inebriante, fazendo-me querer cada vez mais dele.Minha razão volta a controlar meu cérebro. Me afasto de seu corpo e vejo o seu olhar confuso.— Bem, peço desculpas… acho que foi o calor da emoção. – Digo envergonhada.Ele dá de ombros e, por algum motivo, sua atitude me deixa incomodada. Sua mão tatuada passa em seu cabelo, algo que reparei que ele fazia quando estava nervoso ou desconfortável.— Você e sua mania de me agarrar em momentos inapropriados. – Sua voz rouca diz sarcástica.O encarei confusa e ofendida; isso o fez revirar os olhos e rir sarcástico.— Vai dizer que esquece de todos os homens que você ataca em festas? – Sua voz é sarcástica e provocativa.Seu comentário faz com que meus olhos se arregalem e minhas bochechas corarem.Um flashback de minha desastrosa noite no restaurante grego vem à minha mente. Estava tão escuro que mal pude perceber seu rosto, os detalhes, suas tatuagens.Droga, mil vezes droga! De t
— Estava... aceitável. – Falo após limpar meus lábios com o guardanapo.Ele revira os olhos escuros e suspira.— Sempre arrogante, não é? Sua sorte é que você é muito... – Ele corta a frase e vira de costas rapidamente.Pego o prato e vou em direção à pia para lavar o mesmo.— Pode deixar isso comigo, tampinha. – Dessa vez, sua voz soou carinhosa e não provocativa ao falar o apelido que ele havia me dado.Encaro suas costas, agora eram largas, malhadas. Seu corpo havia mudado, era forte, cheio de tatuagens... ficava me perguntando quanto tempo ele gastou na academia para chegar nesse físico perfeito.— Eu sinto seus olhos me encarando, sabia? – Seu tom é sarcástico. Ele ri e se vira em minha direção.— Então, você sabia quem eu era na festa? – Pergunto envergonhada.Ícaro balança a cabeça confirmando e isso faz minhas bochechas corarem e meus olhos se arregalarem. E se ele achar que eu realmente faço isso com frequência? Pior, se ele contou a alguém?— Eu... eu quero que você saiba que
Rose me abraça e sinto seu beijo na minha bochecha, meus braços a envolvem, e me permito chorar tudo o que segurei esses dias. Minutos passam até que eu a soltasse; seus olhos tinham compaixão, ela era pura, uma pessoa boa, amava isso nela. Ross beija minha testa, e dou uma risada fraca com a nostalgia que seu olhar preocupado me passou; era o mesmo olhar que ele me dava na minha adolescência quando algo abalava meus sentimentos.— Acho que você precisa de uma bebida, isso sim. – Rose diz em um tom humorado.Ross a repreende rapidamente, fazendo-me rir com seu jeito protetor. Ele odiava que nós duas ficássemos perto de bebidas alcoólicas, pois sempre ficávamos bêbadas e fazíamos coisas bem constrangedoras.Dou uma risada perversa ao me lembrar que o estoque de bebidas da vovó estava sem supervisão, e Rose sabia exatamente onde ela escondia a chave.— Que tal a gente beber um pouco do whisky caro da sua avó? – Rose pisca enquanto ri.Sua sugestão tentadora parecia uma ideia vinda direta
— Foi uma semana bem chuvosa. – Vovó comenta enquanto me serve uma xícara de chá.— Não pensei que fosse chover a semana inteira. – Dou um sorriso agradecido ao receber a xícara.— Desde que você chegou, não teve um dia de sol. – Vovó senta no sofá. – Já deve estar cansada de ficar só em casa.— Realmente não era assim que pensei que seriam as minhas férias. – Rio sem graça.— Hoje não está tendo tempestades como nos outros dias. – Ela sorri amigável. – Você poderia aproveitar para ir à cidade.— Eu estou bem. – Sorrio envergonhada. – Quero aproveitar minhas férias ao seu lado, vovó.— Ainda teremos muitos momentos juntas. – Ela sorri amigável. – Não se preocupe comigo, aproveite o dia para rever seus amigos na cidade.Sorrio observando vovó beber seu chá. Ela sempre estava tão preocupada comigo, sempre querendo me ajudar a aproveitar a vida ao máximo. Eu a amava mais que tudo no mundo.Escuto a voz de Ícaro se aproximando e, ao vê-lo entrar na sala, não consigo disfarçar meu desconten
Corro até o velho celeiro desativado e me sento atrás de alguns barris.Várias memórias passam pela minha mente, vários momentos, várias ocasiões.Abraço meus joelhos enquanto sinto meu corpo balançar com os soluços.Não podia aceitar que eu iria perdê-la, que essa doença m*****a iria tirá-la de mim.Continuo ali, no silêncio do celeiro, deixando as lágrimas escorrerem livremente pelo meu rosto. Cada lembrança com ela se torna ainda mais preciosa, e a sensação de impotência diante da doença é avassaladora.Lembro-me dos dias felizes que passamos juntas, das histórias que ela contava à noite para me fazer dormir, dos seus conselhos sábios e do seu amor incondicional. E agora essas coisas seriam apenas memórias em minha mente, tudo graças a esse maldito câncer.A brisa suave entra pelas frestas do celeiro, acariciando meu rosto molhado pelas lágrimas. Respiro fundo e tento encontrar forças para lidar com a situação.Não queria passar esses momentos com ela em um clima melancólico, mas is
Vovó se levanta assim que passo pela porta. Seus olhos observam brevemente meu corpo antes de ela se aproximar.— Onde você estava? Fiquei preocupada! – Sua voz está alta e nervosa.— Peço desculpas... só precisava de um tempo. – Sorri envergonhada.Ícaro passa por nós e o vejo subir a escada enquanto os braços de vovó me envolvem em um abraço forte.— Você não pode sair assim, ainda mais alterada! – Suas mãos seguram meu rosto. – Não faça isso novamente, Anna.Seus olhos estavam marejados e suas mãos tremiam.Me sentia uma idiota por ter preocupado minha avó desse jeito, ainda mais no estado em que ela estava.Vovó, com os olhos ainda marejados, segura minhas mãos.— Anna, você não pode sair assim, ainda mais alterada! – Ela suspira e me encara com preocupação. – Não faça isso novamente, minha querida.A culpa e o remorso se misturam em mim, e me sinto profundamente arrependida por tê-la preocupado.— Vovó, eu sinto muito. Não queria deixá-la nervosa. – Minha voz soa sincera. – Eu só
Suas mãos passeavam pelo meu corpo, me deixando ansiar por seus toques e por seu beijo. Meu corpo cai no sofá, com Ícaro sobre mim, entregando beijos ardentes no meu pescoço, arrancando gemidos e suspiros de prazer. Sua boca quente explorava cada centímetro da minha pele, deixando um rastro de desejo que queimava por onde passava.As mãos frias de Ícaro deslizam por minha cintura, encontrando a pele exposta sob a camisa. Um choque térmico corre pela minha espinha, causando arrepios deliciosos. Nossos corpos estão próximos, mas ainda não cruzamos a linha do desejo proibido. Um raio ilumina a sala e sua explosão me faz tremer assustada voltando à realidade.Céus, o que estávamos fazendo? Isso era muito errado, nós sequer éramos amigos. Mesmo com essa trégua, ainda éramos inimigos declarados, ele ainda era a mesma pessoa que me causou uma adolescência traumática.Sua mão aperta meu seio e solto um gemido. Fecho os olhos apreciando seus toques.Minha mente luta entre me entregar e voltar
— Anna, você está bem? – Artur pergunta.— Droga, Ícaro! – Grito com raiva. – Você me assustou!Seus olhos me observam como se fossem me queimar viva. O grego estava em completo silêncio, sem expressão facial, algo que, por experiência própria, não significava algo bom.— Estou… só tomei um susto. – Digo envergonhada.Escuto Arthur resmungar algo e suspirar.— Entendi, Ícaro está aí. – Ele diz sem ânimo. – Presumo que ele ainda continue sendo inconveniente.... Bem, acho melhor conversarmos depois. Foi ótimo falar com você novamente.— Foi bom falar com você, Arthur. – Suspiro. – Estarei te esperando.Arthur ri baixo antes de desligar.Olho para cima e vejo Ícaro respirar fundo. Seu maxilar estava trincado, e suas narinas se abriram quando ele inspirou profundamente. Ele pisca lentamente e passa sua língua em seus dentes.— Você me assustou. – Digo envergonhada. – Não é educado ouvir a conversa dos outros.Seus olhos se estreitaram, e ele bufa irritado.— Oliver estava te chamando para