Luana DutraO sol estava a pino, e o calor sufocante parecia derreter tudo ao redor. Eu estava no milharal, suando em bicas, tentando me concentrar na colheita. Cada espiga colhida era um esforço, e minha visão começava a ficar turva. Me sentia mais fraca a cada minuto, mas insistia em continuar, achando que era apenas cansaço. De repente, uma tontura tomou conta de mim e senti meu corpo cambalear.— Luana, você está bem? — perguntou Jorge, um dos trabalhadores, com preocupação nos olhos.— Estou... estou... só preciso de um minuto. — respondi, tentando me apoiar em uma das hastes do milho.Foi em vão. A fraqueza aumentou e, antes que pudesse me dar conta, tudo escureceu. Desmaiei ali mesmo no meio do milharal. Acordei com rostos preocupados ao meu redor e a voz de Jorge ecoando.— Chamem o Jonas! Ela precisa de ajuda!A consciência foi e voltou algumas vezes até eu ouvir a voz familiar e desesperada de Jonas.— Luana! Luana, acorde! Por favor!Abri os olhos devagar, vendo seu rosto b
Era o meu primeiro dia de volta ao trabalho após semanas de repouso. Estava ansiosa para retomar o trabalho, sentia falta do cheiro da terra, do barulho dos animais e, especialmente, da sensação de estar contribuindo. Cheguei cedo, determinada a mostrar que estava pronta para qualquer tarefa. Jonas me deu uma lista de coisas para fazer, e entre elas estava a operação de um novo equipamento.— Luana, você se lembra das instruções que passei sobre essa máquina? — Jonas perguntou, os olhos sérios e preocupados.— Lembro, sim, Jonas. Não se preocupe, vou dar conta. — respondi, tentando parecer confiante.Ele assentiu, mas percebi uma sombra de dúvida em seu olhar. Ignorei aquilo e fui direto para a máquina. Era imponente, cheia de alavancas e botões, mas eu estava determinada a não deixar que me intimidasse. Respirei fundo e comecei a operar, lembrando cada passo que Jonas havia me ensinado.Tudo parecia correr bem até que um som estranho surgiu. Um estalo seco, seguido por um ronco de me
Aquele dia começou como qualquer outro na fazenda. O sol estava brilhando forte, e os pássaros cantavam alegremente. Eu estava terminando de alimentar os animais quando Jonas me chamou.— Luana, você pode vir aqui um instante? — sua voz parecia mais animada que o normal.Caminhei até ele, limpando as mãos na calça. Ele estava com um sorriso no rosto e me puxou pela mão.— O que foi, Jonas? — perguntei, curiosa.Ele apenas sorriu e me conduziu até um lugar um pouco afastado da casa principal. Para minha surpresa, lá havia uma mesa lindamente decorada, com flores-do-campo e uma cesta de piquenique. Uma cena digna de um filme.— Resolvi fazer algo especial hoje. — disse ele, com um brilho nos olhos.Senti meu coração acelerar. Algo estava diferente, e eu podia sentir a energia no ar. Sentamos e começamos a comer, conversando sobre coisas do dia a dia. Contudo, a cada minuto que passava, minha curiosidade aumentava. Jonas estava claramente nervoso, mexendo nas mãos e desviando o olhar de
Mariana OliveiraA sala de estar estava silenciosa, exceto pelo som de respiração pesada e uma estranha tensão no ar. A luz do fim da tarde entrava pelas janelas, lançando sombras alongadas nos móveis elegantes e cuidadosamente escolhidos que decoravam o ambiente. O lugar deveria ser acolhedor, mas naquele momento parecia um campo de batalha iminente.Eu estava de pé no meio da sala, os punhos cerrados, o rosto contorcido de raiva e incredulidade. As palavras que minha irmã mais nova acabara de me dizer ecoavam na minha mente. Jonas, o homem que eu ainda amava, estava noivo de Luana. Era como se uma lâmina tivesse sido fincada no meu peito, e a dor pulsava com cada batida do meu coração.Minha irmã, Ana, estava na porta, observando com uma mistura de preocupação e desaprovação. Ela sempre fora a mais sensata entre nós, mas naquele momento eu não queria ouvir suas palavras de consolo.— Você precisa se acalmar, Mariana. — Ana disse, sua voz era suave, mas havia um tom de firmeza que me
Luana DutraDesde que Jonas ficou sabendo que a fazenda foi invadida e alguém tentou arma algo claramente para me ferir, vivia preocupado pelos cantos. Olhei para ele, com um aperto no peito que só aumentava. Estava escuro lá fora, e a luz suave da sala parecia ainda mais fraca diante da seriedade do momento. Ele estava na minha frente, preocupado, com os olhos cheios de um desespero que tentava esconder.— Luana, eu não posso continuar assim. — ele disse, a voz carregada de uma tensão que quase conseguia tocar. — Precisamos pensar na sua segurança. Talvez o melhor seja você passar um tempo na casa dos seus pais.Eu senti um frio na espinha só de pensar em deixar o lugar onde me sentia segura, ao lado dele. Respirei fundo, tentando acalmar a tempestade interna antes de responder.— Jonas, eu entendo que você está preocupado. — comecei, a voz firme, apesar da dúvida que sentia. — Mas ir para a casa dos meus pais não resolverá o problema. Precisamos descobrir quem está por trás disso e
Acreditava que tudo havia sido resolvido com a prisão da prima de Jonas, portanto, no dia seguinte tentei retornar a rotina. Estava cuidando das flores na varanda quando vi Jonas descer da caminhonete com uma expressão carregada. Algo estava errado. Ele entrou em casa e, antes que eu pudesse perguntar, ele soltou a bomba.— Mariana foi solta.Senti um frio na espinha. O medo e a raiva se misturaram em um turbilhão de emoções. A notícia me pegou de surpresa e minha mente tentou processar o que aquilo significava.— Como assim, solta? — perguntei, tentando manter a calma.Jonas suspirou e passou a mão pelos cabelos, um gesto que denunciava seu nervosismo.— Pagou uma multa e a soltaram. Isso é um absurdo! Depois de tudo que ela fez...Minhas mãos tremiam levemente. Mariana era uma presença tóxica, uma sombra que ameaçava a nossa felicidade. Saber que ela estava livre me deixava angustiada. Como uma pessoa pode tentar assassinar outra e continuar livre? Por que ela possuía dinheiro? Era
Estava prestes a sair da casa principal quando notei um carro diferente estacionando. Nunca o tinha visto antes. Dele saiu uma senhora de meia-idade, com uma expressão furiosa e determinada. Mal ela pôs os pés no chão, começou a chamar por Jonas. Curiosa e um pouco preocupada, fiquei perto o suficiente para escutar.— Jonas! Onde você está? — a voz dela era cortante, ecoando pela fazenda.Jonas apareceu rapidamente, com a expressão tensa. Reconheci o rosto da mulher: era a mãe de Mariana, tia de Jonas. Isso não ia ser bom.— Tia Helena, o que está acontecendo? — perguntou ele, tentando manter a calma.— O que está acontecendo? Você tem realmente a coragem de me perguntar isso? — ela esbravejou, se aproximando dele com passos rápidos. — Como você pôde levar minha filha para a delegacia? Tentando arruinar a vida dela por uma bobagem!Pude ver a dor e a frustração no rosto de Jonas. Ele respirou fundo antes de responder.— Mariana passou dos limites, tia. Ela não podia continuar se meten
Estávamos sentados na varanda da casa, finalzinho de tarde, trazendo uma brisa suave que acariciava nossos rostos. Olhei para Jonas, seu rosto iluminado pelos últimos raios de sol.— O que você acha de anteciparmos o casamento? — perguntei, quebrando o silêncio confortável.Ele levantou as sobrancelhas, surpreso. — Você está falando sério, Luana?— Completamente. — sorri, sentindo meu coração bater mais rápido. — Estamos prontos. Por que esperar?Jonas segurou minha mão, seus olhos fixos nos meus. — Eu também acho que estamos prontos. Vamos fazer isso.Decidimos ali mesmo que nos casaríamos na fazenda, no civil, com uma grande festa para celebrar nosso amor. A partir desse momento, a preparação foi frenética. A comunidade inteira se envolveu, cada um contribuindo com algo. A fazenda parecia um formigueiro de tanta atividade.No dia do casamento, acordei com o nascer do sol. A sensação de ansiedade misturada com excitação não me deixou dormir mais. Fui até a janela e observei a paisa