Parte 1...À noite ela estava separando a roupa para deixar pronta e não se atrasar para o dia seguinte, quando a tia Henrieta ligou a convidando para ir jantar em sua casa.— Tia, eu não vou hoje, está bem? Deixa p-para amanhã.— Você ainda está chateada comigo, querida?— Não, tia - e era verdade — É só que, que eu não quero fi-ficar na rua com toda e-essa chuva né.— Verdade mesmo? - perguntou com voz melosa.— Verdade mesmo - Camila sorriu — S-sabe que pra mim é complicado, por causa de minha perna.Por duas vezes ela ficou em uma situação ruim devido sua perna lenta, em dias de chuva. Na primeira vez foi durante a tarde quando ela retornava para casa à pé mesmo, pois tinha feito um serviço de passar roupas para uma amiga que mora apenas a uma quadra de distância e quis voltar caminhando para fazer exercício.Começou a chover do nada e já chegando na esquia de casa, ela desceu da calçada para atravessar a rua e acabou pisando em falso em uma pequena poça e escorregou. Por pouco n
Parte 2...Camila sorriu de volta. Eliza se apresentou e perguntou se a caixa estava pesada. Respondeu que não, que poderia levar sem problemas.— Espero que seja efetivada. Depois você pega o jeito - deu uma risadinha olhando para os lados — Não se preocupe em carregar peso - gesticulou de novo — Faça como eu. Sempre peço ajuda a um dos rapazes para carregar as caixas pra mim - riu — Toda vez reclamo que está pesda demais para mim - tocou a testa fingindo um gesto afetado e riu.— Também e-e-espero ficar - engoliu em seco para destravar a garganta — Eu gosto...Gosto...Muito de animais e a clíni-ni..ca é muito boa.— É verdade - ela jogou o cabelo — Eu também tenho pouco tempo, mas já me considero veterana da clínica. Temos muito trabalho por aqui, mas vale a pena.Camila achou bom que estivesse conhecendo outra funcionária. Quanto mais pessoas, melhor seria. E pelo jeito ela tinha uma ideia de quem era ela. Resolveu questionar.— Você é médica também?— Sou sim - assentiu com a cabeç
Parte 1...Mike estava indo novamente para a casa dos pais, levar uma encomenda que o pai precisava para o dia seguinte. Como ele estava ajudando um tio em sua fazenda, faltou comprar luvas mais de acordo com o serviço que eles estavam executando. Ele saiu da clínica e passou em uma loja de material de construção e comprou logo um pacote com três unidades, assim seu pai não corria o risco de esquecer novamente.Estava pensando em aproveitar e ficar para o jantar com os pais quando a viu do outro lado da rua. Fez o retorno e se aproximou, mas antes a observou um momento, enquanto ela caminhava pela calçada.Seu caminhado era devagar, mas não chegava a ser lento realmente. Dessa vez ela usava uma calça jeans clara e calçava um par de tênis brancos. A camiseta era de algodão, creme clarinha e como da primeira vez em que a viu em sua sala, cheia de pequenas flores.Camila tinha uma certa delicadeza ao andar, ainda que puxasse da perna direita. Estava com o cabelo preso e tinha uma pequen
Parte 2...Ele fechou o semblante. Que falta de empatia e consideração com a outra pessoa, ainda mais sendo um namorado. Ele jamais seria capaz de cometer tal ato contra alguém. — Eu sinto muito - foi sincero.— N-não sinta - suspirou — Eu saí da casa de minha t-tia por isso também - ele franziu os olhos — Não me entenda mal. Henrieta é maravilhosa comigo - puxou o ar fundo, ficando sisuda — Mas minha do...ença é algo m-muito sério. E eu não quero que e-ela sofra quando eu não estiver m-mais por aqui.Ele olhou para baixo e suspirou lento. Estava impressionado com a força dela. Tão nova e com um pensamento tão centrado. De certa forma era bonito, mas era triste.— Eu me sinto melhor, hoje falo m-melhor do que antes, mas não é fá...cil porque afasia é uma lesão muito grave e que leva a pessoa à morte após alguns a-anos - ela viu que Mike se impressionou — Eu já, já... Investiguei sobre isso e fa,falei com os médicos. Cada pessoa tem s-seu tempo, depende muito.Isso o deixou curioso. D
Parte 1...Mike viu quando Camila entrou na sala de material para resgate que eles mantinham no fundo da clínica. Trabalhavam em conjunto com um grupo de resgate que pertencia a um abrigo, onde cada animal resgatado passava antes por eles, para que fosse feito um exame das condições físicas e emocionais do animal recolhido.Muitos deles estavam em uma situação muito difícil de ver e de aceitar. Era horrível que os seres humanos não fossem capazes de ter empatia por um animal de rua, que passava por tantas privações e maltratos.Muitos chegavam em condições quase de morte, com fome, doentes, cheios de pulga e carrapatos e sem falar no emocional de cada criatura, que geralmente estava muito abalado por algo que havia sofrido nas ruas e que muitas vezes era culpa de algum humano.Ele andou até lá e bateu de leve na porta. Camila se virou e sorriu ao vê-lo parado à porta.— Bom dia! Como está?— Bem, obrigada.Mike sentiu um calorzinho gostoso quando ela sorriu ao lhe responder, de uma fo
Parte 2...— N-não precisa. Eu pos...so ir de táxi mesmo.— Tem certeza? A gente pode se conhecer mais, bater um papo legal e eu te apresento a outros colegas.— Ok. Vou gostar muito.Eliza conversou um instante mais e depois saiu, dizendo que iria esperar que ela passasse o contato para combinarem para mais tarde. Quando ela saiu, Camila voltou a fazer o serviço de antes.Fez tudo com um sorriso no rosto, se sentindo bem por depois de tanto tempo poder criar laços de amizade com novas pessoas, recomeçar um emprego em que ficava ativa e gostava muito de tudo. As coisas aos poucos começavam a ficar melhor.Um dia isso iria terminar, mas por agora ela poderia aproveitar enquanto pudesse e criar novos momentos antes que tudo se perdesse.As coisas iriam ficar mais apertadas para ela agora, com mais obrigações e horários para seguir, mas isso era bom, melhor do que ficar parada dentro de casa, esperando o dia passar e pensando no futuro o que reservava para ela em sua condição.Não era na
Parte 3...Só tinha que prestar atenção na hora de colocar o número. Apesar de ser engraçado, ela tinha dito a verdade para Mike no dia da entrevista. Ela só conseguia contar bem até no máximo dez, depois disso ficava complicado, pois seu cérebro ficava embaralhado. Então fazia a conta de dez em dez e foi assim que Rosaly preparou cada ficha.Terminou as tarefas se sentindo mais leve. Queria contar a novidade para a tia, mas iria esperar até ter mais tempo para poder conversarem e talvez até fosse direto em sua casa. Sabia que ela ficaria feliz em ver que tinha conseguido conquistar seu espaço na clínica e que estava sendo bem vista pelos outros funcionários. Lhe tiraria um peso dos ombros, já que Henrieta sempre falava sobre seu futuro e sobre o que aconteceria.Ela sabia o que aconteceria, só não queria ficar focando nisso para não perder a vontade de viver agora.********************Estava um pouco nervosa e quando ouviu a buzina do carro de Eliza lá fora, ela logo pegou sua pequ
Parte 1...Mike estava com a porta do consultório aberta e viu quando Camila passou pela frente, em seu caminhar lento.Ele levantou rápido e foi até a porta, observando enquanto ela seguia, empurrando um pequeno carrinho com alguns produtos que seriam levados para as outras salas. Encostou na lateral da porta aberta e ficou apenas olhando-a se afastar. Ele não viu quando Eliza parou um pouco antes e também ficou olhando para ele. Depois para Camila.Ela se aproximou após um momento e segurou seu braço. Mike até se surpreendeu pois não a tinha visto e nem ouvido.— Nossa, estava mesmo distraído - disse em tom de crítica.— Apenas pensando - ele se virou e entrou de novo.— Sei... Pensando em que... Ou em quem?Mike olhou para ela franzindo de leve a testa. Não que tivesse que dar satisfação, mas Eliza parecia mesmo muito curiosa.— Em trabalho, como sempre - abriu uma gaveta da mesa.— Sei... Trabalho - parou em frente da mesa — E o trabalho por acaso anda puxando de uma perna? - erg