Parte 1...Mike viu quando Camila entrou na sala de material para resgate que eles mantinham no fundo da clínica. Trabalhavam em conjunto com um grupo de resgate que pertencia a um abrigo, onde cada animal resgatado passava antes por eles, para que fosse feito um exame das condições físicas e emocionais do animal recolhido.Muitos deles estavam em uma situação muito difícil de ver e de aceitar. Era horrível que os seres humanos não fossem capazes de ter empatia por um animal de rua, que passava por tantas privações e maltratos.Muitos chegavam em condições quase de morte, com fome, doentes, cheios de pulga e carrapatos e sem falar no emocional de cada criatura, que geralmente estava muito abalado por algo que havia sofrido nas ruas e que muitas vezes era culpa de algum humano.Ele andou até lá e bateu de leve na porta. Camila se virou e sorriu ao vê-lo parado à porta.— Bom dia! Como está?— Bem, obrigada.Mike sentiu um calorzinho gostoso quando ela sorriu ao lhe responder, de uma fo
Parte 2...— N-não precisa. Eu pos...so ir de táxi mesmo.— Tem certeza? A gente pode se conhecer mais, bater um papo legal e eu te apresento a outros colegas.— Ok. Vou gostar muito.Eliza conversou um instante mais e depois saiu, dizendo que iria esperar que ela passasse o contato para combinarem para mais tarde. Quando ela saiu, Camila voltou a fazer o serviço de antes.Fez tudo com um sorriso no rosto, se sentindo bem por depois de tanto tempo poder criar laços de amizade com novas pessoas, recomeçar um emprego em que ficava ativa e gostava muito de tudo. As coisas aos poucos começavam a ficar melhor.Um dia isso iria terminar, mas por agora ela poderia aproveitar enquanto pudesse e criar novos momentos antes que tudo se perdesse.As coisas iriam ficar mais apertadas para ela agora, com mais obrigações e horários para seguir, mas isso era bom, melhor do que ficar parada dentro de casa, esperando o dia passar e pensando no futuro o que reservava para ela em sua condição.Não era na
Parte 3...Só tinha que prestar atenção na hora de colocar o número. Apesar de ser engraçado, ela tinha dito a verdade para Mike no dia da entrevista. Ela só conseguia contar bem até no máximo dez, depois disso ficava complicado, pois seu cérebro ficava embaralhado. Então fazia a conta de dez em dez e foi assim que Rosaly preparou cada ficha.Terminou as tarefas se sentindo mais leve. Queria contar a novidade para a tia, mas iria esperar até ter mais tempo para poder conversarem e talvez até fosse direto em sua casa. Sabia que ela ficaria feliz em ver que tinha conseguido conquistar seu espaço na clínica e que estava sendo bem vista pelos outros funcionários. Lhe tiraria um peso dos ombros, já que Henrieta sempre falava sobre seu futuro e sobre o que aconteceria.Ela sabia o que aconteceria, só não queria ficar focando nisso para não perder a vontade de viver agora.********************Estava um pouco nervosa e quando ouviu a buzina do carro de Eliza lá fora, ela logo pegou sua pequ
Parte 1...Mike estava com a porta do consultório aberta e viu quando Camila passou pela frente, em seu caminhar lento.Ele levantou rápido e foi até a porta, observando enquanto ela seguia, empurrando um pequeno carrinho com alguns produtos que seriam levados para as outras salas. Encostou na lateral da porta aberta e ficou apenas olhando-a se afastar. Ele não viu quando Eliza parou um pouco antes e também ficou olhando para ele. Depois para Camila.Ela se aproximou após um momento e segurou seu braço. Mike até se surpreendeu pois não a tinha visto e nem ouvido.— Nossa, estava mesmo distraído - disse em tom de crítica.— Apenas pensando - ele se virou e entrou de novo.— Sei... Pensando em que... Ou em quem?Mike olhou para ela franzindo de leve a testa. Não que tivesse que dar satisfação, mas Eliza parecia mesmo muito curiosa.— Em trabalho, como sempre - abriu uma gaveta da mesa.— Sei... Trabalho - parou em frente da mesa — E o trabalho por acaso anda puxando de uma perna? - erg
Parte 2...Sua casa era uma prova disso. Tinha de tudo um pouco e o que realmente combinava era de antes ou então por pura sorte, quando estava em um bom dia.Luiz deu algumas ideias para prender as decorações nos corredores de modo mais rápido e depois de fazer um desenho para a fachada. Camila então deu a ideia de pegarem o desenho e levarem até uma gráfica, onde poderiam imprimir no tamanho que quisessem, de acordo com a altura e largura das portas de vidro e formar uma paisagem de entrada.— Acho isso bem legal - Rosaly disse animada — Vou falar com o Mike sobre isso agora e se der tempo fazemos ainda hoje.— Eu ainda tenho mais m-meia hora aqui e depois vou pa-para o canil - Camila respondeu.— Não se preocupe - Rosaly abanou a mão — Faça seu serviço normal e se der você ajuda a gente, senão fica pra amanhã.Camila assentiu e saiu empurrando o carrinho. Deixou cada ítem no seu devido lugar e foi marcando em sua pastinha que Cíntia arranjara, para guardar anotações e o que precisa
Parte 1...Mike estava falando com uma cliente que tinha ido buscar seu coelhinho. O pobre animal havia sido mordido pelo cachorro do vizinho e por pouco perdeu uma de suas orelhas.Não foi preciso fazer uma cirurgia complicada para restaurar a posição da orelha esquerda. Teve que aplicar um sedativo forte para fazer a costura e por isso o coelho cinza ainda estava mole pela sonolência.Mike estava explicando os cuidados que a dona deveria ter com ele até que se recuperasse, em especial com as patas para não machucar e arrancar os pontos.Como sempre a dona estava muito preocupada com seu bichinho de estimação. Esse tipo de cliente ele gostava muito, pois tinham mesmo amor por seu bicho e não era apenas uma coisa comum, como muitos que tinham bichos só para mostrar que eram pessoas boas e nem mesmo davam a atenção necessária para o animal.Quando a mulher se foi, toda agradecida, Eliza se aproximou dele para falar sobre uma cirurgia que teriam na tarde seguinte, mas ele estranhou que
Parte 1...— Gostei da sua ideia de criar um painel colado ao vidro da entrada - mordeu o pão caseiro macio — Rosaly e Luiz já fizeram um desenho no computador e amanhã cedo vão levar até uma gráfica para imprimir.— Que bom, entã...o minha cabeça a-ainda serve para algo.Ela fez uma brincadeira, ele riu um pouco, mas não gostava da sensação de que um dia ela não estaria mais em suas faculdades mentais corretas. Isso era triste. Para qualquer pessoa, ainda mais uma tão jovem como ela.E bonita. E cheirosa.Ele segurou o ar. O que estava acontecendo com ele? Tinha dado uma de burro pouco tempo antes, quando Eliza deu em cima dele outra vez e agora estava ali, reparando em Camila.Mas como não reparar nela?Até o modo calmo como ela agia o deixava tranquilo e lhe passava uma boa sensação de conforto. E algo mais.Sentiu seu corpo reagir. Disfaçou puxando o assunto da decoração de novo, para tirar sua atenção dela. De seu rosto lindo, de seu sorriso, seus olhos. Suspirou fundo e continuo
Parte 1...Quando Camila chegou pela manhã, Rosaly a chamou depressa na sala do fundo para lhe perguntar sobre a amostra de sangue retirada da cadela de uma cliente.— Eu não peguei nenhuma amostra de s-sangue.— Eliza disse que foi você quem guardou.Ela parou um instante e puxou pela memória. — Ah, sim... Ela me pediu para guardar, m-mas eu, eu não cataloguei - começou a ficar nervosa — Ela já deixou tudo pron...to pra mim e, e... E eu só fiz colocar na... Freezer - explicou.— Bem, isso complica. Eliza disse que deixou em suas mãos e que você faria o processo.Camila ficou nervosa e sua língua travou mais ainda. Quando ficava nervosa sua mente ficava ainda mais presa e vazia de palavras e tinha que se esforçar muito mais.Respirou fundo duas vezes para acalmar o coração e poder falar direito. Explicou como foi o fim de seu horário e que eliza só tinha lhe dado a caixinha de isopor para guardar no freezer, o que ela fez.— Pois é, mas não a encontramos agora de manhã.Camila sentiu