Parte 1...Mike viu que Eliza queria mais um tempo ao lado dele e com certeza Rosaly também percebeu. De tanto ela insistir em tentar levá-lo para seus braços, alguns funcionários mais ligados já estavam observando que ela tinha um interesse a mais além do profissional.Ele até queria fazer um lanche, sentia mesmo que seu corpo estava precisando de combustível. Sentia até um pequeno tremor nas mãos e seu estômago já tinha reclamado duas vezes, mas iria esperar um pouco até que Eliza saísse da cantina.Ele entrou na sala onde estava a cadelinha e fez o exame para ver como estava saindo o acompanhamento e ficou contente em ver que em breve ela poderia voltar para sua casa. Fez umas anotações para quando a dona dela viesse buscá-la.Ao sair da sala encontrou com Clóvis, que estava cuidando do gatil nesse mês. Aproveitou e perguntou sobre Camila e ele lhe falou bem sobre ela e até disse que se saiu muito bem ajudando-o com dois filhotes que estavam recusando alimento.— Eu gostei dela, ac
Parte 2...— Você é a Camila, não é isso? - sorriu e esticou a mão para ela — Bem-vinda à clínica. Meu irmão já me avisou sobre você - se inclinou para ela — E minha mãe também me falou um pouco e só disse coisas boas.Ela ficou corada. Seria bom que Charlotte parasse de falar coisas sobre ela para seus filhos. Ficava nervosa quando as pessoas criavam expectativas sobre ela. Não tinha como prometer que iria cumprir o que esperavam dela.Suas limitações a deixavam com o julgamento mais cru sobre o que poderia ou não fazer, por isso mesmo preferia ser direta para ninguém lhe cobrar nada depois. Mesmo que quisesse fazer um trabalho bem feito, algum erro poderia ocorrer.Sabia que Derek iria ficar de olho nela e isso era o normal. Afinal, ninguém vai empregar outra pessoa que não sabe o que está fazendo. É o que acontece no geral e ela entendia isso. Só que ficava um pouco estressada e isso aumentava seu nível de ansiedade, o que a obrigava a ficar ainda mais atenta ao que faria ali para
Parte 3...Pedira para uma das ajudantes para lhe marcar no alarme seus quinze minutos de folga e depois também seu horário de saída. Antes de ir embora, falaria com a atendente da recepção para que marcasse também a hora de entrar no dia seguinte.Não tinha vergonha de pedir ajuda para as pessoas. Era muito melhor do que pedir desculpas por ter feito algo errado. Depois de um tempo em casa com a tia, logo que saiu do hospital, ela entendeu que precisava aceitar sua nova condição e que pedir ajuda não era vergonhoso.Só evitava incomodar aos outros. Não queria abusar da boa vontade em sempre pedir algo, mas nesse caso seria bom que pedisse para evitar que chegasse atrasada ou passasse da hora de fazer algo dentro da clínica.********************Camila estava separando as bandagens e os envelopes de algodão, colocando cada coisa em sua gaveta respectiva. Estava prestando atenção para não perder a contagem.Como Rosaly a indicou e foi um boa dica, ela fazia um pequeno traço dentro da f
Parte 1...À noite ela estava separando a roupa para deixar pronta e não se atrasar para o dia seguinte, quando a tia Henrieta ligou a convidando para ir jantar em sua casa.— Tia, eu não vou hoje, está bem? Deixa p-para amanhã.— Você ainda está chateada comigo, querida?— Não, tia - e era verdade — É só que, que eu não quero fi-ficar na rua com toda e-essa chuva né.— Verdade mesmo? - perguntou com voz melosa.— Verdade mesmo - Camila sorriu — S-sabe que pra mim é complicado, por causa de minha perna.Por duas vezes ela ficou em uma situação ruim devido sua perna lenta, em dias de chuva. Na primeira vez foi durante a tarde quando ela retornava para casa à pé mesmo, pois tinha feito um serviço de passar roupas para uma amiga que mora apenas a uma quadra de distância e quis voltar caminhando para fazer exercício.Começou a chover do nada e já chegando na esquia de casa, ela desceu da calçada para atravessar a rua e acabou pisando em falso em uma pequena poça e escorregou. Por pouco n
Parte 2...Camila sorriu de volta. Eliza se apresentou e perguntou se a caixa estava pesada. Respondeu que não, que poderia levar sem problemas.— Espero que seja efetivada. Depois você pega o jeito - deu uma risadinha olhando para os lados — Não se preocupe em carregar peso - gesticulou de novo — Faça como eu. Sempre peço ajuda a um dos rapazes para carregar as caixas pra mim - riu — Toda vez reclamo que está pesda demais para mim - tocou a testa fingindo um gesto afetado e riu.— Também e-e-espero ficar - engoliu em seco para destravar a garganta — Eu gosto...Gosto...Muito de animais e a clíni-ni..ca é muito boa.— É verdade - ela jogou o cabelo — Eu também tenho pouco tempo, mas já me considero veterana da clínica. Temos muito trabalho por aqui, mas vale a pena.Camila achou bom que estivesse conhecendo outra funcionária. Quanto mais pessoas, melhor seria. E pelo jeito ela tinha uma ideia de quem era ela. Resolveu questionar.— Você é médica também?— Sou sim - assentiu com a cabeç
Parte 1...Mike estava indo novamente para a casa dos pais, levar uma encomenda que o pai precisava para o dia seguinte. Como ele estava ajudando um tio em sua fazenda, faltou comprar luvas mais de acordo com o serviço que eles estavam executando. Ele saiu da clínica e passou em uma loja de material de construção e comprou logo um pacote com três unidades, assim seu pai não corria o risco de esquecer novamente.Estava pensando em aproveitar e ficar para o jantar com os pais quando a viu do outro lado da rua. Fez o retorno e se aproximou, mas antes a observou um momento, enquanto ela caminhava pela calçada.Seu caminhado era devagar, mas não chegava a ser lento realmente. Dessa vez ela usava uma calça jeans clara e calçava um par de tênis brancos. A camiseta era de algodão, creme clarinha e como da primeira vez em que a viu em sua sala, cheia de pequenas flores.Camila tinha uma certa delicadeza ao andar, ainda que puxasse da perna direita. Estava com o cabelo preso e tinha uma pequen
Parte 2...Ele fechou o semblante. Que falta de empatia e consideração com a outra pessoa, ainda mais sendo um namorado. Ele jamais seria capaz de cometer tal ato contra alguém. — Eu sinto muito - foi sincero.— N-não sinta - suspirou — Eu saí da casa de minha t-tia por isso também - ele franziu os olhos — Não me entenda mal. Henrieta é maravilhosa comigo - puxou o ar fundo, ficando sisuda — Mas minha do...ença é algo m-muito sério. E eu não quero que e-ela sofra quando eu não estiver m-mais por aqui.Ele olhou para baixo e suspirou lento. Estava impressionado com a força dela. Tão nova e com um pensamento tão centrado. De certa forma era bonito, mas era triste.— Eu me sinto melhor, hoje falo m-melhor do que antes, mas não é fá...cil porque afasia é uma lesão muito grave e que leva a pessoa à morte após alguns a-anos - ela viu que Mike se impressionou — Eu já, já... Investiguei sobre isso e fa,falei com os médicos. Cada pessoa tem s-seu tempo, depende muito.Isso o deixou curioso. D
Parte 1...Mike viu quando Camila entrou na sala de material para resgate que eles mantinham no fundo da clínica. Trabalhavam em conjunto com um grupo de resgate que pertencia a um abrigo, onde cada animal resgatado passava antes por eles, para que fosse feito um exame das condições físicas e emocionais do animal recolhido.Muitos deles estavam em uma situação muito difícil de ver e de aceitar. Era horrível que os seres humanos não fossem capazes de ter empatia por um animal de rua, que passava por tantas privações e maltratos.Muitos chegavam em condições quase de morte, com fome, doentes, cheios de pulga e carrapatos e sem falar no emocional de cada criatura, que geralmente estava muito abalado por algo que havia sofrido nas ruas e que muitas vezes era culpa de algum humano.Ele andou até lá e bateu de leve na porta. Camila se virou e sorriu ao vê-lo parado à porta.— Bom dia! Como está?— Bem, obrigada.Mike sentiu um calorzinho gostoso quando ela sorriu ao lhe responder, de uma fo