—Rashid. Melhor nos acalmarmos. Ele sorri, parecia feliz, mais leve.—Claro. Está com fome? Eu pedi para encher o frigobar com sucos. Os armários com bolachas de todo tipo, petiscos. Na geladeira tem queijo, leite, presunto, ovos, bacon.—Só suco. Mas se quiser comer algo, tudo bem. —Não, suco está ótimo. Mais tarde então comemos juntos. O passeio prosseguiu, mas não mais no mesmo tom de cordialidade de an¬tes. Rashid agora me abraçava, me dava beijos carinhosos e ao mesmo tempo se mostrava gentil comigo, mostrando os pontos de maior in¬teresse ao longo do percurso, navegando mais próximo à costa.Quando resolvemos comer, o sol já ia embora, e uma brisa refrescante suavizava o calor. O barco deslizava suavemente sobre a água, seguindo para a marina. Estávamos indo embora. Descontraída, rindo muito de uma história que Rashid me contava sobre sua irmã, e o quanto ela era atrapalhada na cozinha, eu me vi pensando, com surpre¬sa e prazer, que ele era um homem interessante e divertido
Eu agora estou confusa. Não quero que ele veja o teste. Não agora, preciso de um tempo. Não sei o que vou fazer ainda. Nesse momento não quero segurá-lo com uma possível gravidez. Então, digo:—Isso está errado. Eu sou quase noiva de seu irmão, você deveria respeitar isso. Ele me encara por alguns segundos, antes de dizer:—Eu sei que ele está chantageando seu pai. Sei que você só está aqui devido a isso. Ele joga sujo, então não banque a noiva apaixonada, pois eu não acredito.Ele dá um passo à frente, e experimento um momento de pânico, porque não consigo ignorar o quanto ele mexe comigo e tem a merda do teste. Eu preciso afastá-lo, as palavras são as melhores armas para isso.—No começo foi assim, mas agora estou por minha livre e espontânea vontade. Os músculos de sua mandíbula estão tensos. Ele então avança, e eu me encolho. Ele para na minha frente.—Verdade? —Ele pressiona. Seu rosto a poucos centímetros do meu. Minha respiração fica estrangulada na minha garganta.—Estou be
Colocando os braços sobre a mesa, ele se inclina para a frente. —Então por isso que você me viu saindo com Danna. Você me viu de sua casa? —O que é isso, um interrogatório de polícia? Ele se ira e se levanta. —Jade, por Allah! Só responda. Quanto mais você me falar os detalhes, mais chances eu tenho de lembrar. —Ele se senta novamente, tentando se acalmar. — Então, por favor, me responda. Você tinha uma boa visão da minha casa? A sua era um sobrado e a minha como era? Quando você olhava para a minha casa, você tinha uma visão exatamente do quê? —Eram ambas um sobrado. A janela do meu quarto ficava posicionado de frente a do seu quarto. Da minha janela eu tinha uma visão ampla da sua casa. E conseguia ver uma boa parte do seu quintal, partes da sua janela da sala de visitas. E se eu fosse no quarto de meu pai, conseguia ver sua garagem também. — Incapaz de olhar para ele, desviei meus olhos. —Foi lá que te vi sair com Danna, então, você sumiu. Suas sobrancelhas estão franzidas
Eu senti uma dor profunda com as palavras dele, mas eu me encontro em um labirinto de insegurança. — Danna, esteve aqui no meu quarto. Ela me falou que no dia que ela te procurou, vocês tiveram uma conversa difícil, mas depois voltaram. Que você reconheceu que a amava. Zafir fecha as mãos. —Jade. Danna me parece uma pessoa ardilosa. Quem garante que isso é verdade? Eu me angustio, e não sei o que pensar. Não quero sofrer. Zafir pode estar confuso e eu resolvo por um ponto final nisso tudo: —Zafir. Agora saia do meu quarto. Você já fez sua escolha. Eu observo com prazer carranca que ele faz. Zafir vem na minha direção, mas antes de sua retirada, ele para. Eu me encolho ao sentir seu cheiro maravilhoso. Embora minha mente grite em alerta para me afastar, meu corpo se lembra de como é estar nos braços dele, de como seus lábios são macios e como suas mãos e boca me enlouquecem. Sim, ele é um amante maravilhoso. Inesperadamente Zafir me envolve pela cintura. Meus mamilos na hora
Eu estiquei meu corpo, sentindo-o dolorido. Abri os olhos lentamente, minha cabeça um pouco latejante. Não preciso olhar o relógio para saber que eu dormi até tarde, dez horas. Eu me sinto febril, desorientada. Penso nele deixando meu quarto, as dúvidas que ele lançou na minha cabeça. Ainda me lembro quando ele lançou aquele olhar. Não sei como descrever esse olhar, não foi de ódio, exatamente, nem de raiva, nem de desprezo — foi de decepção.Sinto agora um certo desassossego e entendo que por mais que Rashid demonstre ser um homem legal, interessante, cuidadoso me faz questionar: vou amá-lo um dia? Eu me troco e ando pelo quarto; não consigo ficar parada, tenho a sensação de que Zafir esteve aqui enquanto eu dormia. Não há nada fora do lugar, mas o cheiro dele está muito presente no quarto. Olho o tempo lá fora. As nuvens ameaçadoras tingem o céu de cinza, com certeza irromperão num dilúvio no fim da tarde. Sentindo-me mal, eu me deito novamente. Ouço batidas na porta. —Entre.
Rashid me afasta para colar sua boca na minha. Eu sou beijada, mas não beijo. Não correspondo. Ele percebe e se afasta para me olhar. —Desculpe-me, sei que está doente. Não está em condições de nada. Você está quente. Vou pedir para Zilá trazer junto com o café um antitérmico.Eu concordo com a cabeça, mas nenhum som sai da minha boca. —Vem, agora deite-se. Eu me deito, e respiro fundo, em alívio quando o observo sair. Logo depois, Zilá entra com um carrinho e meu café da manhã. Ela distribui tudo na mesa. —Obrigada!—Por nada, senhorita. —Ela diz e sai.Saio da cama e me sento à mesa. Tomo suco de laranja com o antitérmico. Percebi que minha garganta está arranhando. Talvez estivesse inflamada. Misturo o café com o leite numa xícara e pego um croissant de presunto e queijo. Depois de tomar o café, sinto cólicas. No banheiro vejo que meu ciclo se fez presente. Suspiro em alívio. Mais um sinal que não estou grávida. Quero Zafir, mas não dessa maneira. Eu quero mais dele. Preciso
Ainda não é a resposta que eu quero. Defendo Rashid, mesmo sabendo que o que ele disse é verdade.—Como pode falar uma coisa dessa? Ele tem sido tão carinhoso comigo, atencioso, preocupado...Zafir respira fundo. Parece angustiado.—Khara! Porque você está se submetendo à sua vontade. Você não percebeu isso?—Eu não acredito em você. Acho que fala assim, só para eu não gostar dele.Zafir se levanta da cama, sua expressão continua angustiada.—Não tenho intenção de assustar você, não tenho a intenção que goste menos dele, pois você já não gosta o suficiente para se casar com ele, sei que você não ama Rashid. Jade, você me ama... —Ele ofega e coloca a mão na cabeça, está pálido. —Assim como eu te amo... —Ele diz sofrido, emocionado. —Eu só tenho argumentos com você pelo que sinto aqui dentro. Deveria valer! Por favor, não me cobre daquilo que não me lembro! Eu só sei o que arde no meu peito. E aqui grita EU TE AMO!A veemência da paixão na voz de Zafir faz meu coração de disparar. Eu es
Ele faz uma pausa por um momento e eu encaro sua boca. — Jade… Quando levanto o olhar para ele, sua expressão se intensifica. Isso é um eco do que eu costumava ver quando ele olhava para mim no passado. Um desespero silencioso. Seu olhar paira sobre mim com uma necessidade franca que faz eu me sentir a mulher mais linda que ele já viu. Zafir olha meus lábios. Meu coração se agita, ele segura minha cabeça e seus lábios tomam os meus com um gemido que se uniu ao meu, pois gemo de prazer. —Por Allah! —Ouço a voz de Rashid no quarto.Eu e Zafir nos afastamos e encaramos Rashid que imediatamente guarda uma caixinha de veludo no bolso do paletó. Um anel? Brincos! Não importa... Zafir fica em pé, eu também. E o olho com desafio nos olhos.—Eu e Jade nos acertamos e eu...Essas palavras bastaram para o irritar que num segundo, ele atravessou o espaço que os separava e com o punho fechado tentou acertar Zafir, mas ele foi muito rápido e se esquivou do irmão.— Pare Rashid! Parem! — Eu gri