A noite se estendia com seu manto profundo e misterioso, enquanto as sombras dançavam entre as árvores da floresta. Depois do encontro tenso com o lycan, o grupo sabia que a verdadeira batalha ainda estava por vir. Na penumbra, as mentes dos lobos se conectavam sem barreiras, trocando pensamentos e sentimentos com a clareza de um pacto silencioso. Foi nesse instante que Lunna, a loba mãe que habitava o corpo de Clarice, falou mentalmente com os outros dois:“Precisamos manter o lycan ocupado até o sol nascer” enviou Lunna, sua voz interna carregada de determinação e esperança. “Lembre-se, enquanto a maldição estiver ativa, ele está preso à sua forma bestial; mas quando o sol aparecer, ele voltará à forma humana. Então poderemos alcançá-lo e, quem sabe, conversar com ele…”A resposta veio num murmúrio vibrante, compartilhado nas profundezas da conexão mental que os unia:“Vamos fazer isso juntos!” pensou Dorian, com a segurança de quem conhece o próprio instinto. “Ele pode ser impiedos
Por um breve instante, o tempo pareceu suspender-se. O homem parou, seus olhos trêmulos revelando uma centelha de dúvida, como se as palavras de Clarice pudessem, por um segundo, penetrar na barreira construída por anos de dor. Porém, a realidade se impôs rapidamente. Assim, tão próximos, a semelhança era imensa, era impossível negar que eram parentes.Ele recuou, arrastando o corpo para trás pelo chão, ainda sem conseguir se erguer, e murmurando com uma voz rouca e cheia de descrença:— Não... Não tenho família.O desespero estampado em seu olhar era impossível de ignorar. Clarice, tomada por uma mistura de compaixão e incredulidade, insistiu:— Por favor, me escute.. Eu sei quem você é. Não pode ser que tudo o que você viveu o faça acreditar que não tem ninguém. Eu sou sua irmã, e estou aqui para te ajudar.Do outro lado da clareira, em uma distância prudente, Clarck e Gael – que também já haviam retornado à forma humana – observavam a cena com olhares mistos de preocupação e impotê
— Não dá para exigir dele que acredite assim… Dá para ver que a vida para ele foi muito sofrida.Clarice, ainda com o rosto úmido de lágrimas, ouviu essas vozes com o coração dilacerado, mas determinado a não abandonar seu irmão – ou o que restasse dele. Ela sabia que a jornada seria longa e cheia de desafios, mas a ideia de poder alcançá-lo, de fazê-lo sentir que ele não estava sozinho, era o que a mantinha de pé.A floresta, agora despertada pelo sol nascente, parecia respirar um ar de melancolia e esperança. Cada árvore, cada folha, cada raio de luz carregava consigo a memória da noite anterior, repleta de lutas, de dor e de estratégias desesperadas. O ambiente se transformara em um cenário onde a beleza natural se misturava à crueldade dos destinos traçados pelo acaso e pela maldição.Clarice olhou para os rostos de Clarck e Gael, que ainda se encontravam próximos, observando o vazio deixado pelo homem em fuga. Em seus olhos, havia a compreensão silenciosa de que aquela partida nã
Clarice, ouvindo essas palavras que tocaram seu coração de uma forma a lhe dar um pouco mais de esperança, sentiu sua alma se fortalecer. Ela sabia que o reencontro com seu irmão não seria imediato, mas a esperança de que ele um dia pudesse aceitar o amor e a família que lhe ofereciam era o que a mantinha firme. Com lágrimas secando lentamente em seu rosto, ela respirou fundo, decidida a seguir cada pista, a cada passo, mesmo que o caminho fosse repleto de obstáculos.Enquanto o grupo se dispersava, cada um seguindo seu próprio rumo para vasculhar a imensidão da floresta, o sol subia majestosamente, marcando o início de um novo dia. E, apesar de todas as cicatrizes e da dor que o homem carregava, o brilho do amanhecer carregava em si a promessa de recomeço – uma chance de, um dia, encontrar a redenção que parecia tão distante.Aquela manhã, carregada de melancolia e esperança, deixava no ar a sensação de que nada estava realmente perdido. Cada raio de sol, cada sombra que se movia, pa
Em meio aos poucos focos de luz que ainda resistiam à escuridão da noite, Eidan caminhava de volta ao assentamento. Seus passos eram silenciosos e pesados, carregando consigo o peso esmagador da dor e da humilhação. Cada movimento parecia relembrá-lo do quão cruel era a sua existência diária. Enquanto avançava pela trilha lamacenta, sua mente se voltava para a memória da floresta, um refúgio onde a chuva incessante, o sussurro das folhas e o cheiro terroso ofereciam, por instantes, uma liberdade que ele nunca conseguira experimentar por muito tempo. Naquelas lembranças, ele era livre, longe das correntes que o prendiam a um destino cruel.Ao alcançar o portão de madeira desgastado, o olhar desconfiado dos habitantes do assentamento se fixou nele como se sua presença fosse um erro imperdoável. Os rostos marcados pelas cicatrizes de tempos difíceis se contorciam em expressões de receio e hostilidade. Vozes ásperas romperam o silêncio da entrada, exigindo respostas que Eidan tentava – em
Clarck, observando cada detalhe, murmurava baixinho: — Há algo de trágico nisso. Cada rosto, cada lágrima, conta uma história de angústia que precisa ter fim. Não podemos mais ficar de braços cruzados.Mesmo que, até então, nenhum deles tivesse se aproximado de Eidan, naquele instante, o sentimento de responsabilidade e de compaixão era palpável. Eles não sabiam exatamente como intervir, mas sabiam que algo precisava ser feito. A esperança de mudar o destino do homem marcado pulsava silenciosamente em seus corações.Enquanto isso, dentro da casa sombria onde Eidan estava confinado, a dor das runas continuava a queimar. Cada símbolo que se contorcia em sua pele parecia zombar de sua tentativa de liberdade, como se a própria magia estivesse rindo de seu desespero. O trovão lá fora parecia ser o grito primordial do universo, anunciando que a situação estava prestes a mudar.E, justamente quando tudo parecia perdido, Eidan tentou se erguer novamente. Num ímpeto de pura revolta, ele lançou
A noite estava densa e o ar parecia pesado com a tensão que se acumulava no assentamento. Gael, com o semblante sério e os olhos fixos na muralha, observava cada movimento dos inimigos que vigiavam o lugar. Ele sabia que aquele era o momento decisivo e, ao seu lado, Clarck ajustava os detalhes do plano com a mesma determinação. Ambos haviam planejado a missão de resgatar Eidan por muito tempo e, finalmente, a hora da ação tinha chegado.Gael aproximou-se de Clarck, com a voz baixa, mas firme: — Temos que agir rápido. Eidan não pode ficar preso ali mais um minuto. Ele já sofreu demais com as runas e a opressão desse lugar.Clarck assentiu, olhando ao redor para ter certeza de que ninguém os observava de perto. — Concordo. O feiticeiro está alerta, mas a nossa força é maior quando trabalhamos juntos. Assim que a distração acontecer, eu entro sorrateiramente para libertá-lo.Enquanto os dois homens traçavam os últimos detalhes da operação, a atenção se voltava para outro ponto crucial da
Finalmente, com um clique suave, a porta se abriu. Eidan levantou-se com dificuldade, seus olhos se enchendo de uma mistura de surpresa e gratidão ao ver os rostos determinados de seus salvadores.— Eu… eu pensei que não sairia daqui – disse Eidan, a voz embargada pela emoção e pela dor que carregava em cada cicatriz.— Agora você está livre – respondeu Gael, apertando o ombro de Eidan com firmeza. — Mas precisamos sair daqui antes que eles se apercebam da nossa presença.Enquanto isso, do lado de fora, Luna continuava sua fuga desesperada. Em alguns momentos, ela trocava olhares de ódio com os lobos que a perseguiam, em outros, ouvia o som distante de feitiços sendo lançados. Em uma breve pausa entre as corridas e os pulos, Luna conseguiu recuperar o fôlego e pensar em suas próximas ações. Seus pensamentos, sempre divididos entre a voz humana e a voz lupina, se misturavam em um turbilhão:— Estou machucada, Clarice, mas não posso deixar que eles me capturem. Cada gota de dor é uma pr