Clarck, observando cada detalhe, murmurava baixinho: — Há algo de trágico nisso. Cada rosto, cada lágrima, conta uma história de angústia que precisa ter fim. Não podemos mais ficar de braços cruzados.Mesmo que, até então, nenhum deles tivesse se aproximado de Eidan, naquele instante, o sentimento de responsabilidade e de compaixão era palpável. Eles não sabiam exatamente como intervir, mas sabiam que algo precisava ser feito. A esperança de mudar o destino do homem marcado pulsava silenciosamente em seus corações.Enquanto isso, dentro da casa sombria onde Eidan estava confinado, a dor das runas continuava a queimar. Cada símbolo que se contorcia em sua pele parecia zombar de sua tentativa de liberdade, como se a própria magia estivesse rindo de seu desespero. O trovão lá fora parecia ser o grito primordial do universo, anunciando que a situação estava prestes a mudar.E, justamente quando tudo parecia perdido, Eidan tentou se erguer novamente. Num ímpeto de pura revolta, ele lançou
A noite estava densa e o ar parecia pesado com a tensão que se acumulava no assentamento. Gael, com o semblante sério e os olhos fixos na muralha, observava cada movimento dos inimigos que vigiavam o lugar. Ele sabia que aquele era o momento decisivo e, ao seu lado, Clarck ajustava os detalhes do plano com a mesma determinação. Ambos haviam planejado a missão de resgatar Eidan por muito tempo e, finalmente, a hora da ação tinha chegado.Gael aproximou-se de Clarck, com a voz baixa, mas firme: — Temos que agir rápido. Eidan não pode ficar preso ali mais um minuto. Ele já sofreu demais com as runas e a opressão desse lugar.Clarck assentiu, olhando ao redor para ter certeza de que ninguém os observava de perto. — Concordo. O feiticeiro está alerta, mas a nossa força é maior quando trabalhamos juntos. Assim que a distração acontecer, eu entro sorrateiramente para libertá-lo.Enquanto os dois homens traçavam os últimos detalhes da operação, a atenção se voltava para outro ponto crucial da
Finalmente, com um clique suave, a porta se abriu. Eidan levantou-se com dificuldade, seus olhos se enchendo de uma mistura de surpresa e gratidão ao ver os rostos determinados de seus salvadores.— Eu… eu pensei que não sairia daqui – disse Eidan, a voz embargada pela emoção e pela dor que carregava em cada cicatriz.— Agora você está livre – respondeu Gael, apertando o ombro de Eidan com firmeza. — Mas precisamos sair daqui antes que eles se apercebam da nossa presença.Enquanto isso, do lado de fora, Luna continuava sua fuga desesperada. Em alguns momentos, ela trocava olhares de ódio com os lobos que a perseguiam, em outros, ouvia o som distante de feitiços sendo lançados. Em uma breve pausa entre as corridas e os pulos, Luna conseguiu recuperar o fôlego e pensar em suas próximas ações. Seus pensamentos, sempre divididos entre a voz humana e a voz lupina, se misturavam em um turbilhão:— Estou machucada, Clarice, mas não posso deixar que eles me capturem. Cada gota de dor é uma pr
Enquanto o tempo passava, os se organizavam para os próximos passos. Gael levantou-se e olhou para o grupo reunido em volta da fogueira. — Precisaremos traçar um novo plano. O feiticeiro não vai descansar, e os Rogues estarão à espreita. Mas hoje, nós nos recuperamos. Descansamos para poder enfrentar o que vier, estamos próximos do local que montamos para aguardar o amanhecer. Clarck concordou com um aceno silencioso e, olhando para Eidan, disse: — Você foi muito corajoso. Mas sei que ainda há muito a ser feito. A noite avançava e, lentamente, os primeiros sinais de cansaço começaram a dominar o grupo. Eidan, mesmo com a dor, conseguia sorrir ao ver a união dos seus novos companheiros.Enquanto isso, em meio à escuridão da floresta e com a chuva ainda caindo, Luna continuava a lutar contra seus perseguidores. Em um trecho da corrida, ela se viu obrigada a enfrentar dois dos lobos que vinham lado a lado. O confronto foi breve, mas intenso: dentes, garras e uivos se misturaram num tur
Mas Eidan, com os olhos semicerrados e a postura rígida, recuou um pouco, como se uma barreira invisível o protegesse de algo que ele não podia, ou não queria, aceitar. Seus lábios se comprimiram e ele murmurou:— Eu lembro… Mas não sei se posso acreditar. Você diz que… que somos irmãos? Isso não é possível… Sempre fui dos renegados, fui criado longe de… de qualquer outra coisa que não fosse aquele assentamento.A voz de Eidan carregava a dúvida e a amargura de um passado regado a dor e maus tratos. Clarice, percebendo a hesitação e a dor no rosto do irmão, respirou fundo e se preparou para revelar a verdade que carregava há tanto tempo. Com delicadeza, mas com firmeza, ela se ajoelhou diante de Eidan, fazendo com que seus olhos se encontrassem em um diálogo silencioso de cumplicidade e pesar.— Sei que parece impossível, mas nós somos irmãos, fomos separados ainda muito pequenos, eu tinha apenas dois anos e você era só um bebê. Sempre soube, lá no fundo do meu coração, que havia uma
Quando Eidan despertou, o primeiro raio de luz já começava a espreitar pelo acampamento. Seus olhos se abriram lentamente, e ele sentiu um peso se levantar do coração. Ao notar a presença de Clarice, Gael e Clarck, ele se sentou com dificuldade, ainda tentando reunir os pensamentos dispersos do sonho. Com a voz rouca, mas com uma convicção que parecia nova, ele falou:— Eu... vi uma pessoa em meu sonho. Ela me falou que você está dizendo a verdade, que vocês realmente têm boas intenções. Seu nome é Sidonia, ela garantiu que você saberia quem ela é.O silêncio pairou por alguns instantes, enquanto Clarice sentia o coração acelerar. Lágrimas de alívio e de felicidade silenciosamente escorriam por seu rosto e ela, sem conseguir conter o impulso, se lançou num abraço apertado em seu irmão. O calor daquele abraço parecia aquecer não só os corpos, mas também a alma ferida daquele homem.Gael e Clarck trocaram olhares de satisfação, embora ainda cientes de que o perigo não estava completamen
A jornada de cinco dias começou com o grupo reunido numa clareira silenciosa, enquanto o sol ainda despontava timidamente no horizonte. Clarice, com o olhar firme mas marcado pela preocupação de ser a loba mãe de um bebê amaldiçoado, liderava o grupo. Ao seu lado, Clarck caminhava com passos largos e atentos, sempre pronto para proteger a todos. Gael seguia em silêncio, relembrando os dias difíceis que vivera. No primeiro dia, o grupo avançou por uma trilha tranquila na floresta. A luz suave da manhã misturava-se às sombras das árvores, e os passos, embora compassados, carregavam a tensão de um destino incerto. Clarice caminhava à frente, mas num dos intervalos, afastou-se um pouco para conversar com Eidan, longe do burburinho do grupo.— Sabe… Comecei tudo isso para encontrar uma solução para a maldição do meu filho. Ele é só um bebe, fez um ano há alguns dias – confidenciou Clarice para seu irmão, com a voz baixa e carregada de angústia.Eidan, olhando nos olhos dela com seriedade,
— Estamos perto — Clarck anunciou, quando pararam um pouco para respirar. — Vamos descansar um pouco aqui, A caminhada seguia com o grupo em ritmo acelerado, mas o clima começou a mudar quando o sol se despedia e a floresta se enchia de sombras alongadas. Foi quando, de repente, um som diferente se fez ouvir, passos apressados e uivos distantes que alertaram todos de um perigo iminente.Nesse exato momento, Eidan sentiu a dor retornar com força total. As marcas em sua pele, que até então haviam diminuído, explodiram em brilho intenso e ele começou a lutar contra a transformação. Seu rosto assumia traços tanto humanos quanto de lobo enquanto fhenrir tentava tomar o controle de seu corpo e fazer a unica cooisa que sabia, matar.— Não podemos parar! — Clarck gritou, agarrando Eidan com firmeza enquanto corria. Gael rapidamente se juntou a ele, e juntos, os dois carregavam o irmão de Clarice, que oscilava entre a dor e a fúria contida, enquanto a ameaça dos renegados se aproximava a cad