O pântano era um reino de névoa e segredos. A luz da lua se escondia atrás de nuvens espessas, como se temesse iluminar demais os horrores que ali se desenrolavam. A água estagnada refletia apenas fragmentos do céu, criando um espelho quebrado que distorcia as formas e confundia os sentidos. Era um lugar onde o tempo parecia se dobrar, onde cada passo poderia levar a um destino desconhecido.Tupã movia-se como uma sombra, seu corpo biônico mesclando-se com a escuridão, seus olhos azulados reluzindo como faróis em meio à névoa. Ele era um predador, ágil e silencioso, e o pântano era sua caça.Os mercenários não o viram chegar.Eles estavam agrupados em uma clareira, suas lanternas balançando suavemente conforme conversavam em vozes baixas. A confiança deles era evidente, como se acreditassem que o pântano lhes pertencesse. Mas eles estavam errados.Tupã observou-os por um momento, calculando, avaliando cada movimento, cada sombra. Ele contou doze homens, todos armados, mas distraídos.
Era um sopro gelado, deslizando pelas árvores, rodopiando entre as pedras do caminho tortuoso que levava às montanhas. Tumbleweed sentia cada rajada como um chamado distante, um convite ao desconhecido.Ele cambaleou ao dar mais um passo, o peso do corpo se ajustando à ausência da perna que lhe fora roubada. A dor ainda era um espectro latejante, mas não maior que a fúria queimando dentro dele.Pessoas semelhantes a seus irmãos ainda estavam em minas. Escravizados. Sofrendo.E ele... ele ainda era fraco.Não por ter perdido um membro, mas porque ainda não possuía o poder para libertá-los.Por isso estava ali.Por isso estava subindo aquela trilha esquecida.Porque os ventos lhe haviam sussurrado um segredo no reino dos sonhos.Um templo. Um lugar antigo, onde os guerreiros do passado despertavam sua verdadeira força.Se conseguisse chegar lá, se passasse pelas provações, poderia obter algo que nenhum mercenário, nenhum explorador e nenhum bruxo poderia deter.A trilha era cruel.A cad
O vento assobiava entre as árvores, rodopiando como um espírito em festa.Tumbleweed sentiu a energia vibrar no ar antes mesmo de ver o que estava acontecendo. Ele já descera as montanhas, o sangue fervendo com o novo poder que havia conquistado, e agora sentia a floresta pulsar ao seu redor, como se o aguardasse.Mas então...O redemoinho surgiu.Um giro súbito de poeira e folhas, rodopiando de maneira inquieta, como se o próprio vento tivesse vontade própria.Tumbleweed instintivamente levou a mão ao rosto, protegendo-se da ventania, mas sentiu algo pousar suavemente sobre sua cabeça.Um tecido.Leve. Quente. Vermelho como fogo.Ele ergueu a mão, tocando o objeto. Uma carapuça.Ele a segurou entre os dedos, o coração batendo forte.A carapuça era estranha, quase viva.Ela parecia arder em energia, pulsando em sintonia com o próprio vento. Tumbleweed não sabia de onde ela havia surgido, mas no fundo... ele sentia que era dele.Ele ergueu o olhar.A floresta estava em silêncio.Apenas
A noite era quente e preguiçosa, envolta em um manto de silêncio que parecia abraçar o acampamento. O ar dentro da tenda de Donaldo estava pesado, saturado com o aroma doce do incenso e o cheiro acre do suor dos corpos entrelaçados. A penumbra dançava sob a luz trêmula das lamparinas, projetando sombras que se contorciam nas paredes de tecido. Os lençóis de seda, antes imaculados, agora estavam amassados, como campos devastados após uma tempestade.Donaldo respirava fundo, sentindo o gosto da vitória nos lábios. Seus dedos deslizaram pelo corpo nu da mulher embaixo dele, traçando seu contorno com a satisfação de um homem que havia reconquistado aquilo que lhe fora roubado. Sua virilidade. Desde que firmara o pacto com Naaldlooyee, ele se sentia um novo homem. Mais forte. Mais jovem. Mais potente. E aquilo... aquilo era apenas o começo.A concubina — uma morena de seios redondamente voluptuosos, olhos penetrantes e lábios carnudos — gemeu de prazer, então riu baixinho, virando-se de la
O rugido da criatura explodiu no ar, um som grave e abissal que fazia o sangue gelar nas veias, como se a própria terra estivesse gemendo, rachando sob o peso de uma força antiga e rebelde. As árvores agora se curvavam como se tentassem escapar, suas folhas sussurrando em pânico. O vento, antes mero espectador, tornou-se um aliado do caos, carregando consigo o cheiro de terra úmida e metal oxidado.Os olhos da besta rasgavam o ar como lâminas fantasmas, inundando brevemente a paisagem com uma sinistra escuridão, cada passo seu ecoando como um trovão distante, abalando o chão e fazendo com que pequenas pedras saltassem, como se tentassem fugir do inevitável. A respiração da criatura, pesada e rouca, era como o sopro de um vulcão prestes a despertar, levando a promessa de negrume e ruína.O silêncio que se seguiu foi tão aterrorizante quanto o rugido, uma pausa carregada de intenções obscuras, como se o mundo inteiro contivesse a respiração, esperando o próximo movimento daquela força p
Suas mãos percorriam o corpo dela numa mistura de desejo e descoberta, explorando cada curva, cada indentação, cada detalhe que outrora habitava apenas os recantos da imaginação. Os seios generosos, a maciez das coxas, das nádegas, tudo tocado com uma devoção que só aumentava a tensão entre eles. Em resposta, ela, tomada pela excitação, desfez-se da última barreira — uma fina seda empapada —, revelando-se por completo, ao que os olhos do explorador encontraram a virilha. A vulva rosada e úmida, um silencioso convite, ao qual ele não resistiu. Donaldo adentrou-a, e ela, com os braços envoltos em seu corpo, puxou-o para mais perto, como se quisesse fundi-lo a si mesma. Os beijos, os toques, as carícias — tudo se intensificava, criando um ritmo que os levava cada vez mais fundo naquele momento de entrega mútua.Enquanto isso, na Zona Negra...Duncan ofegava, sentindo o gosto metálico do próprio sangue na boca.Seu corpo doía em cada fibra — ferimentos abertos, costelas fraturadas, a dor
O frio.Era a primeira coisa que Kaena sentiu. Um frio que não pertencia a este mundo.Não era o vento cortante das montanhas, nem a umidade sufocante das cavernas. Era algo além – uma ausência absoluta de calor, um vazio que drenava qualquer vestígio de vida.Ela abriu os olhos. Mas tudo o que havia era escuridão.Não, não escuridão – sombras. Vivendo, sussurrando, retorcendo-se como vermes dentro de um cadáver recém-aberto.Kaena tentou se mover, mas não havia solo sob seus pés. Seu corpo flutuava, suspenso em um oceano de trevas líquidas, como se estivesse à deriva em um mar sem fim. Seu coração batia forte, e a respiração vinha curta e irregular.Isso é um pesadelo. Só pode ser.Ela cerrou os punhos, tentando lembrar-se do que acontecera. O altar. A criatura das sombras. Hei e Duncan sendo arremessados para longe. Então… então as garras negras a haviam tragado para dentro do Véu.E agora estava aqui.Uma sensação gélida atravessou sua espinha quando percebeu: não estava sozinha.P
O mundo tremeu em volta de Duncan.Não era um terremoto, nem o colapso da realidade. Era um puxão – como se o próprio tempo estivesse se dobrando sobre ele, sobre Kaena e Hei. Uma força invisível arrastava seus corpos, seus espíritos, suas essências através do espaço e do tempo.Sessenta segundos.Duncan havia contado cada batida do coração, cada instante em que sua vida poderia ter sido ceifada pelas garras de Naaldlooyee. Mas ele não estava morto.Nem Hei.Nem Kaena.O Etherstride havia se completado.O espaço os rasgou em fragmentos efêmeros de cinzas azuladas, dissolvendo suas formas em ecos espectrais. O abissal horror de Alcarth desapareceu. As sombras de Naaldlooyee já não podiam alcançá-los.Então, o nada.Então, o renascimento.O som da respiração foi a primeira coisa que Kaena ouviu.Não o ar sufocante e pútrido do Véu, nem os sussurros das almas aprisionadas. Era vento – o cheiro terroso das árvores e da floresta.Ela abriu os olhos.O céu noturno se estendia acima deles, p