SAMANTHA VASCONCELOS Obviamente perdemos a hora. Me troco rapidamente e vamos para a casa dos pais de Ian, e não sei o que esperar. Visto um short alfaiataria de cintura alta, uma regata branca e um blazer, nos pés, uma bota cano alto preta de couro. E estou levando um sobretudo preto. As casas tem aquecedores, mas vai que chove ou faz frio. Precaução é tudo. Falando nisso, preciso urgentemente ir em alguma loja refazer meu guarda-roupa. Mesmo tendo trago minhas melhores roupas, aqui faz mais frio e a moda é bem diferente. Mas eu gosto do que vejo. Outra coisa que preciso providenciar é um lugar para ficar. Não posso morar com Ian e fazer isso dar certo. Quer dizer, agora está tudo bem, mas e se rolar alguma discussão? Vou sempre estar na casa dele. Na empresa dele. Meu deus, é tudo dele. Até eu sou dele, hehe. Mas afinal, somos apenas namorados, e não quero atropelar nenhuma etapa. Também preciso do meu próprio espaço. Por Deus, faz dias que não uso o banheiro direito.
SAMANTHA VASCONCELOSResolvo aproveitar a oportunidade de estarmos sozinhas para expor uma de minhas inseguranças:— Posso perguntar uma coisa?— Claro que sim.— Ainda não consigo parar de questionar o que Ian viu em mim – sorrio, mas deve parecer uma careta, estou expondo minha maior insegurança no momento. – Estou totalmente sem graça e sei que devo parecer uma boba, mas...— Ora, não parece uma boba coisa nenhuma! É normal existir inseguranças em um relacionamento. E é por isso que devemos falar sobre elas.Sua expressão é uma mistura de interesse e entendimento de quem já esteve no mesmo lugar. Faço que sim para ela. — Minha querida, posso te dizer a verdade? – pede.E é nesse momento que meu estomago embrulha.— Que fique entre nós ok?Faço que sim. De repente incapaz de falar e muito, muito ansiosa.— Ian e o pai, são muito ocupados, e sempre separaram tempo para conciliar vida pessoal e trabalho, como sabe, não trabalham demais. E vivem se comunicando um com o outro. Houve um
SAMANTHA VASCONCELOSNo dia seguinte, ao chegar no escritório, Carter – olhando diretamente para Ian, murmura um bom dia superanimado.Ian apenas acena com a cabeça, totalmente alheio a ela. Mas eu respondo:— Bom dia, Carter.A moça me fulmina com o olhar.E sinto uma leve satisfação.Ian me guia até uma porta que fica ao lado da sua sala.— Tenho uma surpresa pra você – diz. — Abra.E é o que faço. Entro em um ambiente notoriamente feminino. A sala é quase do mesmo tamanho que a de Ian.Foco na parede de vidro que pega o espaço de fora a fora e o divã voltado a ela.Entro no espaço e fico impressionada.É lindo e muito bem decorado.Muito mais do que imaginei que mereceria ou alcançaria.Muito mais, mesmo.— Nossa amor, eu...Olho pra ele e tudo que encontro é ansiedade em seu olhar.— Eu amei – digo com firmeza, e o envolvo num abraço.Eu amei mesmo.Achei a sala a minha cara!— Que bom que você gostou. É pra você mesmo.— Obrigada, obrigada, obrigada – murmuro contra seu pescoço.
SAMANTHA VASCONCELOSDesde que chegamos em Edimburgo, só temos conversado em inglês, e estou achando isso muito legal. Não estou me embolando como imaginei que estaria.— Amor? – chama Ian.Ele aparece na porta do “meu” quarto. Estou olhando minhas roupas e vendo o que vou usar hoje.— Hm?— Quer ir na academia? Vou comer agora para ir.— Nossa, sim. Preciso de uma atividade física urgentemente.Ele sorri com malícia.— Você pratica atividades físicas duas vezes por dia, Samantha.Jogo o meu vestido nele, e não consigo segurar o riso.Ian raramente faz gracinha.Eu gosto mais dessa versão.E fico muito, muito admirada.— Ai, ai, ai, que gracinha em.Ele vem em minha direção e me abraça. — Vamos comer então – morde minha orelha.— Taaaaa – a palavrinha sai arrastada.Meia hora depois, descemos para comer.Ainda bem que eu já estava fuçando nas minhas coisas, então não foi difícil encontrar meu tênis e um conjuntinho de treino.Descemos para a academia, que fica no subsolo do prédio.
SAMANTHA VASCONSELOSViro o restante do meu copo de gin e sinto seu efeito.Olho em volta, todos estão envolvidos em conversas, e eu sinceramente, não quero me enturmar.Quero minhas amigas.Luna, Nat...Sinto falta da minha casa e de estar em minha zona de conforto.Sei exatamente o que pode me ajudar. Saio do camarote e vou pra pista de dança.Me deixo envolver pela batida. Me enfio no meio daquela galera desconhecida e me solto. Esvazio a mente e curto uma vibe por alguns minutos, até que alguém cutuca minhas costelas.Abro os olhos e uma moça muito linda está à minha frente.Seu rosto é familiar, e não faço ideia do porquê.— Oi? – berro pra ela.— Oi! Você é muito linda sabia?— Obrigada! Você também! – devolvo o elogio.E é mesmo. A moça começa a se aproximar de mim e percebendo sua intenção, a afasto pelos ombros.— Desculpa, mas eu tenho namorado! – digo rindo.— É claro que tem – ela revira os olhos.— É verdade!Ela parece ainda mais desconfiada.— E cadê ele, então?Dou de
DEDICATÓRIA:Para todas as garotas que tiveram uma grande paixão, mas que jamais permitiram que o sentimento pelo outro fosse maior que o amor que sente por si mesma. Continue perseguindo seus sonhos! Existe um Dom esperando por vocês em algum lugar. ***CAPÍTULO 1SAMANTHA VASCONSELOSHoje é domingo e pra variar, acordei cedo, decidi sair para correr, uma coisa que sempre gostei de fazer, ajuda a reorganizar os pensamentos e me sinto livre. A sensação do vento batendo no rosto, meu corpo em movimento, queimando toda e qualquer caloria – e ansiedade presente em meu corpo, ouvindo música super alta, é tudo pra mim.Quando estou nesses momentos – descabelada e suada, e claro, focada em não morrer por falta de ar, costumo ficar alheia a todos que passam por mim, estou estragada demais para sequer pensar em cumprimentar alguém conhecido, mas não pude deixar de reparar, embora tarde demais, no homem giga
SAMANTHA VASCONSELOSNa segunda de manhã, acordo no horário de sempre, tomo um banho e vou tomar café. Depois seco meus cabelos, deixando-os bem lisos, preencho minha sobrancelha e passo corretivo, bronzer e finalizo com rímel para deixar meus olhos mais acentuados. Visto uma roupa social, calça e colete de alfaiataria e um mocassim. Me avalio no espelho antes de decidir que estou pronta para o dia, que com certeza será tenso.Pego minha bolsa, e antes que eu me esqueça, coloco um par de brincos, alguns acessórios dourados e saio para pegar o metrô.Quando chego no prédio em que trabalho dou uma boa olhada, alto, preto e imponente. Enquanto passo o cartão pela catraca me lembro da primeira vez em que estive aqui, eu sinceramente pensei que fosse vomitar de tanto nervosismo, mas foi tudo bem, todos são muito acolhedores.Vou direto para os elevadores, faltam 20 minutos para a reunião começar. Quando o elevador chega, entro e pego meu celular para ver se Nat falou alguma coisa.— Iana?
SAMANTHA VASCONSELOSFico em choque com seu corte, e fico observando suas costas por um tempo – eu não esperava que ele me deixasse falando sozinha, vejo ele pegando o celular para falar com alguém. Sigo meu caminho para casa.O fato dele não ter insistido me fez querer que ele tivesse feito exatamente isso. Okay, talvez tenha me chamado por ser uma pessoa conhecida, e é obvio que ele pode encontrar uma boa companhia em qualquer lugar por aqui, mas mesmo assim... Feriu meu ego.Mas ok.Chegando em casa, não pude deixar de reparar em como a minha quitinete é perfeita para mim, mesmo sendo pequena, eu amo a minha casa. O prédio em que moro não tem elevador, e por muita sorte, eu consegui um apartamento no primeiro andar, n° 113.Entro em casa e me jogo no sofá — a sala de estar conta com um sofá de dois lugares cinza e um raque, que comporta uma tv pequena, o cômodo é pequeno, assim como todos os outros, e é separado da cozinha por um balcão. Não tem mesa exatamente por não ter muito es