IAN MCDOUGALL
Fiquei decepcionado por Samantha ter me dispensado, estou obcecado com essa menina desde ontem, e quando vi ela na empresa hoje, fiquei apaixonado.
Ela fala muito bem, é educada, tem desenvoltura. Fiquei de boca aberta. Quase no mesmo minuto que a dispensei, peguei o celular e liguei para Natália e perguntei se ela queria jantar comigo.
Óbvio que ela aceitou, mas não queria deixar a "Sam" na mão mais uma vez, e eu, inocentemente, disse que não me importava com sua presença. Meu Deus, estou me sentindo um adolescente, ainda mais com essa atitude.
Depois de resolver o que eu precisava na filial, fui pro hotel, me troquei e desci para a academia, depois tomei um banho e me arrumei para a noite.
Cheguei exatamente no horário combinado.
Estava conversando sobre qualquer coisa com Natália e magneticamente meu olhar foi atraído para a porta, no exato momento em que Samantha entrou no restaurante.
Me assustei com sua aparência no dia em que esbarrei nela, mesmo descabelada e suada.
Como as mulheres do meu país, ela é ruiva e tem os olhos cor de mel, suas características são suaves e marcantes, e diferente das mulheres escocesas, o corpo... Bom, ela é brasileira, então é cheia de curvas, uma cintura que nunca vi...
Mas esta noite, Samantha está com um vestido preto que delineia seu corpo inteiro, os cabelos ondulados a deixa mais descontraída, os olhos delineados e o batom vermelho... sexy. E não vejo a hora de colocar minhas mãos nela.
Vi sua expressão de surpresa quando reparou em mim, mas aparentemente, não se deixou abalar. Abriu um sorrisinho, e se aproximou da mesa. Nat se levanta para abraçá-la. Continuo sentado.
— Oi, Nat – diz, suavemente.
Cara, até a voz dela é gostosa de ouvir.
— Oi Sam, tudo bem? Já conhece o Ian?
— Tive o prazer de conhecer a “Sam” – enfatizo o apelido. – Durante uma corrida, no domingo.
— Verdade, ele me atropelou – disse Samantha, sorrindo, tenho a impressão de que ela vive sorrindo.
— Ian me ligou e perguntou se poderia se juntar aos meus planos de hoje – diz Natália para ela.
Sim, eu me aproveitei do interesse que Natália tem por mim para chegar mais perto de Samantha, eu queria vê-la. Hoje. Aproveito a deixa e me levanto para puxar uma cadeira para ela se sentar.
— Ligou é? – responde Samantha, levantando as sobrancelhas e me olhando fixamente por alguns segundos. Ela se senta e em seguida desvia o olhar e pergunta: — O que vocês estão bebendo?
— Vinho, quer?
— Sim, por favor.
Levanto o olhar para ver se há algum garçom por perto. Uma moça estava olhando fixamente para mim, sinalizei para que ela viesse à mesa e pedi uma taça para Samantha. Quando ela chega com a taça, digo:
— Deixa que eu mesmo faço isso, obrigada – e pisco para a moça, que cora instantaneamente.
Olho novamente para Samantha, que estava olhando observando, ela desvia o olhar assim que nossos olhares se encontram, e então volta a atenção à conversa que está tendo com Natália.
Jantamos e tivemos uma conversa agradável, Samantha, logo menciona que está testando uma dieta vegana, e come macarrão ao molho sugo com manjericão. Nat e eu comemos carne e salada.
Samantha não comenta o fato de eu ter aparecido de penetra no jantar delas e conforme Natália bebia mais e mais vinho, as investidas dela sobre mim aumentavam.
Não imagino o que Samantha está pensando sobre isso. É difícil saber o que ela está pensa, na verdade, ela apenas sorri e é de poucas palavras, deixando o palco para a chefe. Mas não quero saber sobre a Natália, quero saber sobre ela.
— Ainda são dez horas, o que vocês acham de ir pra balada?
— Numa segunda feira à noite? – pergunta Samantha.
— Te libero para chegar depois do almoço amanhã, vamos Sam, vamos...
— Eu topo – respondo prontamente.
Samantha me encara por um segundo. Depois olha para Nat e diz:
— Okay, eu vou, mas você tem que me dar carona de volta para casa depois, me recuso a pegar Uber de madrugada.
Ela realmente vai pegar carona, mas não vai ser com a Natália.
— Feito – diz Nat.
Pagamos a conta, Samantha não aceitou que eu pagasse a parte dela, tipo, de jeito nenhum, Nat sim, o que não foi uma surpresa considerando que já havíamos saído para beber antes, mas Samantha foi incisiva, e não deixa de me surpreender com seu jeito, aumentando ainda mais meu interesse.
Combinamos de nos encontrarmos lá, Samantha vai com Natália e eu vou com o meu. Quando chego no lugar, a fila está imensa, passo direto e falo meu nome para segurança, que logo nos libera e vamos para área VIP.
— O que você vai beber, Samantha? – pergunto assim que nos acomodamos numa mesa.
— Pode me chamar de Sam, se quiser, eu...– ela diz... Tímida? Por que ela parece sem graça do nada?
— Eu vou querer vodca com energético – Natália nos interrompe agarrando meu braço e encostando a cabeça no meu ombro, respiro fundo, eu havia me esquecido dela. Olhos cor de mel olham para essa cena e parecem consternados. Porra, por que ela tem que ser tão linda? Parece que eu quero voar em cima dela.
Mas Samantha logo desvia o olhar e diz:
— Vou ao banheiro – e somo no meio das pessoas.
— A Samantha só toma gin – diz Natália.
— Vamos pedir então.
Vou até o balcão só para me desvencilhar um pouco de Nat e peço gin para mim e Samantha e vodca para ela, espero para pedir mais quando Samantha chegar. Mas ela demora uma vida, então decido ir atrás dela assim que deixo o copo de Nat na mão dela.
SAMANTHA VASCONSELOSMeu Deus, eu estou a fim dele, e claramente, Nat também. O que eu vou fazer? Natália é linda de todas as formas possíveis, loira dos olhos azuis, atlética, parece uma boneca e é minha chefe.Me olho no espelho enquanto lavo as mãos, a maquiagem está intacta, menos o batom que deve ter saído enquanto nós comíamos, reaplico. Gosto do que vejo no espelho.Saio do banheiro e sou envolvida pelo ambiente novamente. Ainda estou estranhando a quantidade de pessoas na balada hoje, eu amo música e adoro me misturar com pessoas, dançar... Resolvo que ao invés de voltar ao camarote, onde os dois estão flertando, e exatamente por saber meu lugar vou para meio da pista dançar um pouco.Começo a ser embalada pela batida da música, e até troco olhares com algumas pessoas, até que sou puxada pelo braço, quando olho, já com cara feia para o lado, vejo é Ian.— O que?! – Grito.— Estava te procurando – e me entrega uma taça.Em seguida me olha de cima a baixo, gosto da forma como me
SAMANTHA VASCONSELOSO dia está particularmente bonito hoje, o céu está azul e com poucas nuvens, o calor está batendo forte, eu amo dias de sol, são dias felizes para mim. Nunca gostei de chuva ou tempo nublado. Minha personalidade geralmente acompanha o clima.Caminho tranquilamente e subo vagarosamente para minha sala, quando abro a porta, vejo duas coisas ao mesmo tempo: um pufe pink, e nele se encontra uma mulher de cabelos longos e pretos, olhos da mesma cor e muito marcantes com um delineado grosso, e um nariz perfeito e bem pequeno.Ela está totalmente esparramada.Até que me vê e levanta em um salto.— Oi, você é a Samantha?— Sim.— A Doutora Natália pediu para eu te esperar aqui.— Ah, tudo bem, espera só um pouquinho – pego o celular para ligar para a Nat. — Como se chama?— Luna – ela sorri.— Luna... Que nome bonito. Combina com você – retribuo o sorriso. – Espera só um pouquinho? Vou ligar para a Doutora Natália, pode ficar à vontade.— Tudo bem, não tenho pressa – e se
SAMANTHA VASCONSELOS Esse vacilo deve ter levado menos de dez segundos, mas vejo que Ian percebeu. E não gostou, aparentemente, esse cara não lida muito bem com rejeição. Abro um sorriso, mas não quero ofendê-lo, vou em direção ao carro e entro do lado do passageiro. Ele liga o carro. Como não diz nada, olho para fora. Eu não sei o que dizer, ele sempre preenche o silêncio entre nós, se bem que só o conheço a o que? Dois ou três dias. Nossa, parece que já nos conhecemos faz tempo. Mas ele realmente quebra o silêncio: — Quando penso que vou conseguir te tirar da cabeça porque vou trabalhar, chegam três diretores para me falar o quão incrível você é, e te indicar para uma vaga na matriz. Vaga na matriz. Na Escócia?! — Na matriz? Na Escócia? – pergunto. Não é possível. Seria bom demais pra ser verdade. — Bom, sim. Especificamente em Edimburgo, na capital. Você precisaria se mudar pra lá para exercer esse cargo. Não posso deixar de sorrir. Eu amo a ideia de morar na Escócia, em
SAMANTHA VASCONSELOS Entro na minha sala e fecho a porta, Nat está no meu lugar e Luna no pufe pink. — Oi Sam, essa é a Luna – trocamos olhares e sorrimos uma para a outra, meu santo bateu com o des... – Bom, vou direto ao assunto, você vai treiná-la para que ela possa assumir o seu lugar. Sinto a cor sumindo do meu rosto. E minha pressão cai levemente. Meu sorriso se desfaz e um nó se forma em meu estomago. O brilho no olhar de Nat me enoja, e fico totalmente sem palavras. — Meu Deus Samantha, calma! – Diz Nat se levantando. — Você vai ser promovida, bom se você quiser e tudo correr como planejado – ela coloca as mãos envolta dos meus ombros. Está explicado o brilho no olhar, mas continuo em choque. Estou sentindo um misto de felicidade, susto e curiosidade. Eu vou ser promovida? Por quê? E para qual cargo? — Pode explicar? – peço. — Claro, bom, no dia em que eu faltei, você apresentou no meu lugar, Ian e os Diretores acharam você muito segura de si e executou o trabal
SAMANTHA VASCONSELOS Dou de ombros.Nós dois rimos.— Fico feliz em termos esclarecido algumas coisas – digo.— Algumas, Samantha? – Faço que sim.Adoro o som do meu nome quando vem de seus lábios. Na verdade, nunca gostei tanto do meu nome. É tão provocativo. Parece um eterno duplo sentido vindo dele.— Há mais a que discutir?Dou de ombros.— Se for por causa do comportamento da Natália ontem, nós nos conhecemos há um tempo, já saímos juntos, mas nunca rolou nada. Eu não lembrava mais disso, e foi bom ele ter dito, eu realmente estava com receio de acontecer alguma coisa e a Nat ficar brava comigo. Ele não tinha motivos para mentir, e senti verdade em suas palavras. Por isso assenti e ficamos conversando por mais algumas horas. Mas estava ficando tarde e eu preciso colocar o sono em dia, então pedi pra ele me levar pra casa.— É aqui — digo, apontando para o meu prédio.— Foi ótimo passar um tempo com você, espero repetir em breve.Sorrio.— Eu também. Obrigada pela carona.Desço
SAMANTHA VASCONSELOS Eu nunca havia ao menos subido até esse andar, mas vi a sala de Ian assim que saí do elevador. O escritório é fechado por portas de vidro com a fachada da McDougall — uma âncora com um M atrás. Pelas portas vejo que não tem ninguém sentado à mesa, e já esperava por isso, visto que no e-mail, fui avisada que seria na sala de reuniões adjacente a sala dele. Abro as portas, atrás da mesa há um painel de madeira com vários livros, no aparador, uma bandeja com bebidas e à baixo, um frigobar. O ambiente transborda masculinidade, e tem o cheiro do perfume de Ian misturado com canela. Do lado direito, a parede é feita de vidro. Ali há um grande tapete cinza e dois pufes – idênticos ao que está em minha sala – só que pretos. À esquerda, há uma porta que dá para a sala de reuniões. Ela é privativa e exclusiva para as reuniões dele. Bato na porta e a abro, Ian está tomando café, vestindo um terno cinza escuro, muito lindo. Às vezes acho que não tem como ele ficar mais
SAMANTHA VASCONSELOS Meu corpo esquenta da cabeça aos pés. Mas antes que eu possa responder: — Na verdade, ela disse sim – ele pisca para ela. – Perguntei por educação, sabe como é, seguindo o protocolo. Ela acha graça. Por fim andamos sorrindo e conversando até o restaurante de sempre, já que os dois disseram que queriam ver, nas palavras da Luna: “qual a minha”. Ninguém desmente a história do namoro. — Qual a sua pira em não comer carne? – Luna pergunta enquanto nos servimos. – Sua família é vegana? Ela não está sendo babaca como a maioria das pessoas são no geral, só está curiosa. — Não, na verdade a minha família é a típica família brasileira, churrasco todo final de semana. — Assim que é bom! – ela exclama, animada. Ian contém o sorriso. Acho muito bonitinha a forma como ele evita me contrariar. Mas finjo olhar para Luna com raiva. E falho miseravelmente. Quem eu quero enganar? É uma missão impossível se irritar com ela. — Mas e aí, por que parou? – Ian pergunta. N
SAMANTHA VASCONSELOS Não vi o Ian no trabalho, e acho que talvez isso seja o que contribuiu pro mal humor que foi se instalando em mim durante o dia. Odeio que um homem seja capaz de definir meu estado de espírito. E toda aquela independência que venho almejando? Mas tudo bem. Não posso mandar no meu coração idiota, que murchou quando percebeu que não veria ele. Nem as piadinhas e brincadeiras de Luna conseguiram fazer com que eu ficasse de boa. Por fim ela desistiu e eu me concentrei no trabalho. Quando cheguei em casa, ainda eram cinco horas, então me arrumo para uma corrida, não corro desde aquele dia que Ian esbarrou em mim. Quem sabe isso ajuda a melhorar meu humor. Acontece que Ian foi tão constante esses dias que sem ele, tudo fica estranho, e eu senti falta, mesmo que doa em mim admitir isso. Corro por uma hora inteira e só para quando praticamente não tenho fluxos de pensamentos. Sério, a atividade física faz milagres. Assim que entro em casa, vou direto pro banho, um