Capítulo 3

Deslizei na parede fria até o chão chorando copiosamente. O que fiz para merecer tanto sofrimento? E que tipo de acordo era aquele que meu pai fez? Nunca imaginei que ele pudesse estar tão envolvido com a máfia daquela maneira. Enxuguei as lágrimas, pensando quem me vestiu. Não tinha nada por baixo e se fosse um deles, tive o azar de verem meu corpo. Senti vergonha. Ainda era virgem e não queria ter minha intimidade exposta.

Desalentada, fiquei ali sem reação até ouvir um barulho na porta.

—Alicia! —A voz era de Stefano e gelei.

Não respondi me deparando com ele que parou me vendo na mesma posição.

—Levanta daí. E seja rápida, tenho pressa. —Ordenou

Por bem, levantei indo até o quarto vendo ele tirar sua camisa na minha frente. Engoli em seco ao ver a protuberância de seu tórax peludo e incomodada olhei para janela ficando de costas para ele.

—Você faz medicina, não é?

— S-sim. —respondi.

— Então, já deve ter visto um corpo nu antes.

Foi a resposta seca e maliciosa. Ele continuou tirando o restante da roupa, ficou de cueca e foi para o banheiro. Fiquei parada, sentindo as batidas do coração na garganta e decidi deitar na cama me cobrindo com o lençol.

Ele devia saber que sou virgem, toda a minha vida e não ia medir esforços para ter o que queria. Mesmo bonito, com corpo escultural não despertou-me  interesse, já que o luto, a revelação e toda minha dor não permitiam pensar em nada.

Quando ele voltou, estava coberto pela toalha da cintura para baixo. Os músculos visíveis e umedecidos realçavam sua força, seguido de seu tônus perfeito. Ele foi até o frigobar onde preparou dois drinks e sentei na cama o vendo vir em minha direção.

—Beba. —Pediu entregando o copo.

Aceitei pensando que a bebida poderia relaxar e tomei tudo de uma vez, sentindo queimar a garganta, mas não fiz cara feia.

—Uau! Alguém aqui gosta de empinar. Espero que faça isso com seu traseiro bonito quando te foder.

Corei com o que ouvi tremendo de medo. Ele finalizou a bebida  e se voltou para mim, ergueu o lençol com rapidez e me puxou pelas pernas em direção as suas coxas. Abriu o roupão, revelando meus seios e os acariciou de modo rude.

— É bom você saber que não sou gentil. E como é uma virgem, o único trabalho que terei é te fazer gozar. Então, não se atreva fazer nenhum movimento se não quer sentir muita dor.

Sua voz grave encheu-me de tremor. Os olhos predadores prestes a me devorar, foram o complemento de seu sorriso perigoso. Tudo culminaria em uma noite de prazer para ele, onde meu corpo seria sua satisfação. Lamentei não ler o documento, mas isso não ia valer a replicar qualquer coisa. Por ser adulta, recentemente completei  vinte anos e seria presa daquele mafioso sem ter como exigir nada. Um bandido sem escrúpulos usufruindo minha inocência, como se fosse um prêmio ou menos que isso, talvez um acessório para sua coleção.

Para meu alívio e surpresa, seu telefone tocou e reparei que estava desarmado. Ele bufou ao atender com voz explosiva e irritada. Voltou ao closet, trocou a roupa em segundos e com um baque na porta desapareceu.

****

Narração em terceira pessoa

—Inferno! Onde está Leviatã? — Fez Stefano irritado.

—Na frente. —Respondeu o outro.

Depois de um confronto entre a máfia rival, tiros e muita adrenalina, a equipe foi obrigada a relaxar um pouco. O lema ao qual Stefano se via compelido sempre: mulheres, bebida e prazer. A garota virgem era a promessa, que no momento não se inclinaria a recorrer. Ia domá-la de seu jeito, fodê-la quando quisesse. Tinha um plano sórdido em sua cabeça, acaso ela não correspondesse seus pedidos.

Indomável e sedento por sexo, se viu em êxtase a ver a fachada Peach Read. Havia tudo ali de que precisava. Lindas mulheres para gostos tão exigentes quanto o dele e de seus dois irmãos, milionários e armados.

Erick,o caçula, olhos azuis profundos, cabelos ondulados, músculos visíveis pela força empreendida no boxe as horas vagas. Seu braço direito, sempre cercado por mulheres, ousado e usuário de cocaína.

James, o do meio, compenetrado, rosto perfeito, um e noventa de altura, destacando elegância e um corpo atlético pela corrida e academia. Calado, algumas vezes, e como dizem muitos, -os calados são sempre os piores-, James temperamento festeiro, disputado pela ala feminina, era excelente atirador e amante.

Juntando a esses dois perigosos oportunistas, Stefano o mais velho, cabeça do clã era o mais perverso de todos. Não admitia perder, matando a sangue frio traidores e qualquer um que não cumprisse suas ordens. Muitos o chamavam de "Black Devil" devido a sua personalidade intensa e maquiavélica. Os três descendiam de uma família de mafiosos, que sucumbiu em meio à guerra de gangues rivais e brigas. Seu pai, fora um forte capo da máfia italiana, reunindo-se a Cosa Nostra. A linhagem exemplar dos Genovese trazia histórico de mortes, planos sórdidos e pedaços de um passado ruim, que foi lentamente apagado pela forma dura e imbatível de dirigir suas vidas.

—Não estamos falando de cinco milhões. São dez milhões de dólares. —Reforçou Stefano ao ouvir Erick protestar. —Mas ele terá o que merece e nós nossa grana de volta.

James, bebendo uísque quis saber:

—E a virgem? O que pretende fazer com ela?

—O que se faz com uma virgem senão fodê-la? Deu de ombros Stefano.

—Não me referi a isso. Ela vai servir de sua diversão por quanto tempo?

—Até quando eu quiser. —Respondeu o italiano indiferente.

Erick que terminou uma carreira de pó se meteu na conversa:

—Que tal, —Fungou com olhos vermelhos—um sorteio?

—Quê? —Fez James incrédulo.

—Claro, faça um sorteio entre nós três. —disse Erick, vendo Stefano o enviar um olhar entediado. —O ganhador terá sua virgindade como prêmio.

—Acho que você esqueceu que eu tenho plenos poderes sobre ela. O único homem que irá fodê-la sou eu. —Disse Stefano azedo.

—O que pode-se esperar de uma garota, que só conheceu um homem gay e teve uma família medíocre. Se prepare pois terá trabalho. —Afirmou Erick.

—Ela perdeu seus pais, e deve estar muito mal. Mas podemos ajudá-la a se recuperar. —Brincou James com um sorriso sacana.

—Deixem de se intrometer nas minhas coisas! Exclamou Stefano irritado. —Existe um monte de mulher dando mole por aí. Alicia é minha propriedade, eu faço dela o que bem entender.

—Então, porque não fez? —James gracejou —Ela ficou prontinha como você pediu.

—Acho que ele ficou penalizado. — Erick  gargalhou e Stefano vendo  fechou o punho sobre seus dedos.

—Filho da puta! —Fez entre dentes sentindo a dor e mexendo os dedos.

—Da próxima vez quebro a sua cara. —Avisou Stefano vendo ele com maxilar endurecido—E, agora saiam daqui! Quero aproveitar a noite.

Alicia

A bebida me fez relaxar e adormecer tendo um sono tumultuado com pesadelos inquietantes, que me fizeram acordar chorando. Lá fora o dia dava mostras de ensolarado e mesmo com minha dor, me animei por uns segundos indo até a janela. Avistei o grande jardim, a piscina extensa em um azul límpido e cada parte da área munida por seguranças. Estes, vestidos de preto e armados.

Eu estava cercada, não tendo ao menos chance de fugir, e tentando me animar, fui buscar uma roupa. O que me espera nesse lugar, não posso prever, mas um vislumbre sombrio me assusta tanto, como as sórdidas intenções de Stefano. E, para piorar tudo aquele maldito documento onde deixa aberto suas exigências. Só deve ser isso que há no papel, já que esse homem insisti em dizer que tem plenos poderes sobre mim.

Bateram na porta, e com medo, abri, vendo uma empregada que trouxe o café da manhã.

—Bom Dia. Me chamo Lila. Seu café da manhã está pronto. O Senhor Stefano deu ordens que a servisse. Quer vê-la lá embaixo assim que ficar pronta.

Ela saiu, e não tive tempo de perguntar nada, como mesmo formando em minha cabeça a ideia de que pudesse me ajudar, de nada ia servir. Eu só sabia pensar na morte de meus pais, tendo a chance de ser morta como eles, se negasse qualquer pedido de Stefano. Voltei para a travessa, onde havia suco, frutas e muitas delícias e comi com ansiedade. A noite passada não me alimentei e estava morta de fome. Depois, tomei um banho, escolhi um vestido verde não muito decotado, calcei sandálias e penteei os cabelos. Alguém bateu na porta de novo e fui guiada por um segurança, baixo e calvo que se apresentou:

—Me chamo Will. Serei seu orientador enquanto estiver aqui como ficarei de olho em você. Já sabe que nosso chefe não gosta de contrariedades, para seu bem, obedeça a tudo que ele pedir.

Apenas apertei os lábios em silêncio. Sinto ódio por essa situação, não me atrevendo a fazer perguntas. Descemos as escadas, passando por duas alas enormes, sala colossal de arquitetura rica com móveis finos e outra onde vi mais homens reunidos. Eles fumavam conversando e ouvi cochichos seguidos de risadas. Fui levada até a piscina onde vi Stefano nadando e sentei em uma das mesas com guarda Sol me sentindo assustada ao ver aquele monte de seguranças e empregados.

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