Armadilhas do DesejoNarrado por Aiden AshfordEra uma manhã comum, pelo menos até a tempestade chamada Jasmine Blackwood entrar novamente na minha vida. Desde o jantar na casa dos pais dela, parecia que o universo havia conspirado para nos colocar um no caminho do outro.Eu estava no meu escritório, mergulhado nos papéis de uma nova sociedade que estava negociando. A última coisa que esperava era a chegada de uma visita. Mas, é claro, com Jasmine nunca era uma simples visita.— Senhor Ashford, há uma senhorita Blackwood esperando por você no saguão. Ela diz que precisa vê-lo com urgência. — O meu mordomo, Thompson, anunciou com a formalidade habitual."Urgência?" Eu franzi a testa. Jasmine e urgência na mesma frase só podia significar encrenca.— Mande-a entrar. — Suspirei, endireitando-me na cadeira e preparando-me para o furacão que estava prestes a cruzar a porta.Quando Jasmine entrou no escritório, era como se toda a sala tivesse ficado menor. Ela trajava um vestido azul-claro,
O Jogo do OrgulhoNarrado por Aiden AshfordEra manhã cedo, e eu tinha a firme intenção de partir antes que alguém notasse minha ausência. Não me agradava prolongar minha estadia em eventos que se estendiam para o dia seguinte. Preferia a companhia tranquila da minha casa ou o barulho de Londres, que, apesar de irritante, era menos exaustivo do que a nobreza.Mas algo – ou melhor, alguém – me fez hesitar naquela manhã.Enquanto os primeiros raios de sol invadiam o jardim, ouvi passos leves na varanda abaixo da minha janela. Escondi-me por trás da cortina, espiando para ver quem estaria acordado tão cedo. Não fiquei surpreso ao avistar Jasmine Blackwood.Ela estava sozinha, como eu imaginava que preferisse, e parecia estar absorvida em seus pensamentos. Vestida com um simples vestido azul-claro, ela não carregava o ar impecável que exibia nos salões de baile. Pelo contrário, parecia mais... real. Seus cabelos estavam presos de maneira prática, mas alguns fios haviam escapado e dançavam
As flores do jardim dos Blackwood eram exuberantes, mas nenhuma delas parecia mais radiante do que Jasmine, mesmo enquanto ela tentava esconder seu descontentamento comigo. Isso ficou evidente no instante em que saí da sala de refeições e, casualmente, a segui em direção ao jardim. Era algo premeditado? Claro que sim. Eu sabia muito bem o que estava fazendo.Quando cheguei ao arco florido que levava ao coração do jardim, ouvi a voz dela. Jasmine falava com as jovens que a acompanhavam, sua entonação leve, mas cheia de um certo comando natural que fazia todos ao redor escutarem.— E aqui temos a fonte principal, um presente de casamento para minha mãe e meu pai. É feita de mármore italiano, especialmente trazido de Florença.— Que magnífico! — Exclamou uma das jovens, maravilhada.Eu me encostei no arco, observando a cena de longe, até que ela finalmente notou minha presença. Seus olhos se estreitaram imediatamente, como se eu fosse uma pedra inconveniente em seu caminho.— Senhor Ashf
GenevieveA luz do sol filtrava-se pelas cortinas do salão de estar, lançando um brilho suave nas paredes ornamentadas. Sentada em uma das poltronas de veludo, eu tentava não parecer entediada enquanto Lady Ambrose descrevia, com uma exasperante riqueza de detalhes, o baile da noite anterior.— E então, quando o Lorde Pembroke se inclinou para beijar a mão da Lady Clarisse, imaginem só! Ele tropeçou! — Ela riu, segurando um leque bordado com uma cena pastoral. — Foi um espetáculo!Eu sorri de maneira educada, embora internamente desejasse estar em qualquer outro lugar. Talvez dissecando um espécime raro no laboratório do meu pai ou mesmo andando pelo campo com minha luneta, estudando as aves.— Lady Genevieve, você foi ao baile? — perguntou Lady Harriet, inclinando-se para frente com curiosidade.— Infelizmente, não pude comparecer. Estava... ocupada. — Fiz uma pausa, esperando que nenhuma delas perguntasse em que exatamente.— Ah, ocupada. Imagino que seja algum projeto intelectual —
Edward BlackwellA manhã em Londres parecia promissora, ao menos para aqueles que encontravam prazer nas trivialidades da sociedade. Para mim, o dia seria apenas mais um teatro. Como duque de Somerset, esperava-se que eu comparecesse a eventos, apertasse mãos de cavalheiros bajuladores e lançasse olhares sedutores para damas esperançosas. Eu jogava o jogo com perfeição — um mestre das convenções e, dizem, do escândalo.No entanto, nem mesmo a reputação mais infame pode livrar um homem do tédio.— Está com a cabeça em outro lugar, Blackwell? — perguntou Henry, meu amigo de longa data e, talvez, o único homem que realmente tolerava minha companhia.— Apenas observando o espetáculo — respondi, apontando discretamente para a praça onde senhoras se movimentavam como aves em exibição. — É fascinante como elas se esforçam para parecerem naturais quando, na verdade, estão desesperadas por atenção.— E você não está? — Henry riu. — É o que faz de você tão popular.Eu sorri, mas o comentário me
Genevieve AshfordEu deveria estar em casa, lendo algo que me fizesse esquecer o que acabara de acontecer. Mas, em vez disso, me vi novamente na rua, meu vestido lilás de seda batendo suavemente contra as pedras irregulares do calçamento enquanto eu caminhava com passos decididos. Não conseguia tirar de minha cabeça o que acontecera naquela festa. Na verdade, não era o evento que me incomodava, mas a pessoa que eu havia encontrado novamente: Lord Edward Blackwell.Eu nunca esperava que um duque, famoso por sua irreverência e por sua habilidade em tornar qualquer escândalo ainda mais escandaloso, fosse ser alguém que me faria questionar tudo o que eu pensava sobre os homens da sociedade. Porque, sejamos francos, eu nunca pensei muito nos homens, especialmente aqueles que se enquadravam na categoria de "mais do mesmo" — ricos, bonitos, vaidosos e completamente previsíveis. Mas Edward... Edward não era previsível. Ele era exatamente o tipo de homem que me fazia querer desafiá-lo a cada p
Genevieve Ashford Eu não acreditava no que estava prestes a fazer. Dizia a mim mesma que não estava interessada em nenhuma das coisas que ele fazia ou falava. Dizia a mim mesma que não queria ser mais uma mulher encantada pelo charme superficial de Lord Edward Blackwell. E ainda assim, lá estava eu, no jardim da casa de Lady Waverly, onde eu sabia que ele estaria. E o mais insano de tudo era que eu estava me aproximando de sua direção, sem saber exatamente o que fazer com o turbilhão que se formava dentro de mim. Ele estava ali, como sempre, cercado de uma pequena multidão que o idolatrava, todas as mulheres da temporada tentando chamar sua atenção de qualquer maneira, como mariposas ao redor de uma chama. Ele parecia gostar da atenção, e isso só aumentava minha irritação. Mas, ao mesmo tempo, não pude deixar de notar o modo como ele se destacava em meio a todos aqueles rostos conhecidos. A elegância com que se movia, o modo como seu olhar se fixava no horizonte, distante, quase co
Genevieve AshfordAs semanas haviam se arrastado como se fossem meses. Cada evento social, cada baile, cada encontro fortuito com Lord Edward Blackwell me deixava mais exausta do que o anterior. E eu, que acreditava ter me tornado uma mulher prática e imune aos encantos de um libertino, agora começava a questionar minha sanidade.Era uma manhã de outono quando me vi no jardim de Lady Fairmont, tentando escapar da conversa insuportável sobre os novos vestidos de gala que todas as senhoras pareciam ter em mente. Eu só queria ar fresco, um momento de paz antes do baile da noite. Claro, com minha sorte, esse momento de tranquilidade foi logo interrompido.— Lady Ashford, que surpresa encontrá-la aqui. — A voz de Edward Blackwell, de novo. Sua tonalidade suave, quase zombeteira, fez o ar ao meu redor esfriar imediatamente. Ele sabia como me afetar com apenas uma palavra.— Lord Blackwell. — Respondi sem virar imediatamente. Eu estava focada no jardim à minha frente, tentando manter minha c