“Por Giovanna Villani”Como uma breve escapada, a sensação de bem-estar me envolveu instantaneamente ao fechar os olhos. Foi como se, por um instante, minha vida retornasse à normalidade, enquanto, em sonhos vívidos, revisitava uma época em que a felicidade era uma constante. Os natais em família, minhas festas de aniversário, e os dias de alegria...No entanto, ao abrir os olhos, deparo-me com a dura realidade que me cerca. Gradualmente, percebo a presença de alguém ao meu lado e ergo a cabeça, encontrando o rosto sério de um senhor alto, magro, usando óculos finos e ostentando um estetoscópio no pescoço.— Sra. Villani, como está se sentindo? — ele indaga ao perceber que estou acordada. — Estou com uma terrível dor de cabeça. Quem é o senhor? — Sou o Dr. Colombo, o médico da família Villani. Pode me contar o que aconteceu? — Dr. Colombo questiona, enquanto revisa alguns dados nos papéis em suas mãos.— Eu... não sei ao certo. — minto, omitindo a última lembrança antes de desmaiar.
Ao despertar, sinto a serenidade da noite, algo que há muito tempo parecia fugir de mim. Pela primeira vez desde que me tornei Giovanna Villani, surpreendentemente, descansei sem ser assombrada por pesadelos ou visões perturbadoras.Os raios suaves de sol filtram pelas cortinas, e enquanto os observo, a ansiedade cresce dentro de mim. Não é pela rotina na mansão, mas pela possibilidade de passar um tempo ao lado da minha família.Após minutos que parecem uma eternidade, enfim termino de me arrumar e desço as escadas, completamente animada. Vou em direção à cozinha para me despedir de Martina antes de ir. Mas ao me ver, a governanta, com as ordens de Matteo e o instinto materno que parece ter criado comigo, me obriga a sentar e tomar o meu café da manhã. — Você está com outra fisionomia, signora! — ela exclama quando termina de me servir o café. — O brilho em seus olhos parece ter iluminado essa cozinha! — Poderei passar alguns dias com a minha família! Estou tão feliz, Martina.— E
Nos últimos quinze dias, imersa nas sessões terapêuticas e envolvida no afeto da minha família, percebi uma transformação sutil, mas significativa, dentro de mim. Uma sensação de leveza, há muito esquecida, como se a Giovanna descontraída de alguns meses atrás estivesse prestes a renascer.Ao despertar na acolhedora cama na casa dos meus pais, algo parece ter se renovado em meu interior. Talvez seja o calor familiar, as risadas sinceras da minha mãe ou mesmo a segurança que este lar proporciona.No entanto, diante da iminente volta à mansão dos Villani, o receio e a apreensão ressurgem para me assombrar. E a possibilidade de que as visões perturbadoras e os pesadelos vívidos, que parecem ter me abandonado desde que cheguei aqui, cria uma sensação de insegurança.Com minhas coisas devidamente organizadas e pronta para retornar à realidade ao lado de Matteo, desço para o café da manhã com meus pais. Ao adentrar a sala de jantar, encontro minha mãe tentando acalmar meu pai, cujo rosto es
“Por Matteo Villani”O aroma persistente de tabaco e whisky permeia o ambiente da La Tempesta. Enquanto me acomodo na poltrona, meu olhar se fixa no anel dourado que adorna meu dedo, símbolo das responsabilidades e dilemas que carrego.A meu lado, Fabrizio permanece em silêncio; sua expressão séria reflete as preocupações que ambos compartilhamos. A notícia de que Don Philippo acusa La Tempesta de envolvimento com tráfico humano ecoa em minha mente. Uma afronta que ameaça desfazer as alianças meticulosamente construídas.— Tráfico humano? — murmuro, mais para mim do que para ele, pelo que parece ser a milésima vez. — Don Philippo só pode estar de brincadeira! Eu deveria ter ouvido o Luigi. Talvez assim, a minha vida não teria se tornado a porra de um caos. — A frustração ecoa em minha voz, misturada à fumaça que preenche a sala.— Matteo, ninguém poderia prever algo dessa proporção. Agora precisamos enfrentar a situação, descobrir o que está acontecendo e decidir o que fazer.— Há ano
No instante seguinte, me vejo diante da porta da sala da psicóloga, onde a encontro está sentada em sua cadeira. Seu olhar é rapidamente atraído para a porta, encarando sua secretária antes de desviar o olhar para mim.— A signorina deve ser a Dra. Alessandra, correto? — questiono, impaciente. Ela confirma com a cabeça, olhando assustada para a secretária. — Pode nos deixar a sós, por favor?— Posso saber quem é você e por que entrou aqui assim? — a psicóloga indaga após a saída de sua ajudante. Me sento à sua frente.— Me chamo Matteo Villani. Mas algo me diz que não foi dessa forma que se referiram a mim aqui dentro. Carrasco? Diabo? O mal encarnado? Não sei, os apelidos carinhosos que a minha esposa pode ter usado são extensos. Que tal me contar?— Signor Villani, compreendo que possa ter suas preocupações, mas a confidencialidade é uma parte crucial do meu trabalho. — ela responde, tentando manter a compostura. — Se houver alguma questão que envolva diretamente a sua esposa, recom
“Por Giovanna”Após o convite inesperado de Matteo para um jantar, um turbilhão de emoções tomou conta de mim. Os segundos que se seguiram se resumiram em choque, curiosidade e surpresa. Seu sorriso descontraído contrastava com a seriedade que eu esperava, desafiando minhas expectativas para o meu retorno a Messina.— Será o destino conspirando ao meu favor agora que compartilhei esse segredo com alguém? — murmuro, enquanto seco meus cabelos.Talvez seja a isso que a Dra. Alessandra se referiu quando disse: "Quando você começar a encontrar sua paz interior, tudo ao seu redor se transformará". Esboço um sorriso, guardo o secador e volto para o meu quarto. Enquanto mexo na minha mala, em busca de algo para vestir para este jantar, me questiono sobre os motivos que levaram Matteo a esse ato de gentileza.“Será que ainda é por ajudar com Pietro?” Penso enquanto visto um vestido leve para o clima agradável de Palermo. “É óbvio que sim! Por que mais ele te trataria bem, Giovanna?” Meneio
Ao abrir os olhos pela manhã, sinto uma dor latejante na cabeça, acompanhada por uma sensação amarga na boca. A luz do sol invade o quarto, intensificando a pulsação desagradável. — Conhecer o Brunello não foi a melhor opção. — resmungo ao ir em direção ao banheiro. Após um longo banho gelado, com a sensação de ter dissipado o elefante que acompanhava minha cabeça, me arrumo para voltar a Messina. Com um suspiro profundo, tento afastar os vestígios da noite passada e desço para tomar meu café da manhã.Ao entrar na sala de estar, encontro Matteo e Aléssio conversando. O olhar do meu marido se volta para mim, e por um breve instante, consigo perceber uma chama de provocação em seus olhos.— Bom dia. — murmuro aos dois.— Bom dia, Sorellina. Que cara é essa? — Cara de quem teve um encontro com o Brunello. — resmungo, provocando uma risada em Matteo. — Por que você está rindo? Não deveria sentir o mesmo que eu?— Acha que eu estaria de ressaca por conta de algumas taças de vinho? Aqui
As últimas semanas, surpreendentemente, tornaram-se mais leves, como se o fardo que eu carregava tivesse se dissipado. A mudança para o novo quarto e as sessões de terapia trouxeram consigo uma renovação de energias. É como se a Giovanna alegre e espontânea estivesse renascendo pouco a pouco.Mas foi a transformação de Matteo, com sua presença menos autoritária e mais compreensiva, que moldou uma atmosfera mais leve, serena e tentadora. Afinal, a nova personalidade do meu marido parece querer me beijar sempre que possível.Com passos leves, desço para tomar meu café da manhã. O aroma do café recém-preparado paira no ar assim que chego na cozinha, onde encontro Martina preparando o desjejum. — Bom dia, Martina! — a cumprimento calorosamente, dando-lhe um abraço. — Acho que nunca vou me cansar do cheiro do seu café, sabia?— Bom dia, ragazza. Vejo que alguém acordou animada hoje. Você está mais alegre.— A minha alergia àquele mofo do antigo quarto, enfim, me deixou. — disfarço, pegand