“Por Giovanna Villani”Após minha busca pelo presente ideal, que causou um estresse desnecessário e a morte de dois coelhinhos inocentes, a consequência foi estar sempre acompanhada pelos melhores soldados da La Tempesta, não importa para onde vou.Algumas semanas se passaram desde então. Em meio à realidade que nos cerca, os dias estão razoavelmente tranquilos. Don Matteo, visivelmente mais estressado e preocupado desde o seu aniversário, esforça-se para manter sua rotina como sempre.Como não poderia diferir, a fim de cumprir seus compromissos à frente da empresa dos Villani, meu marido terá que viajar a trabalho para Nova York. Seu instinto protetor não permitiu que ele me deixasse sozinha em Messina. Para alguém como eu, que transformou nosso apartamento em um refúgio solitário na maior parte do dia, a perspectiva de ver outras pessoas sem o medo iminente foi encantadora.Após algumas horas de voo, chegamos à Cidade que Nunca Dorme com os primeiros raios de sol tingindo o horizonte
Três dias se passaram desde que chegamos a Nova York. Após a desastrosa experiência com o café da manhã, escolhi minhas refeições com mais cuidado, optando por pratos familiares. Com isso, os terríveis enjoos diminuíram e eu espero que parem de vez.Mesmo sabendo que essa viagem seria de negócios, confesso que senti falta de ter Matteo ao meu lado, mas tentei não demonstrar. Para conseguir vencer o tédio que me acompanhou durante esses dias, tentei me manter distraída ao explorar as dependências do hotel, sempre na companhia quase imperceptível de Luca e outros soldados.Na manhã do terceiro dia, sou surpreendida ao despertar com Matteo deitado ao meu lado. Suas costas descansam no colchão, um braço estendido na minha direção e o outro repousando sobre o peito. Aparentemente, num sono tranquilo.Sorrio enquanto me viro devagar para apreciar o momento, mas a vigilância inerente ao sono leve do meu marido interfere na minha tentativa, breves minutos depois.— Buongiorno, mia ragazza. —
“Por Giovanna Villani” Há uma semana, deixamos para trás os momentos mágicos e normais que vivemos em solo americano. De volta a Messina, tudo voltou a ser exatamente como antes, exceto pelos enjoos persistentes que tenho sentido desde então. Inicialmente, atribuí esses sintomas à culinária, à mudança de rotina ou mesmo ao estresse do retorno. No entanto, à medida que os dias passavam, a persistência do mal-estar e a presença sutil de pequenos sangramentos na minha menstruação desregulada, que me fizeram descartar a possibilidade de gravidez, levaram-me a considerar a hipótese de algo mais preocupante. Durante a tarde, o som da campainha interrompe minha tentativa de distração com a leitura, trazendo-me de volta à realidade. Algumas horas após ter compartilhado minhas preocupações, Chiara aparece à porta assim que a abro. — Desculpe a demora, Gio. — a enfermeira comenta após me dar um abraço caloroso. — Foi meio difícil encontrar alguém confiável para ficar em meu lugar cuidando d
“Por Matteo Villani”Uma semana se passou desde que minha vida ganhou mais cor, intensificando a felicidade que Giovanna me proporciona. Na última semana, mantive-me obstinadamente determinado a pôr fim a essa tensão do perigo iminente.Como consequência, assim como tem sido esses últimos dias, acordo antes mesmo do sol lançar seus primeiros raios sobre o quarto. A quietude do ambiente parece contrastar com meus pensamentos tumultuados.Observo a serenidade estampada no rosto da minha mulher, deitada de lado, imersa em seu sono, e um sorriso apaixonado surge em mim. Decido aproveitar um momento de paz, somente eu e esse pequeno milagre.“Buongiorno, piccolo. Está se comportando aí dentro? Espero que esteja gostando do aconchego da sua casa temporária. Sua mãe tem sido incrível, sabia? Ela é forte e amorosa, e mal posso esperar para segurá-lo nos meus braços. Por favor, deixe-a se alimentar! Agora, preciso me levantar e começar o dia, porque há muito o que fazer para preparar o caminho
Olho em direção a Fabrízio, que parece uma criança diante de um parque de diversões, e percebo a tensão aumentar no ar. Volto meu olhar para o traidor, que rapidamente muda sua fisionomia.— O que você planeja, Don Matteo? — o caporegime indaga, num tom desafiador. Enquanto apago o cigarro no cinzeiro, a atmosfera carregada preenche o ambiente.— Vamos descobrir juntos, Angelo. Mas não se preocupe, você terá bastante tempo para refletir sobre suas escolhas. Se for resistente, claro.— Você sabe que não pode fazer isso, Don Matteo. Conhece a influência inabalável do meu clã dentro da La Tempesta, e a família não aceitaria sua decisão! — ele exclama, apelando para o prestígio que seu sobrenome carrega há anos no submundo.— Estou pouco me fodendo por sua influência, porque ela acaba aqui. Seu envolvimento com a Cuore Nero e o tráfico humano já estão comprovados, Angelo, ou você não estaria aqui. Foi justamente por precisar dessas porras de provas que não te matei junto a Marco. Pare com
“Por Giovanna Villani”Graças ao medicamento recomendado pelo Dr. Colombo para amenizar os enjoos constantes, que ele sugeriu até o início do pré-natal - marcado para daqui a alguns dias -, consegui ter alguns dias de paz.No entanto, após o almoço, começaram a surgir algumas cólicas leves. Na tentativa de evitar preocupações desnecessárias, recordei as palavras do médico sobre esses sintomas serem comuns em gestações de aproximadamente oito semanas.Depois de passar o dia inteiro com esse desconforto, ao terminar o jantar, decido tomar um banho antes de me deitar e esperar Matteo chegar. Contudo, ao retirar minha roupa e deparar-me com uma mancha de sangue na calcinha, meu coração começa a bater acelerado."Sem pânico, Giovanna," murmuro enquanto me enrosco no roupão, após um banho rápido. "O Dr. Colombo certamente terá uma explicação plausível para me acalmar."No entanto, após várias tentativas de ligar tanto para o médico quanto para Matteo, sem resposta de ambos, a apreensão tomo
Quando a médica sai, Matteo solta um longo suspiro e retira seu terno. As marcas de sangue nas mangas da sua camisa branca evidenciam por que tive tanta dificuldade em conseguir falar com ele. Embora eu imagine o que ele estava fazendo, não consigo esconder minha preocupação.— Não. — ele diz ao sentar-se ao meu lado na cama, sem me dar a chance de fazer perguntas. — Nenhuma gota pertence a mim. O que aconteceu para ameaçar os olhos do meu soldado e vir parar aqui, Ragazza?— Se eu soubesse que para conseguir falar com Don Matteo só precisava ameaçar um dos teus soldados, teria poupado a quebra das regras da família. — afirmo, tentando trazer um pouco de leveza à situação, o que arranca uma risada dele.— Tudo bem deixar seu instinto materno falar mais alto, Principessa. Está tudo bem com você e o nosso bambino?— A Dra. Giulia disse que, aparentemente, está tudo bem, mas faremos uma ultrassonografia para confirmar. Me desculpe pelo exagero, mas quando vi o sangue e não consegui falar
O som dos meus passos ecoa pelos corredores do hospital enquanto eu procuro desesperadamente por um lugar seguro. Os minutos se arrastam, e minha respiração é interrompida pela ansiedade.Ao encontrar um armário entreaberto, sem hesitar, entro e fecho a porta, encontrando um refúgio temporário. A cólica que sinto parece ser apenas um grão no turbilhão de emoções que me aflige.O ar parece pesado, e respirar torna-se quase impossível não apenas devido ao espaço claustrofóbico, mas também pelos flashes da cena macabra que persistem, criando um loop incessante em minha mente.Há pouco mais de um ano, aquele homem entrou na minha vida, apresentando-me ao inferno. Quem poderia imaginar que o encontrar novamente, quando tudo já estava esquecido, me levaria a reviver o pesadelo mais uma vez?Os minutos se esticam, dando a impressão de já terem passado dias, e o som abafado do tumulto lá fora é uma cruel trilha sonora para minha agonia. No escuro do armário, me vejo rezando baixinho, pedindo