“Por Matteo Villani”Após aproveitar alguns dias de paz ao lado de Giovanna, infelizmente me vejo obrigado a reassumir meu papel na liderança da La Tempesta. Os murmúrios ecoam na sala de reuniões na ala sul da mansão, enquanto observo atentamente cada rosto presente.Apesar da confiança depositada em Fabrízio, que assumiu a liderança durante minha ausência, me mantive informado sobre todos os acontecimentos ocorridos nesses dias. Ao perceber alguns olhares durante a reunião, como se eu estivesse alheio aos acontecimentos, não posso deixar de sorrir.— É inadmissível que essa investigação se estenda a todos os clãs, Don Matteo! — Angelo, caporegime da família Esposito, vocifera.Observo seu comportamento, claramente incomodado com a atenção que seus negócios estão recebendo. O que ele sequer imagina é que essa investigação se destina especialmente aos caporegimes, incluindo-o, devido ao provável envolvimento com a Cuore Nero.— Com o seu retorno, espero que ensine aos seus soldados a
Por longos minutos, percorro os principais locais onde ela poderia estar, mas, mais uma vez, ela não está em lugar nenhum.— Viu a Giovanna? — pergunto a Fabrízio ao voltar para a sala de estar.— A última vez que a vi, estava com Chiara no jardim. Você sabe o quanto Giovanna ama aquele lugar; talvez ainda estejam por lá. Por que esse estresse, caro?— Porque acredito que elas não tenham se transformado em orquídeas. Não está no jardim, Fabrízio. Também não está em nenhum outro canto. — afirmo, passando a mão no rosto. Os olhos de Fabrízio se estreitam rapidamente. — Giovanna não sairia assim, sem avisar a ninguém.— Impossível que alguém tenha entrado aqui, Matteo.— Exatamente, é impossível. Mas ela pode ter acompanhado alguém que não despertasse suspeitas, não acha? — questiono, observando a fisionomia dele se transformar.— Está insinuando que Chiara pode ter sequestrado a Giovanna? — questiona, soltando uma risada enquanto nega com a cabeça. — Impossível, caro. A família Rossi col
“Por Giovanna Villani”Mesmo ocupada com a busca pelo presente de Matteo, percebi uma sutil mudança no comportamento de Chiara desde o momento em que a encontrei no jardim. Apesar de suas tentativas de disfarçar, demonstrando interesse em me ajudar, seus pensamentos dispersos e inquietude revelaram que algo a incomodava.Como se antecipasse a possibilidade de questionamentos, Chiara sugeriu que aproveitássemos a reunião para procurar pessoalmente o presente do meu marido. Desejando um momento de normalidade em meio ao caos, aceitei a proposta sem hesitação. Assim, viemos ao shopping.Enquanto a ruiva e eu conversamos amenidades, me perco nas vitrines das lojas, decidindo o que dar para Matteo. Roupas, sapatos, cuecas... No entanto, nada parece estar à altura do Don da La Tempesta. Foi ao passar em frente à joalheria que finalmente vejo algo que chama minha atenção imediatamente.— Acho que encontrei! — exclamo para Chiara, apontando para um relógio dourado com diamantes cravejados em
Sem dar chance a questionamentos, Matteo segura minha mão e me conduz até o estacionamento. Em silêncio, entramos no carro, e ele logo começa a dirigir. Com uma expressão irritada e os dedos sem cor de tanto apertar o volante, por alguns minutos, seu olhar permanece fixo na estrada.— Eu não queria te deixar assim... — tento argumentar, mas seu olhar me cala antes que eu possa completar a frase.— Você tem noção do medo que senti quando te procurei e não encontrei? Tem ideia do caos que aconteceu até conseguir localizar você?— Não imaginei que tudo isso se tornaria um problema, Matteo!— Mas se tornou, Giovanna. Você deveria ter me comunicado ou, no mínimo, levado algum soldado com você.— Só queria te fazer uma surpresa. Isso não vai mais se repetir. — afirmo, baixando o olhar. Por breves minutos, mantenho os olhos fixos na paisagem lá fora, suspirando como uma criança que cometeu um erro imperdoável.— Me desculpe, principessa. — ele pede, acariciando minha perna. — Prometi para mi
“Por Giovanna Villani”Após minha busca pelo presente ideal, que causou um estresse desnecessário e a morte de dois coelhinhos inocentes, a consequência foi estar sempre acompanhada pelos melhores soldados da La Tempesta, não importa para onde vou.Algumas semanas se passaram desde então. Em meio à realidade que nos cerca, os dias estão razoavelmente tranquilos. Don Matteo, visivelmente mais estressado e preocupado desde o seu aniversário, esforça-se para manter sua rotina como sempre.Como não poderia diferir, a fim de cumprir seus compromissos à frente da empresa dos Villani, meu marido terá que viajar a trabalho para Nova York. Seu instinto protetor não permitiu que ele me deixasse sozinha em Messina. Para alguém como eu, que transformou nosso apartamento em um refúgio solitário na maior parte do dia, a perspectiva de ver outras pessoas sem o medo iminente foi encantadora.Após algumas horas de voo, chegamos à Cidade que Nunca Dorme com os primeiros raios de sol tingindo o horizonte
Três dias se passaram desde que chegamos a Nova York. Após a desastrosa experiência com o café da manhã, escolhi minhas refeições com mais cuidado, optando por pratos familiares. Com isso, os terríveis enjoos diminuíram e eu espero que parem de vez.Mesmo sabendo que essa viagem seria de negócios, confesso que senti falta de ter Matteo ao meu lado, mas tentei não demonstrar. Para conseguir vencer o tédio que me acompanhou durante esses dias, tentei me manter distraída ao explorar as dependências do hotel, sempre na companhia quase imperceptível de Luca e outros soldados.Na manhã do terceiro dia, sou surpreendida ao despertar com Matteo deitado ao meu lado. Suas costas descansam no colchão, um braço estendido na minha direção e o outro repousando sobre o peito. Aparentemente, num sono tranquilo.Sorrio enquanto me viro devagar para apreciar o momento, mas a vigilância inerente ao sono leve do meu marido interfere na minha tentativa, breves minutos depois.— Buongiorno, mia ragazza. —
“Por Giovanna Villani” Há uma semana, deixamos para trás os momentos mágicos e normais que vivemos em solo americano. De volta a Messina, tudo voltou a ser exatamente como antes, exceto pelos enjoos persistentes que tenho sentido desde então. Inicialmente, atribuí esses sintomas à culinária, à mudança de rotina ou mesmo ao estresse do retorno. No entanto, à medida que os dias passavam, a persistência do mal-estar e a presença sutil de pequenos sangramentos na minha menstruação desregulada, que me fizeram descartar a possibilidade de gravidez, levaram-me a considerar a hipótese de algo mais preocupante. Durante a tarde, o som da campainha interrompe minha tentativa de distração com a leitura, trazendo-me de volta à realidade. Algumas horas após ter compartilhado minhas preocupações, Chiara aparece à porta assim que a abro. — Desculpe a demora, Gio. — a enfermeira comenta após me dar um abraço caloroso. — Foi meio difícil encontrar alguém confiável para ficar em meu lugar cuidando d
“Por Matteo Villani”Uma semana se passou desde que minha vida ganhou mais cor, intensificando a felicidade que Giovanna me proporciona. Na última semana, mantive-me obstinadamente determinado a pôr fim a essa tensão do perigo iminente.Como consequência, assim como tem sido esses últimos dias, acordo antes mesmo do sol lançar seus primeiros raios sobre o quarto. A quietude do ambiente parece contrastar com meus pensamentos tumultuados.Observo a serenidade estampada no rosto da minha mulher, deitada de lado, imersa em seu sono, e um sorriso apaixonado surge em mim. Decido aproveitar um momento de paz, somente eu e esse pequeno milagre.“Buongiorno, piccolo. Está se comportando aí dentro? Espero que esteja gostando do aconchego da sua casa temporária. Sua mãe tem sido incrível, sabia? Ela é forte e amorosa, e mal posso esperar para segurá-lo nos meus braços. Por favor, deixe-a se alimentar! Agora, preciso me levantar e começar o dia, porque há muito o que fazer para preparar o caminho