Por mais que Aisha fosse adulta e já tivesse cerca de vinte e um anos, ela era uma jovem que não tinha muitos conhecimentos a respeito do comportamento das outras pessoas, principalmente da malícia humana. Então ela sonhava com um belo relacionamento, um casamento que seguiria perfeitamente as tradições do seu país.
Quando Aisha imaginava a sua vida e a sua futura família, a qual seria composta pelo seu marido e pelos seus muitos filhos, ela se enchia de orgulho de como a sua vida seria construída. Passava longas horas imaginando como seria o futuro de seus filhos. Como seriam as esposas que os seus filhos teriam; como seriam os maridos que as suas filhas escolheriam. Se os seus filhos poderiam escolher os próprios cônjuges ou se o seu marido que escolheria junto com ela. Enfim, era uma infinidade de pensamentos que invadiam a sua mente e davam uma alegria constante a Aisha. Era como se ela fosse grata pelo que ela ainda nem tivesse recebido do destino. Então, por ter tanta alegria em seu coração, quando Aisha voltava do deserto e chegava em casa, mais especificamente no seu quarto, ela se vestia com a sua roupa favorita, a qual era composta por um bustiê rosa com muitas lantejoulas e uma saia que tinha diversos tons de rosa, os quais eram compostos pelos sete véus. Cada véu que compunha a saia tinha sido confeccionado com um tom de rosa diferente e com muitas lantejoulas. A roupa era linda, muito brilhante, garantindo toda a magia durante a dança, mas seu uso era permitido apenas para dançar para as mulheres de sua família, ou para o seu marido quando ela já estivesse casada com ele.
Mas até o presente momento, Aisha ainda não sabia dançar muito bem, pois passava a maior parte do tempo se dedicando à comida, ao chá de todos os dias, que mal tinha tempo para se dedicar à dança. E as poucas horas diárias livres que tinha, ela destinava para ir até o deserto.
Por Aisha sempre ter sido muito inocente e ter tido o sonho de se apaixonar por um homem que tivesse o mesmo nível social que o de sua família, ela facilmente se apegava as pessoas.
Então, em uma das tardes que ela passava admirando o deserto e as caravanas que lá atravessavam, Aisha avistou um homem que passava com várias outras pessoas e com alguns camelos. Esse homem, bem como, as pessoas e os camelos que com ele estavam, foram caminhando em sua direção. Conforme eles foram se aproximando de Aisha, ela conseguiu observar os detalhes de suas roupas e imaginou que provavelmente eles não fossem de uma região tão próxima, pois as vestimentas daquele homem não acompanhavam a moda masculina local, e sim, de outro país também do oriente médio, pois Aisha conseguiu ver que ele usava uma túnica branca e um turbante da mesma cor no alto da cabeça. E na parte frontal do turbante tinha uma grande pedra azul. Os olhos desse homem eram muito bem marcados, o que era muito usual entre os egípcios antigos, pois tinha um contorno que foi muito bem feito, de modo que Aisha não conseguia desviar os seus olhos dos dele.
Quando ele se aproximou um pouco mais, ele perguntou as outras pessoas que estavam próximos da tenda, na qual ela se encontrava:
– Olá, será que alguém poderia me informar sobre os melhores lugares daqui da região? Pois eu penso em ficar hospedado por aqui nos próximos dias, e quem sabe, nas próximas semanas e meses. – Disse o homem que acabara de chegar com os seus camelos e com os outros viajantes. Conforme ele falava essas palavras e mesmo que elas fossem dirigidas para os homens locais que estavam próximos da tenda, ele não conseguia tirar os olhos de Aisha, e nesse momento ela percebeu que o seu coração tinha começado a bater mais forte por aquele homem por mais que ela ainda não o conhecesse direito, e pelo qual ela ainda não tinha tido o mínimo contato que pudesse justificar esse sentimento que estava nascendo em seu peito.
Aisha, de modo que as pessoas não fizessem mal juízo dela, se levantou rapidamente, saiu da tenda, ajeitou o véu sobre o seu cabelo e foi caminhando para a sua casa.
E mesmo depois de ficar algumas horas em casa, sozinha em seu quarto, Aisha não conseguiu tirar aquele homem de seus pensamentos por nenhum momento sequer. Mas de modo que a sua família não tivesse pensamentos errados com relação a ela e à sua inocência, Aisha achou melhor não contar a ninguém sobre o viajante que havia chegado recentemente na cidade.
Alguns dias depois, por perceber que não conseguia se esquecer dos olhos bem marcados daquele homem, cujo nome Aisha ainda nem fazia ideia de qual era, ela resolveu voltar ao deserto, pois além de ser o seu lugar favorito em toda a cidade, ela gostaria de se encontrar com ele novamente, mas de forma que ninguém soubesse, a fim de que não a julgassem por algo que ela não cometeu, pois, segundo os costumes do seu país, as mulheres não podiam ser vistas com nenhum homem que não fosse o seu marido, mesmo que elas ainda fossem solteiras. Então, antes de sair para o deserto, ela foi caminhando até a cozinha, pois imaginou que sua mãe poderia estar lá ajudando a Hana a preparar os alimentos. E quando ela viu sua mãe, perguntou:– Mãe, vocês ainda vão precisar de mim hoje, ou posso sair um pouco? – Perguntou Aisha a sua mãe.– Filha, todos os
Passaram-se cinco dias depois da última vez em que Aisha se encontrou com Rachid. Ela não conseguia tirá-lo da cabeça, principalmente depois que ele falou que poderia se casar com ela. Mas mesmo que ela tivesse sentido um grande interesse por ele, ela ainda não tinha conversado sobre isso com a sua família, nem mesmo com Hana, a qual era considerada a sua melhor amiga. Então não sabia o que esperar da reação deles, principalmente de seu pai. Entretanto, a única reação que Aisha já poderia imaginar era com relação à Surya, que ficaria muito feliz de ver Aisha se casando e indo morar bem longe daquele país.Enquanto Aisha estava em seu quarto, ela se lembrou de uma música a qual gostaria de escutar. A música se chama El Arbi e é cantada por Khaled. Essa era uma das músicas favoritas de Aisha, a qual ela amava danç
O tempo passou e Aisha não percebeu que já havia anoitecido. Ela se esqueceu da hora enquanto esteve na tenda com Rachid. E se assustou quando viu que a noite já havia caído.– Rachid! Já anoiteceu! Tenho que ir embora. Minha família já deve estar me procurando. Se me encontrarem aqui eles podem até me matar.– Não diga uma coisa dessas, Aisha. Não fizemos nada de errado! Qual o erro de duas pessoas apaixonadas?– O erro é que não somos casados e não podemos ficar sozinhos aqui. Os costumes não permitem.– Então, o que faremos agora?– Eu vou sair primeiro e depois de um tempo você vai. Não podemos deixar que ninguém desconfie da gente.– Tudo bem. Vou fazer conforme você está falando.E antes de Aisha sair da tenda, ela deu mais um jeito apaixonado em Rachid, se
Quando Aisha pegou o seu véu, cuja cor era azul turqueza, ela foi para a frente do espelho a fim de se arrumar, então passou o véu cuidadosamente pelos cabelos, a fim de cobri-los, desceu as escadas e foi caminhando até a sala, onde estavam a sua mãe e Surya sentadas no sofá tomando um chá enquanto conversavam.– Mãe, eu vou para o deserto. Vou ficar lá um pouco.– Aisha, você pode ir, mas não durma de novo nas ruínas como você fez ontem. Você nos deixou muito preocupados.– Não vou perder a hora de novo.– Então pode ir.– Tchau. – Disse Surya.– Tchau, Surya. – Respondeu Aisha.Então Aisha foi caminhando até o deserto e foi direto para a tenda onde havia se encontrado com Rachid no dia anterior. Alguns minutos depois, ele chegou e a viu sentada debaixo da tenda.
No fim do mês, como já havia sido acordado, o casamento seria feito, e já estava tudo pronto para que o enlace matrimonial fosse feito. E tudo estava do jeito que Aisha sempre sonhou. Suas mãos estavam pintadas, com os desenhos que as árabes costumam fazer. O seu vestido branco com muitas flores coloridas. Tudo estava cheio de alegria e Aisha mal podia creditar que tamanhã felicidade estava vivendo. Estava casando com alguém que ela ama e com a autorização de seu pai, seu irmão e do seu avô.Depois que os anciãos oficializaram a união, Aisha viajaria com o seu agora marido Rachid para o Egito, pois ele tinha os seus compromissos para finalizar antes de viajarem realmente para viverem a lua de mel, que seria em algum país do ocidente, como Rachid havia prometido para Aisha bem antes deles se casarem, o que a deixou ainda mais feliz.Então eles foram até o aeropo
Depois de eles embarcarem no avião, Aisha logo adormeceu e depois de horas de vôo, eles chegaram ao país de destino. E quando eles foram avisados sobre o desembarque, Aisha perguntou:– Habib, agora você pode me dizer qual o país onde passaremos a nossa lua de mel. Onde estamos?– Estamos no Brasil.– Em que cidade do Brasil? Sempre quis conhecer o Brasil. – Perguntou Aisha, sentindo-se maravilhada.– Estamos no Rio de Janeiro, ou simplesmente, Rio, a qual é uma das cidades mais famosas do mundo. Por causa de sua imensa beleza e por seu conteúdo histórico, ela é chamada de cidade maravilhosa.– Eu já ouvi falar do Rio de Janeiro, mas eu sempre ouvi que aqui, por mais que seja muito lindo, é também muito violento. Tenho um pouco de medo.– Não tenha medo. Estamos juntos e vamos tomar muito cuidado por aqui. &ndash
Quando Aisha e Rachid chegaram ao local, ela viu que o estabelecimento era, de fato, uma casa de festas, onde poderia ter apresentações de bandas, e outros tipos de atrações, mas uma coisa que Rachid não havia falado com Aisha, era que essa casa noturna era mais destinada a receber os homens como os seus principais visitantes. Na verdade, Rachid estava escondendo muitas coisas de Aisha, uma das coisas era com relação a esse trabalho na casa noturna, pois esse estabelecimento era muito mais do que um simples local de apresentações e shows de bandas ainda desconhecidas ou pouco famosas. E Aisha, só de olhar a fachada, não gostou nem um pouco, pois finalmente percebeu que aquele era um local destinado para que diversas mulheres fizessem programa.Era uma realidade completamente diferente do que Aisha estava acostumada em seu país, pois ela nunca tinha visto um lugar como esse antes.&ndash
Cerca de sete dias depois, quando Aisha já havia esfriado a cabeça e entendido que a sua vida estava tomando um rumo mais do que terrível, ela começou a pensar em diversas possibilidades de sair dali. Mas primeiramente, ela teria que avisar a sua família sobre o que tinha acontecido com ela.– Camile, eu preciso de um telefone. Você poderia me ajudar a conseguir, por favor? – Perguntou Aisha, que não tinha conseguido dormir por mais uma noite.– Oi, Aisha, bom dia! – Disse Camile, se espreguiçando. Você não dorme, não?– Como que eu vou conseguir dormir passando por essa situação?– Mas é melhor você aceitar, pois é assim que vai ser. – Respondeu Rafaela, se virando na cama para dormir por mais tempo.– Mais tarde eu te ajudo a conseguir um celular. Uma das meninas conseguiu roubar de um client