Narrador
Tae ficou no corredor por um bom tempo, pensando. Diana estava muito esguia, provavelmente ficou bem magoada com ele.
Todas as vezes em que ele fazia algo que a magoava, sentia-se momentaneamente saciado, e péssimo no segundo seguinte.
E não mudava de atitude.
O celular dele apitou. Mensagem de um número desconhecido em coreano: só podia ser Soobin.
Certeza.
"Que saudades, primo. Estou grato à minha tia por me dar seu número. Vamos combinar de sair. Mande um abraço para Shimin."
Tae entrou em seu apartamento e fechou a porta com tanta força que a janela tremeu. Bufava.
— Minha nossa, o que Diana fez? Chutou sua genitália? — Perguntou Shimin, afinal tinha deixado os dois no corredor em paz. O pobrezinho estava estudando e acabou fazendo um sulco em sua folha por causa da forma como Tae entrou no apartamento.
— O maldito do Soobin veio para o Brasil — Disse o mais novo. — E já está enchendo o meu saco.
— Estou sabendo. — Revelou Shimin, completamente desprovido de surpresa, ajeitando seu óculos de leitura.
— Como sabe?
— Diana me contou.
Tae respirou fundo. Então, Soobin já tinha virado um assunto das conversinhas deles.
Outra mensagem de Soobin chegou. Tinha uma foto também: a foto que ele havia tirado quando Diana retornou ao carro.
"Adorei dar carona para sua namorada, ela é muito simpática. Vamos todos comer uma pizza" Foi a mensagem de Soobin.
Tae jogou o celular na parede e se jogou no sofá, inconformado. Ele sabia que Soobin ia inventar alguma coisa para incomodá-lo, e usar Diana para isso era quase destino.
— Mas que merda? — Shimin não acreditou ao ver o iPhone na parede com uma lasca — Tae, você está louco? O que aconteceu? O que Soobin fez?
— Ele sempre faz isso. — Grunhiu Tae. — Ele se aproxima de todos que eu gosto, mente a meu respeito, e faz todos se afastarem.
— Não vai acontecer de novo. É outra circunstância, ele amadureceu.
Tae estava enojado pela inocência do irmão. Em geral, Tae levava os conselhos de Shimin como lição de vida, mas às vezes irritava. Shimin era do tipo que dava a outra face todas as vezes que o agressor quisesse, isso fazia com que qualquer um fizesse gato e sapato dele.
— Não sei se é muito bondoso ou muito burro. — Disse Tae, acendendo um cigarro para se acalmar.
Shimin pegou o celular de Tae para entender o que houve e arregalou os olhos ao ver a fumaça subindo dos dedos do irmão na sala.
— Vai ativar o Splinter, seu boçal! — Shimin gritou vendo Tae fumar. Pegou suas folhas de estudo e as colocou na escrivaninha para evitar que o imbecil do seu irmão destruísse seu material escolar, continuando a ler as mensagens de Soobin.
Ele leu e viu a foto e ficou pensando no que dizer.
— Posso analisar friamente? — Shimin perguntou e Tae revirou os olhos.
— Você? Eu duvido muito.
— Eu também. — Shimin riu. — Se está com ciúme de uma carona é porque o casal é real!
Shimin saiu correndo da almofadada que Tae lhe arremessou. E conseguiu escapar, mas sentiu o ventinho passando em seu pé.
— Não é disso que estou falando. — Tae reivindicou. — É da insolência desse infeliz. Por que ele sempre quer se aproximar das pessoas que eu gosto? Como ele tem tanta energia para isso?
— Para te irritar; e ele consegue isso com facilidade. Tem quase um aviso na sua testa escrito "me irrite", maninho. — Shimin suspirou. Sentou-se ao lado do irmão, que estava bem nervoso deixando evolar uma fumaça sinuosa de seus dedos. — Tae, foi por minha culpa que tudo isso aconteceu.
— Não foi sua culpa. Não permito que fale isso. — Tae murmurou, irredutível.
— Claro que foi. Foi, inclusive, por minha culpa que viemos para o Brasil. Você não precisava ter vindo, e veio por minha causa.
— Você é um idiota. — Tae menoprezou, se levantou do sofá e foi até a sacada.
Shimin suspirou.
Ele conseguia recordar ainda dos momentos no passado.
Primeiro período deles na Universidade de Seoul.
Dia atípico.
Todos na faculdade estavam estranhos com Shimin. Riam. Ele sentiu que havia algo estranho e perigoso no ambiente e na forma como as pessoas o olhavam.
A aula foi sinistra, até mesmo o professor ignorou as vezes em que Shimin levantou a mão para contribuir com a aula. Shimin, em sua doçura, tentou interpretar aquilo da melhor forma possível. Era muita coincidência todos estarem tratando-o de forma diferente logo depois que Soobin soube que Shimin era gay num jogo de Verdade ou Consequência.
Tinha que ser coincidência.
Shimin passou uma semana péssima, e até mesmo foi ao banheiro chorar para aliviar a tensão horrível que estava sentindo. Quando saiu do banheiro, viu que alguém o esperava, parado em pé em frente à sua porta.
— Posso ajudá-lo? — Shimin perguntou, inocente e com medo.
O rapaz era alto e forte. Pegou Shimin pelo cabelo e o arrastou até os fundos da escola, onde outros colegas aguardavam com bastões de baseball.
Tae tomou um susto na quadra de basquete quando uma menina correu até ele, mal conseguia falar. E disse, se recuperando da corrida: "Estão matando o Shimin", ela caiu de joelhos, em prantos.
Shimin já estava desmaiado e recebia chutes com cinco monstros aglutinados ao redor dele distribuindo violência. Tae chegou para socorrer Shimin na voadora, distribuindo socos com uma força descomunal. Ele dissipou aquela brutalidade bem mais rápido do que imaginou, pois agressores são covardes e medrosos.
Shimin estava agora agonizando nos braços de seu amado irmão.
Tae chorava enquanto aguardava Shimin sair da UTI. Suas mãos tremiam. Ele queria tanto ter tido mais atitude quando viu seu irmão sendo agredido! Queria ter marcado o rosto e a alma de todos eles com a fúria de sua vingança, mas fez pouco mais que assustá-los.
E ninguém ousou ajudar, todos sabiam que Shimin estava sendo espancado e não ajudaram. Uma pessoa boa como Shimin não teve ajuda de ninguém num momento como aquele.
Tae tinha nojo daquelas pessoas, mas aliviou todo seu asco, seu nervosismo e seu medo de perder o irmão por meio de lágrimas. Poucas. A raiva era muito grande, e as lágrimas de Tae tinham um gosto azedo.
A mãe de Shimin guardava o pranto para oferecer apoio a Tae. Apesar de ela ter sido traída pela relação que gerou Tae, ela não tinha nenhuma angústia em relação a ele, inclusive Tae considerava ter duas mães e nenhum pai por causa disso.
— É minha culpa... — Tae repetia insistentemente, e a mãe de Shimin apertava a mão dele com força.
— Não é sua culpa, Tetê.
— Fui eu que propus brincarmos de Verdade ou Consequência.
— A culpa é do ódio das pessoas, Tetê. Só do ódio. Nem você e nem Shimin têm culpa de qualquer coisa.
Soobin não tinha, mesmo, a sensação de culpa pelo que fez. Quando foi visitar Shimin após o ocorrido, Tae sentiu todo o vigor da raiva explodindo em suas veias e sentiu que ainda podia vingar seu irmão. Ele pulou no pescoço de Soobin e o enforcou com tanta força que num instante a cabeça de seu primo estava roxa.
— Foi você, miserável, foi você! — Tae batia a cabeça do primo no azulejo. Os enfermeiros jogaram para o alto qualquer coisa que tivessem nas mãos e foram separar os dois. Soobin ficou em observação por algumas horas depois do ocorrido.
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Tae soltou um sorriso angelical depois de se lembrar do que fez com Soobin. Dava até um arrepio de felicidade.
— Ele claramente quer te tirar do sério, mas não sabe do seu acordo com Diana. — Disse Shimin. — Então, não tem por que se estressar, vocês não namoram de verdade. Deixe ele achar que está te magoando muito e siga pleno e feliz.
— Eu vou quebrar a cara dele. — murmurou Tae, baforando a fumaça cinza. Ignorou completamente o que Shimin falou.
— Prometa que não fará uma besteira. Não tem motivos para isso.
— Prometo. — Tae disse, cruzando os dedos nas costas.
Narração Diana
Eu estava no ginásio, dobrando as roupas que chegaram da lavanderia, e colocando-as na cesta. Era um dia lindo, céu azul radiante.
Involuntariamente, lembrei do dia anterior, em que Tae quase grudou seus lábios em meu rosto no corredor. As imagens iam e voltavam da minha mente, eu me forçava a parar de pensar nisso e não conseguia. O hálito quente dele em meu pescoço, seu perfume caro. O cheiro fresco do seu cabelo.
Era demais para mim. Eu não posso ser refém de um sentimento assim.
Fui até o vestiário abastecer o armário dos meninos com roupas e toalhas limpas e secas. Depois disso, cada jogador ia lá pegar sua roupa, pois as assistentes não deveriam perambular pelo vestiário.
Ainda que perdida nos meus pensamentos, eu ouvi uma conversa interessante.
— Ele disse isso? — Indagou Gabriel.
— Ele me diz várias coisas. — Respondeu Soobin — Afinal, somos primos.
— Que picareta. — Murmurou um outro jogador.
É claro que estavam falando de Tae, pois qual outro primo Soobin tinha naquela universidade?
— Ele tinha falado que eu jogo bem. — Murmurou Romeu, desapontado.
— Tae é mentiroso e rancoroso. Não perdoa ninguém. — Disse Soobin.
Meu sangue ferveu. Por que diabos Soobin estava falando mal do primo no basquete? Peguei a camiseta dele e a esfreguei no chão, depois coloquei no armário. Maldição...
Não foi novidade nenhuma quando, no treino, Tae foi impedido de fazer uma cesta e derrubado no chão sem mais nem menos. Ainda pisaram na mão dele com força. Se, antes, os meninos sempre dispersavam qualquer briga, dessa vez encararam Tae como se também quisessem brigar com ele.
Fiquei de olho. Eu era a treinadora daquele dia e não estava gostando nada daquilo.
As meninas no portão ficaram gritando por Tae, chamando de gostoso e, pela primeira vez, isso pareceu incomodar os meninos de verdade. Até reclamaram com o treinador e pediram que bloqueassem a grade nos treinos.
Além disso, pediram que as líderes de torcida gritassem o nome de todos os jogadores e parassem de comemorar com tanta euforia os pontos de Tae.
Eu olhei tudo aquilo.
Tae não se importava, colocava seus fones de ouvido e ia para o vestiário, mesmo que seus pontos tivessem sido bloqueados e que os comentários a seu respeito tivessem sido bem abaixo da linha do respeito.
Quando ele foi para o vestiário, fui até Soobin e bloqueei seu caminho enquanto ele ria da porcaria que ele fez.
— Assistente? O que houve? — Soobin perguntou, sonso.
— 80 abdominais. — Falei. Eu podia exigir, afinal o treinador quase não trabalhava, e só lia os relatórios que fazíamos.
— Isso é injusto. — Soobin fez um beicinho, mas é que não ia me apiedar.
Respondi apitando. Ele teve que ir ao chão e começar os abdominais. Os rapazes começaram a zombar e rir dele, e eu fiquei parada contando um por um. E, os que ele fazia incompletos, eu não contava.
Tae saiu do vestiário e viu aquele momento.
— Assistente, estou morrendo! — Soobin murmurou, com falta de ar.
— Vamos ver se assim você para de falar e fazer besteiras. — Apitei assim que ele terminou. Demorou horrores, e ele parou para descansar várias vezes. A camisa dele estava encharcada, suas veias estavam saltando da testa. Mas, quem tem pena é galinha. Eu não tenho. Os outros meninos esperavam enquanto Soobin ia tomar banho, e Tae me acompanhou até o carro em silêncio depois disso.
Era engraçado porque os meninos saíam cheirosos do treino e as meninas, suadas e cansadas. Não tinha vestiário para as assistentes porque eles achavam que nós não nos cansávamos.
— Eles não te convidaram para a festinha? — Perguntei a Tae. — Vai ter uma festinha, não? Afinal, estavam esperando por Soobin.
— Eu não curto festinhas. — Ele murmurou e deu partida no carro.
— Claro que curte. Todos curtem.
— Não na casa do meu primo.
— Vocês se odeiam, não? — Perguntei, olhando para a paisagem escurecida pelo insulfilm do carro. Sei que Tae olhou para mim, pois vi, pelo reflexo do vidro, seus olhos inebriantes direcionados a mim.
— Ele sempre faz isso. Sempre engloba todo o meu círculo de amizades e o parasita até eu ficar sozinho. Ele faz isso desde o jardim de infância, estou acostumado.
— Isso é terrivelmente cruel. — Murmurei, vendo as luzes dos postes passando sobre nós.
— Ele diz que sou rancoroso. E as pessoas não gostam de gente rancorosa.
— Isso depende. O rancor é uma forma de não se envolver com quem te machuca. É uma defesa.
Tae emitiu um som de concordância.
— Foi ele quem me deu carona. — Murmurei, agora olhando para ele fixamente. — O seu primo. Naquele dia.
— Eu sei. — Tae não tirou os olhos da pista.
— Como?
— Acha que ele não viria me contar? Já disse que ele gosta de afastar de mim todas as pessoas com quem eu me envolvo.
— Isso é asqueroso. — Falei.
— Daqui a um tempo ele vai conseguir afastar você de mim, também. — Tae admitiu isso com muita tristeza.
O que uma pessoa ganha assim?
E quanto da personalidade de Tae e de sua insegurança não são afetados por essa pessoa?
Suspirei.
Quando nos despedimos, eu percebi o quanto Tae estava fragilizado e triste desde que Soobin chegou. O quanto ele estava entristecido.
Pela primeira vez, agi por impulso e falei ali no corredor que separava nossos apartamentos:
— Ele pode te afastar de todo mundo, mas não de mim.
Tae não entendeu por que falei aquilo. Ele não sabia entender frases bonitas.
— Será? — Tae respondeu, deu um sorriso rápido e abriu a porta de seu apartamento. — Boa noite, Diana.
Fiquei pensativa sobre Tae. Aonde tinha ido aquele psicopata estúpido que ele sempre foi? Não conseguia mais me lembrar da face arrogante dele, seu rosto triste ficou marcado em minha mente. Enquanto pensava, tomei um bom banho e fui estudar. Coordenadas polares, socorro. Eu não consigo entender isso, preciso de ajuda.
Lembrei do que Shimin disse.
Se Tae era mesmo um gênio, ele bem que podia me ajudar a aprender esse inferno. Vamos ver se ele sabe, mesmo. Eu comecei a pensar em trocar o namoro falso por aulas particulares, ia ser muito melhor.
Amanhã eu negociaria.
O celular vibrou. Mensagem.
Justamente de Soobin.
Ele mandou uma foto na festinha em seu apartamento e eu ignorei completamente. Depois, Soobin escreveu:
“você pegou pesado no treino hoje
você me odeia?”
“odeio e odeio o que faz com Tae.” Respondi.
“tá bem e o que ele falou de mim dessa vez
?”
“Você é um invejoso.
Quer ser igual ao Tae, mas nunca vai conseguir.”
“Sim, tenho inveja dele
afinal, ele tem uma namorada linda”
“já conheço seu tipo, Soobin. Faz de tudo e se rebaixa para afastar as pessoas do seu primo. Já tive colegas assim e odeio isso. Deveria ter vergonha.
isso tudo para disfarçar sua insegurança, por isso quer se cercar de amigos falsos que só estão com você por causa das suas fetinhas. Mas, quando você precisar, estará completamente sozinho.” Terminei de digitar com raiva e enviei.
Depois disso, ele leu e ficou no mais completo silêncio.
Narração DianaSoobin não me respondia desde o fora federal que dei nele ontem. Ficou dois dias sem aparecer no treino e eu fiquei preocupada com isso.Peso na consciência.Eu não podia dissolver a equipe assim. Meu trabalho era fortalecer os laços deles e contribuir para que a equipe ficasse mais unida.Sou uma péssima assistente.Mais uma vez olhei a nossa conversa e fiquei péssima. Talvez eu devesse ter abordado a situação de outra forma. Quer dizer, o que ele estava fazendo era errado. Mas, talvez, eu devesse neutralizá-lo em vez de agredi-lo com palavras, não sei.Estávamos na aula de desenho ge
Narração DianaEu estava toda contente com meu celular novo, muitas funcionalidades, câmera perfeita. Tae sorria ao me ver feliz.— Obrigada. Eu nem sei se deveria aceitar, é muito caro.— Eu quebrei o seu. — Ele disse, ansioso para me ver mexendo no brinquedo novo.— Era só consertar a tela.— Não gosto de dar presentes pela metade. — Ele disse.— Tudo bem. — falei, super feliz de verdade. Nem estava acreditando no presente que ganhei. Aquele celular valia muito mais que qualquer serviço que eu tenha feito a ele. Como funcionária de Tae, me senti recompensada pelo serviço abusivo
Narração Diana— O quê?! — Fiquei sem voz depois do grito que dei.— É isso aí. Tae é tão possessivo, calculista e ciumento que fez a primeira namorada ele se matar. — Soobin revelou.Aquilo era muito sério.Muito, muito sério.Soobin não poupou agressividade em suas palavras, e como consequência disso, minha voz sumiu. Não consegui falar nada, e eu esperava muito que não fosse uma mentira de Soobin. Na verdade, eu queria muito que fosse mentira.Confesso que foi forte demais para mim, eu precisava muito ir embora. Eu prec
Narração Diana— Ah, Diana... — Tae suspirou. — A minha primeira namorada foi uma pessoa muito tímida. Estudamos juntos desde o jardim de infância, mas ela sempre foi muito misteriosa. Ela tinha uma mãe alcoólatra que... colocava homens estranhos dentro de casa, então... ela nunca me disse o que aconteceu, mas eu imaginei. — Tae ficou inconsolável nesse momento, com lágrimas se equilibrando em suas pálpebras. Elas ficaram presas ali firmemente. — Talvez seja algo ruim sermos discretos desse jeito. Não falamos o que sentimos, e isso vai nos consumindo por dentro. Ela poderia ter se apoiado em mim, mas... não conseguiu.— Eu... sinto muito! — Ergui a mão para tocar o braço de Tae, mas desisti. Eu havia dito algo horrível por cu
NarradorTae não ficou horrorizado com o pedido dela. Na verdade, aquiesceu obedientemente, como um funcionário que aceita abrir mão de suas férias com os filhos.Trouxe Diana para perto pela mão até que o tronco dela se uniu ao seu delicadamente. Depois, puxou-a ainda mais para si tocando gentilmente suas costas. E uniram seus lábios. Ela sentiu a língua dele percorrendo um caminho delicioso em sua boca, por um segundo sentiu como se estivessem na mesma sintonia. Diana abriu os olhos, e viu que ele estava entregue, de olhos fechados e expressão suave.O beijo cessou deixando saudades no mesmo instante, pois a boca dele era macia e tinha um lindo sinalzinho no lábio superior que ela aproveitou para passar a língua quando estavam em contato.<
Narração Diana— Diana! — Tae a viu caída atrás dele, ela estava numa penumbra entre consciência e inconsciência, portanto ele levantou a cabeça dela e viu que tinha apenas um fio de sangue escorrendo dos lábios. — Viu o que você fez? — Tae gritou para Shimin. — Se tivesse me deixado bater nele, isso não teria acontecido!Shimin segurou Soobin e o impediu de tentar reparar a besteira que fez. Afastou-o de perto deles e o controlou para que não se aproximasse.— Já deu disso, vá para outro canto da festa! — Disse Shimin, pacientemente.— Isso é injusto! — Soobin choramingava, culpado. — Eu só estava conversando com ela.<
NarradorTae permaneceu cabisbaixo, açoitado pela chuva, depois que Diana se foi. Ele ficou olhando para o gramado, perdido em seus pensamentos, atormentado por palavras engasgadas, pela confusão em seus sentimentos. Ele só voltou a perceber a situação ao redor quando Shimin parou o carro no ponto de ônibus, poucos metros adiante. Ele buzinou para que Tae o percebesse e entrasse.— Seu plano era entrar na piscina? — Perguntou Shimin ao ver o irmão entrando e molhando seu banco e tudo mais que ele encostasse.— Vai cagar. — Tae murmurou. O que mais surpreendia Shimin era que conseguiam conversar em português com cada vez mais frequência.— Deu certo com a líder de torcida?
NarradorEla desligou. Foi doloroso, pois era uma visita que Diana mandava embora na porta. Dizem que dá azar, mas ela preferia pagar para ver. Não estava interessada no rapaz, por mais que tivesse dito a Tae que quisesse conhecer outras pessoas. Algo ainda a bloqueava.Na manhã seguinte, tudo aconteceu normalmente.Diana estava ignorando as situações eróticas que vinha vivendo com Tae ultimamente. Eles tinham que fazer coisas que gostavam e que detestavam, e isso incluía bancar os namoradinhos, mesmo quando estavam cheios de dúvidas e anseios em relação ao outro. Tinham que fingir que nada aconteceu enquanto estavam morrendo de desejo um pelo outro. Tinham que andar de mãos dadas ainda que quisessem se beijar, nus e desesperados.