Chloë
Acomodei a mochila nas costas e observei a casa a minha frente apertando a alça da pequena mala de rodinha ao meu lado.
Meu coração retumbava tão forte no peito que me senti zonza. Borboletas voaram por todo o meu corpo batendo suas asas na minha barriga e jogando com minha segurança, enquanto eu dava os primeiros passos sobre o caminho rodeado de grama verde e as estrelas de natal brilhavam no céu e também na decoração da varanda de entrada.
Havia passado um mês me programando para esse dia e tudo havia mudado. Havia comprado minha própria passagem com todo o dinheiro que tinha guardado e havia conseguido autoriza&cc
GabNão seria capaz de vê-la partir.Era tão estúpido e aterrador quanto isso. Era tão fácil ver como seu sorriso me destruía e como seus olhos me fascinavam e era tão fácil ver que eu não queria ter que soltar sua mão mais uma vez.Observei o número que brilhava na tela do celular e considerei ignorar a chamada como tantas outras vezes, mas então seu sorriso ecoou pela sala e seus olhos encontraram os meus enquanto vovô ria de alguma de suas jogadas e Chloë pedia desculpas por ser tão torpe em um simples jogo de tabuleiro que já não pude ignorar mais.Desde que Chloë havi
GabParei em frente ao edifício e observei por longos minutos suas grades e sua entrada impecavelmente limpa e bem cuidada enquanto tentava relacionar esse momento com o passado, quando tudo o que eu queria era fugir dali.Escutei o som metálico do portão automático ao abrir-se e arrastei minhas malas em direção a porta de entrada, retribuindo o sorriso amável de Luciano, o porteiro do turno da noite
ChloëObservei a chuva torrencial que caia lá fora enquanto o céu estalava em uma batalha repleta de raios e estrondos que fazia a cidade tremer. O ar pesado e abafado da tarde que terminava deixava evidente a temperatura elevada do verão na cidade dos"40 graus".Saí do edifício da produtora acompanhada de uma das inúmeras modelos que perambulavam pelos corredores. Era evidente que ela não guardava nenhum tipo de simpatia por mim, contudo resolveu sorrir enquanto se despedia e entrava em um carro estacionado na porta. Eu odiava aquele ambiente fingido onde todas pareciam ser amigas quando quase ninguém realmente se importava.Co
GabO tempo acomoda as coisas ou te faz perceber que já não há mais nada o que acomodar.As estações passaram como folhas corriqueiras de um calendário e junto com elas, Dora adquiriu o insólito costume de perguntar como havia sido meu dia, papai e eu adquirimos o ruidoso costume de ver jogos de futebol aos domingos juntos e Jony adquiriu o excêntrico costume de manter todas as garotas com quem saia a metros de distância de mim.Não posso dizer que as coisas não estavam indo bem.Vovô havia melhorado. Conversávamos todos os dias por Skype (sua nova enfermeira particular de apenas 26 anos o havia ensinad
GabOlhou-me como se não nos víssemos há muito tempo, embora estivéssemos juntos todos os dias, ainda que por alguns minutos. Seus olhos se iluminaram e seu sorriso me fez parecer um idiota enquanto ela caminhava apressadamente na minha direção entre os quadros e as pessoas que os observavam na pequena galeria. Acariciou meu rosto com ambas as mãos e pousou os lábios suavemente sobre os meus, e mesmo que eu estivesse um completo desastre, ela não se importava. Meu cansaço, as olheiras e as marcas da briga há alguns dias atrás... Nada disso importava.Ela me fazia sentir incrível quando eu me sentia um lixo e ela ja
ChloëPara Gabriel Sullivan, meu eterno quadro MultiColor.Eu não sou de palavras e talvez essa carta seja mais ridícula e esdrúxula do que Fernando Pessoa esperava das cartas de amor. Contudo, guardo tanto desse sentimento dentro de mim que peço desculpas Gabriel Sullivan, mas decidi escrever para você.
Chloë(Rio de Janeiro)Minha cabeça girava enquanto eu submergia em um estado caótico entre o sono e a embriagues.Eu nunca bebia e testemunhas dirão que jamais haviam me visto chegar a essa hora em casa.Meu mundo dava voltas e meu estômago protestava. Eu provavelmente vomitaria a qualquer momento. Meu senso de direção estava totalmente afetado. O tecido suave do meu vestido roçava no jeans da jaqueta dele. Minha cabeça repousava em seu ombro enquanto ele me levava nas costas como eu costumava pedir para o meu pai me levar quando eu era criança. Suas mãos em minhas pernas, sujeitando-me firmemente contra si dando-me uma sensaç&a
ChloëUm ano antes...— O que você quer que eu faça Dora?! Não posso negar essa responsabilidade! Você acha que isso seria o ideal para a nossa família? Acha que poderíamos conviver com isso depois de simplesmente ignorar toda essa situação?Último capítulo