- Pai, são só quinze dias.Tomei coragem de falar com meu pai sobre a viajem um dia antes, e de preferência pela noite, mas ele estava impassível.- Não é só isso Tati, você sabe muito bem. - Ele apontou o dedo pra mim.- Eu confio em você, mas são as consequências. Não sei se aguento tudo de novo.Meu pai só conseguiu me buscar no dia que eu tive alta do hospital, sei que ele nunca se perdoou, porque quando ele bebia, o que ele vinha fazendo com frequência, acabava falando muitas coisas que eu jurava nunca passar pela mente dele.-Não vai acontecer de novo. -Tentei convence-lo. - Naquela época eu era uma criança, agora eu já amadureci.-Não sei Tati. - Ele respirou fundo e passou a mão calejada de anos de trabalho na testa.- Eu fico só até o dia do casamento e depois volto para casa.- Tudo bem, mesmo eu não querendo vou permitir, sei que você vai dar um jeito de aparecer por lá mesmo.Não parou por aí, quando disse que ia de carro, achei que apanharia dele. Aguentei tudo como uma bo
O dia estava nublado, tomei meu café em silêncio, desejando que aquele meu tempo em São Paulo fosse rápido, e depois voltaria para uma vida nova. Depois de me vestir adequadamente, respirei o ar frio de olhos fechados, minha conversa com Rebecca viva na minha mente confusa.-Tati?-Conseguiu, Beca?-São seis hora da manhã, o que você vai fazer lá?-Calma ,só quero conversar.- Consegui, mas é um pouco longe.-Eu vou até lá.-Por favor, não faça besteira.Com o endereço no celular, dei partida na moto e segui pelas ruas que agora me eram estranhas. O tempo muda, pessoas vem e vão. São Paulo está sempre em mudança. Fiz o caminho todo recordando meus passos ali, dobrei a rua silenciosa e avistei a casa.Era uma casa humilde com a pintura desbotada pela ação do tempo, pelo portão pequeno vi que havia um corredor pequeno, e uma menininha brincando logo cedo. Ainda de cima da moto fiquei a observar ela brincando sozinha durante um tempo, até que ela percebeu minha presença e saiu correndo
TATIANA-Virou o maior comentário.- Rebecca que estava provando um vestido de noiva me olhou pelo espelho.-Mas não foi culpa minha.- Revirei os olhos.Já fazia uma semana desde a nossa briga, e graças a Deus eu não precisei mais vê-lo. Mesmo assim eu ainda me sentia mal, sei que não houve mais palavras, mas o olhar dele me deixou muito nervosa. O lado bom era que eu tinha somente mais alguns dias e retornaria para a minha vida.- Porque você não conta a verdade para ele? Qual o motivo de esconder uma coisa que vai acabar caindo no ouvido dele?-Porque ele não me procurou, depois que eu voltei pra casa fiquei esperando ele me ligar, ou ir atrás de mim, mas nada. Ao contrário, ele foi se divertir e arrumar outra trouxa.Ela me fitou por um tempo, depois respirou fundo.-Vocês dois são duas crianças mimadas,-Rebecca era um doce, mas não media palavras com ninguém, - Tá na cara que ainda se gostam.-Eu superei Re, sério mesmo. Não penso mais nele como se as coisas fossem voltar a ser com
-Porque não nos avisou que estava aqui? Desde que cheguei nem tive tempo de ligar para a Paula, a verdade é que talvez não fosse tanto pelo tempo, mas pela pessoa que poderia atender o telefone, ou que eu poderia ter a infelicidade de encontrar.Ela acabou ligando para saber notícias minhas e o boca lisa do meu pai disse onde eu estava, até deu meu endereço para ela.Depois que eu ouvi o Marcelo saí fincada, entrei no hotel quase correndo, tranquei a porta do meu quarto e deitei na cama, acho que passei tanto tempo tentando não chorar que acabei dormindo, e só acordei com o telefone tocando.-Desculpa, eu não tive tempo de te ligar, aquele casamento, os acontecimentos, está tudo tão estranho.-Eu estava sentada na cama, ao lado da Paula.-Você sabe que era só ligar, e eu já estaria aqui.-Ela pegou na minha mão.-Ele foi em casa mais cedo.Eu fingi que não sabia de quem se tratava.-O Marcelo.-Aquele maldito nome.-Chegou eufórico, eu tenho certeza que ele ia querer saber a verdade.-Nós
-Porque não nos avisou que estava aqui? Desde que cheguei nem tive tempo de ligar para a Paula, a verdade é que talvez não fosse tanto pelo tempo, mas pela pessoa que poderia atender o telefone, ou que eu poderia ter a infelicidade de encontrar.Ela acabou ligando para saber notícias minhas e o boca lisa do meu pai disse onde eu estava, até deu meu endereço para ela.Depois que eu ouvi o Marcelo saí fincada, entrei no hotel quase correndo, tranquei a porta do meu quarto e deitei na cama, acho que passei tanto tempo tentando não chorar que acabei dormindo, e só acordei com o telefone tocando.-Desculpa, eu não tive tempo de te ligar, aquele casamento, os acontecimentos, está tudo tão estranho.-Eu estava sentada na cama, ao lado da Paula.-Você sabe que era só ligar, e eu já estaria aqui.-Ela pegou na minha mão.-Ele foi em casa mais cedo.Eu fingi que não sabia de quem se tratava.-O Marcelo.-Aquele maldito nome.-Chegou eufórico, eu tenho certeza que ele ia querer saber a verdade.-Nós
-Por favor Tati, entra comigo?-Rebecca apertou a minha mão.-Sei que é só simbólico, mas estou nervosa.-Nem pensar.-Saí do carro.-Seu sogro já disse que será um prazer imenso te levar até o Roberto.Tanto o pai como o filho mais velho se chamam Jack. Então fizemos um acordo, chamamos Jack pai, e Jack filho.Rebecca estava com um vestido azul claro todo feito de renda, e um biquíni por baixo. Lindo e sensual, o que deixava a cerimônia leve. Alice estava toda de branco, um verdadeiro anjo.Entramos por uma trilha pequena e logo chegamos na mesma praia onde passamos uma tarde juntos. O cheiro do mar trazido pela brisa fria me deram calafrios.-Tati, houve um problema.-Eloisa me puxou de lado.-Já vou dizendo, o Marcelo vai entrar com a Rose.-Tudo bem, imaginei que a Peppa pig ia entrar com ele. Eu entro sozinha.-Embora meu coração estivesse em frangalhos, eu ainda Sorri.Roberto entrou ao som de um Rock antigo, logo depois entrou o Marcelo e a Rose, ele não percebeu a minha presença, mas
-Já faz horas que eu estou aqui, e ainda não me deram notícias sobre a moça.-De minuto em minuto eu ia ao balcão, mas a enfermeira nunca me falava nada.-Por favor. Eu preciso saber dela.Estava tão desesperado que daria qualquer coisa por uma única palavra. Fiquei de cabeça baixa, até perceber que ela já tinha saído.-Senhor.-Ela tocou meu ombro.-O Doutor vai falar com você.Passei por uma série de salas, até entrar na última. Era pequena, só havia uma mesa de madeira e uma cadeira. O Doutor estava sentado olhando uns exames.-Entra.-Ele apontou a cadeira sem olhar na minha direção.-Desculpa, eu só quero saber notícias da Tatiana.-Temos que conversar.-Ele respirou fundo.-A Tatiana teve três costelas quebradas, um pulmão perfurado, lesões na coluna, um coágulo no cérebro, pequeno, mas ainda assim perigoso . Enquanto dava entrada o hospital ela teve uma parada respiratória, mas por sorte conseguimos trazê-la de volta. Já passou por cirurgia para conter o coagulo e está agora se prepar
- Posso falar com você?Continuei mirando meu café, que a essas horas já devia estar frio.-Claro. - Levantei a cabeça e o olhei por um tempo.Vitor se sentou na minha frente, com uma xícara de café fumegando. Ele tinha um olhar triste, resultado de alguma decepção. Tomei um último gole do meu café observando as pessoas ao meu redor. Tanta tristeza e alegria em um mesmo ambiente.- Ela me contou sobre vocês. - Ele quebrou o silêncio.- Vocês dois estavam saindo? - Cravei os olhos em Vitor.-Saímos, uma vez, - Ele abaixou o olhar. - Ela era fisioterapeuta da minha sobrinha.-Não precisa dar explicações, nós não estamos juntos a muito tempo. - Tive raiva de mim mesmo por dizer as malditas palavras.- Olha cara, a Tati foi um anjo que apareceu em nossas vidas. Ela não só ajudou a Tiffany a se reabilitar. Minha sobrinha sofria um trauma, e foi a Tati quem ajudou com isso. Ninguém deu ouvidos para a Tiffany, até a Tatiana aparecer nas nossas vidas. Eu sabia que ela também era tão quebrada