Minha Ômega me tornou seu Alfa.
Minha Ômega me tornou seu Alfa.
Por: Criselen
Quem é você?

— Oh, pai, não quero ir para aquela festa. Só queria voltar para casa e assistir ao último episódio das minhas séries preferidas. Só falta um episódio para saber finalmente quem vai ficar com o Alfa. Pai, por favor. — pedi com o meu melhor.

— Infelizmente, precisamos recusar seu pedido, querida. Hoje é o aniversário de 18 anos de Theodore, o filho do nosso Alfa, que irá passar por sua primeira transformação e, assim, se tornará adulto e governará nossa alcateia. Ele será o mais novo Alfa da alcateia Lua Crescente. Graças ao nosso Alfa e ao filho dele, nunca perdemos uma guerra, então precisamos ser gratos. — Ele me rejeitou com um tom de professor.

É sempre assim: parece que ninguém se lembra de que hoje também é meu aniversário de dezoito anos. A coincidência romântica poderia ser algo desejável para os seguidores do Theo, mas não para mim. Quando você nasce no mesmo dia do “Futuro Alfa”, não merece sua própria festa.Mas uma coisa é certa: ele é um lobo bonito. Um metro e oitenta de altura, olhos verdes, cabelos da cor de mel e sua pele branca o tornam o sonho de consumo da maioria das lobas solteiras. Ele ainda não encontrou sua companheira e, enquanto não a encontra, Vanessa, uma loba da classe dos gamas, vive agarrada ao seu pescoço, achando-se por poder estar sempre ao lado do “Futuro Alfa do bando”. E nós, os lobos mais fracos, não temos permissão nem de olhar para onde ele estiver. O que ele não sabe, e espero que nunca descubra, é que sempre dou uma espiadinha nele quando ele não está olhando.

Sim, eu, Helena, sou uma ômega. Mesmo sendo filha do Gama do Alfa Moisés, todos no bando acham que sou apenas uma ômega indefesa. Só o que eles não sabem é que sou diferente dos outros lobos e de todos da minha classe. Não é fácil esconder meu segredo, mas sou uma das três filhas da Deusa Luna. Minha mãe vem de uma linhagem bem distinta de lobos ancestrais da Deusa Luna, só que o nosso bando não sabe, apenas o Alfa. Era para nosso bando nos proteger por sermos quem somos, mas meus pais decidiram manter isso em segredo por conta do perigo que nos assombra, e esse perigo tem nome: seu sangue corre em minhas veias. E ele é meu avô, pai de minha mãe. Ele nunca quis que ela encontrasse seu companheiro, pois sabia que dela iria nascer a terceira geração da Deusa. Por isso, ele a deixou com sua vida quase toda trancada em seu quarto, até o dia em que ela conseguiu fugir e encontrou meu pai.

Reza a lenda que a filha da terceira geração da Deusa irá libertar os lobos mais fracos da escravidão que os assola, fazendo-os viver uma vida sem ter escolha sobre suas próprias decisões. Por isso, meu avô é contra, porque na alcateia dele todos são tratados como capachos; todos vivem na maior miséria, e esse poder dele vem passando de geração a geração. Ele é contra o meu nascimento porque não quer perder seu trono nunca, um trono de luxúria e poder. Para não me encontrar, eu uso um anel que suprime meus poderes e habilidades. Meus pais têm medo do que ele pode fazer comigo, caso ele chegue a pôr as mãos em mim, porque sabem que seus planos só terminarão com minha morte. E isso é uma coisa que tentamos evitar a todo custo.

Rumo à escola para meu último dia de aulas antes das férias de verão. Enquanto ando, escuto as pessoas falando sobre as expectativas para hoje à noite. Elas se perguntam quem será a tão esperada “Luna”, companheira do futuro Alfa. Pelo visto, esse assunto será o foco do dia; já até vejo.

— Você não se cansa de sobreviver às sombras da realeza, nossa querida ômega? — É a rotina do grupo de elite da escola jogar suas piadas em mim. Até que hoje foi algo novo.

Não quero brigar com eles, pois o resultado é sempre igual, e não quero destruir meu aniversário por causa dessas crianças mal-educadas. Fingi que não ouvi nada e andei com pressa.

Bam!

Bati em um peito sólido. Uma sensação nervosa me envolveu num instante. Levantei a cabeça e meus olhos se encontraram com os dele: é Theo. Meu Deus, que “sorte” a minha! Minha cabeça ficou em branco, até que sua voz baixa veio:

— O que você está olhando, ômega? — Ele se afastou de mim e depois continuou. — Perdeu o medo de morrer? — Ao mesmo tempo, eu baixei a cabeça e só queria fugir. Mas não consegui; acabei sendo empurrada para o chão. Novo dia, nova dor.

— Como você se atreve? Você não tem olhos? Se não tiver, eu te ajudo a tirar essas duas bolas inúteis. — É a Vanessa. Onde está o Theo, você a verá.

— Não perca nosso tempo com uma ômega azarada. Hoje é o aniversário do Theo, não deixe essas coisas sujas trazerem azar. — disse outro membro, amiga fiel da Vanessa. De qualquer forma, agradeço por suas palavras, que me devolveram uma paz.

Levantei-me, mas ainda senti um olhar frio sobre mim. Tudo o que posso fazer é acelerar.

— Helena, amiga, que bom que você chegou! Estava aqui falando para o Antony que temos que comemorar seu dia. — Minha única amiga, Ana, vem até mim. Ana olha para mim e depois para o Tony e dispara sem nem respirar.

— Sei que hoje não dá por conta da festa do ‘todo-poderoso’. — Ela diz, levantando os dedos, e começamos a rir por causa da forma como ela chamou o Theo. Ela não está errada, porque ele se acha mesmo um ser supremo.

— Isso mesmo, Lena! Temos que sair e comemorar que você está se tornando uma adulta e já vai encontrar sua loba e seu companheiro.

Reviro meus olhos para a última palavra de Tony.

— Vocês sabem que não sonho com isso de companheiro. Se ele aparecer, bom; se ele não aparecer, bom também.

Não quero me prender a isso, pois sei que somente eu posso me proteger, já que a maioria dos lobos acha que não passo de uma ômega sem força. Mal sabem que tenho meus próprios poderes.

— Enquanto ele não vem, vamos aproveitar e curtir — diz minha amiga. O sinal toca e vamos para nossa aula, nossa última aula, graças à Deusa.

Na hora em que entro na sala, sinto um olhar sobre mim que chega a me deixar desconfortável.

— Quem é você?

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