A dor não pode nos matar.

Consegui tirar um cochilo, mas logo fui acordada por Rania choramingando. A rejeição continua machucando muito; minha alma está destruída. Ninguém merece ser rejeitado pela pessoa com quem foi feita para passar a vida ao seu lado. Sei que vou me sentir assim por uns dias, mas sou forte. Espero que, quando voltarmos às aulas, essa dor tenha acabado ou, pelo menos, diminuído. Levanto da cama, faço minha higiene pessoal e me sento em frente à minha penteadeira. Olho-me no espelho e vejo que minhas olheiras estão denunciando que passei a noite em claro. Não sou muito de usar maquiagem e, na verdade, eu nem sei usar; quem sempre a aplica em mim é Ana, mas às vezes eu tento.

 

 

 Passo um corretivo embaixo dos olhos para esconder as olheiras, vou até o meu guarda-roupa, que mais parece um closet, e pego um shortinho confortável e uma regata, já que estou em casa; nada melhor do que ficar confortável.

 

— Bom dia! Minha filha, você sumiu ontem à noite na festa. Achei que você estaria curtindo um pouco em outro lado da festa, mas a Ana me informou que o Tony mandou uma mensagem para ela dizendo que te trouxe para casa. Achei que voltaríamos juntas para casa — diz minha mãe na porta do meu quarto.

 

— Bom dia! Mãe, não me senti muito bem ontem à noite, então o Tony me ofereceu uma carona e eu aceitei.

 

— O que você sentiu? Está tudo bem agora? Como está sua loba? Ela acordou bem, certo? Não me esconda nada, meu amor. Se você está passando mal, tem que me informar na mesma hora.

 

A mulher à minha frente não para de falar um minuto, nem mesmo respira! É por isso que amo minha mãe; ela é a melhor de todas.

 

— Calma, mãe, estou bem, minha loba está bem. Só acho que bebi ou comi algo que não caiu bem e me deu uma dor de estômago forte. Foi só isso — minto para minha mãe. Não posso dizer que viemos cedo por causa do meu coração despedaçado por um idiota que só consegue pensar em classes de lobo, que se acha o Rei do Pedaço por ser filho e futuro Alfa.

 

— Ufa, que bom! Vamos descer e tomar café da manhã juntos. Seu pai já está na mesa, e você sabe que, se demorarmos mais, ele vai devorar tudo — ela fala tão sério que parece mesmo ser verdade.

 

 

 Meu pai é quem menos come de nós três; eu e minha mãe, quando estamos em uma mesa, só levantamos quando não há mais nada nela.

 

— Vou já descer, mamãe. Deixa só eu ir ao banheiro rapidinho, aí já encontro vocês.

 

Dou um beijo em seu rosto, e ela sorri, me beijando também.

 

— Tá! Bom, meu amor, vamos te esperar. Amo você, minha menina.

 

— Também te amo, mamãe.

 

Após ir ao banheiro, vou até a cozinha e encontro meu pai à mesa e minha mãe terminando de cozinhar. Ao me ver, meu pai levanta e me abraça.

 

— Feliz aniversário, minha princesa! Sou muito feliz por ter vocês em minha vida.

 

 

 Emociono-me com suas palavras; meu pai sempre foi meu herói, meu porto seguro. Não consigo imaginar um pai melhor do que o meu, que renuncia a tudo para ver minha mãe e eu bem.

 

— Obrigada, papai. Amo você.

 

Agarro-me a ele com força; meu pai tem cheiro de aconchego, de segurança, porque é isso que ele é para mim. Escuto minha mãe chamar meu nome, tirando-nos do nosso momento pai e filha, que, se fosse por mim, passaria o dia agarrada a ele.

 

— Filha, o que você vai fazer nas férias? Você sabe que não pode ficar enfurnada em casa, né?

 

 

 — Quem disse que não, mamãe? Pois irei ficar em casa, mamãe. Irei aproveitar a senhora e o papai, já que seus trabalhos para a alcateia acabaram.

 

Eles trocam olhares e logo percebo que algo está errado. Não quero nem imaginar que eles não se aposentaram e que vão continuar a serviço da alcateia, mesmo tendo um novo Gama.

 

— Vamos ter que viajar, meu bem. Infelizmente, vai ser uma viagem de três semanas.

 

— Por que, mamãe? Vocês não estão se aposentando?

 

— Você sabe que um lobo nunca larga suas funções, né, minha filha? Que mesmo nós nos aposentando, teremos que servir quando formos chamados?

 

 

 Meu pai pergunta, e sim, infelizmente eu sei, mas tive a ilusão de que passaríamos alguns dias juntos, pois o máximo que vejo meu pai é nas horas das refeições. Acho isso tão injusto; gosto de ter a companhia deles comigo.

 

— Sim, papai, eu sei. Infelizmente, não terei a sua companhia. Já achava bom demais para ser verdade. Quando vocês viajam?

 

— Iremos à tarde, meu amor, mas vamos para a casa da alcateia resolver algumas coisas, então acho que não nos veremos mais hoje.

 

— Nossa, mamãe, achei que teria pelo menos hoje o dia com vocês.

 

— Oh, meu amor, desculpa desapontá-la. Nós te amamos e vamos ficar morrendo de saudade de você.

 

 

 Eles me abraçam e ficamos um pouquinho assim até nossos estômagos reclamarem de fome. Sentamos à mesa e comemos em harmonia. Só estou um pouco triste, pois queria muito passar minhas férias ao lado deles.

 

Terminei meu café e vou assistir às minhas séries. Estava bem concentrada quando meu celular começou a tocar. Quando eu vejo, é uma mensagem da Ana convidando o Tony e a mim para um dia de piscina.

 

(B**e-papo iniciado)

 

Ana: Lena, Tony, vamos passar o dia na piscina.

 

Tony: Só vou se a Lena for... haha.

 

Eu: Eu tenho planos marcados com minhas séries, haha.

 

Tony: Ah! Lena, até nas férias você vai passar o dia em casa?

 

Ana: Isso mesmo! Você pode assistir isso à noite, quando estiver só. Vamos, Leninha, por favorzinho. S₂.

 

Eu: RISOS. Só você mesma, Ana. Certo, mas vou querer carona. Meus pais vão viajar e não podem me levar.

 

Ana: Meus tios não descansam, não? Tadinhos.

 

Eu: Não mesmo.

 

Tony: Posso passar já na sua casa, Lena. Vamos almoçar no shopping e depois vamos para a casa da Ana.

 

Ana: Eu quero ir também para o shopping com vocês.

 

Tony: Eu sabia, gatinha, que você iria querer ir conosco. Se arrume que já passo na sua casa também!

 

Eu: Estou esperando você.

 

Ana: Beijinho. S₂

 

(B**e-papo finalizado.)

 

 

Termino o episódio da série que estou assistindo no momento e vou me arrumar. Visto um biquíni que ganhei da Ana, coloco um short jeans e uma regata branca quase transparente, coloco um casaco preto por cima e vou esperar o Tony na porta. Logo ele chega e vamos na direção da casa da Ana para pegá-la e irmos ao shopping.

 

— Como você está hoje? Sei que ainda deve estar doendo, mas mantenha a cabeça erguida! Não mostre para ninguém, por mais que isso esteja te consumindo por dentro — diz Tony, logo me dando um beijo no rosto.

 

— Estou bem, a dor ainda está aqui. Acho que tenho que beber para aliviar um pouco da dor — digo isso e logo arranco uma gargalhada dele.

 

 

 — Vamos conseguir. Lena, essa dor não pode nos matar, ou pode? — ele pergunta, rindo de nós.

 

— Espero que não — respondo, rindo.

 

Depois, ficamos em silêncio até chegarmos à casa da Ana, que já estava nos esperando na porta.

 

— Olá, meus amores! Estava com tantas saudades de vocês — Ana fala ao entrar no carro.

 

Começamos os três a rir dela; esse jeito dela parece que passou um século sem nos ver. Vamos em direção ao shopping, alegres, pois onde Ana está não há lugar triste. Ao chegarmos em frente ao shopping, Tony estaciona o carro no estacionamento e, ao sairmos do carro, dou de cara com o grupinho mais insuportável de toda a alcateia. Pelo amor da deusa, isso só pode ser molecagem! Tenho que ver esse povo onde quer que eu vá agora.

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