— Onde você se meteu? Eu liguei no mínimo umas cinquenta vezes para você, Malu.— Por que não tentou me procurar de verdade? Sabe onde eu moro — debochei.— Estou no meu apartamento. Tem escrito em todas as esquinas “Procurado vivo ou morto. Pago qualquer recompensa. Assinado: Heitor e Sebastian”.Eu comecei a gargalhar e ele não se conteve, fazendo o mesmo.— Tio Sebastian quer matá-lo? Achei que era só meu pai.— Agora estou proibido de voltar para casa. Tenho passado fome, frio e dor por sua causa.— Você é um imbecil, Dimi.— Meu pai começará a me matar e o seu terminará. Sinto que meu fim está próximo.— Agora vamos falar sério, Dimi. Foi você que armou para aquilo tudo sair na mídia?— Eu? Claro que não... Por que eu faria isso?— Foi o que me perguntei também.— Mas podemos tentar descobrir quem fez isto... Juntos. — Tocou minha perna, descansando a mão nela.Retirei a mão dele:— Dimi, não!— Você não deve mais estar com Robin.— Claro que não. E ele queria me matar. Inclusive
— Por que Robin? Por que não eu?— Dimi, você é filho do tio Sebastian e da tia Milena.— O que seus pais disseram sobre isto?— Minha mãe quis saber se eu o amava. Creio que se afirmasse, ela aceitaria. Meu pai? Ah, você é o filho de Sebastian... Então isso o irritou muito.Ele riu:— Os dois fazem questão de fingir que não se gostam.— Mas sabemos que isso não é verdade, não é mesmo?— Eu fico feliz que tudo isto tenha acontecido. Caso contrário, estaria noiva do Robin Hood e neste momento com ele, trancada numa cobertura... Dando para ele o que eu tenho de mais precioso.Levantei o corpo, sentando-me na cama.— Dimi, eu gosto de transar com você. Mas isso não vai mais acontecer. É o fim.— Vai transar com quem?— Com quem eu quiser. E se não quiser, com ninguém.— Malu... Estou apaixonado por você.Não sei o que senti quando ele confessou aquilo. Nunca me envolvi com um homem a ponto de alguém chegar a declarar algum tipo de sentimento por mim. Nem mesmo Robin havia confessado amor
— Pai, na verdade eu só vim fazer uma pergunta.Babi ligou a luz com o controle, clareando a sala, ambos me olhando preocupados.— Faça, meu bem.— É possível colocar câmeras nos banheiros dos funcionários da North B.?— Não, não é possível. Todos os lugares onde é autorizado possuem câmeras. Onde não há é porque não podem ser colocadas.— Você não tem como intervir nisto? Tipo... Fazer mudar a lei?— Não.— Seu pai não pode mudar a lei. Ele é só o CEO na North B — minha mãe lembrou.— E da Babilônia! — Heitor olhou-a. — Mas algum problema que eu possa ajudá-la?— Não... Eu só queria saber.— Não quereria saber do nada. — Babi foi reflexiva.— Eu... Só fiquei curiosa mesmo. Li uma reportagem sobre... Assédio sexual em banheiro de empresas. E fiquei me perguntando... Se futuramente o uso de câmeras não nos protegeriam disto.— Os banheiros são separados em femininos e masculinos. E há câmeras em todos os corredores. Saberemos se um dos banheiros foi invadido por alguém que não deveria
— Fizeram o certo. Não podiam sobreviver extorquindo vocês a vida toda.— Você cresceu e eles não tiveram mais o que usar para tirar benefício de nós, pois sabiam que a escolha seria sua.— Jamais eu pensaria em ficar com eles.— Eu sei, Malu.— Eles nos encontraram de novo.Tentei ficar calma. Que tipo de gente fazia aquilo?— Quando isso vai acabar, afinal? Eles não têm mais o que fazer... Sou adulta. Não os reconheço como meus familiares. E é um direito meu.— A partir das suas fotos vazadas na internet... Eles chegaram até nós.— Telefone?— Sim.— Quem?— Não sei com quem eu falei. Sequer tenho certeza se sua avó ainda vive. Mas ela pode ter falado aos irmãos de Salma, ou os filhos deles e assim por diante.— O que eles querem? Me forçar a conhecê-los? Eu não quero, mãe. Tenho certeza disto.— Sua mãe escreveu toda a vida dela em diários.— Você... Comentou algo a respeito. — Lembrei.— Daniel foi o último que ficou com eles. E alegou ter queimado.— E...— Quem ligou alega estar
Apesar de tudo, fui trabalhar. Ocupar minha mente com outras questões me faria esquecer o que estava acontecendo. Afinal, não tinha com o que me preocupar, já que por enquanto só eu e meus pais sabíamos.Apesar dos meus pais serem contrários à minha decisão de pagar para ver o que a família de Salma faria, eles aceitaram. Heitor e Babi sempre foram muito coerentes e criaram os filhos de forma aberta e à base do diálogo. Quando os assuntos se referiam a mim e Theo, conversávamos até encontrar uma solução que fosse boa para todos. A esta altura, eu já com 24 anos, claro que a decisão final coube a mim.Se aquilo vazasse na mídia eu sofreria. Nem sei se tanto por mim, mas por eles. Heitor jamais mereceu o que Salma fez. Eu já não tinha nenhum tipo de sentimento pela mulher que me pariu, mesmo Babi tentando me fazer acreditar a vida toda que ela era uma boa pessoa. Agora que sabia a verdade, ódio era a palavra que definia o sentimento pela minha família biológica.Meu pai não apareceu na
— Nenhum batom é totalmente longa duração ou tem o poder de sequer borrar.— Ouvi dizer que Theo está trabalhando nisto.— Acha que ele conseguiria? Já provei diversas marcas e nenhum passou no test kiss.— Sinceramente, eu acho que sim. Theo sempre foi muito dedicado no que se dispõe a fazer.— Droga! — Ela seguia tentando tirar a marca vermelha, que teimava em não sair.— É só um batom. Relaxa, Ester.— Como você está? — Me olhou, ainda fixada em retirar o borrado.— Pensando em quem foi o filho da puta que filmou eu e Dimi.— Por que não me disse que tinha um caso com seu primo? — Ester finalmente largou o celular, me encarando.O garçom interrompeu nossa conversa perguntando o que ela iria beber. Ester pediu um drinque com pouco álcool.— Eu não tenho que dizer com quem eu durmo. — Dei de ombros.— Mas eu demonstrei interesse por ele. Fiquei mal depois que soube. Poderia ter me poupado de ter dado em cima de Dimitry, quando no fim ele era seu.— Dimitry não é meu. A gente nunca te
— O que... Você está fazendo aqui? — A cara dele era de espanto.— Estou sem calcinha... — Abri as pernas – Bem-vindo, príncipe dos ladrões.— Você... Está bêbada? — perguntou, sem se mover.Levantei e dei alguns passos na direção dele:— Não sirvo para corna.— E eu tenho que servir para corno?— Digamos que... Sim. — O olhei debochadamente, tentando transparecer uma segurança que estava longe de sentir.A parte boa é que mesmo eu estando destruída por dentro, as pessoas sempre me achavam uma rocha, forte e sem coração. Porque era exatamente isso que eu queria que pensassem a meu respeito. Mas por dentro... Estava uma pilha de nervos e me sentindo traída... Não tanto por ele, mas por ela.Mulheres podiam usar os homens, porque eles usavam as mulheres. Mas ser traída por uma amiga? Ah, aquilo doía mais que os chifres que foram postos na minha cabeça.— Onde está Ester? — questionou.— No raio que o parta.— O que você fez com ela?— Matei com minhas próprias mãos, enterrei e plantei u
— Sua mãe ficaria chateada se ouvisse isso.— Não sei como ela conseguiu perdoar Salma.— Eram amigas de toda uma vida.— Pai, eu vou superar isto. — Levantei, forçando um sorriso. — Podemos tomar café na varanda?— Claro, raio de sol. — Piscou, saindo.Peguei o celular, para me inteirar das notícias. Mas não cheguei a tocar na tela para desbloquear. Talvez fosse melhor nem ler o que estava escrito com relação a minha família. Os últimos dias haviam sido tensos e de surpresas nada agradáveis.Tomei um banho e tentei segurar as lágrimas, que teimavam em apossar-se dos meus olhos.— Você é Maria Lua Casanova. E não vai chorar! — repeti para mim mesma.Me vesti formalmente para o trabalho. Não contaria a meus pais sobre o caso de Ester e Robin. Ao menos não naquele dia.Iria jogar a cabeça na pilha de trabalho que a North B. sempre tinha para mim e à noite talvez fosse à Babilônia para dançar e me desestressar com Ben. E tudo ficaria bem, como sempre.Assim que cheguei na varanda, ouvi c