— O que... Você está fazendo aqui? — A cara dele era de espanto.— Estou sem calcinha... — Abri as pernas – Bem-vindo, príncipe dos ladrões.— Você... Está bêbada? — perguntou, sem se mover.Levantei e dei alguns passos na direção dele:— Não sirvo para corna.— E eu tenho que servir para corno?— Digamos que... Sim. — O olhei debochadamente, tentando transparecer uma segurança que estava longe de sentir.A parte boa é que mesmo eu estando destruída por dentro, as pessoas sempre me achavam uma rocha, forte e sem coração. Porque era exatamente isso que eu queria que pensassem a meu respeito. Mas por dentro... Estava uma pilha de nervos e me sentindo traída... Não tanto por ele, mas por ela.Mulheres podiam usar os homens, porque eles usavam as mulheres. Mas ser traída por uma amiga? Ah, aquilo doía mais que os chifres que foram postos na minha cabeça.— Onde está Ester? — questionou.— No raio que o parta.— O que você fez com ela?— Matei com minhas próprias mãos, enterrei e plantei u
— Sua mãe ficaria chateada se ouvisse isso.— Não sei como ela conseguiu perdoar Salma.— Eram amigas de toda uma vida.— Pai, eu vou superar isto. — Levantei, forçando um sorriso. — Podemos tomar café na varanda?— Claro, raio de sol. — Piscou, saindo.Peguei o celular, para me inteirar das notícias. Mas não cheguei a tocar na tela para desbloquear. Talvez fosse melhor nem ler o que estava escrito com relação a minha família. Os últimos dias haviam sido tensos e de surpresas nada agradáveis.Tomei um banho e tentei segurar as lágrimas, que teimavam em apossar-se dos meus olhos.— Você é Maria Lua Casanova. E não vai chorar! — repeti para mim mesma.Me vesti formalmente para o trabalho. Não contaria a meus pais sobre o caso de Ester e Robin. Ao menos não naquele dia.Iria jogar a cabeça na pilha de trabalho que a North B. sempre tinha para mim e à noite talvez fosse à Babilônia para dançar e me desestressar com Ben. E tudo ficaria bem, como sempre.Assim que cheguei na varanda, ouvi c
“Por tanto tempo eu planejei isso tudo. E agora que aconteceu, me sinto um ser humano desprezível. Eu nunca fui uma louca por dinheiro. Mas tenho estado cansada de tudo, principalmente dos babacas com os quais me envolvo. Parece que tenho um ímã para atrair homens de má índole e canalhas. Nesta semana mesmo conheci um homem mais velho, que parecia ser legal. Até chegar no Motel e perceber que ele só queria se satisfazer. O desgraçado era casado e se não bastasse a noite horrível que me fez passar, me humilhou ao final, me tratando como um objeto. Sinto nojo e asco por homens como ele. Mas Heitor... O que dizer do meu chefe? Depois de tudo que fiz para chegar até a sala dele, jamais imaginei seu desprezo por mim ou pela pessoa que ele imaginou que estivesse ali. Eu sei que todas as mulheres dariam qualquer coisa por uma boa foda com o CEO mais conhecido e disputado de Noriah Norte. Mal sabem que ele sequer beija na boca e eu fico tentando imaginar o motivo. Já ouvi que prostitutas n
— Por que pede perdão, meu raio de sol? — Babi ajoelhou-se ao meu lado, encarando-me enquanto limpava minhas lágrimas.— Eu causei um escândalo por... Enfim, Dimi e eu... — Olhei para os Perrone.— Isto já passou.— Não passou, mãe! Eu não pensei em vocês... Só em mim... E na minha...Ben tapou minha boca:— Não precisa dos detalhes, cherry.— Eu ia dizer minha... Satisfação. — Ri, em meio às lágrimas.— É detalhe da mesma forma, raio de sol. — Ele riu também.— Maria Lua, está tudo bem! — Heitor disse.Levantei e me afastei um pouco deles:— Mãe, pai... Salma foi horrível. Ela me teve somente porque queria levar uma vida boa e usá-lo... Para isto. — Olhei para Heitor. — Ela destruiu o relacionamento de vocês...— Não, Malu. Ela não sabia... Quando se deu conta de que eu e Heitor estávamos envolvidos, ela voltou atrás. — Babi tentou justificar.— Mas já era tarde. — Ben olhou para Babi. — Ela já tinha feito a porra toda.— Eu achei que não teria problemas... Que tudo seria tranquilo e
— Se tivesse ideia do quanto dói ficar longe de você, raio de sol...— Eu tenho ideia... Porque dói em mim... — falei, num fio de voz.— Vem... Por favor. Não posso garantir curá-la desta dor, mas posso ao menos tentar diminui-la dentro de você.— Por que eu iria, se você foi embora justo para não me ver nunca mais?— Falei na hora da raiva. E pedi desculpas, sabe disto.— Na hora da raiva que se falam as coisas que realmente se sente.— Ah, raio de sol... Não seja tão difícil. Eu só quero ajudar. Deixe-me fazer por você o que tanto fez por mim.— Eu... Sou uma mulher difícil... Isso é inerente da minha personalidade.— Bem, vou ter que discordar... — Ele gargalhou.— Imbecil... — reclamei, com um sorriso no rosto.— Estarei esperando você com o café da manhã preparado.— Vai ter bolo de amendoim?— Eu nem sei onde se compra isto. E nunca vi por aqui.— Você mesmo pode fazer. Eu só como bolo de amendoim no café da manhã.— Disse a garota alérgica a amendoim a vida inteira. Ok, eu pego
— Talvez.— Estava falando com meus sapatos. Mamãe disse que o apartamento de Theo é pequeno e que eu devia levar só uma mala de sapatos e não duas.— E o que seus sapatos responderam?— Que iriam sentir muito a minha falta... E se suicidariam. Então eu decidi levar uma mala menos de roupas e duas de sapatos.Ele suspirou:— Você vai acabar com a tranquilidade de Theo. Já imagino até ele voltando para casa, com você debaixo do braço.— Quer que eu o traga de volta, pai? Eu posso fazer isso, se quiser.— Estou brincando, Maria Lua. Sabe que deve seguir as regras da casa dele, não é mesmo? Você vai ser hóspede.— Eu prometo que vou fazer tudo que ele mandar, pai. E vou me comportar.— Uma vez sua mãe me disse que não sabia se comportar. E acho que nisto você puxou a ela.Eu sorri:— Sabe que agradeci mentalmente a Deus por vocês dois terem me aceitado como filha?Ele se aproximou e me abraçou com força:— Você foi a primeira criança que peguei no colo... Na vida.— Eu sinto muito, pai..
— Não precisa se assustar. Ele é dócil. — Dimitry alisou a cabeça do cachorro.— Que porra é esta? Você me trouxe de presente um cachorro gigante? Isso é um tipo de piada?— Não... Você não gosta de bombons... Odeia flores. Então... Pensei em algo original. Já que seu pai matou seu gato, imaginei que um cachorro grande não corre o risco de ficar na linha cega do retrovisor dele... Ou mesmo debaixo do Maserati.— Meu pai não matou o gato. Foi um acidente.— Este garotão aqui veio de longe.— Quão longe?— Mandei trazer da França para você.— Ah, porra... De tão longe? — Cheguei perto, analisando o cão, que estava com as patas na janela do carro. — Por que tão grande, Dimi?— Li que é o melhor cão para se ter... Ele é conhecido por ser o cachorro mais leal, sensível e protetor que existe. E é só um filhote.Toquei a cabeça do animal, que começou a me lamber. Eu sorri:— Ele é... Manso.— Sim. É um filhote.— Droga... E se ele crescer mais? Ele é muito gigante...— Acho que não cresce mu
O pequeno jato pousou em Noriah Sul quando ainda amanhecia o dia. Assim que desembarquei, usando uma calça branca larga, blazer e scarpin pink, combinando com meus óculos de sol de aro grosso, creme, com lentes degradê, vi Theo parado com o carro próximo da pista, num Tesla azul metálico.Corri na direção dele, não me contendo. E incrivelmente Theo abriu os braços, onde me joguei, sendo erguida do chão. O enchi de beijos, maravilhada com a nova vida que me esperava.— Eu... Estava com saudade — confessei.— Eu também... Muita saudade.— Que não quis matar, já que foi embora sem se despedir de mim... — Olhei em seus olhos.— Eu...— Poderia me... Largar no chão? — pedi.— Claro! — Ele ficou sem jeito.Observei as marcas do meu batom no rosto dele, testa e uma na pálpebra. Theo ficou ainda mais lindo do que já era com a minha marca.— Achei que fosse encontrá-la chorando...Retirei meus óculos e pisquei:— Nada que uma boa maquiagem não esconda. E não é Giordano. Joguei tudo fora. E sin