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Minha doce Mia
Minha doce Mia
Por: Ana Beatriz Henrique
Capítulo 1 – Uma carta para Mia

Minha Doce Mia

Capítulo 1 – Uma carta para Mia

James Carter

‘’Eu não acreditava no amor até vê-lo sorrir para mim.

Nunca tinha experimentado nada do amor até senti-lo me abraçar com seus finos braços e recostar sua cabeça no meu peito. Seus cabelos levemente ondulados, sempre brilhosos e macios com cheiro de Macadâmia, a delicadeza da sua pele...

Mia, minha doce Mia, vê-la viver um romance com meu melhor amigo foi de longe, a pior coisa que já me aconteceu. Por muito tempo, guardei no meu peito, o amor que sempre nutri por você. Sofri por noites e noites sabendo que, no quarto ao lado, você estava nos braços de outro homem.

Mas se casar foi a ideia mais absurda.

Minha doce Mia, me desculpa, mas eu precisava fazer algo.

E eu fiz.

Jamais me perdoaria se você morresse, mas eu precisava correr o risco de te perder para ter a chance de te ter para mim. Só para mim.

Foi por amor, Mia. Por amor a você. Por acreditar em um futuro lindo para nós.

Eu só não poderia deixar ele nos atrapalhar ainda mais.

Dylan não te merece, meu amor... Você nasceu para mim. Nascemos um para o outro e, em breve, viveremos tudo o que merecemos. Sem ele.

Apenas você e eu.

Será assim para sempre, minha doce Mia.

Para sempre.’’

Depois que acabo de escrever a carta, para extravasar um pouco todo o nervosismo que me assombra, pego o isqueiro no meu bolso e, sobre o cinzeiro da minha mesa de centro, coloco fogo no papel que carrega as minhas palavras mais sinceras. Não demora para que o fogo as consuma. Pouco a pouco, rapidamente, a verdade vira cinzas diante dos meus olhos.

Mia está em coma há mais de duas semanas. O plano para tirar Dylan do nosso caminho funcionou, no entanto, eu quase a perdi também. Eu sabia dos riscos, sabia que poderia perdê-la, mas ela sempre foi tão forte que eu decidi correr o risco.

Foi uma loucura, mas uma loucura por amor.

Eu só preciso de uma chance para fazê-la feliz.

O toque estridente do meu celular me faz despertar dos meus devaneios e me traz de voltar para a realidade. Ao olhar para o visor, vejo a brilhar no nome de Dr. Edwin, médico responsável por Mia.

— Edwin?

— Carter? Tenho notícias de Mia, amigo. Pode passar aqui no hospital para conversarmos?

— Minha amiga está bem? — Pergunto já me levantando do sofá.

Pego minha jaqueta, a visto rapidamente enquanto equilibro o telefone entre o meu ombro e a minha orelha.

— Ela acordou. — Meu mundo para com a notícia. Há dias que eu durmo e acordo sonhando com essa possibilidade. — Mas temos algumas coisas para conversar.

— Estou a caminho. — Digo depois de bater a porta do meu carro e colocar o cinto.

Não espero por respostas de Edwin. Não tenho tempo para correr, eu só quero ver novamente os olhos cor-de-mel da mulher por quem eu me apaixonei à primeira vista. Meu carro corre pela pista e se limita apenas a respeitar as sinalizações. Faço o possível e preciso me controlar muito para não fazer loucuras a fim de chegar mais depressa ao meu destino. Durante todo o caminho até o hospital, só consigo pensar no sorriso de Mia e no como ele é capaz de iluminar todo um ambiente com tanta facilidade.

Quinze minutos. Sim, eu contei segundo por segundo até conseguir estacionar o meu carro e sair correndo de dentro dele para entrar no hospital. As pessoas me olham a correr, acredito que algumas até riem de mim por tamanha afobação.

Mas eu não me importo.

Hoje eu opto pelas escadas no lugar do elevador cheio de pessoas. Subo degrau por degrau correndo... A cada lance de escada, sei que estou mais perto de vê-la novamente. E bem.

Quando chego em seu andar, corro pelo corredor ao encontro da porta do quarto onde repousa a mulher da minha vida.

‘’131’’ está escrito na porta. Sorrio.

— James, que bom que chegou! — Henry Edwin, se aproxima de mim logo quando coloco as mãos na maçaneta e adia meu encontro com Mia por mais algum tempo.

— Oi, Doutor. Posso ver minha amiga? — Encaro-o.

— Meu filho, precisamos conversar antes... — Ele sorri amigavelmente. O senhor de meia idade parece ter boas notícias, porém, me irrita o fato de ele tentar escondê-las de mim.

— Então fale, por favor. — Digo e coço minha nuca tentando disfarçar meu nervosismo.

— Mia teve danos cerebrais, lembra? — Dr. Edwin pergunta e eu assinto com a cabeça em resposta. — Infelizmente, ela perdeu a memória e não se lembra de nada antes do acidente. Não sabe o ano em que estamos, muito menos seu nome.

— Perdeu a memória? — Sinto meu estômago se revirar com a notícia. É como se eu tivesse sido golpeado.

— Infelizmente... — O Henry lamenta e analisa mais uma vez sua prancheta.

— E há chances de que Mia recupere?

— Pode ser que leve horas, dias, meses, anos ou... — O médico suspira. — Pode ser que ela não recupere nunca. — Lamenta. — Mas, eu tenho uma boa notícia, meu rapaz...

— Que notícia? — Pergunto já impaciente querendo abrir a porta do quarto de Mia para abraçá-la.

— Fizemos novos exames pela manhã e descobrimos que Mia está grávida.

— Grávida... — Repito sem acreditar no que acabei de ouvir.

— Vai ser um pouco difícil daqui pra frente, meu jovem. Recomendo que ela faça terapia, sabe? Para conseguir lidar com tudo isso... — Ele apoia a mão no meu ombro.

E eu abro a porta do quarto dando de cara com Mia deitada em sua cama. A mulher me encara, como se eu fosse um completo desconhecido. Seus olhos, agora quase castanho-escuros, me fitam sem nenhum brilho e me constrangem. Seu rosto está pálido, seus lábios secos... A Mia à minha frente não se parece com a minha Mia. Minha doce Mia sempre teve vida no seu olhar, alegria no seu sorriso, vigor resplandecendo em sua face.

A Mia à minha frente é a Mia que eu matei.

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