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Capítulo 5 – Lar (PARTE 1)

Minha Doce Mia

Capítulo 5 – Lar

James Carter

— A gente mora aqui? — Mia ficou encantada desde que começou a escutar o barulho do mar unido ao som das gaivotas. Quando me viu estacionar com vista para a praia, ela ficou ainda mais admirada.

— Nós moramos aqui, amor. — Saio do carro e abro a porta do carro para que ela saia. — Você veio morar comigo algumas semanas antes do acidente. Digamos que aqui é o seu lugar preferido no mundo.

Quando Mia chegou a Malibu, se encantou com todos os detalhes possíveis, mas quando chegou aqui em casa, ela se apaixonou ainda mais. Acordar e ficar olhando para o mar por alguns minutos, era o seu ritual matinal. Ela também amava admirar o céu noturno estrelado... Costumava muito fazer isso à noite quando ficava agarrada a Dylan enquanto eu o invejava de longe.

Ele tinha sorte por tê-la. Tinha sorte de ter o amor tão puro de uma mulher tão incrível, linda e doce.

— Uau, aqui é lindo! — Diz enquanto tenta dividir sua atenção entre os degraus que subimos até nossa casa e o mar que fica atrás de nós. — Nós podemos ir à praia? — Pergunta me olhando como uma criança empolgada.

— Você pode tudo, amor. — Rio com seu sorriso empolgado. — Mas antes vamos te acomodar. Pode ser? — Digo quando chegamos na porta de casa.

— Jay, aqui é lindo demais! — O olhar de Mia percorre todos os lados e parece tentar assimilar todas as informações possíveis sobre o ambiente ‘’novo’’.

CONTINUA...

— Você vai gostar mais ainda quando eu te mostrar o deck... — Abro a porta e Mia entra na casa ainda a analisar. — Tenho uma surpresa para você.

— Essa casa é grande demais... — Diz pensativa.

— Teremos um filho. Precisamos de espaço, não acha? —  Quando chegamos na sala, deixo a mala de Mia ao lado da escada e a puxo até a porta do deck.

— Um filho, não dez. — Gargalha espontaneamente e me contagia.

— Talvez... Bom, não ainda. — Me escoro na porta e a olho dentro dos olhos.

Hoje seus olhos estão mais claros, em um tom quase esverdeado. Estão lindos e eu ouso dizer, que vejo certa alegria neles.

— Esse lugar atrás de mim é o seu lugar preferido da casa. Desde quando você chegou, você ama ficar aqui olhando para o horizonte e pintando seus quadros. Então, eu decidi te fazer uma surpresinha. — Abro a porta do deck e permito que Mia veja a bela visão que tanto amava admirar enquanto pintava seus quadros. — Esse quadro, era o que você estava pintando antes daquilo acontecer... — Caminho até o único quadro de Mia que tinha aqui em casa.

— É o pôr do sol daqui? — Seus finos dedos passeiam pela tela enquanto seus olhos lacrimejam.

— Sim... Você amou tanto que decidiu pintá-lo.

— E...eu sei pintar? — Pergunta gaguejando.

— É uma artista perfeita. — Me coloco atrás dela e levo minhas mãos aos seus ombros. — Hoje o dia está lindo, acredito que daqui a pouco o sol vai se pôr tão lindo quanto na sua pintura.

— Está inacabada. — Ela diz ao ver o azul do mar incompleto na tela.

— Um dia você pode tentar acabar, o que acha?

— Não sei se consigo. — Ela me olha e parece assustada. Seus olhos estão mais escuros e Mia se livra do meu toque indo até a ponta do deck onde debruça sobre a madeira do guarda corpo.

O vento, sopra um pouco mais forte e desfaz o coque do cabelo de Mia... Seus cabelos se desfazem sobre os seus ombros e eu sinto que ela não está bem quando sua cabeça tomba para trás ao respirar fundo.

— O que houve, amor? — Me coloco ao lado de Mia.

— É difícil... Eu me sinto em uma roda gigante de emoções. Ao mesmo tempo em que me sinto alegre, me sinto triste. Ao mesmo tempo em que eu quero saber quem eu sou, eu tenho medo das descobertas e me sinto estranha com isso. É difícil, Jay... Eu me sinto horrível.

— Sei que deve ser difícil demais estar passando por tudo isso, Mia. Mas olha, você não precisa ter medo... Você sempre foi uma pessoa maravilhosa, não precisa ter medo de saber sobre você.

— Você me disse que somos só nós dois. Se eu sou uma boa pessoa, porque não tenho amigos? E a minha família, James? — Questiona com a voz embargada.

— Escolhemos um ao outro. — Digo segurando seu rosto com minhas duas mãos. — Nos mudamos há pouco tempo para nos casarmos. Seus pais nunca te apoiaram e isso gerava muito atrito entre vocês, por fim eles... Eles simplesmente abriram mão. Nos mudamos de Nova York para começar nossa vida aqui e sem ninguém para nos entristecer.

Seus olhos me fitam ainda escuros, porém brilhantes por causa das lágrimas que os banham. Seus lábios trêmulos parecem beijáveis demais. Isso me faz lembrar do nosso primeiro e único beijo. Beijo o qual ainda me tortura todos os dias em abstinência do toque dos seus lábios macios.

Mia sabe como deixar um homem louco mesmo sem querer. Eu daria tudo para beijá-la agora mesmo.

Talvez eu pudesse curá-la, talvez, com um beijo, ela se sentiria mais segura. Ou... infelizmente, talvez ela correria de mim por estar assustada demais.

Eu preciso ser paciente. Mia precisa confiar em mim, precisa se entregar para mim e, só assim, poderei beijá-la.

— Olá, mocinhos! — Mia estremece de susto quando escutamos a voz de Lou.

Minha mulher se põe à minha frente, quase que encolhida nos meus braços quando vê a mulher vir até mim.

— Oi, Lou! — Abraço Mia por trás a fim de tranquilizá-la. — Não sabia que já estava em casa. Eu fui buscar Mia e acabamos por nos distrair aqui. — Digo enquanto vejo Mia se livrar das lágrimas com os dedos a passear pelo rosto. — Amor, essa é Lou. Minha mãe do coração e nossa governanta. Ela me criou e eu decidi chamá-la para nos ajudar com o bebê... — Sorrio e solto-a vendo Lou se aproximar para abraçá-la.

— Oi... é um prazer. — Lou abraça Mia que sorri e fecha os olhos dentro do abraço da minha mãezinha. — James nunca esteve tão encantado e apaixonado antes.

— O prazer é todo meu, Lou... Fico feliz por ver mais um rostinho que posso chamar de amigável. — Mia sorri para Lou que analisa seu rosto.

— Estarei aqui para o que precisar, minha menina. Por você, pelo bebê e por aquele bebezão de quase dois metros. — Lou sorri e vem até mim para apertar minha bochecha como sempre faz. — Já acomodou sua noiva? Já deu a ela algo para comer?

— Obrigada, Lou, mas eu não tenho comido muito... ando muito enjoada e, tudo o que como não fica muito tempo no meu estômago. — Mia choraminga enquanto envolve sua barriga, ainda imperceptível, com seus braços finos.

— Mas precisa se alimentar, minha filha... Vamos, vou preparar um caldo e eu prometo que você não vai passar mal com ele. Pode ser? — Lou pisca para Mia que logo abre um sorriso esperançoso.

— Promete? Por que ontem eu não consegui comer nada. — Ri.

— A comida da Mama Louise é milagrosa, minha flor. — Lou vira as costas e volta a caminhar para dentro de casa, mas antes se vira para gritar comigo. — Façam o que tiverem que fazer e logo entrem para casa para se alimentarem!

— Ok, Lou!

— Jay, que amor de mulher! — Mia diz admirada. — Ela não é mesmo sua mãe? Pois eu adoraria tê-la como sogra. — Rio.

— Ela vai te mimar muito... Quero nem ver com o nosso filho. — Digo.

— Você fala com muita convicção que é um menino. — Mia diz e eu consigo vê-la a acariciar sua barriga.

— Eu já consigo imaginá-lo. — Digo e viro-me para o mar e escoro-me no guarda corpo.

— E como ele é pra você? — Pergunta e se abraça ao meu braço apoiando sua cabeça ali.

É um simples gesto, mas algo que faz o meu coração quase sair pela boca por tamanha alegria. Foi um gesto simples dela, porém, foi um gesto espontâneo. Isso significa muito para mim. Qualquer mínima manifestação de afeto vindo de Mia, significa muito para mim.

Mia é tudo para mim.

— Eu o imagino exatamente como você. Seu nariz, sua boca, seu cabelo, seus olhos... — Digo e viro minha cabeça para encontrar seu olhar. — Por que eu amo tudo em você.

E também porque eu não sei se eu conseguirei conviver diariamente com uma cópia perfeita de Dylan.

— Por que não uma menina? Aliás, você não é nada feio para que nosso filho ou filha nasça parecido apenas comigo.

— Amarei se vier uma princesa. — Sorrio com sua fala. — Mas... Sabe quando você se imagina sendo mãe ou pai e é automático pensar na criança como menino ou menina? Não sei explicar... Acho que eu sinto que eu e meu filho seremos melhores amigos, quero ser para ele o que meu pai nunca foi para mim.

— Sinto muito. — A mão de Mia passeia pelo meu braço acariciando-me. — Enfim, Eu não consigo imaginar nada ainda, mas eu amo essa criança, Jay. — Ela sorri. — Amo mais que a mim mesma. — Declara e fecha os olhos. — Tudo o que eu mais quero é tê-la e poder segurá-la nos meus braços.

— Uns oito meses e já estaremos com nossa família bem completa. — Beijo sua testa.

— Parece uma eternidade. — Mia ri.

— Mas vamos ter muito o que fazer até chegar lá, ok? Teremos com o que nos ocupar. Vamos entrar? Vou te mostrar nossa casa e aí a gente vai comer o que a Lou preparar...

— Vamos sim. — Guio Mia para dentro de casa.

— Aqui é a nossa sala de estar. Ali atrás tem um escritório que é onde eu trabalho quando eu não vou para o escritório no centro.

— Escritório? O que você faz? — Pergunta enquanto subimos as escadas para o segundo andar.

— Sou advogado. Tenho um escritório de Advocacia no centro de Malibu.

— Hmm, entendi. — Assim que chegamos ao segundo andar, Mia me encara.

— Eu trabalhava? — Para à minha frente antes de andarmos pelo corredor dos quartos.

— Sim, em Chicago. Você costumava expor seus quadros em uma galeria lá, mas parou quando viemos pra cá. — Sou sincero.

Ana Beatriz Henrique

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