Minha doce Mia
Capítulo 4 - Azul
James Carter
Meu celular toca e eu desperto dos meus pensamentos enquanto arrumo mais alguns detalhes na casa. Comprei tintas, telas, cadernos de desenhos, lápis, entre outras coisas que Mia gostava de fazer. Acredito que seja bom para ela no processo de se sentir mais perto de seu verdadeiro eu. Tiro o aparelho do meu bolso e sorrio ao ver o nome de Henry Edwin.
— Doutor, tudo bem? — Pergunto assim que atendo.
— Olá, James! Só estou passando para informar que Mia acordou muito disposta hoje e eu estava imaginando que posso dar alta para ela. O que acha?
— Uma maravilha, doutor! — Deixo de lado alguns materiais e vou até a varanda com o telefone ainda no ouvido.
A tarde está ensolarada, a maré está cheia e as ondas furiosas. A brisa fresca permite-me fechar os olhos e sorrir por finalmente sentir que tudo finalmente está tomando o devido rumo.
— Posso ir buscá-la? — Pergunto sentindo a brisa fria tocar meu rosto sorridente.
— Sim. Venha quando puder e me aguarde para conversarmos sobre como procederemos depois que ela for para casa. Sabemos que Mia perdeu a memória e precisamos fazer o possível para que ela a recupere, ok?
— Ok... — Essa parte não me agrada muito. — Daqui a meia hora eu chego aí para conversarmos, Doutor. — Aviso. — Podemos conversar sem a Mia? Digo, não quero que ela se sinta mal, sabe? Ela ainda está muito sensível com tudo isso.
— Tudo bem, James. Até logo.
— Até logo.
Mia não precisa se recordar da sua vida antiga. Não quando eu tenho coisas melhores para apresentar a ela no nosso futuro, juntos.
Depois de desligar o telefone, corro para o andar de cima onde eu entro no meu quarto e troco minhas peças de roupa. Tiro minha bermuda, coloco calça, uma blusa polo e calço tênis. Saber que a alta de Mia será mais cedo que o esperado me deixou extremamente animado. Não consigo esperar muito, então eu só me preocupo em trocar de roupa, fechar a casa, entrar no meu carro e, chegar o mais próximo de voar para encontrá-la.
Não vejo a hora de tê-la em casa, de poder desfrutar o máximo de sua companhia, de poder me sentir à vontade para cuidar dela do meu jeito. Com todo o amor que sempre guardei comigo. Com todo o amor que sempre pertenceu a ela.
O caminho até o hospital é feito rapidamente, porém, com cautela. Quando chego, deixo o quarto de Mia de lado por alguns instantes e vou logo ao encontro da sala de Doutor Edwin. Duas batidas depois, o senhor me permite entrar.
— Olá, doutor! — Digo antes de fechar a porta e me encaminhar até ele.
— Olá, James! Veio bem rápido, meu rapaz! — Ele aperta a minha mão e faz sinal para que eu me sente em uma cadeira à frente de sua mesa. — Sente-se, por favor. — Pede e senta-se em sua cadeira.
— Eu estou ansioso para ter minha mulher em casa novamente, doutor... Quase não consigo dormir sem ela, sabe? Está sendo bem complicado conviver com Mia longe.
— Eu imagino, James... — O doutor declara com um pequeno sorriso nos lábios. — Ela está animada com a ideia da alta... Eu só te chamei aqui mesmo para dar algumas recomendações, entende?
— Sim, claro. — Endireito meu corpo na cadeira e encaro o homem com atenção.
— Sua noiva teve lesões cerebrais que a levaram à amnésia. Já conversamos, e eu imagino que você também já deve ter pesquisado sobre.
— Sim, claro. — Respondo.
— Mia perdeu grande parte das memórias, se lembra de poucas coisas e, se quisermos que ela recupere o que perdeu, é bom que ela seja estimulada.
— Eu entendo, doutor. Eu pretendo auxiliá-la na recuperação no que for possível.
— Mas, é preciso paciência, Carter... Ela precisará, além de estímulos, com coisas que remetam memórias antigas, ela precisará de muita compreensão e paciência. Respeite o tempo dela, seja compreensivo. Esse é um processo bem delicado.
— Mia é tudo de mais importante que eu tenho, doutor. Serei tudo o que ela precisar.
— Também acho importante Mia fazer terapia, sabe? Para auxiliar ela nessa busca pelo seu eu, na compreensão de tudo o que tem acontecido.
— Sim, com certeza. — Concordo.
— Ela tem se negado a conversar com a psicóloga aqui do hospital, no entanto, acredito que aos poucos, ela vá cedendo. Você parece ser a única pessoa em quem ela confia. Seria bom se conversasse com ela sobre isso. — Henry Edwin se levanta da sua cadeira e vai até a porta. Eu o acompanho. — Vamos encontrá-la?
— Conversarei... — Digo enquanto o acompanho pelo corredor extenso até o quarto de Mia. — E o meu filho?
— A gravidez está no início, quase cinco semanas de gestação... O bebê é um guerreiro. Não é uma gravidez de risco, mas exige cuidados. Enviarei para você o contato de um médico para cuidar dele e da Mia nessa parte, sugiro que não deixem de ir.
— Pode deixar. — Sorrio quando avisto a porta do quarto de Mia.
Doutor Edwin abre a porta e logo o meu olhar encontra com o da mulher da minha vida. Seus lábios abrem um largo sorriso e, ela se levanta da cama correndo até mim e me surpreendendo com um abraço.
— Boa tarde, meu amor! — Meus braços a envolvem em um terno abraço. Seus cabelos estão presos em um coque e ela já não está mais com a roupa de hospital.
— Boa tarde, Jay! — Ela me chama assim. Naturalmente, como se já me chamasse assim há tempos... Como ela sempre me chamou. Jay. — Ela separa o abraço e me encara com brilho no olhar. — Me leva embora daqui, por favor!
— Como eu disse, ela está muito empolgada com a alta. — O doutor ri.
— Isso quando eu não estou vomitando ou morrendo de sono. — Mia ri e abraça seu próprio corpo, enquanto abaixa o olhar.
— Isso é normal, doutor? — Acaricio seu rosto um pouco pálido e seus olhos um pouco fundos.
— Sim, papais... Ela está grávida. Enjoos são bem comuns. — Doutor Edwin vai até a cama de Mia e analisa a prancheta dela assinando alguns papéis presentes ali.
— Seus exames estão ok. Não existe o porquê continuar aqui por mais tempo, mocinha. — Doutor Edwin sorri para Mia que me encara sorridente.
— Obrigada, doutor! — Minha mulher abraça o homem forte antes de voltar-se até sua cama e pegar a mala. — Podemos ir? — Pergunta me olhando.
— Tudo o que eu mais quero, senhorita, é te levar para casa. — Caminho até ela, pego a mala de sua mão e, a abraço de lado.
— Cuide dela, rapaz. — Edwin me encara.
— Obrigado, doutor. Obrigado por ter cuidado da minha vida... — Viro-me para Mia e beijo o topo de sua cabeça.
Na mesma hora, suas bochechas ficam vermelhas e um pequeno sorriso brota nos seus lábios. Ela sempre foi assim, no entanto, sempre amou gestos como esse.
Saímos do hospital lado a lado, depois de nos despedirmos de Edwin e algumas enfermeiras que cuidaram de Mia. Quando colocamos nossos pés para fora do hospital, Mia tira meu braço do seu ombro e dá alguns passos à minha frente enquanto olha para o céu acima de nós.
O céu em Malibu está lindo, completamente azul.... A cor preferida de Mia.
— Lindo, não é? — Dou alguns passos e fico ao lado de Mia novamente.
— Eu gosto de azul. — Sorri enquanto encara o céu. — Me traz uma tranquilidade, sabe?
— É a sua cor preferida mesmo. — Complemento. — E você sempre teve fascinação pelo céu. De dia, a noite... sempre amou. Gostava também de admirar as estrelas.
— É mesmo?
— Sim... — Sorrio e coloco minhas mãos no bolso enquanto encaro meus pés.
— James. — Ela chama pelo meu nome desviando seu olhar do céu.
— Oi, meu amor...
— Obrigada por estar aqui. — Declara sorrindo.
— Não tem outro lugar que eu gostaria de estar, Mia. — Toco seu queixo com meu polegar. — Eu te amo.
— Me desculpa, mas não consigo dizer o mesmo ainda... — Sorri sem graça.
— Ainda, meu amor. É só uma questão de tempo. — A puxo para mim e beijo sua testa.
Mia vai me amar. Conquistá-la é apenas uma questão de tempo.
Minha Doce Mia Capítulo 5 – Lar James Carter — A gente mora aqui? — Mia ficou encantada desde que começou a escutar o barulho do mar unido ao som das gaivotas. Quando me viu estacionar com vista para a praia, ela ficou ainda mais admirada. — Nós moramos aqui, amor. — Saio do carro e abro a porta do carro para que ela saia. — Você veio morar comigo algumas semanas antes do acidente. Digamos que aqui é o seu lugar preferido no mundo. Quando Mia chegou a Malibu, se encantou com todos os detalhes possíveis, mas quando chegou aqui em casa, ela se apaixonou ainda mais. Acordar e ficar olhando para o mar por alguns minutos, era o seu ritual matinal. Ela também amava admirar o céu noturno estrelado... Costumava muito fazer isso à noite quando ficava agarrada a Dylan enquanto eu o invejava de longe. Ele tinha sorte por tê-la. Tinha sorte de ter o amor tão puro de uma mulher tão incrível, linda e doce. — Uau, aqui é lindo! — Diz enquanto tenta dividir sua atenção entre os degraus que subi
Mia sempre amou pintar e expor suas telas, mas deixou tudo de lado quando decidiu vir para Malibu com Dylan. Ele não tinha nada, não teria futuro nenhum e não se importou quando ela deixou tudo que construiu de lado por ele. Mia poderia facilmente ter conquistado o mundo com seu talento, mas preferiu desistir de tudo por ele. — E eu não trabalho mais? — Pergunta e eu consigo ver seu olhar triste voltar para o seu rosto. — Podemos ver isso futuramente... Se você quiser, pode se recuperar, voltar a pintar e aí a gente procura por alguma galeria que aceite expor suas telas. O que acha? Amar é isso, apoiar o outro em suas paixões. Minha Doce Mia, se você pudesse ver o quanto eu te amo! — Ok... — É tudo o que ela fala antes de sair da minha frente e se colocar ao meu lado novamente. — Vamos lá? — Pergunta me encarando. — Essa é uma sala de tv aqui de cima. — Falo para Mia apontando para a ampla sala do segundo andar. — Lá embaixo tem mais uma sala de estar com tv, essa é a daqui de cim
Minha Doce Mia Capítulo 6 – Perdendo o sono James Carter Logo depois da janta que Louise fez questão de preparar para nós, Mia sentiu-se enjoada, passou mal mais uma vez e decidiu ir dormir antes que eu a levasse novamente para o hospital. Lou me tranquilizou falando que grávidas são assim mesmo e que eu poderia deixá-la dormir um pouco a fim de que ela se sentisse melhor. Só consegui ficar em paz quando vi o semblante sereno da mulher a dormir ao meu lado. Só então eu consegui levantar-me da cama dela e começar a trabalhar. Com tudo o que aconteceu, há alguns dias eu não vou ao escritório oficial e tenho me restringido a trabalhar em casa por pouquíssimas horas. Transformar a casa em um lar para Mia, levou tempo de mim. Tempo e concentração, já que, eu só conseguia pensar nela. Então agora, cada minuto em frente ao computador estudando processos, é precioso. Quando finalmente consigo desligar a tela do computador e dar fim à noite de trabalhos, me assusto quando vejo a hora no m
Minha Doce Mia Capítulo 7 – Um beijo memorável Mia Smith O relógio do criado-mudo sinaliza que são 6:59 da manhã, então eu poupo-o do trabalho de me despertar já que o sono não me abraçou por mais uma noite. Levanto-me da cama e encaro o meu reflexo no grande espelho do quarto. Meu cabelo está desgrenhado, minhas olheiras cada dia mais aparentes e o olhar vazio ainda está ali. Eu ainda me sinto estranha o suficiente para não querer me olhar no espelho por mais de três segundos, sendo assim, ignoro o reflexo da mulher que não conhece a si mesma e me preocupo em abrir as cortinas da suíte. O barulho do mar furioso se une com o barulho das gaivotas e me faz sorrir com a perfeita harmonia praiana. Quando a brisa do mar toca o meu rosto, forço-me a sorrir com seu delicado toque. — É, filho... Bom dia. — Toco minha barriga e converso com o filho que carrego em meu ventre. — Aqui parece um bom lugar para recomeçar. Às vezes eu me culpo por me sentir tão estranha, sendo que eu tenho mot
Seus olhos castanhos escuros brilham para mim. Brilham ao mesmo tempo em que ele sorri e desvia o olhar de mim para Louise, como se estivesse se certificando de que não estou a contar-lhe uma mentira. — Volto antes do almoço para almoçarmos juntos. — Entrelaça nossos dedos e beija a minha mão. — Tudo bem. — Sorrio. O toque do celular de James quebra o silêncio recém instaurado à mesa e faz com que meu noivo se levante e limpe sua boca com o guardanapo de pano antes de atender o aparelho. — Amo vocês. — São as últimas palavras de James antes de deixar um beijo sobre a minha testa e acenar para Louise. — O trabalho o chama. — Louise brinca e me faz sorrir. — Ele trabalha muito? — Pergunto despejando mel sobre meu morango e devorando a fruta melada. — Há alguns meses... — A senhora se delicia com biscoitos e um aromático chá. — Antes de ir para Chicago, ele não passava de um surfista que só se preocupava em gastar a herança dos pais. — Ri no final da declaração. — Mas, desde que vo
Minha Doce MiaCapítulo 8 – Um guerreiro3 semanas depois...James CarterUma vez, há muito tempo, eu beijei Mia. Foi o nosso primeiro e único beijo até algumas semanas atrás. Foi muito antes de eu saber que ela e meu melhor amigo já se conheciam e estavam saindo juntos. Foi dias depois de eu começar a conversar com ela no Central Park. Em um encontro, e foi incrível. Como em uma cena clássica de filmes de romance. Era inverno, nosso encontro já estava chegando ao fim, trocamos sorrisos e, eu fui tomado por uma onda de adrenalina que me impulsionou em direção à boca da mulher que não me negou naquele momento.Seus lábios ainda tinham o gosto do vinho que desfrutamos durante o jantar. Suas pequenas mãos repousaram sobre o meu ombro, enquanto as minhas sustentavam seu corpo ao segurar sua fina cintura. E durante todo o beijo eu só conseguia pensar que eu finalmente tinha encontrado a mulher da minha vida.Mas as coisas mudaram drasticamente alguns dias depois... Dylan arruinou tudo. De
Minha Doce Mia Capítulo 9 – Dylan Mia Smith O quadro à minha frente permanece incompleto, como estava semanas atrás quando cheguei em casa. Eu simplesmente não consigo terminar de pintar o sol que se põe no horizonte. Muito mal consigo segurar o pincel sem me sentir péssima. Hoje James foi trabalhar e está o dia inteiro em reunião. Pela primeira vez desde que cheguei, Lou não pôde me fazer companhia em casa e, agora, estou aqui. Só eu e o meu filho que me deixa ainda mais sensível diante da frustração de não conseguir pintar o quadro diante de mim. Pela casa, há muitos quadros que foram pintados por mim. Pelo que vejo e pelo que meu noivo me fala, eu era boa no que fazia. Toda a frustração que estou tendo é justamente por não conseguir me lembrar de como me sentir útil pintando, ou até mesmo, desenhando. Não lembrar de James hoje já não faz tanta diferença para mim. Ele já me convenceu o bastante de que eu não preciso lembrar-me do nosso passado, pois juntos temos um futuro perfe
Minha Doce Mia Capítulo 10 – Minha vida James Carter Meu peito sobe e desce em um ritmo acelerado, a água morna que cai sobre a minha cabeça parece não ser o suficiente para me acalmar. Estou eufórico, quero gritar, chorar, quebrar coisas, extravasar tudo o que senti de ruim quando vi o nome de Dylan naquele maldito caderno. Nem mesmo morto Dylan não para de atrapalhar a minha vida. Todo o medo que há em mim consiste no fato de que Mia pode realmente estar recuperando sua memória e, tudo o que construímos, pode escorrer pelos meus dedos como os grãos de areia da praia. Eu não posso perder Mia. Não posso me dar o castigo de não viver todo o futuro lindo que eu sei que teremos. Mia é tudo de mais precioso que eu tenho na minha vida. Sem ela, a vida não vale a pena ser vivida. Prefiro a morte que a vida sem Mia novamente. Nada no mundo tinha tanta cor como tem agora com Mia ao meu lado. Sua doçura, seu toque, suas palavras, sua inocência... Tudo isso deu uma cor diferente ao meu mu