Capítulo 1

Não posso dizer que minha adolescência foi horrível, porém, sempre tinha uma pequena inveja de tipos de garotos que conseguiam as coisas com facilidade, e é claro, não era uma inveja tóxica, e sim um querer de estar no lugar de um deles.

Me olhava no espelho e só via um nerd de cabelos grandes e incrivelmente rebeldes com um corpo magrelo. Mas isso foi aos meus quatorze anos, dois anos depois eu pude dizer que estava ficando melhor de aparência e etc... eu ainda não era o típico garoto popular, porém eu tentava. Mudava de estilo com muita frequência, e sempre não estava satisfeito.

Nesse época também que finalmente tive minhas ficadas e os meus namoros relâmpagos, porém, tudo isso era muito pouco e acontecia em intervalos enormes, e eu aqui otário como sempre me apaixonava pelo meu primeiro plano. No final eu era rejeitado, parecia que tinha sido jogado em mim, uma maldição. Chegou em um momento de minha adolescência que fiquei longos períodos de tempos sem ninguém ao meu lado, isso tudo após fazer dezessete anos. Não segurei a barra e virei um adolescente dramático em pleno final de adolescência. Meus amigos me zoavam. Certa vez, um deles comentou sobre uma suposta mulher que poderia tirar o azar do meu corpo, hahaha! meus amigos da época adoravam dizer que meus problemas eram por conta de uma maldição ou macumba. Acabei levando a sério o que parecia ser apenas uma brincadeira. Me derão até a localização desse lugar, porém, no começo não quis ir porque eu estava em mais um plano, uma morena chamada Juliete que eu estava jogando as minhas esperanças nela.... mas como devem ter noção, mais uma vez fui trouxa e fui iludido. Já estava muito especialista nisso, tanto é que cogitei deixar pra lá essa ideia de ir no park de diversões para falar com a cartomante. Mas o pior foi que o destino acabou me levando para esse lugar, e no meu bolso tinha vinte dólares suficientes para pagar o preço.

No dia fiquei olhando para a entrada pensando se essa era uma boa ideia pois ela poderia ser uma farça, entretanto preferir arriscar porque trouxa eu já era mesmo!

Assim que entrei, senti um cheiro de cigarro e o local todo estava cheio de fumaça. Logo à frente com pouca iluminação, estava sentada uma mulher de cabelos longos e platinados que aparentava ser alta e também devia ter em torno de vinte e poucos anos. Ela nem parecia ser americana, porém, isso não é relevante...

Dei boa noite como manda a educação, e a moça tirou o cigarro da boca, apertou no pires, puxou suas cartas e mandou eu me sentar apontando para a cadeira que estava na minha frente. Me sentei devagar e com receio, e logo a cartomante espalhou as cartas na mesa e disse: — E então, o que será hoje garoto? - Ela me pergunta após pôr a última carta em sua mesa.

— Preciso retirar o azar de mim.

Ela riu zombando das minhas palavras.

— Será mesmo que o que você tem é azar, garoto?

Eu não havia gostado de não ser levado a sério, por isso acabei liberando toda a minha grosseria e meu lado dramático da época.

— Escute moça, estou pronto para pagar, não viria nesse fim de mundo se não estivesse com problemas, então por favor, me leve a sério!

— Me conte qual é o seu problema. Você falou azar, mas que tipo de azar?

Me senti envergonhado em dizer de primeiro momento, porém ela começou a me pressionar e acabei dizendo.

— Garoto não me faça perde tempo, isso aí não é azar. Talvez se você tiver mais paciência consiga achar a pessoa certa, é sempre assim meu rapaz, não gaste dinheiro a toa com algo que com o tempo vai se resolver.

Naquela época eu não estava afim de levar sermão, eu sabia na época o que queria, ou na verdade, pensava que sabia.

— Não quero saber de sermões ou conselhos, vim aqui pela sorte, olhe para mim, acha que irei achar alguma garota que não queira ficar comigo por interesse? Por favor moça, na verdade é a senhora que está me fazendo perder tempo.

— Não acho inteligente gritar com uma mulher como eu. Sua mãe não deve ter te ensinado nada, não é?

— Vou sair daqui, foi uma péssima ideia ter colocado os pés nesse lugar

- disse, me levantando e derrubando a cadeira, porém a costina se fechou e eu no momento não conseguia abrir.

— Me deixe sair da porra desse lugar agora!

— Cale a boca seu muleque, sente-se agora!

"Lembro até hoje da voz dela ecoando por toda aquela tenda. Me sentei quase que automática mente."

— Muito bem, notei que você tem um problema sério de não ter paciência, está sendo muito arrogante. Você tem um problema, mas custa ter paciência? Olha só garoto, você tem uma aparência nada demais, não é feio e nem lindo, mas... você é guloso, então pelo motivo de ter esse espírito da gula de sempre querer mais, consertarei o que você diz que está errado, Renzo Marcellus. Porém terá um preço...

— Do que está falando? - Sentia todo o meu corpo tremer diante ao que viria pela frente.

Ela pegou o cinzeiro, juntou com outro pó, mexeu as duas excencias e rumou em mim. Imediatamente começei a tossir e cair no chão tentando puxar o ar. Lembro que a falta de ar me causou um desespero horrível ao ponto de me contorcer no chão.

Depois de uns dois minutos, a mulher falou algo que ficou guardado na minha mente até hoje...

— Você terá a partir de hoje, uma beleza hipnotizante e uma conversa impecável, capaz de ter todas quando quiser. Você irá iludir, partir os corações de muitas, e ainda sim se sentirá o dono da razão. Você não conseguirá se sentir culpado, não vai conseguir se apaixonar facilmente, apenas terá o que você tanto desejou, e ainda sim, todas iram se apegar a você e tu pelo ao contrário, não vai se apegar. Estará sujeito a mágoa qualquer uma que tiver relações.

Fiquei em choque pelas coisas que ela dizia, que soavam igual profecias. Minha garganta ardia, porém ela não acabará de dizer tudo.

— Como não sou uma Bruxinha má, você encontrará a pessoa que tanto procura, porém, não será garantia que você a possua, até porquê, essa mulher não vai ser igual as outras. Ela não cairá em seus joguinhos facilmente. Terá que provar para ela que a ama, e não ao contrário.

Depois desse dia, minha aparência mudou drasticamente, e tudo que a "cartomante" havia lançado sobre mim, havia se realizado, até mesmo a maldição de ter todas porém não querer nenhuma das opções.

Era como se cinquenta fodas não valessem uma foda, e eu sei que será mais que isso, e sei, que como disse a cartomante anos atrás, acharei a mulher que estou procurando.

Continua...

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo