Henry Eu acordei me sentindo um pouco desnorteado poucas horas depois, o quarto estava escuro pois as velas tinham se apagado e as cortinas estavam fechadas. Eu me sentei na cama, sentindo um pouco de frio por não estar vestido antes de observar Emma adormecida ao meu lado. Emma! Não, não, não... O que eu fiz!? Emma se movimentou na cama, virando o rosto que exibia uma expressão tranquila em minha direção. Como eu pude fazer isso a ela!? Os detalhes da noite anterior começaram a me atingir enquanto eu a observava ali ao meu lado, deitada de bruços com parte da pele de suas costas exposta. Eu deveria ter esperado, nós iríamos nos casar, eu precisava ter esperado! Era minha obrigação! O que aconteceria à sua frágil reputação caso alguém descobrisse o que aconteceu aqui na última noite? Emma já tem tido tantos problemas para se ajustar. Eu estraguei tudo! Eu me dei conta que algum empregado apareceria a qualquer momento, ela precisa sair daqui, ninguém pode saber que ela passo
EmmaEu fiz o que Henry pediu e consegui chegar ao meu quarto sem chamar atenção de ninguém, apesar do coração disparado. Ele estava assim desde que Henry me acordou, eu tinha certeza que ele havia me usado e estava me expulsando de vez de sua vida, mas após sua breve explicação eu me tranquilizei um pouco, na medida do possível.Eu limpei todo aquele sangue com cuidado, me vestindo em seguida. Uma sensação de culpa começou a me consumir, como eu poderei encarar todas as pessoas sabendo o que eu fiz? Como será minha conversa com Henry? O que ele está pensando sobre tudo isso?Espero que ele tenha falado a verdade quando disse me amar, porque eu certamente fui sincera. Eu estava ponderando se deveria ou não sair do quarto quando uma batida na porta me sobressaltou. Quem poderia ser? Henry? Eu não creio que a conversa aconteceria no meu quarto. Ele pediu para alguém me chamar? Segui temerosa até a porta, encontrando Katherine Dashwood parada ali, segurando o que parecia ser alguns len
Emma Nós saímos da casa, caminhando pelos jardins até chegar a um lugar isolado aos fundos da propriedade, ao verificar que estávamos realmente sozinhas, ela se sentou em um banco, me incitando a fazer o mesmo. Eu aguardei que ela se pronunciasse, sentindo uma certa ansiedade tomar conta de mim. — Srtª Ferguson, nós precisamos.. — Eu sinto muito — Eu a interrompi. — Espere eu dizer o que eu quero antes de se desculpar, Emma — Ela conteve um sorriso. — Sim senhora. — Eu mordi meu lábio. — Você já deve ter percebido que Henry me contou tudo. — Ela respirou fundo — O que vocês fizeram foi muito grave e irresponsável! — Sim eu sei... — Vocês poderiam ter perdido tudo, Srtª Ferguson — Ela continuou me arrancando uma risada nervosa. Perdido tudo? Como se eu tivesse muito a perder. — Falei algo engraçado? — Eu não tenho nada mais a perder Srª Dashwood — Eu desviei o olhar — Eu não tenho família, não tenho fortuna, e isso é o menor dano à minha reputação caso descubram de onde eu vi
Emma Eu dei alguns passos vacilantes para trás. Ele estava morto, o que está acontecendo!? — Emma — Ele segurou meus braços me avaliando — É mesmo você! — Não... Você está morto! — Eu exclamei, tentando me soltar. — Não estou. Eu consegui fugir — Ele ofegou — Eu não fui o único. — O que? — Eu repeti piscando atordoada — Outros sobreviveram? — O que aconteceu com você? — Ele me avaliou ainda me segurando — Nós te seguimos desde Melrose. Lash te viu entrando em uma carruagem, mas nós demoramos para descobrir aonde você foi parar. Eu não consegui responder. Continuei o encarando confusa e sem acreditar. Lash também estava vivo? Quantos sobreviveram? — Por que você está vestida dessa forma? — Ele fez uma careta. — Eu vivo aqui agora — Eu recuperei minha voz — Dois senhores me ajudaram a escapar e me abrigaram. — Te abrigaram? — Ele rosnou — Você está vivendo entre os gadjikanes¹? — Eu estou viva — Eu retruquei. — Ótimo, então você pode vir comigo — Ele respondeu em um tom pe
Henry Eu estava tentando me concentrar na carta que estava respondendo enquanto aguardava o Sr Martin, um dos fazendeiros da região que tinha agendado uma reunião comigo, mas minha mente estava sempre voltando à Emma. Eu devia ter insistido em acompanhá-la, mesmo que tivesse que levar Christopher e Kitty conosco.Eu desisti do que estava fazendo e passei a andar de um lado para o outro em minha sala. Por que estou tão incomodado com isso? Emma tem razão, Dyrham Park não fica longe, ela já deve estar com Georgiana nesse momento.Talvez eu devesse ir até lá, apenas para garantir que está tudo bem. O Sr Martin chegou para nossa reunião, me obrigando a tirar Emma de meus pensamentos e passar a dedicar minha atenção ao homem à minha frente. Eu me esforcei ao máximo para ouvir seus planos de expansão de sua fazenda, mas não conseguia me concentrar.Assim que ele sair daqui, eu irei até Dyrham Park, não a deixarei retornar sozinha para Casterly Park. Não entendo o que está acontecendo, mas
Henry Eu não aguardei a resposta, caminhei apressado Até Emma, a tomando em meus braços, Harriet se levantou em seguida. — Henry? — Emma balbuciou incerta, tentando fixar seu olhar no meu. — Vá depressa, eu cuido desses — George me instruiu indicando mais dois jovens ciganos que estavam contidos em um canto junto aos homens que acompanhavam Gillies. Abri caminho por entre a multidão com Harriet me seguindo de perto, eu finalmente pude notar parte do estrago causado à Emma. Sangue seco manchava o canto direito de sua boca, enquanto uma série de hematomas se formavam em todo aquele lado de seu rosto. — Henry... — Ela voltou a piscar atordoada, fazendo uma careta de dor em seguida. — Não tente falar — Eu pedi caminhando com ela em meus braços até meu cavalo — eu estou aqui, você vai ficar bem. — Não.. você não pode... — Emma, se eu te colocar no cavalo, você consegue se manter em cima dele enquanto eu monto? — Eu questionei preocupado. — Monte primeiro — Willian Burkhart se apr
Emma Eu observei com pesar Henry sair do quarto, me deixando ali com Harriet, ainda me sentia confusa em relação a tudo o que havia acontecido. A última coisa que eu me lembro foi das mãos do Gillies em minha garganta, aquela pressão que tomou conta de minha cabeça, e então a escuridão apareceu. Não sei quanto tempo se passou até a chegada de Henry e o que impediu que me matassem, mas... Eu estou viva.— Como você se sente? — Harriet questionou com cuidado.— Como se um cavalo tivesse caído em cima de mim — Eu respondi com dificuldade. Minha garganta doía e minha voz parecia mais rouca que o normal.— É uma boa definição para o que aconteceu — Ela sorriu de forma acalentadora. Uma criada entrou no quarto e entregou uma muda de roupa branca para a Harriet, ela se aproximou da cama, se sentando na beirada e estendendo uma camisola sobre meu corpo. — Meus vestidos jamais serviriam em você, mas isso... tenho certeza que ficará bom — Ela colocou uma mecha de cabelo atrás de minha orel
Emma Adormeci pelo restante da tarde, despertando quando a noite já avançava, encontrando meu quarto iluminado por velas. Eu tentei me mover para olhar ao redor mas a dor que eu sentia antes em meu corpo havia se multiplicado. Minha garganta ardia enquanto minhas costelas latejavam e meu rosto parecia ainda mais inchado do que antes, acompanhado de uma leve dor de cabeça. Eu tentei me situar, mas aquela parecia uma tarefa impossível naquele momento, meu corpo e minha cabeça estavam pesados, como se ainda estivessem anestesiados, apesar da dor que me consumia. Após ouvir uma movimentação em um canto do quarto consegui virar meu rosto naquela direção, Henry estava sentado em uma poltrona perto de uma pequena mesa onde jazia um castiçal, ele lia um livro e parecia totalmente alheio à minha consciência. Sua presença me confortou um pouco, fazendo com que eu me lembrasse da conversa com Harriet antes. Ele ficou o tempo todo ao meu lado? — Hey — Eu tentei falar, mas não saiu nada além