Emma Acordei mais cedo que de costume no dia seguinte, provavelmente estranhando o novo local. Eu desci para o café da manhã e o lugar estava completamente vazio, apenas os criados estavam presos em seus afazeres. Eu retornei à biblioteca onde o meu desenho não terminado da noite anterior jazia sob uma mesa ali. Eu o peguei e caminhei até o jardim, decidindo me ocupar um pouco. Me sentei em um banco observando a paisagem à minha volta, esse lugar é deslumbrante. Eu estou mesmo vivendo aqui? Uma lembrança de meu pai me atingiu com força enquanto eu tentava desenhar as montanhas por trás dos olhos de Henry. Nós estávamos caminhando pelos bosques de uma vila desconhecida para mim, eu tinha pouco mais de quinze anos e nós avistamos uma bela construção ali perto, nosso costume sempre foi nos afastarmos das casas, mas naquele dia meu pai me guiou até o local. Eu estava irritada pois tinha acabado de recusar a primeira tentativa de casamento que ele arrumou, e ele tinha me chamado para
Henry— Mãe, a senhora viu o Christopher? — Eu questionei ao encontrá-la no corredor, após deixar Emma na sala de música com Kitty.— Desculpe querido, eu não... Não esperei que ela concluísse a frase, seguindo em direção ao jardim. Ele passou dos limites dessa vez. Pedir Emma em casamento? Eu poderia matá-lo.Infelizmente ele não estava mais no jardim, fazendo com que eu voltasse para a casa à sua procura.— Srª Jerkins, a senhora viu o Sr Kinghley? — Eu interceptei minha governanta, que me lançou um olhar surpreso.— Eu irei procurá-lo imediatamente — Ela sugeriu.— Não é necessário, eu o encontro — Eu garanti antes de voltar a caminhar.Onde ele está?Eu segui até seu quarto, batendo na porta insistentemente até me convencer de que ele não estava ali. Quando eu encontrá-lo...Eu me tranquei em meu quarto enquanto tentava me acalmar. Eu não posso matar o meu primo por pedir Emma em casamento. Mas ainda assim preciso garantir que isso não volte a acontecer.Fui até a janela, observa
HenryCorri em direção às escadas vendo Emma terminar de subi-las com passos obstinados. Eu apressei meus passos na tentativa de alcançá-la,e consegui assim que chegamos à porta de seu quarto, impedindo que ela a fechasse. Eu entrei, fechando a porta atrás de mim, enquanto Emma seguia até a janela, me ignorando deliberadamente.— Emma.— Se você está esperando um pedido de desculpas, desista. — Ela se virou em minha direção com um olhar furioso.— Eu sinto muito...— Não se atreva — Ela se aproximou — Não se atreva a se desculpar mais uma vez.— Eu não queria que você ouvisse nada disso, ela passou dos limites, mas você precisa entender.— Eu preciso entender o que? — Ela ergueu a voz — Que o meu lugar não é aqui? Eu já entendi.— O seu lugar é aqui! — Eu segurei seus braços, sentindo um desespero ao tentar fazê-la entender o perigo que aquela defesa aos ciganos representava — Mas se você continuar agindo dessa maneira descobrirão sobre você... Como eu poderia explicar tudo?— Descul
Emma Eu caminhei até a cama sentindo minhas pernas trêmulas e algo se revirando em meu interior. A sensação dos lábios de Henry em minha pele ainda me causava arrepios. O que estávamos pensando? Apesar de já ter beijado um rapaz durante minha vida, nunca me senti dessa maneira. Nunca foi tão intenso, e nunca desejei tanto alguém como eu o desejo. Meu corpo ansiava desesperadamente por Henry, eu não conseguia pensar em mais nada. — Isso não pode estar acontecendo — Eu deitei na cama escondendo o rosto no travesseiro. Tudo bem Emma, você precisa se acalmar nesse momento. Decidi me despir e tentar dormir um pouco, apesar de ainda ser cedo, eu precisava me livrar daqueles pensamentos de alguma forma, eu precisava conseguir. Uma batida na porta chamou minha atenção quando eu terminava de soltar meu cabelo, após estar apenas usando a longa camisola. Ele voltou? Eu caminhei até a porta com expectativa, mas para minha decepção, não era Henry quem estava ali. Eu encarei Kitty por alg
EmmaEu estava prestes a responder aquela provocação quando Henry surgiu na beira da escada. Eu não pude deixar de admirar sua beleza enquanto ele aguardava com paciência que nós terminássemos de descer os degraus.— A carruagem está nos aguardando — Ele avisou com uma breve reverência.— Henry, você deve nos elogiar imediatamente — Kitty ralhou.— Vocês duas não precisam de meu elogio para saberem que estão bonitas — Ele garantiu — Embora eu...— Srtª Ferguson — Christopher o interrompeu ao sair de uma das salas, ele arrebatou minha mão em um movimento e levando-a até os lábios — A Senhorita está divinamente encantadora.— É muita gentileza da sua parte, Sr Kinghley — Eu retribui, tentando não ignorar o rapaz à minha frente, enquanto Henry lançava um olhar grave ao primo.— Você deveria aprender como se faz, irmão — Eu ouvi Kitty provocá-lo.— Permita-me guiá-la até a carruagem — Christopher ofereceu o braço, me deixando sem saber como reagir. Eu não poderia recusar e esperar que He
Emma Assim que nos separamos ao fim da melodia, eu notei Henry parado me observando a certa distância. Ele não dançou com ninguém? Eu planejava seguir até ele, mas Georgie me interceptou no meio do caminho. — Você estava mesmo dançando com o Sr Kinghley? — Ela sussurrou. — Infelizmente. — Eu suspirei, observando ele se aproximar da jovem de antes. — Você se saiu bem, está atraindo atenção — Ela me provocou. — Eu não quero atrair atenção — Eu gemi. — O Sr Dashwood já a convidou para dançar? — Georgie instigou. — Não — Eu suspirei, pensando se deveria ou não contar à Georgie sobre nossos beijos, desistindo da ideia em seguida. Ninguém poderia sequer sonhar sobre isso. — O Sr Kinghley foi mais rápido. — Você acha que ele irá te convidar? — Ela sorriu. — Eu não sei... Eu me calei ao notar um rapaz ruivo se aproximar, vindo diretamente até nós. — Srtª Crawford. — Ele a cumprimentou — É um prazer revê-la. — Sr McGregor — Georgie sorriu abertamente enquanto o jovem lançava um ol
Emma Por mais que Henry afirme que minha essência não mudou, não é dessa forma que eu vejo. Esse baile foi a prova disso, eu me diverti! Eu me diverti quando não deveria, esse pandeiro era uma parte de mim que eu estava ignorando há muito tempo, sufocando-a dia a dia. Eu o movimentei suavemente, ouvindo o som que ele produzia. Eu senti falta disso, realmente senti. Respirando fundo eu fechei os olhos, deixando minha mente vagar para a música que minha mãe sempre cantava para mim. Não era uma música cigana, mas eu adorava o ritmo e até meu pai aprendeu a tocá-la para que pudéssemos dançar. — I hear your voice on the wind. And I hear you call out my name Eu comecei a entoar em um tom que que assemelhava a um sussurro, se eu me concentrasse o suficiente, ouviria a melodia e a voz de minha mãe me acalentar. — Listen, my child!' you say to me, I am the Voice of your history, Be not afraid — come follow me, Answer my call and I'll set you free.' Eu passei a me mover conforme meu ritmo
HenryEmma me deixou ali na biblioteca desnorteado, eu não conseguia pensar em nada além dela, nada mais existia em minha mente. Mas ela teve razão em se afastar daquela maneira, o que eu estava prestes a fazer era inaceitável.Eu respirei fundo seguindo até meu quarto, eu preciso me casar com ela. Preciso me casar com ela o quanto antes, está mais do que claro que o meu plano de um noivado longo é inviável para ambos.Eu tirei minha bota começando a me despir, tentando extinguir a excitação que tomou conta de meu corpo, mas a todo momento minha mente vagava até Emma, ela estava a poucos metros de distância, eu poderia ir até ela com facilidade, ninguém saberia.Ninguém saberia.Não! O que estou pensando? Eu não poderia fazer isso com Emma. Ela é a mulher mais incrível, forte e dedicada que eu conheço. Não posso me desgraça-la com ela dessa maneira.Por outro lado, eu quero fazê-la minha esposa! Está claro que não estou me divertindo com ela! Eu me casaria com ela amanhã se fosse pos