A teia da ameaça

- Me machucar? Por quê? Quem é o seu pai, Adam? O que ele quer?

Adam passou as mãos pelos cabelos, num gesto de frustração e angústia. Ele parecia carregar um fardo pesado demais para seus ombros.

- Meu pai... ele é um homem poderoso, Ana. Um homem que sempre conseguiu o que quis. E ele não me quer com você. Ele acredita que você não é... adequada para mim.

As palavras de Adam atingiram Ana como um golpe. A humilhação queimou em suas bochechas, misturada à crescente sensação de perigo.

- Adequada? O que isso quer dizer? Por que ele pensa isso? Ele sequer me conhece!

- Eu tentei falar com ele, Ana. Eu juro que tentei. Mas ele não me ouve. Ele já decidiu. E quando meu pai decide algo... é muito difícil mudar sua opinião.

- Então a solução dele foi me sequestrar? Me trancar neste quarto como se eu fosse um animal? - As lágrimas voltaram a escorrer pelo rosto de Ana, a raiva dando lugar à tristeza e à impotência.

Adam se aproximou novamente, com cuidado, estendendo a mão como se temesse quebrá-la. Ana hesitou por um momento, mas a necessidade de contato humano venceu sua hesitação. Ela deixou que ele segurasse sua mão, sentindo o tremor nas mãos dele.

- Eu não queria isso, Ana. Juro por Deus que não queria. Mas ele me forçou. Ele disse que se eu tentasse te avisar ou te proteger, ele faria pior. Ele... ele tem seus métodos.

O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado de ameaças implícitas e medos não ditos. Ana olhou nos olhos de Adam, buscando alguma resposta, alguma esperança naquele turbilhão de informações.

- O que vamos fazer agora, Adam? - perguntou ela, a voz embargada pelas lágrimas.

- Ele vai nos manter aqui para sempre?

Adam apertou sua mão com mais força, um brilho de determinação surgindo em seus olhos antes tão apagados.

- Não, Ana. Eu não vou permitir isso. Eu te trouxe aqui porque era a única maneira de te proteger naquele momento. Mas eu não vou deixar que ele nos controle. Nós vamos sair daqui. Juntos.

As palavras de Adam trouxeram um fio tênue de esperança ao coração de Ana. Mas a imagem da casa isolada, do homem frio e autoritário, e a sombra do pai poderoso pairavam sobre eles, lembrando-os da perigosa situação em que se encontravam. A floresta escura lá fora parecia um labirinto de incertezas, e o futuro, um caminho sombrio e desconhecido.

- Como vamos sair daqui, Adam? - perguntou Ana, a voz ainda trêmula. - A porta está trancada, a janela é pequena demais... E aquele homem lá fora ele me parece perigoso...

Adam soltou a mão de Ana e começou a examinar o quarto com mais atenção. Passou os dedos pela moldura enferrujada da janela, tentou forçar a maçaneta da porta, que rangeu sem ceder.

- Precisamos de um plano bem feito. E precisamos ser rápidos também. Meu pai não vai nos deixar aqui por muito tempo. Ele vai querer... se livrar de você de alguma forma.

A última frase ecoou no quarto, carregada de uma ameaça implícita que fez o sangue de Ana gelar novamente.

- Se livrar de mim? O que você quer dizer?

Adam hesitou por um momento, como se lutar contra as próprias palavras.

- Meu pai... ele não é um homem razoável, Ana. Ele acredita que eu mereço alguém do "meu nível", alguém com o mesmo status social e... e riqueza. Ele vê você como um obstáculo.

A frieza nas palavras de Adam, ao repetir a visão cruel de seu pai, feriu Ana profundamente. Ela se sentiu diminuída, julgada por algo que não podia controlar.

- Então ele acha que eu sou inferior?

- Sim! - Adam se apressou em dizer, pegando as mãos dela novamente. - Mais eu não acho isso. Nunca pensei. Para mim, você é tudo. Mas essa é a mentalidade dele. E ele fará o que for preciso para conseguir o que quer.

O silêncio voltou a pairar, denso e preocupante. Ana olhou ao redor do quarto, tentando encontrar alguma inspiração, alguma brecha naquela prisão improvisada. Seus olhos pousaram na cama de ferro, na estrutura tubular que a sustentava.

- Aquilo... - ela disse, apontando para a cama. - Será que conseguimos usar alguma parte dela? Para forçar a porta ou a janela?

Adam seguiu seu olhar e pareceu considerar a ideia pela primeira vez. Ele se aproximou da cama e tentou mover a estrutura, que rangeu ruidosamente, mas permaneceu firme.

- É bem pesada e parece estar parafusada no chão. Mas talvez... talvez consigamos soltar alguma peça.

Eles começaram a trabalhar juntos, tentando desparafusar as partes visíveis da cama com as próprias mãos, já que não havia ferramentas no quarto. Era um trabalho lento e frustrante, com os dedos doendo e os parafusos teimosos. Mas a necessidade de escapar impulsionava seus esforços.

Enquanto lutavam com a cama, Adam começou a contar mais sobre seu pai. Ele descreveu um homem autoritário e controlador, acostumado a ter seus desejos atendidos sem questionamentos. Revelou que essa não era a primeira vez que seu pai interferia em seus relacionamentos, sempre os desaprovando por considerá-los inadequados.

- Eu sempre cedi, Ana. Sempre fui fraco e permiti que ele me manipulasse. Mas com você... é diferente. Eu não posso te perder. Eu não vou permitir que ele nos separe, você e minha toda minha. toco o rosto de Ana de forma possessiva.

As palavras de Adam eram um misto de culpa e determinação. Ana ouvia atentamente, tentando entender a complexa dinâmica familiar que a havia colocado em perigo. Ela percebeu que Adam também era uma vítima, preso nas teias de um pai dominador.

Depois de um tempo exaustivo, eles conseguiram soltar uma das barras de ferro da cabeceira da cama. Era pesada e relativamente pontiaguda em uma das extremidades.

- Pode funcionar como uma alavanca - disse Adam, segurando a barra. - Podemos tentar forçar a fechadura da porta.

A ideia era arriscada e barulhenta, mas parecia ser a única opção imediata. Eles sabiam que o homem que os trouxera ali poderia estar vigiando, e qualquer ruído poderia alertá-lo.

- Precisamos ser rápidos e silenciosos o máximo possível - sussurrou Ana. - E se ele vier?

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