O Jovem Lord, após o retorno sombrio do cemitério, fechou-se no silêncio de seus aposentos. Apesar do traje impecável e do porte aristocrático, seu rosto era um espelho de gelo, refletindo uma alma que nunca havia conhecido o calor do afeto genuíno. Sozinho, ele permitiu que a máscara da indiferença caísse por um instante, revelando um vislumbre da turbulência que havia por baixo.
Nesse espaço privado, as paredes testemunhavam o único lugar em que ele permitia que as rachaduras em sua fachada se tornassem evidentes. Aqui, não havia necessidade de se manter firme diante do olhar inquisitivo de Lady Sabina ou do desprezo velado de Lord Henry. Na quietude de seu quarto, o jovem Lord se permitiu contemplar seu reflexo no espelho, buscando em seus próprios olhos a resposta para uma pergunta que nunca havia feito em voz alta: o que seria dele se as circunstânciasO jovem Lord, movido por um impulso repentino, arrancou a fotografia da parede. A imagem de Sofía, sua vulnerabilidade capturada em preto e branco, parecia queimar suas mãos. Sem cerimônia, ele a colocou entre suas roupas e pertences pessoais dentro da mala, fechando-a com um clique definitivo que soou como o selo de seu destino. A mala, agora um receptáculo para suas roupas e aquele fragmento de consciência, tornou-se o símbolo de sua carga emocional.Ele se dirigiu com firmeza para a saída, cada passo ecoando pelas vastas salas como um eco de sua determinação. Não havia como voltar atrás. O avião o aguardava, uma fera metálica pronta para subir aos céus e levá-lo para a realização do último ato de uma peça escrita por Lady Sabina, mas na qual ele desempenharia o papel principal.Quando sua silhueta se delineou contra a porta que d
Depois que César teve certeza de que seu filho estava em boas mãos, ele chamou alguns seguranças e os colocou em frente à porta, ordenando que ninguém entrasse naquele quarto sem sua permissão. Não satisfeito com isso, mandou vários deles se postarem do lado de fora do quarto do filho. Ele não permitiria que nada acontecesse com ele.Mais calmo, ele voltou para o quarto, onde Sofia já estava dormindo um pouco agitada. Tomou um banho rápido e, depois de tomar um uísque de um só gole, subiu na cama ao lado da esposa, abraçando-a em seu peito para que ela se sentisse segura e parasse de falar enquanto dormia.César ficou acordado na escuridão, ouvindo a respiração irregular de Sofia, que gradualmente se tornou mais suave e rítmica, um sinal de que ela havia encontrado paz em seu abraço protetor. Apesar do cansa&c
Aquela mulher estava mesmo a revelar-se muito estranha, com tudo o que o seu chefe de segurança lhe tinha dito. Respirou de alívio por ela ter sido afastada do lado do filho e agradeceu de alma cheia que Azucena tivesse estado atenta.—Tudo bem, mas tome cuidado— disse César, satisfeito com o fato de —Fenício estar sempre um passo à frente. Não sabemos se ela está sozinha nisso ou se há outras pessoas envolvidas.—Eu farei isso— respondeu Fenício e, depois de um breve aceno de cabeça, ele se esgueirou silenciosamente pelo corredor em busca da sombra errante da governanta.César ficou parado por um momento, sentindo que algo estava errado e que tinha a ver com seu filho. Em seguida, foi para seu quarto, furtivamente, para não acordar Sofia, e ativou um pequeno dispositivo de comunicação.—Azucena— ele sussurrou ao ativ&a
Enquanto César observava sua amiga íntima e confidente Airis despertar, ele sentiu uma sensação de controle preenchê-lo, algo de que precisava desesperadamente naquele momento de incerteza. Quando ele finalmente viu a imagem da mulher aparecer, os olhos dela se abriram e ela sorriu para ele, seu rosto se iluminou.—Olá, Airis, bem-vinda de volta, minha cara amiga, este é seu novo lar. Você estará seguro aqui —cumprimentou com um sorriso.—Obrigada, Cesar. Em que posso ajudá-lo? —perguntou a voz metálica de Airis.—Airis, preciso que você assuma o controle do sistema de operações e só me dê permissão para usá-lo. Ative todos os protocolos de segurança, examine as imagens do circuito interno de câmeras das últimas horas e alerte sobre qualquer atividade suspeita ou desconhecida dentro e ao redor da propriedade— ordenou César com firmeza.—Como você ordena, César— com uma piscada suave, todas as telas ao redor começaram a piscar a imagem de Airis, —pronto, controle adquirido, em que mai
César procurou na sua mente todos os possíveis inimigos que tinha e que teria de enfrentar desta vez. Ou talvez fossem os do seu pai, fosse quem fosse, era evidente que se tinha infiltrado na segurança da casa do pai.—Você pode rastrear o ponto de acesso que foi usado para desativar as medidas de segurança? —perguntou ele, revendo as imagens de CCTV uma a uma.—Sim, estou rastreando a origem. O ponto de acesso corresponde a um terminal na ala oeste da mansão, perto do escritório de seu pai —informou a IA enquanto continuava a executar as ordens.Ao ouvir isto, César pensou imediatamente que o ataque poderia ter vindo de alguém da família Cavendish. Do escritório do seu pai? Isso não fazia sentido, só eles tinham acesso a essa zona. Mas a sua IA não estava errada, ele confiava nela cegamente.—Airis, preciso que restaure as defesas imediatamente e localize todos os membros da equipe e minha família —perguntou cheio de expetativa.—Restaurar a cerca elétrica e as câmeras de segurança..
Os dois homens não conseguem esconder a sua admiração pelo que estão a observar. Tecnologicamente conhecedores, conseguem aperceber-se em pleno de que o criacionista de Caesarius ultrapassou todas as suas expectativas e representa um salto quântico na ciência. O mordomo que, até então, era responsável por toda a segurança e outras coisas tecnológicas de Sir. ainda quer emprestar os seus serviços, mas é interrompido pelo patrão. —Você não pode fazer nada agora, mordomo. Airis e eu assumimos o controle de tudo e temos uma séria ameaça. — César respondeu enquanto continuava a falar com Airis. —Airis, mantenha Fenício informado de todos os detalhes. Quero todos em posição antes que esses veículos cruzem nossa segunda linha de defesa. Não perca a comunicação com Fenício.—As equipes de segurança foram alertadas e Fenício está em movimento. A interceptação será realizada ao seu sinal.—Deixe Fenício liderar o caminho, Airis. Saiam do caminho. Siga suas ordens. —pergunta César, que confia n
Fenício, com uma expressão de alarme que raramente se via nele, estava de pé junto a um carro de aparência comum, mas o que continha era tudo menos ordinário. Os guardas haviam aberto o porta-malas para revelar um arsenal oculto: dispositivos explosivos improvisados, armas automáticas e, o mais preocupante, uma maleta que parecia conter um dispositivo de interferência eletrônico avançado.—César, esses caras tinham um bloqueador de sinais de última geração e explosivos plásticos. É um equipamento militar de alto nível. Isso não é o típico assunto de ladrões comuns; alguém estava preparando um ataque coordenado contra a mansão —explicou Fenício, sua voz firme apesar da descoberta. —Revise imediatamente a casa, leve todos para o porão.César franziu a testa, um ataque assim requeria
César por um momento guardou silêncio, não queria demonstrar ao seu pai a irritação e frustração que estava sentindo com o ocorrido nessa noite. Mas agora ao ver o quão perto esteve de perder seu pequeno, não pôde se conter.—Essa mulher colocava Javier de joelhos todas as noites como castigo por não ir ao nosso quarto, e não só isso! A senhora Azucena o escutava no final do corredor, e Sofia e eu ao seu lado, não. O que isso quer dizer? Alguém esteve nos dando soníferos para não ouvi-lo!A revelação caiu como uma bomba na sala. A traição da governanta não era apenas uma questão de lealdade ou segurança, mas agora tocava o próprio núcleo da família. A confusã