— Ele vai acordar em breve, mas não foi agora — a médica, que está cuidando do Samuel, diz, fazendo-me tomar um balde de água fria — mas pode ficar tranquila, ele está bem, irá acordar logo. — Eu balanço minha cabeça em positivo e ela continua: — A cirurgia foi um sucesso, mas ele ainda está sob efeito da anestesia, o que é normal.— Tudo bem, obrigada. Desculpe pela minha comoção exagerada — digo, realmente envergonhada. Eu, literalmente, saí da sala gritando e causei toda uma cena aqui dentro, foram enfermeiros e médicos correndo para salvar o paciente, que pela minha ação, acharam que estava morrendo. — Você ainda tem dez minutos — diz e eu balanço a cabeça concordando. Depois que a médica saiu, eu apenas fiquei olhando o homem enorme, deitado lá. A minha cabeça está uma completa bagunça. A minha vida está uma bagunça, e agora, com essa história do meu pai estar vivo e ser um bandido de fato, eu não faço ideia de como será tudo de agora em diante. Olho novamente o Samuel e vendo-
É claro que ela merece uma explicação. E eu queria muito dar a ela essa explicação, mas eu não faço ideia do que dizer. De como dizer. Respiro fundo, fecho os olhos, mantendo-os fechados por um tempo. — Sarah… não importa o motivo que me levou a fazer o que eu fiz, isso não vai mudar o fato de que eu ferrei com tudo — suspiro profundamente — Eu ferrei com a sua vida, com a vida da sua família, eu ferrei com a minha própria vida, e tudo por um motivo fútil, idiota. — Você está dizendo que não importa o porquê, já que isso já passou? — pergunta com a voz um pouco alterada pela irritação. — Não é isso que eu disse, Sarah, eu só… eu estou tentando dizer que eu não tive um motivo para tudo isso — falei, soltando um suspiro cansado. — No começo quando você começou a conversar com o Edu e fazê-lo rir e te elogiar, eu fiquei com ciúmes e comecei a implicar com você.— Então foi tudo por ciúmes? — ri nervosa. — No começo sim, foi porque eu fiquei com ciúmes, mas depois… — suspiro profundam
— Sua maldita! — grita, erguendo a mão para me devolver o tapa, mas não tem chance.— Chega, Verônica! — o Daniel diz, segurando seu braço no ar. — O que você acha que está fazendo? — Eu? Daniel, é essa mulher que está aqui mesmo depois de tudo que ela fez! E ainda me deu um tapa, essa maldita vadia! — Fala mostrando o rosto com a marca da minha mão impressa. — Não vamos fazer uma cena aqui! — Diz, passando os olhos de mim para ela e depois volta para mim. — Eu não quero confusão, Daniel, já estava de saída. Eu sinto muito — digo.— Sente? Deixa de ser cínica! O Samuel só está nessa situação por sua causa, você causou tudo isso! — a mulherzinha diz, olhando-me com ódio. — Verônica, é melhor você ficar fora disso — o Daniel respondeu, deixando-a mais irritada ainda. — Você sabe que o Samuel só foi ferido por causa dos problemas dessa mulher, é ela a causadora de tudo, Daniel! — Mas isso não é problema seu, Verônica, fica fora disso, eu já disse! — Diz entredentes. — Mas você es
— Oi, pode falar! — Ele atende, ouve o que a pessoa do outro lado fala e desliga depois de murmurar um "ok". — Eu preciso ir, a tia Sônia, acabou de chegar — ao ver minha testa franzida, ele completa: — é a mãe do Samuel, você vai conhecê-la em breve, afinal é sua sogra, né! — Sorri com minha expressão receosa. — Acho que eu prefiro passar as apresentações, mesmo porque, acredito que nesse momento a senhora Sônia não quer me ver nem banhada em ouro. — A tia é legal, mais legal que o Samuel, então não se preocupe — diz, rindo, e eu acabo rindo também, mas minha preocupação continua intacta. — Vou buscá-la e quanto ao que conversamos, ainda tem mais coisas, Jules, como eu disse, o que falei foi só o básico, quando o Samuel acordar, vocês dois vão conversar então esteja preparada — eu balanço minha cabeça e ele sai, deixando-me sozinha. A minha mente ficou dando voltas e mais voltas em torno dessa história e tudo que eu consigo pensar é: como ele teve coragem de fazer isso? Por quê? O
SAMUEL ADAMS Tento abrir os olhos, mas não consigo por um tempo, a claridade me incomoda, a dor no meu abdômen também, aperto os olhos com força, com a dor lacerante que sinto quando tento erguer meu corpo para sentar-me na cama. — *Porra! — murmurei, tocando o curativo. — Meu filho, você finalmente acordou! — A voz da minha mãe entra pelos meus ouvidos, deixando-me surpreso, ela não deveria estar em Nova Iorque? Depois de piscar algumas vezes, finalmente consigo abrir meus olhos — Graças a Deus, você finalmente está acordado! — Diz com a voz carregada de preocupação e ansiedade. — Estou acordado, mãe — seguro sua mão que acaricia meu rosto e levo a outra mão até sua bochecha, limpando uma lágrima — não precisa se preocupar, a senhora sabe que isso não foi nada, já passei por coisas piores. — Eu te avisei antes de você vir aqui fazer essa loucura! Por que você não me ouviu? Samuel, eu não quero passar por todo aquele pesadelo de novo. Não quero! Será que eu tenho que ficar a vida
— Anda, responde, caralho! — Exclamo sem paciência e ouço sua risada, o que me deixa mais irritado ainda. — Não precisa ficar assim, eu já disse que ela está bem.— Se ela ganhou alta médica, é porque ela esteve internada aqui também e isso é porque não estava tão bem assim, o que ela teve, porra!? — agora, eu quase gritei de tão nervoso que estou. Eu odeio ficar nessa posição de não conseguir fazer nada, ficar preso aqui nessa cama e não ver com meus próprios olhos o que está acontecendo, se fizeram algo mais com a Jules, já está me deixando louco, eu não suporto ficar de fora só assistindo e esperando pelos outros, sou da ação e gosto de estar a frente de todos os meus assuntos, especialmente se esse assunto for a Jules. — Ei, não precisa surtar! Pelo menos não por enquanto, eu estou dizendo que a Jules está bem, então pode guardar essa raiva para a hora certa, aliás, se você continuar agindo assim, a tia Sônia vai perceber que você está apaixonado.— Não enche! — Estou só falan
Já estou aqui há dois dias e nada da Jules aparecer, fico olhando a porta o tempo todo na expectativa de vê-la passando por ela, mas até agora nada, ela nem mesmo ligou, e isso está me deixando com muita raiva. Por que ela não veio me ver? Porra, eu não mereço nem mesmo uma simples visita, uma ligação, pelo menos? Eu passo as mãos nos cabelos e olho o visor do telefone quando apitou uma mensagem e mais uma vez não é dela. "O Marcos está causando problemas de novo, se esse velho continuar com essa marra toda, eu não respondo por mim! E vê se melhora rápido!" Acabo rindo ao ver que o Daniel está nervosinho, tenho certeza que isso não é por causa do Marcos, algum outro motivo tem. "O que está acontecendo com você?""Você ainda pergunta?! É esse seu sogro que está achando que pode exigir alguma coisa. Acredita que ele acha que pode ameaçar a gente? Esse velho filho da puta, está merecendo um tratamento especial e daqueles que ele implora para acabar!"Agora ele escreve toda a mensagem
— Então… não vai falar? — Arqueio a sobrancelha, esperando sua resposta.— O que você tem na cabeça, Samuel? — Sua voz tremida e meio rouca me deixou em alerta. — O que exatamente eu fiz dessa vez? Ela começa a andar pelo quarto e passa as mãos nos cabelos freneticamente, com certeza ela está muito nervosa agora, só não consigo imaginar o porquê. — Eu sabia que isso não ia acabar do jeito que foi planejado, eu tinha certeza que aquela mulher viraria o jogo, por que você não me ouviu? — Encarou-me com uma expressão que eu não consigo mais decifrar, ela transmite raiva, pesar e uma emoção que eu não sei o que significa. — Do que exatamente a senhora está falando, mãe? — questiono e ela ri sarcástica. Certo, agora eu estou mesmo curioso para saber o que a deixou neste estado. — Não precisa fingir que não sabe, Samuel, o quê, você achou mesmo que eu não iria descobrir? — pergunta friamente. — É assim que termina sua vingança, você e aquela mulher com uma linda família feliz? — sua ir