SAMUEL ADAMS — Aqui. — Daniel joga as pastas na minha mesa — Aí estão todos os documentos que me pediu e também já entrei em contato com os diretores da Famat Industrial, eles vão enviar os advogados para representá-los. — Ótimo! — Respondi, olhando os documentos. — Você vai mesmo ter coragem de processá-la, se ela não concordar em sair? — Perguntou, encarando-me, com uma cara que eu não gostei muito. — Claro que sim. Daniel, o objetivo disso tudo é fazê-la sofrer e tirar o que ela mais ama, essa é a melhor forma de alcançar o que eu quero. Aquela mulher sempre viveu em um pedestal, até hoje, mesmo que ela esteja quase falindo, ela ainda mantém aquela arrogância de antes. Você acha que eu estou indo longe demais?— Samuel, eu sempre soube que o nosso trabalho aqui é deixá-la na miséria, mas eu nunca concordei de você se envolver com ela. — Isso de novo!? — Encaro-o, irritado. O Daniel sempre vem com essa história de que eu estou me envolvendo demais, que isso vai acabar mal. —
— O que significa isso? — Questiono, indo atrás dela quando finalmente a minha voz saiu. Meu coração está acelerado e eu estou sentindo um pouco de… pânico? Não, não pode ser isso, só estou impressionado, é só isso. Bato na porta, exigindo que ela abra, mas a filha da puta me ignora. Estou bufando de ódio, quando sinto uma batida no meu ombro, é o Daniel. — Tudo bem, cara? O que foi isso? — Perguntou, encarando a porta. — Eu não faço ideia — respondi, com um suspiro. —Que porra! Por que essa mulher não abre essa porta logo? —Resmungo, ainda batendo na madeira. — O que ela tem? — Daniel pergunta, sua voz é quase um sussurro para impedir que os outros ouçam. — Eu não sei. Manda eles saírem, a reunião acabou! — Digo e continuo insistindo para a Jules abrir a maldita porta, mas nada, ela continua fingindo-se de surda. — Certo. Você quer que eu chame a emergência? O samu? Sei lá.— Não, eu mesmo vou levá-la ao hospital. Pode ir! — Ok.Eu estou fazendo o possível para não perder de
— Eu já disse para me deixar em paz! — Grita, quando eu tento pegá-la no colo. Estou tentando manter a calma, mas essa cena dela, me tira totalmente a paciência. — Pare de fazer cena, eu vou te levar para o hospital! Olha o seu estado — olhei-a, sem esconder meu desgosto. — Você quer ficar assim para ver se eu tenho pena de você? Não perca seu tempo, não vai adiantar.Assim que terminei minhas palavras, ela me encarou, revirando os olhos. — Eu sei que não vai, você está afim de ferrar comigo e sentir empatia pelo meu estado, por mais deplorável que seja, não é seu estilo. Samuel, eu não preciso da sua ajuda, pode sair e me deixar em paz — disse as palavras pausadamente, apontando a porta — e pode ficar tranquilo, eu vou sair e deixar a presidência para sua amiguinha. Está satisfeito? — Ela tenta parecer calma, mas é possível sentir a raiva na sua voz. — Jules, não me interessa o que você decidiu fazer. Eu já estou de saco cheio disso! Agora, você vai sair do escritório andando co
JULES MONTEZ Ele me encara com aquele ar autoritário e age como se eu fosse obrigada a responder. Mas se ele acha que vai se meter nos meus assuntos pessoais, está muito enganado. Na empresa ele pode ter controle, já que pagou, mas nas minha vida, não! Me despeço do Doutor João Guilherme e ando em direção à saída. — Você não vai me responder? — Ele pergunta, segurando meu braço. — Responder o quê? — Não me teste, Jules, você sabe muito bem do que eu estou falando! — responde, com os dentes cerrados. — Não, eu não vou responder! Satisfeito? Eu não sou obrigada a falar sobre algo que eu não quero, pelo menos, nessa parte, eu ainda tenho autonomia para decidir, você não pagou. Agora eu quero ir para casa, preciso descansar — saí sem esperar sua resposta. Eu estou um pouco mais calma, mas minha cabeça ainda está uma bagunça, aliás, não só a minha cabeça, tudo na minha vida está uma grande bagunça, uma merda. Agora não tem mais jeito, eu não vou conseguir continuar à frente da em
— Caramba! Achei que você tivesse morrido — ouço a voz irritada da Marina assim que atendo o telefone — Por que você não trabalha mais na sua empresa? — Oi, primeiro, né! — Digo e ouço-a bufar do outro lado. — Isso é uma longa história, Marina, muito longa para falar a verdade — suspiro. — Você está trabalhando agora? Podemos nos encontrar e conversar pessoalmente. Eu preciso mesmo falar com alguém — digo, jogando-me na cama. — Claro que podemos, eu também estou precisando falar contigo sobre uma coisa. Aliás, você vai para a Itália com o seu marido, né?— Itália? Não estou sabendo de nenhuma viagem não. — Não? Então o Léo mentiu para mim, aquele desgraçado! — Resmungou — Você vem aqui ou eu vou aí? — Eu vou, você está em casa? — Sim, quero dizer, estou no apartamento do Léo. — Ainda? — Pergunto, surpresa. — Longa história também — ouço seu suspiro pesado — Estou te esperando. Vou até o closet e procuro uma roupa, depois coloco meus remédios na bolsa, não posso esquecê-los.
— Onde vamos? — Pergunto, enquanto a espero trocar o vestido. — Em um bar, em Ipanema, fica no porto, de frente para o mar, onde os navios ficam atracados, um lugar com uma vista incrível — disse, enquanto tenta decidir entre duas calças jeans. — Qual delas fica melhor com aquela camiseta? — Elas são praticamente iguais, Marina.— Claro que não! Essa tem esses paetês nos bolsos — aponta para um detalhe quase imperceptível. — É, acho que vou com essa. E você vai assim? — Aponta para o macacão vinho, que estou usando. — É, está ótimo. Vamos logo, daqui até Ipanema, com esse trânsito do Rio de Janeiro, deve dar umas 2h. — Não tem problema, nós não temos que correr, hoje é o dia das meninas — balança um cartão black.— Olha só, ela tem um cartão preto sem limites, as coisas estão melhorando — ela fez uma careta divertida e revirou os olhos depois de me ouvir. — Não, infelizmente esse lindinho não é meu — suspirou olhando o cartão, tenho vontade de rir da cara desanimada que ela faz
— Doce é só modo de falar, quer dizer que é boa, não que é doce de verdade — respondeu, rindo — vamos lá, manda outra dose para dentro e você ganha um doce de verdade. Tem doce aí, né, gato? — Pergunta ao garçom, que também ri.— Tem sim, vou trazer as guloseimas que temos.— Obrigada! Vamos, Jules, mais um — ergue o copo e toca no meu, bebendo em seguida — Um brinde a nós. Eu viro o copo, bebendo devagar dessa vez, mas ainda queimou tudo enquanto descia goela abaixo. — Como as pessoas conseguem beber isso? — Falei, sentindo meus olhos lacrimejando. — Pelo menos, parece que está funcionando, daqui a pouco não vou lembrar nem meu nome, negócio forte da porra! — Esse é o objetivo, esquecer, desabafar, ser feliz, nem que seja por uma noite. Agora, fala aí, o que você vai fazer com seu marido agora?— Até o momento, eu não faço ideia. Marina, eu estou literalmente de pés e mãos atadas. E pior é que eu ainda descobri que meu pai tinha negócios ilegais, até eu fiz uma negociação ilegal,
SAMUEL ADAMS — Já viu o convite do casamento do Jason? — Daniel perguntou, confirmei com a cabeça e ele continuou: — Você vai levar a Jules? — Vou. — Isso será interessante. Como vocês ficaram ontem, ela está bem? — Está — respondi, girando a poltrona de um lado para o outro. — Você pode parar de dar respostas curtas e me contar as coisas em detalhes! — Disse, irritado — você pelo menos descobriu porque ela estava daquele jeito? — Segundo o médico dela, aquilo foi só estresse acumulado. — E você acreditou? — Me encara com descrença. — Porque eu não acreditaria. Daniel? Foi o médico dela quem disse, não tenho motivos e nem interesse em questionar nada — dou de ombros. Eu quero acreditar que não me importo, digo isso a mim mesmo o tempo todo, mas a verdade é que eu estou com essa coisa fervendo na minha mente, e eu não acreditei naquela explicação fraca que aquele médico deu.— E a Construtora Montez, o que vai fazer agora? — A Verônica está administrando, não está? — Olho-o s