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⋘ CAPÍTULO UM ⋙

Anthony Cooper.

Dois anos depois. 

A minha vida mudou drasticamente naquela noite quando eu fui preso por um crime que eu não cometi, jogado na prisão como um animal é tratado como um bicho na jaula, sem alimentos, sendo torturado. ― Eu nunca pensei que ela faria isso comigo, mentindo para a polícia e ninguém queria saber se aquilo era verdade ou não, fui preso sem provas e passei um inferno na cadeia. Todos os dias eu era agredido por outros presos por ser um estuprador e agressor de mulheres, essa foi a fama que eu ganhei dentro e fora da prisão, um policial jogou um jornal na minha cara e me chamou de estuprador, quando eu li a matéria, vi que a minha ex mulher foi para a imprensa dizer que eu a tinha estuprado e agredido.

Minha vida se transformou em um inferno por culpa dela, até hoje eu queria saber o motivo por ter feito tudo o que fez comigo, eu sempre fiz tudo o que ela queria, trabalhava feito um condenado para colocar comida dentro de casa. Mas parece que isso não foi o suficiente para ela. As vezes eu dava dinheiro do meu almoço pra ela fazer suas unhas e cabelo, passava fome no trabalho por ela, eu amava demais essa mulher e nunca fui amado, percebi isso no dia em que eu fui preso. ― Desde aquele dia eu parei de confiar nas pessoas, tem tantas pessoas que são inocentes, mas estão presos na cadeia por culpa da polícia. 

Dois anos se passaram e eu finalmente fui solto porque o juiz permitiu isso, o problema é que eu não tenho casa, não tenho dinheiro e muito menos tenho trabalho. Meu rosto está estampado nos jornais como um estuprador, um agressor, não entendo o porquê disso tudo estar acontecendo na minha vida, o que eu fiz de errado pra merecer isso? Tentei ser um bom marido, mas a única coisa que eu consegui foi ingratidão. 

Faz dois meses que eu estou morando nas ruas, comendo as sobras que o povo j**a, as vezes até sou agredido por algumas pessoas por me reconhecerem como estuprador, sendo que eu não sou um. Tentei de tudo para conseguir um trabalho e o que eu de fato consegui foi água j**ada em mim, tendo pessoas correndo atrás de mim, minha vida estar sendo um grande inferno. ― Penso em tirar a minha vida e acabar logo com esse sofrimento, mas algo dentro de mim diz pra eu não fazer isso, acho que é medo, medo de morrer.

Eu só queria que algo bom acontecesse comigo. 

****

20:50 ― Nas ruas. ― Nova York ― EUA. 

Ando pela calçada morrendo de frio por causa que logo vai nevar, nem sei como eu vou sobreviver a isso, porque não tenho roupas de frio e posso acabar morrendo por causa de uma hipotermia. 

― Ah. ― Solto um suspiro e abraço o meu corpo um pouco forte quando um vento se choca contra o meu rosto. ― Gelado. 

Esfrego as minhas mãos uma na outra para tentar esquentar. 

Droga, estou vivo por dois meses e agora irei morrer por causa de uma hipotermia. Que dizer, também acho que agora eu tenho anemia por não me alimentar direito, essa vida vai um dia me matar. 

― Tenho que procurar um lugar para dormir. ― Falei comigo mesmo. 

Observo o prédio enorme ao meu lado.

Nossa, deve ser tão bom ter um trabalho e conseguir ter suas coisinhas, eu não tenho nenhuma sorte. 

― Eii!! Solta a minha bolsa!! 

Escutei um grito e vi um cara tentando roubar a bolsa da mulher que segurava, não pensei duas vezes e corri na direção deles.

Mesmo que a minha vida toda foi fodida, não irei deixar uma mulher ser assaltada.

― Pare com isso! ― Empurrei o cara pro chão e fiquei na frente da mulher. ― Vaza daqui!!

― Seu mendigo desgraçado!! 

Ele veio pra cima de mim, só que eu consegui me esquivar do seu soco e chutei sua barriga o fazendo mais uma vez cair no chão. 

― Aló? É da polícia? ― A voz dela soou atrás de mim.

― Droga!! ― O cara correu nos deixando sozinhos. 

Me virei e engoli seco ao me deparar com uma linda mulher. 

― Obrigada por me salvar moço. ― Ela olhou diretamente em meus olhos, isso fez eu sentir um frio na barriga. 

Oh que eu estou pensando, ainda sou considerado um estuprador, ela nem deve saber disso pra me tratar desse jeito. 

― De nada, senhorita, não precisa agradecer, fiz como qualquer outra pessoa faria. ― Seu olhar me examinava de um jeito que fazia eu me sentir exposto aos seus olhos. 

― Me deixe agradecê-lo. ― Neguei com a cabeça. 

― Não precisa, só tome cuidado na próxima, até mais. ― Atravesso a rua indo embora rapidamente. 

Ela só estar sendo gentil comigo por não saber sobre mim, tenho certeza que logo ela vai descobrir que o seu ''salvador'' foi preso por ser acusado de estupro. ― Mas algo que eu não nego, aquela mulher exala superioridade e confiança, também é muito linda, nunca vou negar isso. 

Continuo andando pelas ruas e aproximo de uma praça e vendo que está deserta, fico feliz com isso, pelo menos eu vou poder dormir tranquilo no banco. Soltei um suspiro ao sentir a minha barriga roncar bem alto, passei o braço em volta da minha barriga. 

― Sinto muito amigo, não tenho comida agora para te alimentar. ― Falei passando a mão na barriga. 

Fui andando até o grande banco da praça e me sentei olhando ao redor, estou tão cansado, tive que acordar cedo e fui tentar procurar alguma comida, o que eu consegui fui algumas pedras sendo lançadas em mim. 

― Ah, por quanto tempo eu vou ter que aguentar tudo isso? ― Perguntei a mim mesmo e a resposta foi a minha barriga roncando novamente. 

Me deitei no banco e apertei a minha barriga com força, dormir sempre ajuda a esquecer a fome. 

― Espero que amanhã possamos ter alguma sorte,barriga. 

Fechei os olhos e o vento bem forte chocou contra mim e logo o meu corpo começou a tremer de frio. 

Soltei um suspiro e conto mentalmente, isso me fez cair no sono profundo. 

****

10:50 ― Nas ruas. ― Praça. ― Nova York. ― EUA. 

Sou acordado com um cachorro latindo para mim, rapidamente me sentei no banco assustado, vi as pessoas rindo pelo meu susto. 

― Eu deveria soltar o meu cachorro para te morder, seu estuprador!! ― Um senhor de idade falou para mim cheio de raiva. 

― É isso mesmo! Some daqui seu estuprador!! ― As pessoas começaram a jogar pedras em mim.

Corri para fora da praça com o meu coração acelerado, parei de correr para recuperar o meu fôlego, querendo ou não, eu não tenho muitas forças para correr tanto assim. 

Porque isso só acontece comigo? O que eu fiz pro senhor Deus? 

Olhei para o céu e soltei um suspiro, não devo culpar Deus pelas coisas que os seres humanos fazem, querendo ou não, é as escolhas deles serem ruins. Minha barriga começou a roncar e choraminguei com isso, dói muito você passar fome, sua barriga não para de roncar e você começa a passar mal. Não sei quantas vezes eu já desmaiei por falta de nutrientes em meu corpo. 

Soltei um suspiro e abracei o meu corpo e continuo andando de cabeça baixa para que ninguém possa ver o meu rosto, não estou afim de uma corrida pela sobrevivência novamente.

Sem querer eu bato no ombro de alguém.

― Sinto muito. ― Peço olhando para a pessoa.

― Você não é aquele estuprador do jornal? ― O cara perguntou, ao seu lado tem três pessoas.

― É ele mesmo, o desgraçado que estuprou a sua própria esposa e ainda agrediu ela. ― O outro homem respondeu com raiva. 

Só dei conta do perigo quando eu já estava no chão pelo soco que o primeiro homem deu, rapidamente os quatros começaram a me chutar sem pena alguma, a única coisa que fiz foi proteger a minha cabeça. 

Eu já estava perdendo a consciência quando escutei a voz de uma mulher.  

― Aló policia? Estão agredindo um homem na rua. 

Os caras pararam de me bater pra correr, sem olhar para trás. 

― Esses idiotas de merda! ― Levantei o meu rosto e vi aquela mulher que estava sendo assaltada. 

Ela se aproximou de mim com cuidado.

― Ei, você está bem? 

Porque ela me salvou?

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