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⋘ CAPÍTULO CINCO⋙

Anthony Cooper.

19:00 ― Casa da Hilary. ― Quarto de hóspede. ― Nova York ― EUA. 

Comecei a despertar aos poucos e rapidamente me sentei na cama olhando tudo em volta. 

Ah, esqueci que eu agora estou morando na casa da senhorita Hilary. Ainda estou surpreso com tudo o que está acontecendo, acho que devo agradecer a Deus por ter colocado ela na minha vida. Ainda estou desconfiado, porque ela é a primeira pessoa que se disponibilizou a me ajudar e ainda está me dando um trabalho. 

Escutei batidas suaves na porta. 

― Ah, entra! ― Ela entrou no quarto com um sorriso gentil no rosto. 

― Eu queria ver se você já tinha acordado, queria lhe chamar para comermos alguma coisa. ― Disse me encarando. 

― Certo. ― Desci da cama e fui andando até ela. 

Caminhamos pelo corredor ao lado um do outro sem dizer nenhuma palavra, eu não sei muito o que dizer, nunca tive ninguém pra conversar. 

― Você se arrepende? ― Perguntou do nada. 

― Me arrependo de que? ― Olhei para ela. 

― De ter se casado com ela? ― Soltei um suspiro. 

― Muito, ela destruiu a minha vida sem eu saber o porque, eu dava de tudo pra conseguir pelo menos um te amo, jamais consegui. ― Falei e soltei um suspiro. ― Eu só quero esquecer essa mulher, mesmo que um dia ela fez parte da minha vida. 

Sinto uma mão no meu ombro e virei a cabeça pra ela. 

― Tenho certeza que você vai encontrar alguém que te valorize, que te ame. ― Neguei com a cabeça.

― Eu não acredito muito nisso, quem vai querer um ex presidiário? Ninguém. ― Ela parecia que iria falar algo, mas se calou. 

― Bom, vamos parar com esse assunto depressivo, vamos comer. Eu fiz sopa, você deve comer algo saudável.  

Ela colocou sua mão esquerda nas minhas costas e foi me guiando para a sala de jantar. 

― Você mora sozinha? ― Perguntei querendo puxar um pouco de papo. 

― Sim, saí da casa dos meus pais muito nova, corri atrás do meu sonho. 

Nossa, ela é uma mulher incrível. 

― E você conseguiu, se tornou uma empresária muito bem sucedida e famosa. ― Ela riu.

― Eu não queria fama, só queria realizar o meu sonho, mas como tenho primos invejosos, jogo na cara a minha fama. ― Acabei rindo e ela riu também. ― Você tem família? 

― Não... Que dizer, eu tenho, mas a minha família me rejeitou como filho quando eu fui preso. ― Ela revirou os olhos. 

― Bando de pessoas idiotas, como prendem pessoas inocentes e vivem com a consciência limpa? Eu realmente quero saber. 

Achei fofo o jeito dela brava. 

― O mundo tem pessoas boas e pessoas ruins, eu tive o azar de ter encontrado pessoas ruins. ― Tomei a minha sopa sobre o olhar atento dela. 

― Sim, mas... Pelo menos você encontrou alguém boa. ― Brincou me fazendo rir de leve.

Acho que estou rindo muito, faz tanto tempo que eu não sabia o que era rir.  

― Sim, eu agradeço muito por você estar me ajudando. ― Ela colocou a mão sobre a minha. 

― E eu vou continuar te ajudando. ― Olhei para as nossas mãos juntas e senti aquela sensação na barriga.

― Obrigado. ― Puxei a minha mão de volta e voltei a comer sobre o olhar atento dela.

Eu não posso confundir o sentimento de gratidão por outra coisa, não sou um homem pra ela. 

― Amanhã vamos sair bem cedo, tudo bem? ― Franzo a testa. 

― Já vamos trabalhar? ― Ela riu.

― Não, amanhã irei te levar ao cabeleireiro e depois comprar algumas roupas pra você. 

― O que? Não! De jeito nenhum! ― Ela parecia estar esperando por isso. 

― Anthony, não irei deixar você usar as roupas velhas do meu pai. Se você se sente confortável, podemos fazer assim, o seu salário que você vai receber, pode me pagar pelas roupas, o que me diz?

Ah, isso é bom.

― Tudo bem, eu aceito essa condição. ― Ela bateu palmas. 

― Eu sabia que você iria concordar com essa condição. ― Sorri achando ela fofa demais. 

Porra, pare de pensar assim Anthony, ela só estar te ajudando, não confunda gratidão com outra coisa, coloque isso na sua cabeça. 

― Está tudo bem? ― Perguntou me olhando. 

― Sim, só um pouco de dor de cabeça. ― A mesma me olhou preocupada. ― Mas eu estou bem. 

― Irei preparar um chá pra você, pode ir pra sala assistir algo se quiser. ― Ela saiu da sala sem me deixar dizer alguma coisa.

Ela sempre vai fazer isso? 

Termino de tomar a minha sopa e vou indo para sala de estar, me sentei no sofá e vejo o controle da televisão na mesinha. 

Eu não sei mexer nesse tipo de televisão, acho que vou esperar ela voltar, tenho medo que eu possa quebrar algo. 

Passei a mão no rosto.

Quando eu me tornei assim tão inseguro e com tanto medo das coisas? Antes eu era um homem confiante demais, andava sempre de cabeça erguida, agora ando de cabeça baixa pra não ser morto ou agredido por alguém. Tudo por culpa da Amélia, aquela infeliz de merda, queria que a mesma morresse. Sei que desejar o mal alguém é errado, mesmo que seja a pior pessoa do mundo, nunca devemos desejar o mal, porque se não, volta pra você. 

― Tudo bem? ― Olhei pro lado vendo se aproximar com duas xícaras de chá. 

― Sim, só pensando em algumas coisas. ― Falei aceitando a xícara. 

― Na sua esposa? ― Fico confuso pelo tom áspero na sua voz.

― Ex esposa, só fico pensando o que eu fiz de errado pra ela, se ela queria separar era só falar, não me colocar na cadeia. 

― Vocês eram casados no papel? ― Concordei com a cabeça e tomei um gole do chá.

― Mas o advogado dela foi na cadeia me forçar assinar o papel do divorcio, a minha casa que eu lutei tanto pra conseguir foi entregue para ela, tudo foi entregue para ela. 

― Essa puta! ― Falou brava. 

― Você fica fofa brava. ― Falei sem pensar.

― Fofa? ― Arregalei os olhos surpreso com o que eu disse.

― É... Q-Que dizer... Desculpa. ― Abaixei a cabeça muito sem graça. 

― Ei, não precisa se preocupar com isso, também te acho fofo. ― Falou rindo de leve. 

Isso me fez sentir um pouco confortável. 

― Esse chá é muito bom. ― Falei e dei outro gole.

― É de camomila, vai te ajudar. ― Concordei com a cabeça e tomei outro gole. 

Ficamos sem dizer nenhuma palavra, só aproveitando a companhia um do outro.  

― Porque você se sente confortável comigo? Nem nos conhecemos direito. ― Perguntei encarando ela que já estava me fitando. 

― Não sei lhe explicar, talvez seja intuição feminina, sinto que você é um homem bom e confiável. 

― Você também parece ser uma mulher boa. ― Ela me encarou e deu um sorriso de lado.

― Irei fazer você ter certeza que eu seja uma mulher boa. ― Fico confuso pela suas palavras, mas resolvi deixar isso de lado.

― Que horas é pra está acordado? ― Perguntei mudando o assunto. 

― Não se preocupe, eu bato na sua porta te acordando. 

― Tudo bem. ― Soltei um bocejo.

Nossa, eu acordei quase agora e já estou com sono. 

― Você precisa descansar, querendo ou não, você viveu muito tempo na rua e agora o seu corpo quer descansar, ao ter uma cama boa. ― Acabei rindo de leve com isso.

― Verdade, meu corpo simplesmente apagou quando me deitei na cama. ― Ela pegou a xícara da minha mão.

― Vá dormir, até amanhã, Anthony. ― Falou suavemente. 

― Boa noite, Hilary. ― Fui andando para o quarto a deixando para trás, mas senti o seu olhar sobre mim.

Nunca fui observado assim na minha vida, essa mulher vai me deixar louco, disso eu tenho certeza. Ela é linda demais, só que como eu já disse pra mim mesmo, ela não é para mim. 

Não posso me apaixonar de novo, não quero sofrer novamente.

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