⋘ CAPÍTULO DOIS⋙

Hilary Carter.

Eu nunca acreditei muito no amor, sabe? Minha vida toda foi repleta disso, que eu um dia iria encontrar o amor da minha vida, que iria me casar, só que desde pequena nunca pensei em ter um relacionamento, meu maior objetivo era me tornar uma grande empresária de moda, estudei feito uma condenada para realizar esse meu sonho. ― Minha família dizia que eu nunca iria conseguir isso, bela família que eu tenho, que coloca sua própria filha para baixo. Meu pai é um homem machista demais, sempre dizia que o dever de uma mulher é cuidar da casa e ser sustentada pelo marido, ver se pode uma coisa dessa. 

Então eu coloquei na minha cabeça que isso nunca iria acontecer, que eu não vou depender de homem nenhum, conseguir um trabalho aqui, ali, e fui ganhando o meu dinheiro, sou uma mulher gorda e isso eu nunca vou negar, eu me aceito do jeito que eu sou, me amo e me acho a mulher mais linda do mundo. ― Se eu me aceito, quem vai ser a pessoa que vai me colocar para baixo? Ninguém, porque eu não abaixo a cabeça, luto pra conseguir o respeito.

Graças a Deus, por causa dele eu consegui um trabalho que pagasse muito bem, fui construindo a minha empresa, fazendo negócios e vendendo as minhas roupas que eu mesmo criava, dava trabalho, mais eu estava lutando pelo o meu sonho, e pra mostrar ao meu pai que eu não dependeria de homem para realizar o que eu mais almejo. ― Anos passaram e eu conseguir ter a minha própria empresa de moda, onde vende várias roupas, bolsas, sapatos, jóias, muitas pessoas ricas e famosas escolheram a minha empresa, esse é o meu maior orgulho. 

Está vendo papai, eu não preciso de homem para ser uma mulher dependente, eu sou independente, meu amor. 

Mas de tanto não acreditar no amor, ontem eu fui pega de surpresa ao ser salva por um mendigo, mais tem algo que eu admito, ele é um homem muito lindo, eu queria agradecer a ele o levando para comer, sei que ele deveria estar com muita fome, mas fiquei surpresa quando ele recusou e foi embora. 

Desde de ontem eu não consigo tirar ele da minha cabeça, queria encontrá-lo novamente e poder ajudar ele de alguma forma, mas não sei onde encontrar. 

****

08:50. ― Casa da Hilary. ― Nova York ― EUA. 

― Filha, quando você vai se casar? ― Minha mãe perguntou me encarando.

Quando eu cheguei em casa ontem muito pensativa,meus pais estavam me esperando pra passar um dia aqui em casa, sem me avisar. Só deixei entrar por serem os meus pais, eu odeio pessoas que vem na casa dos outros sem avisar, eles tem sorte por serem meus pais. 

― Mãe, de novo esse assunto? ― Encarei ela séria. 

― Qual é filha, seus primos estão casados, sua irmã também está casada e esperando um filho, você é a única da família que não é casada. 

Tomei um gole do meu café.

― Mãe, eu vou falar só uma vez, eu não estou afim de alguém agora, estou focada no meu trabalho e não tenho tempo para relacionamentos. 

Que dizer, se eu encontrar aquele homem de novo, quem sabe. 

Pode parecer estranho isso, um mendigo me salvando e eu posso ter me apaixonado por ele, é realmente uma loucura, algo estranho na verdade. Mas quem disse que eu sou uma pessoa normal? Gosto de coisas estranhas, o normal é muito chato.

― Trabalho não é tudo, Hilary. ― Meu pai falou se intrometendo na conversa. ― Você deveria arrumar um homem para tomar conta daquela empresa e você ficar em casa, é isso que as mulheres têm que fazer. 

Revirei os olhos.

― Pai, eu tenho trinta e dois anos, tenho a minha própria casa, tenho as minhas coisas, não preciso de um homem para tomar conta da minha vida. Se alguém quiser namorar comigo, vai ter que me respeitar e saber que não vou ficar atrás de um fogão cozinhando, enquanto ele está por aí se divertindo. As coisas mudaram pai, não estamos no tempo passado, as coisas andarem para frente, as pessoas mudam. Tente colocar isso na sua cabeça, porque do jeito que o senhor pensa, um dia vai se dar muito mal. 

Me levantei.

― Estou indo trabalhar e peço que saiam da minha casa, não vou aturar machismo dentro dela, eu saí da casa de vocês por isso, aqui dentro vão ter que respeitar as minhas regras. 

― É assim que você nos agradece!!? Criamos você! Agora que está rica e mimada não quer saber da família. ― Meu pai gritou irritado. 

Respirei fundo e encaro ele sério. 

― Família? Uma família que coloca sua filha para trás? Que não apoia sua decisão? Isso não é família, família cuida e ama, protege e aceita as decisões dos seus filhos, mesmo que não apoiem. Toda a nossa família fala mal de mim por eu ser gorda, já que sou a única da família Carter ser gorda, todos vocês perderem o meu respeito quando me trataram como lixo, trataram o meu sonho como lixo, como algo que eu nunca iria realizar. Agora vivem correndo atrás de mim, mimada você diz, não, eu não sou mimada, eu só estou protegendo o meu dinheiro de pessoas gananciosas como vocês. Agora eu peço que saiam agora da minha casa!!

Meus pais me encaravam muito surpresos pela minha resposta afiada.

― Isso não vai ficar assim Hilary!! ― Gritou ele bravo.

― Já ficou assim, pai. Eu não vou abaixar a cabeça nem pra minha própria família, você está na minha casa e aqui quem manda sou eu. ― Falei ríspido.

Onde já se viu, ele vem na minha casa tentar colocar ordem, ah vá se foder não. 

Peguei a minha bolsa e acompanho eles até a saída, os dois estão praticamente espumando pela boca de raiva, estou um pouco me lixando para isso, eles perderam o meu respeito quando não apoiaram o meu sonho, ainda ficavam falando mal de mim por trás. 

― Você vai se arrepender por essa decisão Hilary!! ― Minha mãe falou chateada. 

― Nunca. Jamais irei me arrepender! ― Dei um sorriso de lado. 

Eles entraram no carro e foram embora com muita raiva, neguei com a cabeça e entrei no meu veículo assim que tranquei a porta de casa. ― Assim que coloquei o cinto de segurança dei a partida no carro pro trabalho, tenho muitas coisas para resolver hoje.

― Ah, falando nisso, eu preciso urgentemente de uma secretária. ― Falei comigo mesma. 

Eu demiti a minha antiga secretária por ficar transando com os clientes que vinham fazer negócios com a minha empresa, ver se pode uma coisa dessa, ainda por cima negou ter relação com o cliente na cara dura, eu os tinha pegado. ― Agora estou sozinha e cheia de coisas para fazer, é tanta coisa para uma pessoa só. 

Parei o carro no sinal vermelho e olhei para fora da janela e fiquei surpresa ao encontrar aquele mesmo mendigo de ontem, arregalei os olhos em choque quando ele começou a ser agredido por quatro caras. ― Sem pensar duas vezes, eu desci do carro no meio do trânsito e corri até eles, peguei o meu celular e fingi ligar para a polícia. 

― Aló policia? Estão agredindo um homem na rua. ― Falei fingindo estar falando com a polícia. 

Os caras ficam assustados e correm o deixando no chão machucado.

― Esses idiotas de merda! ― Digo muito brava com isso.

Olhei para ele e fui me aproximando com cuidado, não queria que ele fugisse de novo como ontem. 

― Ei, você está bem? ― Perguntei gentilmente.

Ele continuou me olhando em estado de choque.

Coitado, acho que ninguém nunca foi gentil com ele.

― Ei, eu não vou te machucar, você está bem? Precisa ir pro hospital? ― Perguntei me agachando em sua frente. 

― Não precisa se preocupar comigo, moça. ― Falou e encarou o chão. ― Obrigado por ter me ajudado, eu vou indo. 

Ele foi se levantar e logo gemeu de dor.

― Você precisa de cuidados, eu posso te ajudar. ― Digo e ele me encarou.

― Não precisa se preocupar com um mendigo moça, eu vou ficar bem, essa não é a primeira vez.

Ouvi isso me deixou muito irritada, como as pessoas podem bater em um homem que já não tem nada?

― Venha, vou lhe ajudar, esse vai ser o meu agradecimento de ontem e nem pense em negar. ― Segurei em seu braço o ajudando a ficar em pé.

Ele colocou a mão na barriga pela dor. 

― Meu carro está ali. 

― P-Porque estar fazendo isso? Porque se importa com um mendigo? ― Perguntou confuso. 

― Você me salvou de ter sido assaltada, esse é o meu agradecimento, nem todas as pessoas são ruins. ― Ele não falou mais nada.

Coloquei ele no banco de trás e as pessoas começaram a reclamar por eu ter parado o carro no meio da rua. 

― Já estou saindo caralho! ― Falei irritada.

Entrei no carro e dei a partida sem colocar o cinto, dobro à esquerda para pegar o retorno pra minha casa, olhei para ele através do retrovisor e o mesmo acabou cochilando, isso me fez sorrir de leve. 

Irei ajudá-lo do mesmo jeito que ele me ajudou e não pediu nada em troca. 

― Você vai ser o meu secretário. ― Sussurrei para mim mesma. 

E quem sabe algo mais.

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