No dia seguinte, Antony voltou para a mesma parada de ônibus do dia anterior, mas dessa vez o sol estava ainda mais forte e o ônibus demorou mais do que ele imaginou. Estava impaciente e angustiado. Talvez quando chegasse na casa de Irma fosse tarde demais. Ela fugiria certamente para bem longe e ele perderia a grande chance de recuperar sua liberdade. Esses pensamentos só fizeram o buraco em seu peito se alargar em proporções inimagináveis.Vinte minutos exatamente, o ônibus parou ao lado dele. A casa de Irma era longe dali, praticamente do outro lado da cidade. Por um instante de insanidade, Antony até pensou em ir a pé até lá, mas não conseguiria ir muito longe.Enquanto o veículo avançava, ele elaborava um plano. Pensou nas diversas possibilidades e consequências. Precisaria fazer tudo corretamente para não ser descoberto e falhar em suas tentativas de fazer Irma confessar tudo.Quando desceu do ônibus, seu coração disparou. Caminhou mais alguns metros, quando avistou a casa ao lo
Uma foto de Antony beijando Roberta, publicada no jornal mais lido do país, fez Giovana perder completamente a cor que havia em seu rosto. Suas pernas fraquejaram quando soube que Antony estava foragido e Roberta desaparecida.Eles insinuavam que Antony havia fugido com sua amante.Os olhos de Giovana encheram-se de lágrimas. Suas mãos tremiam ao segurar o jornal, e ela sentia que já não tinha forças para continuar lendo tantos absurdos.Mal percebeu Tania se aproximar e ficar preocupada com o estado em que ela se encontrava. Quando voltou à realidade, percebeu que a antiga empregada estava de joelhos diante dela, olhando fixamente em seus olhos, tentando acalmá-la.— Diga-me o que aconteceu, senhora — a mulher insistia, mas Giovana era incapaz de dizer qualquer coisa.Esticou o braço na direção dela, entregando-lhe o jornal. Sem compreender, Tania abaixou a cabeça e começou a ler o que estava escrito. A foto de Antony com Roberta já dizia tudo, embora Tania não acreditasse que o ex-p
Antony havia passado aquela noite nas ruas. O primeiro lugar que a polícia iria procurá-lo seria na sua antiga casa, mas ele precisava voltar lá, se quisesse se manter longe da prisão. Somente depois de algumas horas, parado em frente à casa, escondido atrás de um muro, é que ele teve coragem de avançar.A rua estava deserta, era madrugada e restavam algumas horas para o dia clarear. Em passos largos, avançou, tirando a chave do bolso e abrindo a porta. Quando ligou a luz, um grito de pavor foi ouvido. Andreas saltou do sofá, com os olhos arregalados, sentindo o coração bater tão freneticamente no peito, que parecia que morreria ali mesmo. Sem dizer nenhuma palavra, Antony correu na direção dele, fulminando-o com o olhar.— Sou eu, Andreas — girou o pescoço em direção à janela, mas a rua continuava deserta.Mal percebeu
Matteo chegou tarde à empresa naquele dia. Agora, sendo um dos sócios, não se preocupava com horários e não tinha muito ânimo para o trabalho como de fato deveria ter. Saiu do elevador distraído, não percebendo a presença de Valeria se aproximar. Quando levantou o olhar, levou um susto, de modo que até mesmo o seu corpo aqueceu como um ferro esquentado a mil graus. Valeria julgou seu comportamento estranho, mas não comentou nada em relação àquilo. Franziu o cenho ao ver a reprovação no olhar de Matteo, como se tivesse sido pego fazendo algo errado. — O Andreas está furioso com o seu atraso — alertou ela, mas Matteo bufou, revirando os olhos, insatisfeito. — Eu sou dono da metade dessa empresa — lembrou a ela da realidade. — Sendo assim, chegarei a hora que eu quiser. — Isso não é bom para os negócios — as palavras dela fizeram ele mudar o comportamento. Agora Matteo tinha uma expressão furiosa no rosto. — O que me faz julgar que ser dono da empresa é mais uma vaidade sua, do que um
Antony já não suportava a solidão de viver naquela casa pequena e vazia, longe dos seus amigos e da sua família. Permanecia incomunicável com o mundo e não sabia até quando conseguiria suportar.A notícia do assassinato de Roberta havia arruinado o seu mundo. Se culpava constantemente por tomar a decisão de procurá-la e envolvê-la. Lembrava-se do rosto dela todos os dias, do quanto ela foi importante em sua vida, do quanto a amou. Agora, além de carregar o peso das acusações de tentar matar Giovana, Antony também era acusado do assassinato de Roberta.Saía de casa todas as manhãs para caminhar. Havia murmurinhos pela vizinhança sobre a chegada dele, embora Antony tentasse manter sua identidade secreta, o modo como agia, sempre encobrindo o rosto, fez os vizinhos desconfiarem dele rapidamente. Ele não poderia ficar ali por muito tempo, já pensava em um plano de fuga quando, em certa manhã, recebeu uma visita inesperada.Andreas bateu na sua porta logo pela manhã. Antony se assustou, ma
Estava escuro lá fora. Giovana estava parada em frente à janela da casa, vendo as mariposas voarem no quintal, enquanto um vento gélido indicava que uma tempestade se aproximava. Horas antes, Xavier havia ligado, avisando a ela que Antony recusara o pedido de divórcio. Ao menos ela sabia que ele estava bem e seguro em algum lugar perdido por aí. Nem mesmo isso reconfortava o seu coração estraçalhado.Ouviu a voz de Tania e Maria que vinha da cozinha. As mulheres haviam se tornado grandes amigas e isso deixava o coração de Giovana mais tranquilo. Tania havia abandonado toda a vida que tinha para trás para acompanhá-la e embora parecesse injusto, a mulher estava feliz em servir a ex-patroa.Abaixou a cabeça por um momento e observou a barriga, que já estava grande. Um sorriso brotou dos seus lábios, enquanto uma lágrima escorria dos seus olhos. A última vez que havia ido ao médico, descobrira estar com vinte e cinco semanas de gestação e que o bebê que carregava era um menino. Imaginou
As gotas de chuva caindo no telhado eram o único som que se ouviu na casa por longos segundos. Era como se ninguém acreditasse no que via, Antony parado na porta, com a roupa completamente encharcada, olhando fixamente nos olhos de Giovana.– Senhor, Antony –, Tania derramou lágrimas ao vê-lo e foi a primeira a romper o silêncio. Mas depois disso não conseguiu dizer mais nada.Antony deu um passo à frente, mas Giovana não recuou. Para ele, só ela existia; nada mais ao redor importava. Era como se Giovana estivesse grudada no chão, completamente imóvel, sem acreditar no que via. Outro passo e ele estava apenas alguns centímetros dela, com o rosto próximo demais. Giovana conseguiu sentir a respiração dele tocando seu rosto, enquanto sua roupa molhada encharcava o chão com as gotas constantes, que não paravam de cair.– Oi –, Antony sussurrou, quando abaixou o olhar diretamente no ventre de Giovana. A barriga revelava que o filho gerado estava grande. Seus olhos encheram de emoção. Levan
Antony achou que tinha ouvido errado devido ao trovão que abafou a voz de Giovana. Então ele olhou para ela, confuso, como alguém que não acreditava no que acabara de ouvir:— Eu amo você, Antony — Giovana repetiu as palavras, dessa vez nítidas, enquanto alargava o sorriso para ele — e eu estou desistindo do divórcio.Antony contraiu as sobrancelhas ao ouvir aquela confissão. Ele olhava fixamente para a sua esposa com admiração. Como não havia percebido antes o quanto ela era formosa e cheia de qualidades? Como não conseguira amá-la antes?Com o corpo relativamente colado no dela, Antony não conseguia mais pronunciar nenhuma palavra. Seu cabelo longo e ondulado, sua pele macia, o perfume doce que exalava do seu corpo, o brilho dos seus olhos. Giovana parecia uma princesa de conto de fadas, irresistível. Ele já estava pronto para beijá-la quando sentiu um chute atingindo sua barriga.— O que foi isso? — ele abaixou o olhar direto para a barriga de Giovana.— Seu filho está te dando as