As gotas de chuva caindo no telhado eram o único som que se ouviu na casa por longos segundos. Era como se ninguém acreditasse no que via, Antony parado na porta, com a roupa completamente encharcada, olhando fixamente nos olhos de Giovana.– Senhor, Antony –, Tania derramou lágrimas ao vê-lo e foi a primeira a romper o silêncio. Mas depois disso não conseguiu dizer mais nada.Antony deu um passo à frente, mas Giovana não recuou. Para ele, só ela existia; nada mais ao redor importava. Era como se Giovana estivesse grudada no chão, completamente imóvel, sem acreditar no que via. Outro passo e ele estava apenas alguns centímetros dela, com o rosto próximo demais. Giovana conseguiu sentir a respiração dele tocando seu rosto, enquanto sua roupa molhada encharcava o chão com as gotas constantes, que não paravam de cair.– Oi –, Antony sussurrou, quando abaixou o olhar diretamente no ventre de Giovana. A barriga revelava que o filho gerado estava grande. Seus olhos encheram de emoção. Levan
Antony achou que tinha ouvido errado devido ao trovão que abafou a voz de Giovana. Então ele olhou para ela, confuso, como alguém que não acreditava no que acabara de ouvir:— Eu amo você, Antony — Giovana repetiu as palavras, dessa vez nítidas, enquanto alargava o sorriso para ele — e eu estou desistindo do divórcio.Antony contraiu as sobrancelhas ao ouvir aquela confissão. Ele olhava fixamente para a sua esposa com admiração. Como não havia percebido antes o quanto ela era formosa e cheia de qualidades? Como não conseguira amá-la antes?Com o corpo relativamente colado no dela, Antony não conseguia mais pronunciar nenhuma palavra. Seu cabelo longo e ondulado, sua pele macia, o perfume doce que exalava do seu corpo, o brilho dos seus olhos. Giovana parecia uma princesa de conto de fadas, irresistível. Ele já estava pronto para beijá-la quando sentiu um chute atingindo sua barriga.— O que foi isso? — ele abaixou o olhar direto para a barriga de Giovana.— Seu filho está te dando as
Antony já tinha tudo em mente. Ele aproveitaria o máximo daquele dia ao lado da sua mulher e quando o dia estivesse partindo, ele partiria também. Escolheria um lugar seguro para se entregar, de modo que ninguém descobrisse onde Giovana estava.Antony temia que Irma soubesse onde Giovana se refugiava e fosse até a fazenda terminar o que havia começado.O almoço foi servido. O clima na casa era festivo, embora todos soubessem que dali a algumas horas Antony partiria direto para o matadouro. Mas Giovana, todo aquele tempo sofreu muito, e agora tudo que ela mais queria era um pouco de consolo.— A mansão está a venda — Antony deixou o prato de lado e depositou sua atenção em Giovana — quando for vendida, metade do valor será depositado em sua conta.— Não deveria se preocupar com isso — demonstrou leveza, embora seu coração estivesse em pedaços pela aproximação do fim, ela queria transparecer paz para Antony — o Andreas tem cuidado de tudo, não permitindo que nada nos falte.Antony se ir
Irma havia recebido um telefonema naquela manhã, avisada de que Antony havia sido encontrado. A voz do outro lado da linha pedia para ela ligar a TV que a localização de Giovana seria revelada.Ela andava ansiosa pela casa, esperando o momento em que colocaria seu plano em prática. Sua alma só teria paz quando Giovana estivesse morta. Quando entrou na sala, a televisão transmitia ao vivo a prisão de Antony. Ela parou e olhou para a tela pequena e viu o rosto de Giovana. Seus olhos brilharam de emoção. Ela, enfim, havia encontrado a assassina da sua amada filha Gina.Uma sensação de mal-estar surgiu de repente em seu coração, enquanto ela se apressava para fazer as malas e partir. Viu Gina passar pelo corredor e um calafrio percorreu sua espinha. Irma vinha sendo atormentada por visões e aparições de Gina constantemente. Certamente delírio da sua mente, mas ela acreditava que o espírito de Gina só teria paz quando Giovana pagasse finalmente com a vida pelo crime que cometera.— Eu vou
Antony estava em uma sala, sendo vigiado por agentes da polícia. À sua frente, Xavier mantinha-se falando apenas sobre assuntos que não levantassem nenhuma suspeita. O advogado já sabia das provas contra Irma e se preparava para colocar seu plano em ação.— Peça para o Andreas ir até a Giovana — disse, olhando para a parede espelhada, imaginando a figura do delegado olhando para ele por trás dos vidros. — Mantenha ela em segurança.— O Andreas já se deslocou para a fazenda — disse, limpando o suor do rosto. — Eu vou tirá-lo dessa prisão hoje mesmo, Antony. Proponho acabarmos de uma vez por todas com essa injustiça.Xavier tinha pressa, embora Antony insistisse em saber quem havia sido o responsável por descobrir sua localização. Xavier não tinha a menor ideia de quem havia sido. Saiu da sala de interrogatório, exigindo falar com o delegado.O homem era soberbo, achava por si só que merecia receber um prêmio por prender um foragido da polícia, o que certamente Xavier discordava. Coloco
Giovana já não suportava o carro balançando a todo o momento. Fechava os olhos com força e acreditava que a dor que vinha sentindo no abdômen era devido às longas horas de viagem. Tania mantinha-se ao lado dela, sem soltar a mão de Giovana nem por um momento, e embora ela dissesse à empregada que estava bem, Tania conseguia ver no rosto de Giovana o quanto ela estava sofrendo com a longa demora.— Precisamos parar — disse Tania, percebendo o rosto de Giovana mudar de cor. — A Giovana não vai aguentar tanto tempo assim.— Não podemos parar agora, Tania, falta só algumas horas — declarou Maria.— Há dois dias você me diz isso — irritou-se, embora não tivesse motivos.— Por favor, Tania, não brigue com a Maria por minha causa, eu já disse que eu estou bem.Giovana se segurou para não fazer uma careta assim que o carro passou por um buraco, jogando o corpo de Giovana para frente. A verdade era que a dor vinha aumentando conforme os minutos passavam. Giovana se lembrou do momento em que An
Irma abriu os olhos devagar e ouvia vozes vindo de longe como se fosse um sonho. As árvores pareciam estar em movimento constante, o que fazia sua cabeça girar mais rápido. O mesmo homem que havia visto ela em frente à fazenda foi o que a socorreu. Embora tonta e desnorteada, Irma tentou se levantar e fugir. Seus esforços foram em vão, porque estava fraca e machucada. O homem a segurou e chamou a polícia.Quando as viaturas chegaram, ela debochou dos policiais. Ria descontroladamente.— Vocês não sabem que eu sou a mãe da Giovana? — O semblante desnorteado assustava alguns. — Vim visitá-la. Será que não estou no meu direito?— Ela fugiu quando eu a chamei — acusou o homem. — Correu pela mata e caiu, batendo a cabeça. Me perdoe, mas o senhor Andreas pediu para que eu vigiasse a fazenda e proibisse a aproximação dessa mulher.Os policiais pareciam confusos com o ocorrido. Um deles se aproximou de Irma, tocando no braço, o que deixou a mulher extremamente irritada.— A senhora precisa vi
Antony fitava Xavier com um olhar apreensivo. O advogado ficou apavorado até que a ligação fosse encerrada. Quando finalmente desligou o telefone, olhou para Antony com um nó na garganta. — O que ocorreu? — Antony suava, ansioso por receber boas notícias de Giovana. Era tudo o que ele conseguia imaginar. Era na segurança de Giovana, como se nada mais importasse. Antes que Xavier pensasse em abrir os lábios para contar a ele o que estava acontecendo, seu celular tocou novamente. Olhou confuso para o número de telefone, percebendo ser Andreas. Atendeu à ligação, ouvindo o garoto pedir para que pudesse conversar com Antony do outro lado da linha. Xavier se retirou, deixando Antony apreensivo para trás. Ele precisou de bastante tempo para tomar aquela atitude. Seria mais adequado informar Antony sobre sua liberdade primeiro do que deixar Andreas ocupar seu tempo? Voltou com o telefone em mãos e o entregou a Antony. Viu o rosto do homem se transformar aos poucos e, minutos depois, sent