Irma havia recebido um telefonema naquela manhã, avisada de que Antony havia sido encontrado. A voz do outro lado da linha pedia para ela ligar a TV que a localização de Giovana seria revelada.Ela andava ansiosa pela casa, esperando o momento em que colocaria seu plano em prática. Sua alma só teria paz quando Giovana estivesse morta. Quando entrou na sala, a televisão transmitia ao vivo a prisão de Antony. Ela parou e olhou para a tela pequena e viu o rosto de Giovana. Seus olhos brilharam de emoção. Ela, enfim, havia encontrado a assassina da sua amada filha Gina.Uma sensação de mal-estar surgiu de repente em seu coração, enquanto ela se apressava para fazer as malas e partir. Viu Gina passar pelo corredor e um calafrio percorreu sua espinha. Irma vinha sendo atormentada por visões e aparições de Gina constantemente. Certamente delírio da sua mente, mas ela acreditava que o espírito de Gina só teria paz quando Giovana pagasse finalmente com a vida pelo crime que cometera.— Eu vou
Antony estava em uma sala, sendo vigiado por agentes da polícia. À sua frente, Xavier mantinha-se falando apenas sobre assuntos que não levantassem nenhuma suspeita. O advogado já sabia das provas contra Irma e se preparava para colocar seu plano em ação.— Peça para o Andreas ir até a Giovana — disse, olhando para a parede espelhada, imaginando a figura do delegado olhando para ele por trás dos vidros. — Mantenha ela em segurança.— O Andreas já se deslocou para a fazenda — disse, limpando o suor do rosto. — Eu vou tirá-lo dessa prisão hoje mesmo, Antony. Proponho acabarmos de uma vez por todas com essa injustiça.Xavier tinha pressa, embora Antony insistisse em saber quem havia sido o responsável por descobrir sua localização. Xavier não tinha a menor ideia de quem havia sido. Saiu da sala de interrogatório, exigindo falar com o delegado.O homem era soberbo, achava por si só que merecia receber um prêmio por prender um foragido da polícia, o que certamente Xavier discordava. Coloco
Giovana já não suportava o carro balançando a todo o momento. Fechava os olhos com força e acreditava que a dor que vinha sentindo no abdômen era devido às longas horas de viagem. Tania mantinha-se ao lado dela, sem soltar a mão de Giovana nem por um momento, e embora ela dissesse à empregada que estava bem, Tania conseguia ver no rosto de Giovana o quanto ela estava sofrendo com a longa demora.— Precisamos parar — disse Tania, percebendo o rosto de Giovana mudar de cor. — A Giovana não vai aguentar tanto tempo assim.— Não podemos parar agora, Tania, falta só algumas horas — declarou Maria.— Há dois dias você me diz isso — irritou-se, embora não tivesse motivos.— Por favor, Tania, não brigue com a Maria por minha causa, eu já disse que eu estou bem.Giovana se segurou para não fazer uma careta assim que o carro passou por um buraco, jogando o corpo de Giovana para frente. A verdade era que a dor vinha aumentando conforme os minutos passavam. Giovana se lembrou do momento em que An
Irma abriu os olhos devagar e ouvia vozes vindo de longe como se fosse um sonho. As árvores pareciam estar em movimento constante, o que fazia sua cabeça girar mais rápido. O mesmo homem que havia visto ela em frente à fazenda foi o que a socorreu. Embora tonta e desnorteada, Irma tentou se levantar e fugir. Seus esforços foram em vão, porque estava fraca e machucada. O homem a segurou e chamou a polícia.Quando as viaturas chegaram, ela debochou dos policiais. Ria descontroladamente.— Vocês não sabem que eu sou a mãe da Giovana? — O semblante desnorteado assustava alguns. — Vim visitá-la. Será que não estou no meu direito?— Ela fugiu quando eu a chamei — acusou o homem. — Correu pela mata e caiu, batendo a cabeça. Me perdoe, mas o senhor Andreas pediu para que eu vigiasse a fazenda e proibisse a aproximação dessa mulher.Os policiais pareciam confusos com o ocorrido. Um deles se aproximou de Irma, tocando no braço, o que deixou a mulher extremamente irritada.— A senhora precisa vi
Antony fitava Xavier com um olhar apreensivo. O advogado ficou apavorado até que a ligação fosse encerrada. Quando finalmente desligou o telefone, olhou para Antony com um nó na garganta. — O que ocorreu? — Antony suava, ansioso por receber boas notícias de Giovana. Era tudo o que ele conseguia imaginar. Era na segurança de Giovana, como se nada mais importasse. Antes que Xavier pensasse em abrir os lábios para contar a ele o que estava acontecendo, seu celular tocou novamente. Olhou confuso para o número de telefone, percebendo ser Andreas. Atendeu à ligação, ouvindo o garoto pedir para que pudesse conversar com Antony do outro lado da linha. Xavier se retirou, deixando Antony apreensivo para trás. Ele precisou de bastante tempo para tomar aquela atitude. Seria mais adequado informar Antony sobre sua liberdade primeiro do que deixar Andreas ocupar seu tempo? Voltou com o telefone em mãos e o entregou a Antony. Viu o rosto do homem se transformar aos poucos e, minutos depois, sent
Antony parou para pensar sobre o que Andreas falava. As coisas em sua vida começavam a se acalmar e ele precisava reconhecer que Andreas havia se esforçado bastante para ajudá-lo. Por outro lado, Andreas se calava, constrangido, como se tivesse cometido grandes erros e tivesse convicção de que Antony jamais o perdoaria. Só depois de um longo período de silêncio, a fim de tentar desfazer o mal-entendido, Andreas fez um pedido de desculpas.— Eu deveria ter contado que não encontrei a Giovana quando cheguei na fazenda — o tom de voz arrependida de Andreas foi mais do que suficiente para Antony entender que o garoto não estava nada feliz com o que havia acontecido — eu prometi para você que eu cuidaria da Giovana e eu não queria falhar mais uma vez.Antony riu com desdém, como se tivesse ouvido uma piada de muito mal gosto.— Sim, você deveria ter me avisado — ele respondeu com tranquilidade, desviando o olhar para o berçário, a sua frente — mas precisa parar de querer sempre me agradar.
Antony tinha uma ideia fixa na cabeça e pensava nela todas as vezes que olhava para Giovana. Havia passado aquela noite ao lado dela, segurando em sua mão enquanto ela dormia. Estava ansiosa para ver Nicolau, mas os médicos recomendavam que ela esperasse o efeito da anestesia passar antes de se levantar. No dia seguinte, quando Antony despertou, ela estava sentada, o que fez ele se assustar e correr para ajudá-la.— O que está fazendo? — Olhava para ela assustado, temendo que ela cometesse uma imprudência.— Eu quero ver o nosso filho — disse ela, já colocando as sandálias nos pés, dando a entender que ninguém a impediria.Antony jogou a cabeça para trás, enquanto fechava os olhos com força e soltava um suspiro de discordância, mas quando olhou para ela e viu uma tristeza profunda por ainda não ter conhecido o filho, ele logo cedeu.— Tudo bem — ele disse, enquanto agarrava nas mãos dela e a ajudava a caminhar —, vamos conhecer o Nicolau e no caminho conversaremos sobre algo muito imp
Antony entrou no carro ao lado de Xavier e foi levado até a empresa. Quando se viu em frente ao prédio, quase foi paralisado pelas lembranças daquele lugar. Mal se lembrava da última vez em que estivera ali. Havia almejado ser dono daquele império ainda quando Nicolau era vivo. Seus olhos enchiam-se de brilho quando se imaginava sendo dono de tudo aquilo. Agora, parado em frente a tudo o que conquistou, nada mais daquilo fazia sentido. No final das contas, a maior riqueza que recebeu foi ter se casado com Giovana.Entrou no elevador sozinho. Xavier foi embora com a missão de comprar as ações e devolvê-las a Antony. E imaginar que foi por causa daquelas ações que ele se casou com Giovana pela segunda vez. Agora sua vida girava em torno dela. Um sorriso repuxou seus lábios quando Antony chegou a essa conclusão. Havia prometido que jamais se apaixonaria por outra mulher além de Roberta e naquele momento estava perdido de amor pela sua mulher.Quando saiu do elevador, o primeiro rosto que