Estava escuro lá fora. Giovana estava parada em frente à janela da casa, vendo as mariposas voarem no quintal, enquanto um vento gélido indicava que uma tempestade se aproximava. Horas antes, Xavier havia ligado, avisando a ela que Antony recusara o pedido de divórcio. Ao menos ela sabia que ele estava bem e seguro em algum lugar perdido por aí. Nem mesmo isso reconfortava o seu coração estraçalhado.Ouviu a voz de Tania e Maria que vinha da cozinha. As mulheres haviam se tornado grandes amigas e isso deixava o coração de Giovana mais tranquilo. Tania havia abandonado toda a vida que tinha para trás para acompanhá-la e embora parecesse injusto, a mulher estava feliz em servir a ex-patroa.Abaixou a cabeça por um momento e observou a barriga, que já estava grande. Um sorriso brotou dos seus lábios, enquanto uma lágrima escorria dos seus olhos. A última vez que havia ido ao médico, descobrira estar com vinte e cinco semanas de gestação e que o bebê que carregava era um menino. Imaginou
As gotas de chuva caindo no telhado eram o único som que se ouviu na casa por longos segundos. Era como se ninguém acreditasse no que via, Antony parado na porta, com a roupa completamente encharcada, olhando fixamente nos olhos de Giovana.– Senhor, Antony –, Tania derramou lágrimas ao vê-lo e foi a primeira a romper o silêncio. Mas depois disso não conseguiu dizer mais nada.Antony deu um passo à frente, mas Giovana não recuou. Para ele, só ela existia; nada mais ao redor importava. Era como se Giovana estivesse grudada no chão, completamente imóvel, sem acreditar no que via. Outro passo e ele estava apenas alguns centímetros dela, com o rosto próximo demais. Giovana conseguiu sentir a respiração dele tocando seu rosto, enquanto sua roupa molhada encharcava o chão com as gotas constantes, que não paravam de cair.– Oi –, Antony sussurrou, quando abaixou o olhar diretamente no ventre de Giovana. A barriga revelava que o filho gerado estava grande. Seus olhos encheram de emoção. Levan
Antony achou que tinha ouvido errado devido ao trovão que abafou a voz de Giovana. Então ele olhou para ela, confuso, como alguém que não acreditava no que acabara de ouvir:— Eu amo você, Antony — Giovana repetiu as palavras, dessa vez nítidas, enquanto alargava o sorriso para ele — e eu estou desistindo do divórcio.Antony contraiu as sobrancelhas ao ouvir aquela confissão. Ele olhava fixamente para a sua esposa com admiração. Como não havia percebido antes o quanto ela era formosa e cheia de qualidades? Como não conseguira amá-la antes?Com o corpo relativamente colado no dela, Antony não conseguia mais pronunciar nenhuma palavra. Seu cabelo longo e ondulado, sua pele macia, o perfume doce que exalava do seu corpo, o brilho dos seus olhos. Giovana parecia uma princesa de conto de fadas, irresistível. Ele já estava pronto para beijá-la quando sentiu um chute atingindo sua barriga.— O que foi isso? — ele abaixou o olhar direto para a barriga de Giovana.— Seu filho está te dando as
Antony já tinha tudo em mente. Ele aproveitaria o máximo daquele dia ao lado da sua mulher e quando o dia estivesse partindo, ele partiria também. Escolheria um lugar seguro para se entregar, de modo que ninguém descobrisse onde Giovana estava.Antony temia que Irma soubesse onde Giovana se refugiava e fosse até a fazenda terminar o que havia começado.O almoço foi servido. O clima na casa era festivo, embora todos soubessem que dali a algumas horas Antony partiria direto para o matadouro. Mas Giovana, todo aquele tempo sofreu muito, e agora tudo que ela mais queria era um pouco de consolo.— A mansão está a venda — Antony deixou o prato de lado e depositou sua atenção em Giovana — quando for vendida, metade do valor será depositado em sua conta.— Não deveria se preocupar com isso — demonstrou leveza, embora seu coração estivesse em pedaços pela aproximação do fim, ela queria transparecer paz para Antony — o Andreas tem cuidado de tudo, não permitindo que nada nos falte.Antony se ir
Irma havia recebido um telefonema naquela manhã, avisada de que Antony havia sido encontrado. A voz do outro lado da linha pedia para ela ligar a TV que a localização de Giovana seria revelada.Ela andava ansiosa pela casa, esperando o momento em que colocaria seu plano em prática. Sua alma só teria paz quando Giovana estivesse morta. Quando entrou na sala, a televisão transmitia ao vivo a prisão de Antony. Ela parou e olhou para a tela pequena e viu o rosto de Giovana. Seus olhos brilharam de emoção. Ela, enfim, havia encontrado a assassina da sua amada filha Gina.Uma sensação de mal-estar surgiu de repente em seu coração, enquanto ela se apressava para fazer as malas e partir. Viu Gina passar pelo corredor e um calafrio percorreu sua espinha. Irma vinha sendo atormentada por visões e aparições de Gina constantemente. Certamente delírio da sua mente, mas ela acreditava que o espírito de Gina só teria paz quando Giovana pagasse finalmente com a vida pelo crime que cometera.— Eu vou
Antony estava em uma sala, sendo vigiado por agentes da polícia. À sua frente, Xavier mantinha-se falando apenas sobre assuntos que não levantassem nenhuma suspeita. O advogado já sabia das provas contra Irma e se preparava para colocar seu plano em ação.— Peça para o Andreas ir até a Giovana — disse, olhando para a parede espelhada, imaginando a figura do delegado olhando para ele por trás dos vidros. — Mantenha ela em segurança.— O Andreas já se deslocou para a fazenda — disse, limpando o suor do rosto. — Eu vou tirá-lo dessa prisão hoje mesmo, Antony. Proponho acabarmos de uma vez por todas com essa injustiça.Xavier tinha pressa, embora Antony insistisse em saber quem havia sido o responsável por descobrir sua localização. Xavier não tinha a menor ideia de quem havia sido. Saiu da sala de interrogatório, exigindo falar com o delegado.O homem era soberbo, achava por si só que merecia receber um prêmio por prender um foragido da polícia, o que certamente Xavier discordava. Coloco
Giovana já não suportava o carro balançando a todo o momento. Fechava os olhos com força e acreditava que a dor que vinha sentindo no abdômen era devido às longas horas de viagem. Tania mantinha-se ao lado dela, sem soltar a mão de Giovana nem por um momento, e embora ela dissesse à empregada que estava bem, Tania conseguia ver no rosto de Giovana o quanto ela estava sofrendo com a longa demora.— Precisamos parar — disse Tania, percebendo o rosto de Giovana mudar de cor. — A Giovana não vai aguentar tanto tempo assim.— Não podemos parar agora, Tania, falta só algumas horas — declarou Maria.— Há dois dias você me diz isso — irritou-se, embora não tivesse motivos.— Por favor, Tania, não brigue com a Maria por minha causa, eu já disse que eu estou bem.Giovana se segurou para não fazer uma careta assim que o carro passou por um buraco, jogando o corpo de Giovana para frente. A verdade era que a dor vinha aumentando conforme os minutos passavam. Giovana se lembrou do momento em que An
Irma abriu os olhos devagar e ouvia vozes vindo de longe como se fosse um sonho. As árvores pareciam estar em movimento constante, o que fazia sua cabeça girar mais rápido. O mesmo homem que havia visto ela em frente à fazenda foi o que a socorreu. Embora tonta e desnorteada, Irma tentou se levantar e fugir. Seus esforços foram em vão, porque estava fraca e machucada. O homem a segurou e chamou a polícia.Quando as viaturas chegaram, ela debochou dos policiais. Ria descontroladamente.— Vocês não sabem que eu sou a mãe da Giovana? — O semblante desnorteado assustava alguns. — Vim visitá-la. Será que não estou no meu direito?— Ela fugiu quando eu a chamei — acusou o homem. — Correu pela mata e caiu, batendo a cabeça. Me perdoe, mas o senhor Andreas pediu para que eu vigiasse a fazenda e proibisse a aproximação dessa mulher.Os policiais pareciam confusos com o ocorrido. Um deles se aproximou de Irma, tocando no braço, o que deixou a mulher extremamente irritada.— A senhora precisa vi