O telefone tocou, tirando Bruna de seus pensamentos. Era Adrian:
- Adivinha no que estou pensando?
Ela riu:
- Nossa, pergunta difícil... Poderia ser tantas coisas...
- Estou pensando em ir agora para sua casa, subir até o seu quarto e...
- E dormir comigo. – disse ela rindo, certa dos pensamentos dele.
- Não entendo como você consegue sempre me surpreender. – disse ele.
- Não sou surpreendente... Na verdade é você que é muito previsível.
Ele riu:
- Bruna, andei pensando...
- Hum, você pensando... Isso sim é surpreendente.
Ele riu:
- Puxa, eu não disse? Você sempre consegue me surpreender com o que diz. Consegue sempre saber o que estou pensando, mas eu nunca consigo imaginar o que passa nesta sua cabecinha.
- Sim, eu o conheço muito bem, Adrian.
- Acho que no fundo ninguém consegue conhecer outra pessoa tão profundamente.
- Adrian, eu discordo. Conheço você muito bem. E sei que você está me ligando esta hora com certeza não é somente para me desejar uma boa noite. Por acaso está pensando em desistir do casamento? – perguntou ela em tom sério.
- Desistir? Muito pelo contrário. Estou cada vez mais certo da minha decisão. E foi por isso que decidi lhe fazer uma proposta indecente.
- Proposta? Acho melhor você dizer antes que eu tente descobrir.
- Bom, falta pouco tempo para o casamento. Alguns dias a mais ou a menos... Que diferença faz? Meu desejo por você só aumenta dentro de mim. Pensei que talvez fosse hora de comemorarmos tudo que vivemos nestes últimos dias tendo nossa primeira noite de amor juntos.
Ela riu:
- Não acredito que estou ouvindo isto. Confesso que fui surpreendida desta vez. Para quem conseguiu esperar 6 anos, o que são menos de 3 meses? – ela parou de ir. – Você sabe o que penso com relação a isso, Adrian... Para mim é bem importante.
- Você estava tão atraente hoje... Sabe como é difícil para mim controlar-me? Como eu queria você neste momento, tocar cada pedacinho do seu corpo macio...
- Não.
- Basta você querer, Bruna... Não há nada que nos impede.
- Eu não quero. – disse ela firmemente.
- Você fala isso com tanta convicção, como se nem sequer me desejasse.
- Eu... Eu... Eu não quero falar sobre isso, Adrian. Quer dizer, fiquei confusa. Você sabe...
- Bruna, você sabe o quanto a amo, no entanto eu não precisava me casar para provar isso. Como para você o casamento é importante, eu decidi assumir este compromisso para provar que meu amor era maior que tudo. E sim, eu amo você Bruna. Mas confesso que você me deixa em dúvida às vezes sobre o seu amor... Ás vezes penso que você só é obsecada por mim.
- Não consigo acreditar que possa ter dúvidas dos meus sentimentos por você, Adrian.
- Sim, tenho dúvidas... –confessou ele.
- Adrian, eu te amo muito... Nunca duvide disso. A única certeza que eu tenho na minha vida é de que quero ficar para sempre com você.
Ele riu:
- Então me prove.
- Adrian, você está forçando a barra... Nunca foi assim, sempre respeitou minha decisão quanto a casar virgem.
- Eu provei meu amor, agora você prova o seu.
- Se você não quer casar comigo, não case. Às vezes parece que sente obrigado a isso.
- Não temos mais o que falar então. – disse ele seriamente.
- Nunca mais? – perguntou ela nervosa.
- Não ao menos hoje. – tranquilizou ele. – Não estou terminando nosso relacionamento. Esta é apenas uma das tentativas que farei todas as noites até o dia do casamento. Quero ver você resistir ao meu charme.
Ela riu aliviada ao perceber que ele estava brincando.
- Eu te amo. – disse ele desligando.
Bruna ficou com o celular na mão, um pouco confusa. Nem teve tempo de dizer que também o amava e que tinha certeza e sempre teria de seu amor por ele.
Ela ficou um pouco temerosa de ele ter tomado a decisão do casamento por pressão dela. Na verdade ela não tinha dúvidas de que ele a amava, mas sabia que precisava incentivá-lo a logo tomar a decisão, ou ele enrolaria por muito tempo ainda, sempre procurando colocar alguma outra conquista à frente de viverem uma vida juntos.
Alguém bateu na porta.
- Entre. – disse Bruna já deitada na cama.
- Boa noite. – falou Cassiane já acendendo a luz.
- Cassi... Que bom que veio. – disse ela sentando.
- Bruna, mamãe me contou tudo.
- O que você achou?
- Eu... Quero que você seja muito feliz... Só isso. – disse Cassiane com os olhos marejados. – Quero que tenha seu casamento dos sonhos.
Cassiane abraçou Bruna:
- Fico feliz que Adrian tenha aceitado o casamento. E quanto às flores, nossa, eu nunca vi algo tão romântico na minha vida. Achei tão lindo e maravilhoso e gesto dele. Confesso que se Cristiano fizesse isso por mim, eu morreria por ele.
- Sua exagerada! – disse Bruna rindo. – Ninguém morre por amor.
- Bem, tenho uma coisa importante para lhe dizer também. – falou Cassiane.
- Diga logo, Cassi.
- Eu e Cristiano tomamos uma decisão importante nesta semana. Eu iria contar, mas a semana foi corrida e não tive tempo. Mas quero que você saiba logo.
- Terminaram?
- Calma, me deixe terminar, garota. – brincou Cassiane. – Não vamos terminar, muito pelo contrário.
- Vão casar?
- Não chega a tanto...
- Então não me mate de curiosidade e conte logo, Cassi.
- Bem... Decidimos morar juntos. – falou ela sorrindo. – Não vamos casar na igreja porque como você sabe nunca foi meu sonho nem o dele. Não nos importamos com isso. Mas nos amamos e queremos dividir nossas vidas, nossos problemas, nossas alegrias e principalmente nossa cama todos os dias. Mas achamos melhor primeiro morarmos juntos e talvez um dia podemos casar e tudo mais... Inicialmente morar juntos já é um grande compromisso que assumiremos. Sabemos que isso pode mudar um pouco nosso relacionamento e que há chances de não dar certo com esta proximidade diária. No entanto estamos dispostos a arriscar.
- Nem sei o que dizer... Acho isso... Muito legal e... Liberal. A cara de vocês. Desejo do fundo do meu coração que dê certo.
- Eu também, Bruna... Mas pensei numa coisa.
- O quê?
- Eu e você fora de casa... Como mamãe vai ficar sozinha? Por mais que ela finja ser forte, sabemos que ela vai ficar muito triste e abalada e sentirá muito nossa falta. Nós sempre fomos a razão da vida dela.
- Então por que você e Cristiano não vem morar aqui, com ela?
- Pensei que você a Adrian pudessem fazer isso.
- Você sabe que eu e Adrian temos praticamente tudo comprado... Só faltava o casamento. – ela riu. – Mas você e Cristiano nem pensavam nisso... Então aqui tem tudo que vocês precisam.
- Entendo... Não sei o que Cristiano acharia.
- Cristiano gosta muito da mamãe também e ela dele. Creio que nem vocês nem ela teriam problemas de relacionamento. Mas acho que mamãe precisa também sair um pouco e viver a vida dela e não mais a nossa.
- Eu sei disto... E concordo. Mas sabemos que ela nem pensa em fazer isso.
- Acho que você precisa conversar com Cristiano e convencê-lo a virem par cá. Depois o próximo passo e fazer com que mamãe viva a vida dela.
- Eu quero que sejamos muito felizes, Bruna. – disse Cassiane. – Nós merecemos isso, não é mesmo? Nós 3... – disse ela sorrindo.
As duas se abraçaram com carinho.
Angela tirou a semana de folga para ajudar Bruna com os preparativos do casamento, pois tinham pouco mais de 2 semanas para organizarem o casamento perfeito. Bruna já havia feito muitas coisas, mas Angela sabia que nas últimas semanas ela ficaria nervosa. A data marcada foi 3 de dezembro.Bruna nem viu o tempo passar de tantas coisas que teve para fazer na última semana. E quanto percebeu estava há dias do evento que seria o mais importante da sua vida. Naquele dia, enquanto colocava suas pulseiras, olhando especialmente para a última que ganhara de Adrian, ela lembrou de quanto entregara o convite do casamento para Maiquel e Catita. Ela tinha a impressão de que os dois ainda se casariam um dia, pois eram muito próximos. Ela havia entregue na faculdade. Fizera questão de ela entregar e não irem os dois juntos, como haviam feito com os demais convidados. Adrian nem se dera conta das más intençõ
E havia chegado o grande dia de Bruna realizar o seu sonho. Ela havia passado a semana excitada com os preparativos, muito dedicada a cada detalhe e também imensamente feliz por tudo aquilo que estava acontecendo. Sem perceber ela sorria na cama quando acordou.Ela foi tomar um banho gelado. Estava quente já cedo do dia. Verão chegando com temperaturas escaldantes. Enquanto a água escorria por seu corpo ela pensou em Adrian. Ele não havia ligado na noite anterior, como fazia sempre. Ela riu sozinha das insistências dele diárias em tentar convencê-la a fazer amor com ele. E o grande dia dela havia chegado, assim como a noite que ele tanto esperava. Bruna não estava nervosa pelo que aconteceria na noite de núpcias. Estava preparada há muito tempo para tudo que estava acontecendo. E aguardava ansiosa para estar nos braços de seu marido. Ela achara um pouco estranho ele não ter ligado na noit
- Quem é você? – perguntou Angela com os olhos cheios de lágrimas quando viu a filha.- Eu mesma, mamãe... Ou minha versão sexy eu acho. – disse Bruna sorrindo.- Conseguiu ficar ainda mais linda. – disse Dani.- Filha, estou tão orgulhosa de você. – disse Angela.- Mamãe, obrigada por tudo... Que você sempre fez por mim. – falou Bruna com lágrimas nos olhos, tentando não deixar elas escorrerem para não estragar a maquiagem.- Não precisa me agradecer, minha filha... Eu sempre fiz isso de coração e quando é feito de coração não há necessidade de agradecimentos.- Sei que ela está realmente estonteante, mas precisamos ir senão ela vai se atrasar, como sempre. Hoje não há tempo para atrasos... Temos o tempo cronometrado para tu
Bruna foi até Maiquel e Catita, certa de que eles não estavam ali para alegrá-la.- Bem... – disse Catita. – Eu vim lhe entregar uma coisa... Sei que deveria ter entregado antes, mas tive um sério problema e não consegui.- O que é? – perguntou Bruna desconfiada.Catita tirou do bolso da jaqueta preta de couro um minúsculo bilhete de papel amassado.- Adrian me pediu que lhe entregasse isso.Antes de abrir o bilhete, Bruna já imaginava o que estava acontecendo. Sabia o que a esperava e não sabia se teria coragem suficiente para enfrentar. No bilhete, em letras firmes e decididas:BrunaDesculpe-me, mas eu não posso fazer isso. Sei que sou um covarde e que neste momento você está me odiando. Ainda assim eu amo você. Nunca tenha dúvidas disto. Sempre a amarei e nunca deixarei de amá-la. Não espero que ent
Ângela abraçou Bruna com força e todos entraram e silêncio na casa. Bruna foi para o quarto da mãe e ficou olhando para o teto, como se naquele momento aquilo fosse a coisa mais importante do mundo. Enquanto isso Angela tirava suas joias, roupas e maquiagem rapidamente. Elas ainda não haviam conversado. E Bruna preferia que fosse assim. Aquele tempo para ela era importante... Olhar para cima sem pensar em nada. Lágrimas de vez em quando caíam por suas faces ardentes. Ângela colocou seu pijama e colocou a cabeça da filha sobre seu colo, limpando carinhosamente as lágrimas que caíam.- Eu acho que neste momento nada do que falar vai deixar você menos triste, Bruna. Isso é uma coisa que ninguém tem noção de como você está se sentindo... E embora doa meu coração imensamente vê-la desta maneira, só você vai poder se curar
Bruna pensou nos falatórios que surgiriam a respeito do ocorrido e não sabia se no momento tinha forças para suportar. Sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar todos, até mesmo Adrian, mas não era chegada a hora ainda. Precisava estar fortalecida e segura quando isto acontecesse. Ela sabia que não precisava dar satisfação às pessoas. No entanto aquela situação havia sido vexaminosa, não só para ela mas para sua mãe e sua irmã. Elas também teriam que enfrentar todos e dar respostas. Respostas que ninguém tinha, somente Adrian. Então sim, era melhor estar longe por um tempo. Precisava se preparar para enfrentar tudo quando voltasse. Ainda precisava colocar em ordem seus sentimentos com relação a Adrian, visto que continuava sentindo ódio mesclado com amor. O que havia acontecido naquela noite nada nem ninguém apagaria da
A estrada até o aeroporto estava vazia e o caminho escuro.- Vocês três são muito ligadas, não é mesmo? – falou Dani.- Sim... Quando uma sofre, todas sofrem. – disse Bruna.Dani colocou a mão carinhosamente na perna da sobrinha:- Angela teve tanta sorte...- Por quê? – perguntou Bruna.- Teve duas filhas... Dois amores.- Mas ela perdeu o marido... Então não foi muita sorte. – contestou Bruna.- Eu também perdi o meu... E não tive filhos para me fazerem companhia e me darem razão para seguir em frente.- Eu... Sinto muito. – disse Bruna.- Não sinta... Está tudo bem. – falou Dani. – Todos sentem muito quando algo ruim lhe acontece... Mas na verdade ninguém sente... Só você sente. Não concorda?- Tia Dani, me desculpe seu eu...- E
Bruna achava que entendia sobre o amor. Mas naquele momento, ouvindo a tia e a forma que ela lidava com a morte do marido, fazia com que ela questionasse o que conhecia deste sentimento. Era o amor da renúncia, da dor, da doação, do sacrifício... Ela não entendia sobre este amor. O amor que Dani e Angela haviam perdido... Eram felizes em seus casamentos, mas ambas perderam os companheiros muito cedo e de forma muito triste. Desde então viviam sozinhas, agarradas nas lembranças do passado. Talvez ser deixada na porta da igreja, por pior que fosse, não era tão horrível quanto perder o amor da sua vida. Sim, ela havia perdido Adrian... Mas ele estava vivo. Certamente não ficariam juntos de novo, mas ela o veria ou pelo menos tinha a certeza de que ele estava bem. Lidar com a perda deveria ser algo doloroso demais... E Bruna achava que a perda do pai era algo horrível em sua vida. Principalmente o fato d