Quando Bruna abriu a porta todos olharam imediatamente para ela. Estavam sentados à mesa tomando café da manhã.
- Bom dia. – disse ela trazendo os chinelos na mão, usando uma camiseta grande de Alex que cabia duas dela dentro facilmente e com os cabelos completamente despenteados.
- Bom dia. – responderam todos.
- Vou subir, tomar um banho e já desço para acompanhá-los no café. – disse ela correndo pelas escadas.
Ela tomou um banho rápido, penteou os cabelos, colocou uma roupa e desceu. Sabia que teria mais uma explicação para Angela e Cassiane.
Assim que ela sentou, Angela disse:
- Costuma aparecer assim na casa da sua tia, pela manhã?
Bruna olhou para ela confusa. Todos começaram a rir e ela acabou rindo também.
- Na verdade, não. Ela costuma passar mais tempo fora. – admitiu Dani.
- Percebo
Enfim havia chegado o tão sonhado dia do casamento. Bruna inicialmente não tinha dado muita importância ao papel que selariam naquele momento, mas conforme o tempo foi passando, ela estava ansiosa pelo momento de dizer sim a Alex, de poder viver com ele todos os momentos e de ter para sempre não somente guardado em suas memórias, mas também num papel tudo que viveram juntos.Ela olhou-se no espelho pela milésima vez. Estava muito satisfeita com o vestido que Dani havia mandado fazer na vila especialmente para ela, de forma artesanal. Ele não chegava a ser tão branco, mas puxava a um gelo. Era longo, mas justo na parte de cima e levemente mais solto da cintura para baixo. Bruna não conseguia distinguir o material belíssimo do qual o vestido era feito. Embora parecesse um tule delicado, não era. Mais parecia uma linha grossa rústica, que deixava alguns bordados delicados à vista em
Quando eles passaram pela porta, Alex pegou Bruna no colo.- Alex, o que está fazendo? – perguntou ela.- Seguindo a tradição. – disse ele rindo. – Eu sempre quis fazer isso.- Não quero que você faça esforço... Precisa cuidar.Ele deu um beijo na boca dela, fazendo com que ela se calasse e subiu com ela as escadas, deitando-a cuidadosa e carinhosamente na cama.- Esperei o dia inteiro para ter você só para mim. – confessou ele.- Eu torcia para o tempo passar depressa, para podermos ficar assim...- Eu te amo, Bruna.- Te amo, Alex... Te amo como jamais pensei amar alguém na minha vida.Bruna despertou com a claridade do sol. Abriu os olhos e viu que seria um dia bonito, embora não muito quente. Olhou para o lado e viu Alex dormindo. Ela nunca se cansaria de olhar para ele dormindo, nem de acordar ao lado del
O inverno passou e a primavera começava a dar sinais de chegada, com flores por todas as árvores e uma leve brisa mais quente vindo do mar, embora não suficiente para aquecer a água, que permanecia gelada. Os dias de sol eram mais frequentes e a alegria parecia querer voltar para a Praia do Portal, não fosse Alex ter sofrido várias gripes fortes durante o inverno e eles perceberem que o tempo estava passando e não haveria milagre que pudesse mudar o que estava para acontecer.Desde o casamento, Bruna e Alex passavam juntos cada minuto que tinham, aproveitando ao máximo, conforme haviam combinado. Os cachorrinhos de Ralf e Surfista estavam crescidos, embora ainda filhotes. E Ralf passou a morar com eles e não mais na casa de Dani, embora sempre que iam até lá levavam toda a família canina para visitar a tia. Os cães ocupavam bastante o tempo deles e era um motivo de diversão di&aa
Bruna sentiu o sol batendo no seu rosto. Embora ela insistisse em fechar as cortinas, Alex sempre abria antes que ela acordasse. Ele dizia que precisava abrir os olhos e ver o sol brilhando. Ela olhou a luminosidade dele no mar e realmente lhe deu razão: era algo espetacular. Mas ainda assim impedia seu sono até mais tarde. Ela riu de si mesma: quem quereria dormir até mais tarde com um dia lindo daquele lá fora e ainda mais com uma possibilidade de cura de Alex? Ela levantou-se eufórica. Alex não estava no quarto. Deveria estar mais ansioso que ela. Bruna tomou um banho e vestiu-se para ir à cidade com ele. Quando desceu a mesa do café estava preparada, mas Alex não estava lá. Ela estranhou. Sentou-se e percebeu um bilhete sob sua xícara.Meu amorSei que está tão ansiosa quanto eu, mas eu preciso fazer isso sozinho. Desculpe-me. Sei que ficará brava comigo, mas tamb&eacu
Bruna viu Arthur descendo e o helicóptero partindo novamente. Ele vestia roupas confortáveis e tênis. Ela parou, longe dele, largando os braços ao longo do corpo, sentindo um peso gigantesco caindo sobre si e seu coração batendo mais forte que de costume. Olhou nos olhos de Arthur e viu a tristeza que ele trazia dentro de si. Ela imaginava o que estava acontecendo, mas não tinha coragem de perguntar e nem tinha certeza se queria saber. Foi andando lentamente, sem pressa, até ficar cara a cara com o ex-médico, atual sogro e futuro estranho.- Onde ele está? – perguntou ela sentindo um tremor pelo corpo.Arthur balançou a cabeça de forma negativa e abriu os braços. Ela se jogou neles, fechando os olhos e sentindo as lágrimas caírem quentes pelo rosto dolorido da chuva e do vento que havia pegado durante toda a noite. Elas ardiam conforme desciam. Bruna não
Bruna abriu os olhos quando a tia a sacudiu. Acordou um pouco atordoada e confusa:- O que houve?- Bruna, está tudo bem com você?Ela percebeu que Arthur também estava no banheiro.- Está... Eu acho que sim. – disse ela.Dani a ajudou a colocar o roupão e os dois a levaram até a cama, onde a deitaram. Havia uma bandeja com comida e suco e uma xícara fumegante de chá.- O que você tomou? – perguntou Arthur.- Está tudo bem. – confirmou ela. – Tomei somente um calmante. Eu estava sentindo um pouco de dores no corpo... Não dormi durante a noite inteira... Acho que o calmante acabou fazendo efeito logo.- Demoramos para conseguir acordá-la. – falou ele seriamente e bastante preocupado. Dani também estava muito séria.- Está tudo bem, eu juro. – falou ela já imaginando o que estava
Quando o táxi parou em frente à tão conhecida casa de sua família e até pouco tempo atrás sua casa, Bruna sentiu algo estranho, como se realmente não pertencesse mais àquele lugar. Não tinha nem certeza se algum dia realmente tinha pertencido. Amava sua família, mas aquele lugar, aquela casa, nada havia feito falta. Agora ela só sentia um imenso vazio dentro de si, pela falta de Alex e da tão íntima e perfeita Praia do Portal.Ela pegou as malas e ficou ali, parada, olhando para a simples e aconchegante residência que tinha tantas histórias para contar. Passou por sua mente muitas lembranças, o tempo de criança, aprendendo a andar de bicicleta na grama molhada depois da chuva de verão, o medo de tirar as rodinhas, o primeiro dia de aula, quando saía pela porta sentindo o coração bater descompassadamente pela novidade, a ambulâ
Bruna abriu os olhos e demorou para perceber onde estava. A janela estava fechada e a cortina blackout tapava qualquer luminosidade que tentasse entrar no dormitório. Ela levantou-se e sentiu-se tonta, quase cambaleante. Foi até a janela e a abriu. O sol estava fraco e o dia frio. Tudo que ela via era uma imensidão de casas no mesmo estilo, alguns carros passando apressados, uma mulher bem vestido quase correndo para chegar a tempo onde deveria estar. Lhe deu muita saudade de abrir a cortina e ver a imensidão do mar azul e do céu sem nuvens, sem sabe ao certo onde iniciava um e terminava o outro, pois se fundiam numa imensidão azulada quase impossível de distinguir entre um e outro. Saudade da linda e saudável paisagem que via de seu quarto. Saudade das noites de tempestade. E de um surfista que arriscava a própria vida para pegar as ondas perfeitas. Saudade de uma vida que jamais teria novamente. Tudo que lhe restava er