O inverno passou e a primavera começava a dar sinais de chegada, com flores por todas as árvores e uma leve brisa mais quente vindo do mar, embora não suficiente para aquecer a água, que permanecia gelada. Os dias de sol eram mais frequentes e a alegria parecia querer voltar para a Praia do Portal, não fosse Alex ter sofrido várias gripes fortes durante o inverno e eles perceberem que o tempo estava passando e não haveria milagre que pudesse mudar o que estava para acontecer.
Desde o casamento, Bruna e Alex passavam juntos cada minuto que tinham, aproveitando ao máximo, conforme haviam combinado. Os cachorrinhos de Ralf e Surfista estavam crescidos, embora ainda filhotes. E Ralf passou a morar com eles e não mais na casa de Dani, embora sempre que iam até lá levavam toda a família canina para visitar a tia. Os cães ocupavam bastante o tempo deles e era um motivo de diversão di&aa
Bruna sentiu o sol batendo no seu rosto. Embora ela insistisse em fechar as cortinas, Alex sempre abria antes que ela acordasse. Ele dizia que precisava abrir os olhos e ver o sol brilhando. Ela olhou a luminosidade dele no mar e realmente lhe deu razão: era algo espetacular. Mas ainda assim impedia seu sono até mais tarde. Ela riu de si mesma: quem quereria dormir até mais tarde com um dia lindo daquele lá fora e ainda mais com uma possibilidade de cura de Alex? Ela levantou-se eufórica. Alex não estava no quarto. Deveria estar mais ansioso que ela. Bruna tomou um banho e vestiu-se para ir à cidade com ele. Quando desceu a mesa do café estava preparada, mas Alex não estava lá. Ela estranhou. Sentou-se e percebeu um bilhete sob sua xícara.Meu amorSei que está tão ansiosa quanto eu, mas eu preciso fazer isso sozinho. Desculpe-me. Sei que ficará brava comigo, mas tamb&eacu
Bruna viu Arthur descendo e o helicóptero partindo novamente. Ele vestia roupas confortáveis e tênis. Ela parou, longe dele, largando os braços ao longo do corpo, sentindo um peso gigantesco caindo sobre si e seu coração batendo mais forte que de costume. Olhou nos olhos de Arthur e viu a tristeza que ele trazia dentro de si. Ela imaginava o que estava acontecendo, mas não tinha coragem de perguntar e nem tinha certeza se queria saber. Foi andando lentamente, sem pressa, até ficar cara a cara com o ex-médico, atual sogro e futuro estranho.- Onde ele está? – perguntou ela sentindo um tremor pelo corpo.Arthur balançou a cabeça de forma negativa e abriu os braços. Ela se jogou neles, fechando os olhos e sentindo as lágrimas caírem quentes pelo rosto dolorido da chuva e do vento que havia pegado durante toda a noite. Elas ardiam conforme desciam. Bruna não
Bruna abriu os olhos quando a tia a sacudiu. Acordou um pouco atordoada e confusa:- O que houve?- Bruna, está tudo bem com você?Ela percebeu que Arthur também estava no banheiro.- Está... Eu acho que sim. – disse ela.Dani a ajudou a colocar o roupão e os dois a levaram até a cama, onde a deitaram. Havia uma bandeja com comida e suco e uma xícara fumegante de chá.- O que você tomou? – perguntou Arthur.- Está tudo bem. – confirmou ela. – Tomei somente um calmante. Eu estava sentindo um pouco de dores no corpo... Não dormi durante a noite inteira... Acho que o calmante acabou fazendo efeito logo.- Demoramos para conseguir acordá-la. – falou ele seriamente e bastante preocupado. Dani também estava muito séria.- Está tudo bem, eu juro. – falou ela já imaginando o que estava
Quando o táxi parou em frente à tão conhecida casa de sua família e até pouco tempo atrás sua casa, Bruna sentiu algo estranho, como se realmente não pertencesse mais àquele lugar. Não tinha nem certeza se algum dia realmente tinha pertencido. Amava sua família, mas aquele lugar, aquela casa, nada havia feito falta. Agora ela só sentia um imenso vazio dentro de si, pela falta de Alex e da tão íntima e perfeita Praia do Portal.Ela pegou as malas e ficou ali, parada, olhando para a simples e aconchegante residência que tinha tantas histórias para contar. Passou por sua mente muitas lembranças, o tempo de criança, aprendendo a andar de bicicleta na grama molhada depois da chuva de verão, o medo de tirar as rodinhas, o primeiro dia de aula, quando saía pela porta sentindo o coração bater descompassadamente pela novidade, a ambulâ
Bruna abriu os olhos e demorou para perceber onde estava. A janela estava fechada e a cortina blackout tapava qualquer luminosidade que tentasse entrar no dormitório. Ela levantou-se e sentiu-se tonta, quase cambaleante. Foi até a janela e a abriu. O sol estava fraco e o dia frio. Tudo que ela via era uma imensidão de casas no mesmo estilo, alguns carros passando apressados, uma mulher bem vestido quase correndo para chegar a tempo onde deveria estar. Lhe deu muita saudade de abrir a cortina e ver a imensidão do mar azul e do céu sem nuvens, sem sabe ao certo onde iniciava um e terminava o outro, pois se fundiam numa imensidão azulada quase impossível de distinguir entre um e outro. Saudade da linda e saudável paisagem que via de seu quarto. Saudade das noites de tempestade. E de um surfista que arriscava a própria vida para pegar as ondas perfeitas. Saudade de uma vida que jamais teria novamente. Tudo que lhe restava er
Naquela noite, Bruna sonhou com Alex, o que não acontecia há muito tempo. Quando ela acordou no meio da noite, sentia o cheiro dele em seu quarto. Tinha certeza de que ele havia estado ali, com ela. Embora Arthur não deixara ela dar a resposta sobre a inseminação de imediato, ela tinha certeza de que faria. Mas aguardaria o tempo para lhe dar o retorno, como ele havia pedido. Decidira não comentar com ninguém da família sobre a esperança que acendia dentro de si. Poderia ter um filho de Alex, mesmo ele já não estando mais ali. Ele pensara nela, mesmo quando não estava mais ali. Era tudo que ela queria: um filho dele. E se não havia tido o bebê de forma natural, não havia motivos para não fazer a inseminação artificial. Mesmo não sendo muito favorável, ele havia deixado a escolha para ela. Alex havia sido perfeito até o último moment
- Adrian, você está perdoado. Acho que esteve perdoado mesmo no momento que me deixou, sem nenhuma consideração, vestida de noiva, na frente da igreja. Eu hoje entendo que para você não era a hora, que éramos jovens, que éramos felizes ao nosso modo e que não precisávamos de um casamento para selar isso. Tínhamos toda uma vida pela frente. E eu era somente uma menina, com pensamento adolescente, vindo de um quadro depressivo horrível e que fiquei viciada e dependente de você. Eu tinha medo de perdê-lo e achava que casando você seria somente meu. Desta forma eu usei até mesmo minha virgindade para fazer com que você quisesse casar o mais rápido possível para me ter. Como eu fui egoísta e possessiva com você. Eu não deixava você ter amigos, eu queria que você ficasse o tempo todo comigo e tinha medo que você me deixasse e
Numa noite, no quarto, Cassiane estava com a cabeça de Bruna em seu colo, fazendo cafuné, como faziam na adolescência.- Cristiano deve estar esperando você no quarto. – observou Bruna.- Ele que espere.- Cassi, eu não quero que vocês briguem por minha causa. Não gosto quando Cristiano força a relação entre mim e Adrian, mas também não quero que isso cause qualquer constrangimento na relação de vocês dois.- E eu não gosto do que ele faz, das insistências com relação a Adrian. Você sabe que eu estimo muito Adrian, sempre deixei isso claro. Mas você é minha irmã e eu sempre vou apoiá-la. Hoje Adrian é simplesmente o bom amigo do meu marido nesta casa. Ele não faz parte desta família.- Obrigada por me proteger. Ainda assim não compre esta briga por minha ca