Bruna abriu os olhos e demorou para perceber onde estava. A janela estava fechada e a cortina blackout tapava qualquer luminosidade que tentasse entrar no dormitório. Ela levantou-se e sentiu-se tonta, quase cambaleante. Foi até a janela e a abriu. O sol estava fraco e o dia frio. Tudo que ela via era uma imensidão de casas no mesmo estilo, alguns carros passando apressados, uma mulher bem vestido quase correndo para chegar a tempo onde deveria estar. Lhe deu muita saudade de abrir a cortina e ver a imensidão do mar azul e do céu sem nuvens, sem sabe ao certo onde iniciava um e terminava o outro, pois se fundiam numa imensidão azulada quase impossível de distinguir entre um e outro. Saudade da linda e saudável paisagem que via de seu quarto. Saudade das noites de tempestade. E de um surfista que arriscava a própria vida para pegar as ondas perfeitas. Saudade de uma vida que jamais teria novamente. Tudo que lhe restava er
Naquela noite, Bruna sonhou com Alex, o que não acontecia há muito tempo. Quando ela acordou no meio da noite, sentia o cheiro dele em seu quarto. Tinha certeza de que ele havia estado ali, com ela. Embora Arthur não deixara ela dar a resposta sobre a inseminação de imediato, ela tinha certeza de que faria. Mas aguardaria o tempo para lhe dar o retorno, como ele havia pedido. Decidira não comentar com ninguém da família sobre a esperança que acendia dentro de si. Poderia ter um filho de Alex, mesmo ele já não estando mais ali. Ele pensara nela, mesmo quando não estava mais ali. Era tudo que ela queria: um filho dele. E se não havia tido o bebê de forma natural, não havia motivos para não fazer a inseminação artificial. Mesmo não sendo muito favorável, ele havia deixado a escolha para ela. Alex havia sido perfeito até o último moment
- Adrian, você está perdoado. Acho que esteve perdoado mesmo no momento que me deixou, sem nenhuma consideração, vestida de noiva, na frente da igreja. Eu hoje entendo que para você não era a hora, que éramos jovens, que éramos felizes ao nosso modo e que não precisávamos de um casamento para selar isso. Tínhamos toda uma vida pela frente. E eu era somente uma menina, com pensamento adolescente, vindo de um quadro depressivo horrível e que fiquei viciada e dependente de você. Eu tinha medo de perdê-lo e achava que casando você seria somente meu. Desta forma eu usei até mesmo minha virgindade para fazer com que você quisesse casar o mais rápido possível para me ter. Como eu fui egoísta e possessiva com você. Eu não deixava você ter amigos, eu queria que você ficasse o tempo todo comigo e tinha medo que você me deixasse e
Numa noite, no quarto, Cassiane estava com a cabeça de Bruna em seu colo, fazendo cafuné, como faziam na adolescência.- Cristiano deve estar esperando você no quarto. – observou Bruna.- Ele que espere.- Cassi, eu não quero que vocês briguem por minha causa. Não gosto quando Cristiano força a relação entre mim e Adrian, mas também não quero que isso cause qualquer constrangimento na relação de vocês dois.- E eu não gosto do que ele faz, das insistências com relação a Adrian. Você sabe que eu estimo muito Adrian, sempre deixei isso claro. Mas você é minha irmã e eu sempre vou apoiá-la. Hoje Adrian é simplesmente o bom amigo do meu marido nesta casa. Ele não faz parte desta família.- Obrigada por me proteger. Ainda assim não compre esta briga por minha ca
- Bruna, acorde!Bruna abriu os olhos lentamente e em seguida os fechou novamente quando sentiu a luz do sol. Reconheceu a voz da mãe.- O que foi, mamãe? – perguntou ela ainda com os olhos fechados. Sentia muita sonolência e um pouco de dor de cabeça.- Bruna, você dormiu quase o dia todo! – observou Angela.- Deve ser o remédio. – observou ela. – Ainda estou me adaptando.Ela abriu os olhos e tentou mantê-los assim.- Já deu tempo de se adaptar aos medicamentos. Precisa levantar.- Eu não quero. – contestou ela.- Deve ter dormido umas 20 horas. Precisa sair desta cama. Vou falar com seu médico, estes medicamentos precisam ser trocados.Ângela começou a organizar o quarto enquanto Bruna colocava um travesseiro sobre a cabeça, tentando ficar um pouco mais no escuro.- Bruna, estou falando sé
Ângela, Bruna, Cassiane e Cristiano estavam jantando. A campainha tocou. Ângela mencionou levantar, mas Bruna disse:- Eu vou. Você já trabalhou muito neste jantar maravilhoso.- Eu vou. Grávidas na mesa. – disse Cassiane saindo rapidamente. Todos riram.Sem cerimônia Adrian entrou na sala de jantar, dando boa noite a todos.- Adrian, nos acompanha no jantar? – convidou Angela.- Eu poderia dizer que já jantei, Angela, mas vendo sua comida parece tão saborosa que confesso que não vou recusar.Ele foi até o armário e pegou um prato, servindo-se. Escolheu sentar ao lado de Bruna. Realmente a companhia não a agradava e ela já havia comido o suficiente, então disse:- Se não se importam, eu vou para meu quarto tentar dormir um pouco.- Nem pensar. – disse Angela. – Você não vai dormir novamente.<
- Eu não posso. – disse ela soltando Adrian.- Mas... Você correspondeu. – disse ele. – Isso me deu esperanças. Você me beijou. – disse ele sorrindo.Bruna pegou ele novamente pelo rosto e olhou nos olhos dele:- Sim, eu correspondi... Eu tentei saber o que eu poderia sentir. Mas eu não sinto nada, Adrian. Absolutamente nada. Quando Alex me tocava, meu corpo inteiro ardia em chamas. Eu poderia fazer amor com ele em qualquer lugar que estivéssemos. Eu não sinto isso com você... Eu nunca senti... Desculpe-me.- Está tudo bem. – disse ele passando a mão pelos cabelos, deixando-os completamente desalinhados.- O que houve entre nós acabou, Adrian. Acho que nos gostamos... Eu pelo menos gostei muito de você. Mas eu não sentia amor... Infelizmente. Seria bem mais fácil ter amado você, ter gostado de você e ficarmos junto
Bruna tocou na barriga já bastante crescida. Como podia amar intensamente aqueles bebês que ela nem conhecia ainda? Se preocupava com eles mais do que com qualquer coisa na vida e tudo que fazia era pensando no bem estar deles. Era um menino e uma menina. Ela ainda não havia escolhido o nome, embora já tivesse feito uma lista. Arthur a visitava constantemente e sempre a acompanhava nas consultas na clínica. Também ligava quase todos os dias para saber como ela e os netos estavam. Ângela, embora um pouco relutante, acabou deixando o trabalho para auxiliar a cuidar da filha. Tinha receio, pois trabalhara sempre e desta forma conseguiu sustentar as filhas e cria-las. Sabia que não precisaria trabalhar pelo resto da vida, pois Bruna tinha dinheiro suficiente para prover a família por muitos anos, no entanto depender dela financeiramente não lhe agradava muito.Bruna queria que a mãe se sentisse segura e tr
O grande dia chegara. Thomas e Tessa viriam ao mundo naquela tarde de outono. O dia estava ensolarado e a temperatura agradável: nem calor, nem frio. Bruna sentia dores, mas estava tão ansiosa que nem dava tempo de saber a intensidade delas. Assim que Arthur chegou elas entraram no carro, todas falando ao mesmo tempo. Arthur ficou olhando confuso, mas deu a partida, também ansioso.- Continua respirando fundo. – dizia Angela.- Está tudo bem. – falou Bruna num fio de voz, levando as mãos às costas novamente.- Eu acho que não estou bem. – admitiu Cassiane. – Acho que meu coração vai sair pra fora do meu peito.- Acho que vou providenciar calmantes para todas. – brincou Arthur.- Doutor Adam, será que ela vai sentir muita dor ainda? – perguntou Cassiane.- Doutor Adam? Você me deixa sem jeito assim Cassiane. – observou ele.