FabianaEsperei por Marcos tão ansiosa que é possível que tenha estragado o chão de andar de um lado para o outro.O barulho de sua entrada fez meu coração saltar do peito.— Oi! — diz com seu sorriso lindo.Levada pela ansiedade, puxo ele para dentro e já começo a beijar e tentar tirar sua camisa.Marcos segura minha mão, rindo.— Calma, amor.— Não quero ter calma. — Tento beijá-lo, mas ele segura meu rosto com a mão livre. — Marcos! — reclamo.— Não tivemos tempo de preliminares direito. É o momento ideal para isso.Isso sim chama a minha atenção.— Eu quero te chupar. — Abafamos a risadinhas por termos dito ao mesmo tempo.— Vamos jogar no impar ou par, quem ganhar decide quem é o primeiro — sugiro, ansiosa e excitada.É o que fazemos. Eu ganhei. E claro que irei primeiro.Sorrio e corro até a cama, apontando para ele sentar. Marcos obedece, e eu me coloco de joelhos entre suas pernas. O que me sobra de desejo falta de confiança enquanto abro seu jeans com mãos levemente tremulas.
FabianaÉ errado eu querer ignorar minha tia e ficar nos braços do meu namorado? Tá bom, eu sei que é.Minha tia decide não esperar.Me afastei da tentação e corri para o banheiro. Não sem antes avisar:— Se vista e vá embora. — Ele faz uma carinha de cachorro perdido. — Nos vemos depois. É arriscado agora.Sem esperar resposta, entro no banheiro e me limpo rapidamente e desço. Quando saio, Marcos está se vestindo. Apenas assopro um beijo na sua direção e saio do quarto antes que alguém decida me buscar.Quando chego na sala literalmente todos estão sentados ali.— O que houve para me acordarem assim? Aconteceu alguma coisa?— É verdade que você está trepando com um peão? — a pergunta sai dura na voz ameaçadora do meu pai.Meu corpo gela. Olho para Carla, que sorri. Foi ela, sei que foi.— Responde, Fabiana? — ele exige.— Não — minto com a voz fraca.— Então não é verdade que mentiu para nós que foi estuprada quando na verdade aquele rapaz teve relações com a filha da nossa empregada
MarcosAlice já saiu. Disse que ia passar na casa de uma amiga para irem juntas a escola. Meus pais também já foram trabalhar. Eu vou depois da aula.Estou saindo quando vejo meus pais entrando na casa. Isso é estranho. Nesse momento, eles já deviam estar trabalhando.— Por que voltaram? — ao me aproximar vejo que minha mãe está com os olhos vermelhos de quem chorou e meu pai parece ter envelhecido dez anos. — O que aconteceu?— Nos demitiram sem nenhuma justificativa e disseram que nem vão pagar nada, nem mesmo os dias trabalhados desse mês. — Meu pai responde.— Por minha causa? Por eu...— Não sabemos. — Ele me interrompe. — Mas você também foi demitido. Mandaram avisar para não colocar os pés na fazenda e devemos desocupar essa casa imediatamente.Estou nervoso pra cacete, encurralado, sem saber como consertar isso. Não pensei que fosse acontecer tão rápido, nem tive tempo de pensar em possíveis saídas.— Isso não pode estar acontecendo. — Minha mão vai parar no cabelo, apertando
Cinco anos depois.MarcosHoje faz cinco anos que saímos da fazenda Raio de Lua como escorias, depois da mentiras de Fabiana e de muitos nos virarem a face. Ainda tentamos nos reerguer e procuramos ir para a escola e procurar emprego nas fazendas vizinhas, mas ninguém tinha nada a oferecer, era uma época ruim mesmo, e na escola Alice não aguantava mais as fofocas e os olhares, mesmo que suas verdadeiras amigas ainda estivessem com ela. No época não vi mais Fabiana. Alguns diziam que ela voltou para a cidade grande. Aquela traidora. Nunca pedimos para ele se meter nos problemas da nossa família, mas ela foi lá e deu uma de santa, para depois nos apunhalar pelas costas.Por causa de tudo que estava acontecendo e pelo fato de estarem nos ameaçando despejar todo dia, consegui contato com meu padrinho e ele deu a ideia de saímos do país. Conhecia uma pessoa que precisava de trabalhadores em uma fazenda de café na California. E ele fornecia a passagem e alojamento. Entraríamos como iligais,
FabianaHoje faz cinco anos que os Castro se foram. Não tive contato com eles, apenas uma carta que mandei para Alice pelas mãos do padrinho do Marcos. Nela contei tudo e pedi perdão. Nunca tive respostas.Minha vida se tornou um verdadeiro inferno. Meus pais perderam tudo e vieram para a fazenda, onde passo o dia todo ouvindo que sou o motivo pela desgraça da família. Não terminei o último ano, muito menos fiz faculdade. Na escola passei a ser escoria. Algumas meninas até mesmo me bateram. Tive que desistir. Não conseguia estudar. Quando pensei em ir embora, estudar e trabalhar em algum lugar fui impedida pelos meus pais, que me obrigaram a trabalhar na fazenda para pagar meu teto e minha comida. Muitas vezes tentei fugir e recomeçar, mas sempre era arrastada de volta, só para ficar pela casa ouvindo o quanto sou imprestável.E agora isso. Eles querem que eu me case com um cara asqueroso. Um velho de quase sessenta anos que passa as noites bêbado em um bordel.Querem que eu me case c
Fabiana— EU SEI QUE ESSE FILHO NÃO É MEU.Instintivamente dou um passo para trás. A forma como Marcos altera o tom me assusta.Não consigo responder.Ele mudou muito em todo esse tempo que esteve fora do país. Não é mais o rapaz que foi embora com o coração partido por minha causa, pelas mentiras que minha família me obrigou a dizer, pelo mal que fui obrigada a fazer.Agora Marcos é um homem de expressão dura e corpo musculoso, que usa roupas caras e assusta com seu poder. E mesmo que todo meu corpo saiba que ele jamais me tocaria dessa forma, o medo ainda estava presente. Todos esses anos aguentando calada ofensas e violência deixaram sua marca. Mas eu faria tudo de novo pelo meu filho, para garantir sua segurança e bem estar.— Sabe, Fabiana... — engulo seco pelo tom de desprezo com o qual pronuncia meu nome. — Eu não voltei a essa cidade por você cinco anos atrás. Eu vim porque precisava resolver algumas questões de documentos.— Mas a gente... — ele não me deixa terminar de falar
Fabiana MedeirosAnos antes...Fabiana Garcia de Medeiros.Dezessete anos.Morena. Corpo na média de peso, segundo a nutricionista pelo menos. Não tenho muitas curvas e meus seios são quase inexistentes.Atleta, jogo futebol.Melhor aluna da escola Normal em Guarulhos que é um município da Região Metropolitana de São Paulo.Paulista de nascimento e orgulho dos Garcia de Medeiros...Até agora.Essa sou eu.E agora estou diante do possesso Isaque Garcia de Medeiros, vulgo meu pai. Seus cabelos precocemente grisalhos tem mais a ver com excesso de trabalho que por sua filha recentemente denominada de problemática. Até poucas horas atrás eu era a filha invisível, na qual eles esbarravam em alguns eventos familiares. Aquela que não via os pais em reuniões escolares, por mais que fosse a primeira da turma.Ao seu lado, calada — por medo de sobrar para ela — Dona Eliana Garcia de Medeiros, vulgo minha mãe.Odeio que ela tenha o nome do meu pai. Seu sobrenome de solteira é tão bonito. Eliana
Ano 2022Marcos Castro"Nunca vi ninguém viver tão feliz como eu no sertão, perto de uma mata e de um ribeirão"Olho de um lado para outro e saio do meio do feno.— Pode vim — chamo.A loirinha sai de trás do monte de feno tirando a sujeira do vestido de menina de família.Safada. Essa garota não tem nada de menina, muito menos de família.O sorriso de satisfação e esperança brincando nos seus lábios me chama a atenção. É isso que me incomoda. Elas parecem não entender que é apenas sexo. Não tenho planos de me amarrar tão cedo. Eu já tenho uma família que precisa de mim, meu foco são eles. Além de que sou jovem demais para algo que não seja sem compromisso.Carla, filha de um dos Medeiros, tem quase vinte anos, meio distante dos meus dezessete. Ela sempre viveu na fazenda e não quis fazer faculdade. Prefere reinar aqui, onde, mesmo sem faculdade, trabalha na escola como inspetora desde que se formou no ensino médio.― Sua calça tá aberta, Brutos.Fecho o botão do meu jeans.— Some com