Fabiana MedeirosComo resolver as coisas com Marcos sem ter que olhar na sua cara arrogante? Sem falar com ele.Minha cabeça vai explodir buscando uma solução.Quero muito um jeito de acabar com esse mal entendido, mas ainda estou irada pelo episódio na escola.― Me ajuda a pensar, Tempestade. ― Acaricio o animal.Aproveitei que Marcos não estava para passar por aqui e dar um oi aos meus amigos de quatro patas.Uma ideia surge. Não para resolver as coisas com Marcos, para esfriar a cabeça mesmo.― Que tal um passeio?Ela relincha.Sou muito doida por considerar isso um sim?Marcos me ensinou a colocar a sela, então não preciso dele.Saio do estabulo com a égua e vou para o mesmo lugar onde a montei pela primeira vez.Cavalgo por um longo tempo. Já nos tornamos amigas, não tenho medo.Encontro um córrego, onde a prendo perto para que descanse, coma e beba água. Queria deixar ela solta, mas se ela pensar em fugir não me sinto capaz de pegar.Deito um pouco perto e acabo dormindo.Acordo
Fabiana MedeirosEstou cuidando da horta quando o barulho de motor chama minha atenção. É o Gilberto, ele é um cara de trinta anos que acha ser um garanhão. Quer que todos chamem ele de Gil, mas eu não faço. O jeito como me olha incomoda. Não gosto nada dele.― Vim buscar a princesa dessa fazenda ― faz graça tirando o óculos escuro.Eu sou essa. É assim que esse homem chato me chama.Apenas olho para ele, esperando que me diga por que diabos acha que vou com ele a algum lugar.― Seu tio pediu para você ir comigo providenciar essas coisas. ― Mostra um papel, provavelmente uma lista. Não olho direito. Respondo um ok e me afasto, indo em direção a onde parou o veículo.Entro no carro. Ele me imita e segue para a vila. Passa o caminho todo calado falando sobre coisas da fazenda e quando peço para esperar no carro, não se opõe. Até que não é tão inconveniente como eu pensava.Estamos voltando quando ele pergunta:― Você tem dezessete, né?― Sim.Ele coloca a mão na minha perna... do nada.
Marcos Não tenho celular e não vim com relógio. Ainda assim sei que tem mais de uma hora que Ana devia ter chegado.Será que ela não conseguiu sair do castigo?Não estava perto quando aconteceu, mas me disseram que houve uma briga feia onde ela acusou o empregado de pegar na coxa dela e o empregado disse que ela desceu do carro para ficar comigo, que só esbarrou nela.Quem não conhece que compre esse Gilberto.Claro que ele pegou nela. Por isso ela desceu tão irada do carro que nem me viu. Esse babaca está precisando de um corretivo... e eu estou mais que disposto a lhe dar. Ainda vou pegar esse otário sozinho.Passa mais algum tempo. Desisto de esperar... Mas não dou dois passos e decido: não vão me impedir de ler hoje.Marcho para a casa principal da fazenda e sorrateiramente subo a árvore que leva ao quarto dela.A porta está aberta.Acho que vou sugerir que a mantenha fechada a partir de hoje. Depois do que Gilberto fez é melhor ter cuidado.― Ana! — chamo baixinho. — Está acorda
Marcos— Ora se não é o vaqueiro pobretão! — olho para o lado e vejo Gil escorado na cancela. Ele aponta para a casa. — Está comendo mais uma da fazenda hein. Como você faz pra domar essas novilhas? Será que é fetiche em quem não tem onde cair morto?Ele fala e ri.— É melhor você ficar longe da Fabiana — aviso sério.O idiota ri mais ainda.— Essa é a mais interessante. Carla já comi, pode ficar com ela.— Você é um escroto. — Me aproximo, parando bem perto, na sua frente. — Se eu souber que tocou em Fabiana outra vez eu arrebento seus dentes.— É melhor você ficar longe dela. A garota é minha chance de meter um herdeiro com sobrenome.É minha vez de rir.— Pelo que soube, a garota não é sua, tem é nojo de você. Já eu...Ele dá de ombros.— Se empolga não, muleque. Nem eu tenho chance de algo mais sem golpe, imagina um pé rapado como você.Esse idioto presunçoso não sabe o quão pouco falta para levar um soco. Se acha superior só por ter casa própria e carro. Um cara de quase quarenta
FabianaA primeira coisa que noto quando entro na sala, pouco antes do professor, é a ausência da minha amiga.Sob olhares de sempre ― quero saber quando isso vai parar ou pelo menos diminuir ―, vou até a mesa de Marcos.― A Ali está bem? Por que não a vejo? Ela veio hoje?Ele ri discretamente do meu desespero.― Calma. Ela se queixou de cólica e minha mãe permitiu que ficasse em casa. Amanhã sua amiga estará de volta.Suspiro.― Que alivio! Tive um pressentimento ruim e fiquei preocupada.O professor chega, acabando com as conversa paralelas, inclusive a nossa.Após dez minutos de aula, Marcos cutuca minhas costas e recebo um pedaço de papel.“Sentiu falta da minha irmã, mas nem se importou por eu não ir ontem. Me achando jogado de lado.”Sorrio feito boba. Mas logo engulo o sorriso. Estou em aula. Decido responder atrás do papel.“Eu te vi bem. Achei que tinha cansado de ler comigo.”Estico a mão e sinto um arrepio quando seus dedos me tocam para pegar o papel.Queria poder ver sua
FabianaNa volta para casa fui decorando tudo que precisava dizer e treinando cara de choro. O que não seria difícil. Vontade de chorar tenho, só que de ódio.Já cheguei aos prantos, chamando a atenção de cada empregado pelo qual passava. Queria que todos vissem, que se tornasse um escândalo do qual meus tios e avós não poderiam fugir.― O que foi? ― Minha tia perguntou. Não estava preocupada, apenas curiosa, eu podia ver em sua expressão.― Nada — respondo.― Deve ter caído de bicicleta. — Meu tio fala, com a cara enfiada em um jornal.― Foi isso?― Não cai. Tia, posso voltar para casa? Não quero ficar aqui. Não me importo de ser enviada a uma escola só para mulheres... sei lá... eu...― Diga logo o que aconteceu ― exige.Não digo. Eu saio correndo e vou para o quarto.Conto cinco minutos antes de minha avó entrar. Quando ela entrou eu estava queimando a roupa que usei na missa. Se fossem usar como prova ou algo assim, era melhor me livrar.― O que está fazendo? ― ela entra no banheir
FabianaEdvaldo foi preso.Claro que todos ficaram sabendo da minha história. Se nada fica escondido em cidade pequena, imaginem em um vilarejo.O caos foi tamanho que meus pais e meus irmãos vieram de São Paulo. Ficaram pouco menos que uma semana.Foi bom saber que meu pai não me culpou. Cheguei a imaginar ele dizendo que provoquei. Pelo contrário, minha mãe me fez carinho várias vezes e disse que a culpa nunca é da vítima. Eles até ofereceram que eu voltasse para casa, mas recusei. Disse que me sentia mais segura agora que Edvaldo estava preso.Fiquei sabendo que a família dele até pretende se mudar. Saber que o filho é um criminoso deve ser doloroso. Depois da minha denúncia de mentira, apareceu outras quatro garotas da escola que ele estuprou. Uma delas mais de uma vez. Todas de séries abaixo da nossa. E o pior, uma delas é prima dele. O desgraçado não perdoou nem a família.No começo ele tentou dizer que eu estava mentindo e exigir provas, mas não foi muito longe quando as outras
MarcosDesde que comecei seja lá o que seja com Fabiana que não transo com nenhuma outra, ou seja, não transo. Porque com ela ainda não rolou. Sei que ela é virgem, não quero forçar nada. Ainda mais sabendo do seu passado. Ela deve estar com medo de se envolver depois das suas experiencias anteriores. Mas sei que vai acontecer naturalmente. Nossos beijos provam isso.A última vez quase transamos atrás da casa principal. Por acaso estávamos passando. Eu a vi. Ela me viu. E em um piscar de olhos estávamos agarrados. Suas mãos apetando minha bunda e minha boca seguindo a trilha até seu mamilo. Estava quase chegando no biquinho duro e rosado... e a porra de um barulho nos despertou.Está ficando difícil controlar o tesão. Sem contar nossos beijos em sua cama. Não sei como ainda estou vivo, como minhas bolas não explodiram.Decidimos não passar nossos momentos de leitura sempre em seu quarto porque simplesmente não conseguíamos concentrar na história. A árvore ainda era nosso lugar favorit